segunda-feira, 28 de novembro de 2016

A insustentável dureza de envelhecer

Pai... menos!

(como ela me diz...)
Duro quando descobres que estás completamente velho, ultrapassado, deixado para trás, em minoria,esquecido?

Ao jantar...
— Filha (Leonor), sexta—feira fazes 15 anos. Como 5a voltou a ser feriado, tirei um dia de férias para...
— Ah, vou jantar com os meus amigos...
— ... de cá ou de Portal...
— Todos! D Acho que vou fazer uma festa na garagem da avó e...
— Não... jantas... connosco?:(
— Ah sim. No dia a seguir... é com a família. ;
— Vai ser assim? (com um olhar a pedir clemência e apoio à companheira.. )

Um sim tão natural com a cabeça.

:(
Seja!

(Sei que me elas me vão "apertar" por vir para aqui com isto. Mas a internet faz parte da minha vida, e por vezes, por aqui, é onde vou tendo algum apoio que me falta. Único macho, em casa de 3 fêmeas... não é fácil. Nesta tertúlia cibernética do facebook, vou tendo apoios, aconchegos, afrontas, devaneios e colinho de gente amiga. Poupo no psiquiatra, ganho—me a mim.

Eu nunca vou largar isto. Hei—de estar num lar, se lá chegar, e estar a fazer posts às refeições, aos novos corpos diretivos, ao médico interno, ao filme que vi ontem, ao último jogo do meu Benfica, ao último disco do novo artista do momento, ou às formas... arredondadas, mesmo à medida do cabrão do Velho Sabi, da nova tratadora e zeladora da minha ala.

Ai o raio do velho!

Pedaços de... ti (que vou colecionando)

Adoro como já assina. Do "A", faz o "l", e deste o "i". Do "c" sai o "e"

Ajeitando os tarecos, antes de me entregar nos braços de Morfeu... tanta coisa engraçada...

Presunção e água benta...
De pequenino é que...

Salto para a frente, do braço para o sofá com um mortal encarpado.

Ainda falta aí alguma coisa
<3 + <3
? + ? + ?

Quando renascer como um cão, quero ter uns donos destes...

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Trágicomédia em 3 actos (Besiktas 3 x Benfica 3)







Para mim, o futebol é maravilhoso por isto mesmo, por ser trágico como a vida. Passas de bestial, a besta, num segundo. De jornada épica, a filme de terror, num piscar de olhos.

Por não ter o acesso garantido, fui surfando e fintando as vielas que essa maravilha chamada internet nos dá, apanhando o jogo aos bochechos.

Liguei e… eina! Tamos a ganhar! O meu Benfica gelando as águias de Istambul... Tá lindo!

Mudei de pouso já inspirado pela glória que se antevia desta jornada e, chegado ao café da esquina… sai uma bomba de Semedo e… vão dois!

Tenho que me juntar à minha malta (no Cheer’s aquele bar da terra, aka Pastelaria Caldeira”), pensei, e lá chegado, fazendo-me de parvo, “epá fui à missa e não vi o jogo, como é que está?”, olhando para a televisão e, antes que respondessem, sai a bola bombeada, Pizzi na barra, recarga e cabeça para a barra do meu barba de chibo, entra Fejsa e… o inimaginável por mim antes, ganha peso. 3 bombas atómicas sem eco em pleno coração dom império Otomano.   

Vim para casa jantar, já sem fome nenhuma.
Depois… um bárbaro aproveitou um deslize do Semedo, desferiu um pontapé indefensável e começa a meter uma pedra no sapato. Ah, mas ainda falta muito…

Uma mão incompreensível do relógio suíço, sueco, Lindelof, e ai que o rabinho se começa a meter para dentro.

Tanto temes, tanto temes, até que ela tem de se dar. O ciganão Quaresma, que tem mais de turco que de português, está no lance, como não! e essa aventesma do Porto chamada Aboubakar, partiu-nos a montra da quermesse toda.

3 levavas de avanço, 3 te tiraram.7 milhões de euros que tens de partir. Coisa pouca.

Como é que é impossível?!?!?!?

O Nápoles empatou a zero com o Dinamo Kiev.

Em casa, teremos de ganhar a quem nos “humilhou” na sua.

A chama imensa!



Glory Days (aos mais altos...)


(sound track for the lines)




De saída, o presidente Obama, O presidente, decidiu homenagear os vultos da cultura e da sociedade em geral com os quais se identifica, porque conseguiram provar que aquela nação, nas suas palavras, é a maior e a mais diferente do planeta, por saber viver na diversidade, e reconhecer que é aí que reside a sua força maior.

Entregou assim, a mais alta condecoração civil dos Estados Unidos, instituída por Kennedy no ano em que nasci.

Que homem é este? Que homem é o que homenageia os meus heróis, e já deixa tantas saudades.

De Niro fez isto? (e falou por todos nós…)


De Niro recebe isto. Para bom entendedor... Há chapadas que devem doer menos...

"Hey Mr. Pres.... Are you talkin' to me?"

Tantas saudades deixas. Tão órfãos com o bardo aos comandos do navio…











 

Despacha-te que acho que tenho de ir ali à Suécia buscar um prémio. A propósito, fazes um?


Cresceste, rapagão?

domingo, 20 de novembro de 2016

Sabor a fado e... a ti

Leonor Lança Sobreiro
14 anos


A Portus Gladii, do Porto da Espada, em português de Portugal dos dias de hoje, teve a amabilidade de convidar a Leonor para cantar numa noite de fadistagem. Os pais, como é obvio, ficámos felizes. Quem é que é o pai que não quer o melhor para os filhos, e fica feliz com a sua felicidade, passo a redundância? Sinal que a visionária Sandra Paz, não deu um passo em falso, quando a convidou para Marvão, pela 1a vez, e por isso sempre lhe agradeceremos.


A "miúda"(?) tem uma figura, uma presença, e uma voz que herdou (tudo!) da mãe, que falam por si, e me recuso a comentar, aproveitando apenas a cada momento que tenho para agradecer a Deus.

 

Sabe que tem isto tudo mas... teve de ser empurrada para a luz da ribalta. Mais recatada, não é tão extrovertida como a prima Maria Dias, minha afilhada, que também cantou, e parece que nasceu já com um microfone na mão, tal é o jeitaço inato que tem para o palco.

  



A minha tem a voz mas ainda é a miúda que hoje fez uma rebaldaria com a irmã na minha cama, por se apanharem com a mãe no Turismo. Falta—lhe trabalhar o olhar, os trejeitos, o estar em palco, as mãos nas ancas, os agradecimentos aos músicos (brilhantes "nosso" Miguel Monteiro e Nuno Cirilo que eu não conhecia) e a quem a convidou (que as coleguinhas, já mais batidas, não falham. E bem!), o saber para quem está a atuar e o puxar por eles. Tantos conselhos que poderia dar, já tentei, mas o fosso entre idades e os degraus de diferença na escada da vida, não permitem que falemos a mesma língua.

Por isso, lamento, regozijo e lhe digo, como lhe disse ontem, num abraço apertado que lhe dei antes de dormir: "É um orgulho tão grande ser teu pai. Orgulho—me tanto de ti. Obrigado. Se fosses outra em vez de ti, ia lá trocar—te. Eu quero é TU." (mesmo a esquecer—se diariamente e sistematicamente, de trazer a roupa suja para o cesto dela cá em baixo, de arrumar os pijamas e a roupa, de desarr..."

Estava eu feliz que não cabia em mim, estaria certamente de igual forma o meu cunhado, pai da Maria, estariam felizes os outros avós mas... havia um, que apesar de não exteriorizar muito, por ver duas das suas netas, sangue do seu sangue, a brilharem nos palcos que sempre percorreu durante a vida artística... estaria que não lhe deveria caber um feijãozito no tal sítio, de tão bem inchado que estava...

E ainda por cima numa noite em que o genro, que por acaso até acho que o conheço, estava preso ao desafio pelo auricular do móvel e lhe ia comunicando que o nosso Benfica ia espatando 6 a 0, no temível Mareteme... para a taça de Portugal onde os tripeiros já marcharam de canoa e os lagartos se viram à rasquinha em casa para vencer uns Pim Pam Puns...




sábado, 19 de novembro de 2016

O demónio superstar


Comodamente sentado no meu sofá de casa, aconchegado por um edredão quentinho que faz esquecer a lareira, assisto à televisão.

Enquanto todas dormem já há muito nesta casa, observo, graças a essa maravilha tecnológica que nos faz esquecer que os tempos em antena são rígidos, como eu aprendi, e recupero, graças a ela, a gravação automática do programa “Sexta às 9h” de dia 11! Nele, a filha da inenarrável Fátima Felgueiras (quem é?), surfa no furo jornalístico do ano, que lhe caiu em sorte, ainda ela não sabe muito bem como.


Pedro Dias, o assassino de Aguiar da Beira, o homem mais procurado do país, incrivelmente escapado de um cerco de 28 dias da Guarda Nacional Republicana como eu não me lembro nunca de ter visto a alguém, com mais de 150 homens no seu encalce, fala agora em entrevista às câmaras da RTP1. Vejo-o assim, impávido e sereno, negar os 5 homicídios e os 10 crimes de que é acusado. Com uma frieza e uma clarividência perturbantes.


Agora aparece sempre com carinha de indefeso, de patinho feio, de quem só se pode gostar. Coitadinho... o grandessíssimo filho da puta!


Conseguiu uma advogada que foi lesta, que foi ardilosa e conseguiu elaborar um plano, com o apoio da comunicação social que o conseguiu… por incrível que pareça, salvar.


Ao ver isto, dentro de mim, sou abanado por um misto de raiva, revolta, impotência, desacreditação no sistema… luto. Bem sei que até terem sido encontradas provas que o incriminem, tem de ser considerado inocente, à luz do nosso estado de direito. Mas também sei que os indícios por demais evidentes, são impossíveis de descurar.

Acho absolutamente bizarra e calculista, a forma como o Big Brother que gere as nossas vidas hoje em dia, foi utilizado para proteger, quem não merecia cobertura alguma, quem agiu de uma forma bárbara, fria, calculista, e assim exterminou implacavelmente a vida de quem caiu aos pés da sua raiva desmesurada.

Que raio de país é este onde a televisão que nos informa e diverte, é instrumentalizada para defender quem não pode ter defesa alguma?!?!?!

Que sociedade é esta tão vazia que tão depressa chora “de braço dado” com quem perdeu os seus; como range os dentes de raiva e ódio, pedindo a uma saraivada de balas despejada num giestal qualquer que limpe o sarampo ao malfeitor de vez; como agora o vê falar, tão barbeado, bem vestido e calmo, e diz… afinal… o rapazinho pode ter… razão. Isto foi alguém que lhe montou uma cilada e… lá vem mais uma teoria da conspiração.

Falemos no abstrato, para não ofender ninguém, pessoalizando. A pessoa humana, o homem  e a mulher são por natureza, maus. São maus, poucachinhos, invejosos, mesquinhos, egoístas, falsos, influenciáveis. Tão depressa são capazes de invejar o cabrão do vizinho pelo carrão que comprou, onde é que ele foi ver de dinheiro para isto?!?!?! Deve ter sio emprestado pelo banco, de certezinha, porque não têm onde cair mortos… Como vai chorar para o quarto de hospital onde ele foi internado por ter tido um ameaço qualquer, de uma coisa grave fortuita. Derramando longas e largas lágrimas de crocodilo, onde se esvai de todas as frustrações pessoais que lhe roem por dentro.

É muito raro a pessoa sentir alegria por quem gosta, porque gosta, e só lhe desejar o bem.

Este Pedro Dias Superstar, é uma figura que mereceria um estudo aprofundado, porque depois deste caso, a nossa relação com os media e a justiça, nunca mais será a mesma.


Este caso, pela sua extensão e profundidade, mereceria, no entender de muitos, dos quais não me excluo, aquela sentença que aprendi nas cadeiras da faculdade, como sendo uma caraterística dos povos subdesenvolvidos: a lei de Talião, sobejamente conhecida como olho por olho, dente por dente. Mataste sem causa? Então, morrerás também. Não tens direito a estar vivo.

A intelligentsia ocidental opõe-se a esta medida primitiva porque em primeiro lugar, nos trata como animais, que somos, digo eu; mas também porque a pena de morte pode ser utilizada com fins dúbios e alimentar regimes políticos ditatoriais.

Mas a verdade é que para muitas situações, e esta é uma delas, viver enclausurado é sempre um mal menor. Preso, não lhe cai chuva em cima, nem passará fome. O individuo terá até direito a refeições que nós, os contribuintes, pagaremos, a vestir roupa, a tomar banho, a ler, a ouvir música, até fazer desporto, correr, se for como o Sócrates e ter a visita de uma namorada. Uma festa! Apenas ajustará os seus horários.

Para mim, era uma surra daquelas valentes que doem, todos os dias e trabalhos forçados, para ver se servia de exemplo aos demais meliantes, que assim não chegamos a lado nenhum.

A uma consulta de fertilidade...


Coisas que nenhum dos desgraçados que, ou no exercício das suas funções, ou na sua vida familiar, por azar, tiveram direito. Coisas que lhes foram roubadas quando este animal, a sangue frio, lhes despejou o tambor de uma pistola em cima, e lhe partiu os dentes e o crânio com balas.

A justiça… a justiça… a justiça é não haver justiça. É desgosto, é revolta, é raiva. Eu imagino como é que se sentirá o coração de uma mãe, de um pai, de um irmão, que viram este demónio roubar-lhe o seu querido. Por nada. Por coisa nenhuma que ainda não se conseguiu apurar porque é que o fez.




Enquanto aguardam… o tempo vai passando, a dor vai adormecendo e enturmando. Como é trágica a vida. Que Deus nos proteja.

Ainda ontem, fui a uma ação de formação de catequistas a Santiago da Urra, e na minha frente, na serra, ao alto da quinta nova, circulava um camião TIR que ia C O M P L E T A M E N T E fora de mão. As senhoras que me acompanhavam no carro testemunharam tudo tal e qual como eu. O homem ia em excesso de velocidade e entrava nas curvas completamente do outro lado. Uma cena impressionante. Parecia um filme do MAD MAX. Tratava-se de um camião cisterna que deveria conter um líquido que não deveria ser nada inofensivo mas que, apesar de tudo, circulava a todo o gás.

Não sei se ia sóbrio, não sei se ia com pressa mas não me apeteceu perder tempo com ele. Não tirei matrícula, não o segui, que eu não tinha saído de casa para isso, mas fiz-lhe sinais de luzes diversas vezes, como se o tivesse a chamar: “Tu tás bom, pá?!?!?” Nem tugiu, nem mugiu.

Só pensava, na vida… é preciso proteção para tudo, que não acredito nisso da sorte e do azar. Até comentei com as senhoras que iam comigo, que por sinal são da idade e amigas da minha mãe: “imaginem que era a D. Alzira (que tem imensas virtudes, mas que não a da condução L, e ela sabe-o) que vinha do lado de lá, descansadinha e se deparava com esta bizarma do inferno?!?!? Morria só do susto! A minha vontade era tirar fotografias, ir atrás do homem, pedir-lhe satisfações, e dali para a BT. Equacionaria fazer queixa dele. Há que agir, quanto mais não seja para proteger os outros. É o nosso dever cívico como cidadãos.

Aqueles pobres lá no norte, encontraram um camião desgovernado ainda maior. Veremos como tudo se resolve.

Que Deus os tenha em descanso, no esplendor da luz perpétua.

Pedirei por eles.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Tempos curiosos, estes...







Eina bem!!!!!! Qua granda regabofe práqui vai! :D A postagem é minha e como tal, serei eu a traduzir o que se passou aqui e… se houver malta que se junte à turba para me apedrejarem, que o faça consciente do que está a fazer.

Comecemos pelo princípio, o que dá sempre jeito e… algum sentido.

Um rapaz, que por acaso até sou eu, larga agora o trabalho a horas de fazer aquilo que sempre gostou, quando saia a horas de ainda o poder fazer à luz do dia, apesar da altura do ano: correr. Depois de se ter visto liberto pela opção política dos portugueses, que também foi a sua, de ter decidido politicamente virar à esquerda, exultou o feito, na rede social que torna o planeta global do tamanho da sua aldeia.

Tudo seria bem calmo se na nossa sociedade fosse respeitada a velha máxima que ele tanto venera: a nossa liberdade termina, onde começa a liberdade dos outros. Não há no meu comentário ofensas a ninguém, não há maledicências, tudo decorre da maneira que sempre tanto gostei: às claras e de peito aberto.

Pois este meu comentário trivial, de felicidade e regozijo, foi jocosamente maltratado pela Dra. Catarina Bucho Machado (com amigas destas, ó Catarina, nem fazem falta os outros), porque ao fazer o que fiz, estava a dar uma de desgraçadinho, que chorava por antes trabalhar até às 18 horas. Comparou-me ela, creio que com alguma maldade, com todos aqueles que trabalham no privado e têm de lidar com horários bem mais complicados, e trabalhar com “clientes” muito mais difíceis.

Recordo que nesse então, os serviços públicos na vila fechavam às 16h (Câmara), 16.30h  ou 17h. (Conservatória) e as finanças iam até às 18h

Ora isto gerou um eco extraordinário de alguns “amigos” que sentiram (mais do que) a força que precisavam para se manifestarem como se eu fosse o culpado de todo o mal que lhes acontece, sobretudo no que diz respeito a horários, ausência do lar para o cumprimento de obrigações, desgaste pelo tipo de atendimento que têm de fazer. O que parecia ser uma coisa de somenos importância, apenas um desabafo meu de satisfação, originou uma verdadeira manifestação contra.

A bem saber à minha senhora doutora, clarifico a explicar-lhe que a minha cara misturou aquilo que não pode ser, por ser tratarem de realidades distintas, comparável. Na verdade, trabalhar para o Estado, nos dias que correm sobretudo, é um garante de estabilidade que não é atingível para quem não tem essa sorte. Quem trabalha para o privado, pode ter muitas vantagens mas por mais que estas sejam não conseguem, de forma alguma ter, valer-lhe esta segurança. Estabilidade que eu, que vi os meus pais ficarem desempregados do privado, quando estudava na faculdade, não troco por dinheiro algum.

A minha amiga tem muita gente na sua família, que considero meus amigos também, que hoje beneficiam no ativo, ou já na feliz aposentação, destas benesses de trabalhar para a função pública.

Sabe bem que lamento imenso a volta que a vida deu, por ter permitido que lhe tirassem a si, a oportunidade de, hoje, ser minha colega. Sabe bem o quanto me bati por manter a sua enorme competência técnica e o seu intocável profissionalismo. Mas infelizmente, o mal que me afastou a mim da missão autárquica (por não o querer, EU, mais), teve força para a afastar a si. Lamento isso como me orgulho da sua perseverança por não ter abandonado este barco (Marvão), por ser uma empresária de sucesso e por continuar a passar por eles, sempre, de cabeça erguida.

Pode ter sido apenas um desabafo seu. Pode ter sido apenas um comentário brincadeira. Posso ter sido eu que o levei demais a mal. Se assim foi, peço desculpa. Mas as vozes de coro de contestação, também me incitaram a este… desabafo.

Apenas mais digo que, na vida, o azeite vem sempre ao de cima, quando é misturado com água. Por mais água que tenha, por mais pressão, por mais aperto… o azeite vem sempre à tona. Quero eu dizer com isto que as pessoas que, hoje têm de trabalhar em locais mal remunerados, em funções repetitivas, chatas, com horários proibitivos para quem quer levar a vida de uma forma mais regrada e prazenteira, estudaram na mesma escola que eu. Não estou a ser cínico. Estou a ser realista. Porque essas pessoas, ou optaram por não quererem estudar mais, ou quiseram ir trabalhar logo, ou descuidaram da importância que tem de se dar a esses anos absolutamente decisivos para o resto da vida, que são os que se situam entre os 6 e os 23. Todo o resto da sua vida vai ser o seguimento destes, é o que digo sempre às minhas filhas. Certamente esqueceram conselhos dos pais, dos irmãos, dos amigos melhor colocados e deixaram-se cair ali.

Escreve-te um rapaz, Catarina, que andou 4 anos a caminho de Lisboa, para tirar uma licenciatura em Comunicação Social, e em vez de num jornal, ou numa televisão da capital; é feliz a trabalhar nas… finanças em… Marvão. Se lhe tivessem dito que iria ali trabalhar, no dia em que se graduou com média de 14 e tantos sonhos por agarrar que nem sabia àquele a que se mandar… tinha-se atirado para debaixo do primeiro elétrico que ali passava na rua da Junqueira.

A força de vontade e o querer têm de ser a maior força dos fortes. Desses tantos que hoje reclamam por não terem tido melhores condições de estudo, e doravante não terem hoje o melhor trabalho, não conheço um único que quisesse realmente e não tivesse sido capaz. Porque mesmo que os pais não pudessem, mesmo que as condições não tivessem sido tão propícias como aquelas que eu tive, teve se haver da SUA parte um erro tremendo que, esse sim, deve de ser criticado. Por submissão ao amor, por cedência ao conforto de um empregozeco qualquer, que claramente estava abaixo das suas capacidades (e elas sabiam-no); pelo erro de terem desaproveitado uma oportunidade que se afigurava fraca mas que, com o passar do tempo se tornou bestial; pelo nascimento de uma vida, ou por outra razão qualquer… entregaram-se. Renderam-se. Deixaram-se adormecer, não na esperança da ressurreição, mas nos braços da boçalidade. E quanto a isso…

Como sabes, a inveja é o maior desporto nacional e essa de ser o futebol, foi das mentiras mais bem vendidas que já vi. Não sei onde é que vi isto escrito, provavelmente num comentário ou post qualquer, mas tocou-me porque me parece que é a maior das verdades: as pessoas não invejam verdadeiramente quem tem o carro, a casa ou o vestido novo. Muitas vezes porque o seu carro é mais caro, a casa maior, o vestido mais elegante. O que as pessoas invejam mais mesmo é, a felicidade dos outros.

Nisso aí, minha querida, sei que sou invejado por muitos e muitas. Mas não me posso fechar numa concha, ou esconder num buraco bem fundo. Apenas tenho de ser eu e pedir sempre a Deus que me acompanhe, que me proteja e me guarde, a mim e aos meus.

Porque a ele devo cada novo dia, e a ele o começo sempre a agradecer.

Sem ir contra nada, nem ninguém. Mas seguindo sempre o meu caminho. De paz, de alegria, de verdade e de justiça.

Goste-se ou não se podendo com… sou eu.

Já deixei há muito de querer agradar.

Sou… o que sou.      

Um abraço amigo, miúda



(E agora dizem eles, enquanto esfregam as mãos peçonhentas... pronto! Já está!

Zangam-se as comadres...


Nada disso, bebés! Jogo de cintura, lisura e verticalidade entre amigos. Já ouviram falar?) É!)

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Na fega da azitona (que já passou 1 ano)




Recordou-me a minha “lanchonete no calçadão”, também chamada de “Kioske do Tio Sabi no Facebuque”, que já faz 1 ano que a minha Alice e os coleguinhas da pré andaram a apanhar azeitona. Na altura, retratei-me por ali e prometi que nunca mais lhe falharia, ao prestar-lhe apoio nestas andanças. Entretanto, saiu da pré. A história ficou de quiosque e nunca chegou a estar num quadro envidraçado numa parede da minha taberna. Até hoje.


O facebook recorda mas é volátil, não esquematiza e organiza o passado. Tem de vir aqui ao livro grande. Assim se fará justiça, para memória futura delas.

Agora as coisas já estão devidamente sincronizadas e oportunamente integradas (tinhas razão, Nuno Frade...)


O dia era para ser feliz e de festa. Aperaltada a jeito, com uma saia do rancho folclórico do tempo da mãe, a Alice deveria estar contente mas o seu choro supreendeu-me quando saí do banho.

Estava profundamente desgostosa porque nenhum dos pais (nem eu de serviço às financas, a arrecadar receita para o Estado; nem a mãe atarefada com a organização da feira da castanha), iríamos estar presentes na apanha da azeitona da Escola de Santo António, organizada pelo Pré-Escolar de Marvão.

A mãe tentava justificar-se, justificando-nos, que tínhamos de ganhar o dinheirinho, que nos faz tanta falta para vivermos. De nada a consolava. Tentei por duas ou três vezes chegar a ela com um "Alice, tu és inteligente, tu percebes que...", mas à mínima tentativa de diálogo, nada mais conseguia que um lamento rosnativo, que só fazia lembrar as birras do Sizzle, o cão. Desisti. Fui levá-la à escola, em profundo lamento por nada ter feito para evitar que assim acontecesse e... tive de a deixar ao portão "para que os meus amigos não me conheçam assim vestida".

  
Subi para Marvão castigando-me severamente pelo meu descuido e assim quis iniciar funções. Tão em baixo estava que o meu amigo Nuno de Brito, que é também o meu chefe, o grande chefe (e homem!) do serviço onde trabalho me tivesse "tirado o retrato" e dito: "Pedro, os filhos são prioritários. Não deixes a pequena a sofrer e vai lá colher uma pouca de azeitona e vem, descansado."

Desci tão feliz que nem me lembro do caminho. Liguei à avó Alzira, com quem tinha falado nesse entretanto e pedido que a pudesse apoiar, quando todos os pais e avós estão a trabalhar para a castanha, que eu também iria estar presente.


A cara de alegria da Alice quando me viu, é algo que não conseguirei nunca descrever. O abraço que me deu, que na verdade foi um "Pai, afinal sempre vieste", nunca o irei esquecer.








Nunca fui um grande craque nas agrárias (apesar das boas notas que sempre tive nos testes do prof. José Regala; apoiadas nas grandes performances no terreno muito conseguidas, não pelos meus então frágeis bracinhos, mas pela colaboração do grande João Henrique Batista, que cavava os terenos das vinhas de Castelo de Vide, pago por saquinhos de Maltesers que lhe oferecia), mas ajudei no que pude.

Com fato de escritório e sapatinho sempre engraxado, de cócoras (em vez de joelhos, como gostaria) mas ajudei. O grande Filipe Ferreira deu cartas a colhe-las e eu ainda lhe dei aí uns bons 45-50 minutos que se traduziram em três ou quatro baldes cheios.

Regressei ao serviço cheio de orgulho e do bem que lhe fiz a ela. E a mim.

Não podendo estar no almoço comunitário em que cada pai e mãe teriam de levar o seu contributo, ainda passei pela avó Jacinta para apanhar a nossa oferta e, não podendo ela e o marido estarem também presentes, pedi e deixei a avó Alzira a representar toda a família. Não foi o Jackpot, mas uma soborosíssima terminação.





Fico muito grato ao meu chefe, à minha mãe, à minha sogra, por me terem ajudado; e à Alice por me ter perdoado.


Só os burros é que tropeçam duas vezes na mesma pedra. Tampouco esperava que fosse uma iniciativa assim tão linda, porque nela nunca tinha participado mas isso não é desculpa para ninguém e muito menos para mim. Para o ano, se Deus quiser e a oportunidade se repita, o dia de férias está garantido! :) Iremos todos juntos ajudar a fazer um dia inesquecível para a nossa menina. Ela merece.