Dias difíceis, estes! Tempos difíceis!
Tento manter-me bem, quer física, quer mentalmente, mas não tem sido nada fácil. Também… quem é que me disse que as coisas poderiam ser mais simples?
Continuo a não baixar os braços e a ir sempre à fisioterapia mas é uma luta abnegada com o tempo e comigo próprio. As melhoras são imperceptíveis para mim, mas pelo que me dizem, não para quem me rodeia. Sendo assim, é quase como caminhar cego pela selva seguindo apenas as instruções, as orientações de quem nos vê. É preciso ter uma força que eu nunca pensei ter para não baixar os braços e deixar-me ir pela corrente. É uma prova sobre-humana!
Assim, tenho de fazer um esforço todos os dias de manhã para não influenciar negativamente quem me ajuda mas… (é o que eu digo!) não é nada fácil!
Os meus dias agora resumem-se a isto: ir ao hospital de Portalegre pela manhã para os trabalhos físicos e passar a tarde não sem fazer uma caminhada ou uma natação para que o corpo obedeça e não se torne apenas um habitáculo da alma.
Bastante simples, não é?
Para quem lê ou ouve, pode parecer muito pouco mas para mim, tudo é muito. Por exemplo: só a sala de espera da fisioterapia onde tenho de aguardar que chegue a minha vez, dava para fazer uma caracterização do sítio e do momento. Nessa salinha situada no rés-do-chão do hospital distrital, existem muito poucos lugares sentados e a média de idades é muito elevada. A bem dizer, tirando os bebés que vão fazer trabalhos para melhorar a sua capacidade respiratória dificultada pela bronquite ou constipação, devo ser o mais novo daquela gente toda onde proliferam as maleitas próprias da idade sempre relacionadas com as quedas e a falta de equilíbrio. Sinto-me sempre muito bem tratado e sei que as pessoas me estimam como eu a elas e trato com a melhor das educações mas aquela entrada no dia não é propriamente a mais agradável. Enfim… que fazer? Ele há coisas que acontecem que mudam tudo para sempre e esta que me aconteceu a mim é disso um excelente exemplo.
De resto, essa é uma frase que me habituei agora muitas vezes de ouvir da boca dos outros: “as coisas para se desencaminharem é num instante mas levá-las ao sítio demora mais tempo, não é”? Se é! E eu que o diga!
Essa é uma das que me habituei agora muito a ouvir, como prognósticos da situação e avaliações diversas ao meu estado de espírito. Dizem-me que estou ora acabrunhado, ora pensativo, ora esmorecido, ora em baixo… Quer dizer, perguntam-me, ou comentam e dão-me a entender que assim é. Eu acho que estou sempre normal e procuro assim me manter mas, constantemente analisado e sujeito a estas abordagens… já nem sei como é!
Gostava de ter tempo para ler, gostava de ter tempo para ver os meus filmes, gostava de ter tempo para muita coisa mas a verdade é que não posso nem quero, porque a única coisa que quero mesmo é voltar a estar bom e voltar-me a sentir como me sentia dantes. Coisa bonita para se meter numa t-shirt do Cão Azul: “Eu quero ser como era dantes!”. Comprava-a logo!