quinta-feira, 22 de junho de 2023

Ícaros modernos

 


Na Grécia antiga, na Ilha de Creta, Dédalo foi um criador que projetou um labirinto onde vivia um Minotauro, um monstro mitológico composto por um corpo humano com cabeça de touro. Reza a lenda que o autor foi incauto, revelou os segredos da sua obra, e isso permitiu que detratores entrassem no labirinto, e matassem o minotauro.

 

Para que o segredo da obra nunca mais fosse revelado, o rei Minos prendeu Dédalo, e seu filho Ícaro no próprio labirinto. Para fugir, Dédalo projetou asas para a sua fuga e do primogénito, feitas com penas de gaivotas, coladas com cera de abelha.

 

O plano de Dédalo deu certo, e os dois conseguiram sair voando da ilha. Ícaro, contudo, não deu importância aos conselhos do seu pai, e resolveu voar até ao sol. À medida que se aproximava, mais e mais do seu objetivo, convencido que era um Deus todo poderoso…  a cera de abelha derreteu, as penas desprenderam-se, e Ícaro caiu no mar Egeu… tendo morrido afogado.

  


O assunto que me traz aqui hoje, 22 de junho de 2023, foi motivo de abertura, bem como de aprofundamento em peças específicas seguintes, no único jornal nacional que me merece crédito, o da SIC, que sigo por ser de longe o mais aceitável jornalisticamente, apesar da inexplicável lazeira pachorrenta de inundarem o noticiário do primeiro jornal do dia, com notícias que ocuparam a antena da hora nobre da noite anterior.

Foi motivo hoje, e assim tem sido desde segunda feira, quando o Titan, um submersível de grande capacidade e resistência, propriedade da empresa OceanGate, cujo principal objetivo foi o de permitir que turistas e especialistas explorassem os restos icónicos do Titanic, prometendo combinar alta tecnologia com segurança e conforto, em expedições de sete dias, com um preço fixado em cerca de 250.000 dólares, em viagens que duram cerca de oito horas (divididas em duas horas e meia para a descida, três horas de exploração no fundo do mar, e duas horas e meia para a subida de volta à superfície); tivesse sido dado como desparecido, o que desencadeou uma extensa operação de busca e salvamento para tentar localizar o submarino, e os seus passageiros.



O capitão-de-fragata Baptista Pereira, novo comandante da Esquadrilha de Subsuperfície, com a sua caraterística “barba de chibo”, e as suas largas dezenas de quilinhos a mais, “desamontou” os já gastos Nuno Rogeiro e José Milhazes, e com a ajuda dos inefáveis pivots, foi ajudando a tecer uma intriga de vida ou morte, em que quem assistia ia também ficando sem oxigénio, e a sofrer por osmose só de imaginar a agonia daqueles aventureiros que usando a sua enorme riqueza, ousaram em conhecer de perto aquele navio cuja maldição continua, 111 anos depois do seu naufrágio, a fazer vítimas: um bilionário britânico, presidente de uma empresa de aviação privada; um homem de negócios paquistanês, e o seu filho; um explorador francês, e o próprio diretor executivo e fundador da OceanGate, que pagaram caro, tal como Ícaro, a sua ousadia de quererem estar perto do impossível, e chegarem onde a tragédia traçou um limite com o entendimento.

 


Isto foi ultimamente o grande assunto noticioso apesar de, e para não falar já, naquela que é uma das maiores tragédias do nosso tempo, que já tornou o Mediterrâneo, no maior cemitério a céu aberto do planeta, onde tombaram mais de 25 mil pessoas nos últimos 10 anos…

https://expresso.pt/internacional/uniao-europeia/2023-02-26-Cemiterio-Mediterraneo-26-mil-mortos-em-dez-anos-06640962



É que comparando… é bem caso para se pensar assim:

https://cnnportugal.iol.pt/naufragio/mediterraneo/estamos-mais-interessados-no-titan-do-que-na-pior-tragedia-de-sempre-no-mediterraneo-a-vida-de-uma-pessoa-famosa-nao-vale-a-mesma-coisa-do-que-a-vida-de-100-criancas/20230622/64946b46d34ea91b0aadcdd6

 

Na peça seguinte, isto:

https://sicnoticias.pt/pais/2023-06-22-Renda-passa-de-300-para-900-euros-e-familia-ve-se-obrigada-a-viver-na-rua-78a75a64

E eu, incrédulo comentava comigo mesmo: COMO?!?!? COMO NO MEU PAÍS, NESTE SÉCULO?!?!?!?, como numa família de pessoas decentes, sem qualquer tipo de dependência ao álcool ou a drogas, com filhos e… empregos que perderam, que se vêm assim despejados na rua sem que ninguém, nem nenhuma organização humanitária lhe deite a mão?!? COMO, MEU DEUS?!?!?

 

Nem sempre pensei assim, mas não acredito na bondade intrínseca ao ser humano, e estes últimos dados só adensam a minha convição. O homem não é naturalmente bom. É mais fácil ouvir dizer mal, que elogiar; é mais fácil querer mal, que amar, é mais fácil ser ruim e egoísta, que ser bom e partilhar.

 

O homem é invejoso, é egoísta, é ambicioso, é avaro e regra geral, não olha aos meios para atingir aquilo que quer. Não digo que não haja quem não seja assim, e só Deus sabe como me esforço todos os dias para ser a antítese disto tudo, mas a natureza generalizada… infelizmente é esta.

 

Quantos botes para os refugiados que fogem da guerra, e da fome… poderiam ter sido comprados por um daqueles ingressos no famigerado submarino Titan?

Quantas bocas que vão morrer famintas nos próximos dias… poderiam ter sido saciadas?

Quantas vidas poderiam ter sido salvas…. pelas vacinas que nunca irão chegar, porque nunca irão ser compradas?

 

Como seria tudo tão mais fácil se procurássemos ver no outro, a alegria que gostaríamos de ter em nós.

De todos, sempre e só um mandamento: amar o próximo como a nos próprios.

 

Pensem nisto, fiquem bem, e se tiverem fé, como eu, rezem e peçam por quem acham que merece mesmo.

 

Fiquem bem.

terça-feira, 13 de junho de 2023

Honrando o nosso Santinho Padroeiro!




































































E o Santíssimo... até o animal vergou...







Nesta terra tão linda,
Bem pacata e cheia de devoção,
Suas gentes acolheram (ao apelo da nossa Junta, e da Igreja também),
Com grande afinco, de coração.

Santo António, o padroeiro,
Sua vida e memória os chamaram,
Muitas acorreram, com alegria,
E todas juntas, oraram.

Apesar de ser de semana,
E em tudo, um dia normal,
Os populares disseram presente!
E tornaram o momento especial.

O dia ajudou, o sol até brilhou,
Estava ameno, e convidativo,
A procissão saiu do miradouro,
E percorreu as ruas, em tom festivo.

Chegados à igreja,
Houve eucaristia e bonita homilía,
O nosso amigo prior Marcelino,
Brilhou, como sempre, e tocou-nos com maestria.

As flautas das crianças encantaram,
Ao Hallelujah recordar,
Deixaram no ar um tom um sagrado,
Até davam vontade de acreditar!

Houve tempo até para uma "aula",
Que aos pequenos, nosso prior ensinou,
Sobre a força do Santíssimo,
Que até aos animais...  na lenda (do quadro) vergou.

E tudo não terminou sem a distribuição,
geral do pãozinho sagrado,
Que todos carregaram para o lar,
Por forma a ficar, também abençoado.

Oxalá Deus também nos abençoe também,
E para o ano todos voltemos,
A honrar o nosso padroeiro,
Para que mais unidos fiquemos.

E enfim...

O vosso tio preferido dRoCas Sabi tentou,
Em imagens e palavras captar,
Aquilo que gostaria que as gerações vindouras,
Pudessem, com gosto, um dia recordar ❤️