sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Diz-me onde brilhas (ou tens de brilhar...) , e dir-te-ei quem és...


Descubra a diferença entre estas duas imagens
(a tradutora de língua gestual não vale!)

A notícia agitou as hostes: o palco que vai receber o papa na Jornada Mundial da Juventude, que se vai realizar na nossa capital entre 1 e 6 de agosto próximos, custa mais de 5 milhões de euros.

 

Uns opinam que é o valor escandaloso, e que não se coaduna com um país que está de pé graças aos apoios externos; outros acham que ajudará a revitalizar toda uma área estratégica que há que recuperar; outros ainda acreditam que poderá servir para muitas outras ocasiões, como concertos e por aí fora.

 

https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/altar-palco-da-jornada-mundial-da-juventude-custa-mais-de-42-milhoes-de-euros-camara-de-lisboa-explica-valor


https://www.publico.pt/2023/01/26/sociedade/noticia/fundacao-jmj-vai-tentar-baixar-custo-altarpalco-vai-acolher-papa-francisco-2036592


https://www.publico.pt/2023/01/25/local/noticia/presidente-republica-confirma-altarpalco-papa-recebera-eventos-2036297


Pois cá o dRoCaS acha que isto é tudo conversa a mais, sobretudo se pensarmos que o Papa é o representante de Cristo na terra, com muito interesse terreno dos bispos que o elegem, claro está, mas deixemos isso agora; e que isso deve ser levado em linha de conta.

 

A verdade é que o Príncipe da Paz, o mais único e poderoso da história, que ainda assim se entregou e se deixou matar às mãos dos seus detratores, que nasceu no local mais despojado de qualquer conforto, apenas aquecido por animais, deve estar a achar uma graça imensa a isto tudo.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

O Carlos (Bugalhão) já foi, na frente...


Numa foto ultra-pirosa, daquelas tiradas por fotógrafos que não largam as mesas feitos sanguessugas a chuparem dinheiro, que foi vergonha muitos anos depois, e hoje sabe tão bem ver, numa franganada na Guia, certamente há mais de 25 anos. O Carlos naquela altura usava um bigode bem preto ao melhor estilo mexicano. Saudades, ópa...

O telefone tocou de tarde quando estava a trabalhar, e o número era desconhecido, daqueles que geralmente não tenho por hábito atender, receoso pelas manigâncias das tecnologias de hoje me dia que vemos por todo o lado, do tipo “chamadas do estrangeiro a cobrar um balúrdio no destinatário”, esquemas em pirâmide, e outros enredos do género.

 

Aquele, não sei explicar porquê, atendi.

 

- Sou “não sei quem”, (já não me consigo lembrar, acho que desliguei a ficha) a vizinha da Fatinha.

 

Espequei-me.

Fatinha… Lisboa… já foi…. Pensei.

 

- Já a meto a falar com ela, disse.

 

Respirei fundo mas, ainda assim, fiquei em suspenso.

 

- O Carlos…, disse ela com voz trémula.

- O que foi Fatinha?

-  Balbuciou qualquer coisa terminada em …eu

. Sim?

- Morreu.

 

E aqui cai sempre a ficha, não é?

 

Todos nós vamos aprendendo ao longo da vida que não há desfecho mais certo que este. Daqui ninguém sai vivo, mas apesar de todos sabermos isso, temos uma dificuldade imensa em lidar com a efemeridade da vida, com a impossibilidade da nossa eternidade, como se o mundo não pudesse continuar despois de partirmos sabe-se lá para onde, quando todos temos mais que a certeza que é assim que vai ser.

 

- Mas como?!? Estava doente?

A velha história que já imaginava, mas não queria acreditar que pudesse ser de facto assim: muita dificuldade em respirar, uma respiração sempre ofegante, como se tivesse sempre acabado de correr os 110 metros barreiras em loop, dificuldades em movimentar-se, mas ainda assim… a fumar, refém desse vício completamente tenebroso, que pode assumir proporções absurdas e malévolas que chegam a roçar a demência.

 

Fumou até se ficar. Ele, como ela… que foram sempre dois parceiros insaciáveis à mercê da dependência do fumo, e cafés.

 

A minha madrinha tem 72, como a minha mãe. Ele seria um pouco mais velho, e fizeram tooooooooooooooooooooooooooda a vida assim: a fumar e a beber cafés como se não houvesse amanhã nos calendários. Foram 50 e muitos anos, talvez mais perto dos 60 que outra coisa qualquer, com este vertiginoso modo de vida, que não poderia acabar bem. Imagino aqueles pulmões… com a quantidade de nicotina, e substancia tóxicas que já processaram.

 

Conheci o Carlos quando era puto (14, 15?), e regressou de Lisboa a Marvão, que era a sua terra, depois de ter por lá vivido, casado e gerado descendência. Começou a deitar a asa à Fatinha que, solteira e levando uma vida errante e solitária, muito amparada na amizade da querida Lurdes Efe, cedeu aos seus encantos.

 

Quem não viu isso com os melhores olhos foi a minha tia Maria, sua mãe, que lidou muito mal com o facto da filha única casar assim, não com um esbelto jovem solteiro da sua idade, mas com alguém com um passado às costas e sobretudo, com uma relação complicada com o álcool.

 

O Carlos foi mais Homem que isso tudo, alinhou num tratamento com o saudoso Dr. Pedro, que sucumbiu bem jovem vergado por um cancro, e nunca mais tocou no álcool, porra! Uma cena mesmo assim do outro mundo! Nem nas provas mais difíceis que se possa imaginar, como a mesa longuíssima de Natal da Covilhã, cheia de convivas, belos petiscos e vinho com fartura, ele largou o Sumol, a Cola ou o RIcal.

 

O Carlos adorava Marvão, o Centro Cultural e o ténis de mesa, um desporto onde era mesmo craque, tendo até participado em inúmeros torneios por aqui.

 

Nessa fase mais difícil, trabalhou na Câmara, quando andou com o dumper, e depois conseguiu entrar na Pousada de Marvão, de onde se veio a reformar, já há algum tempo.

 

Eu recordo que perdi um Amigo, que esteve sempre presente nas fases mais difíceis da minha vida e que nunca faltou, como quando fui operado às costas, ou quando estive em coma durante mês e meio depois do acidente de Vespa, como quando lhe pedi que me tirasse de lá porque os gajos “limpavam o sebo” aos doentes, que era a forma que eu encontrava para explicar como eles calavam os que de noite não sossegavam e se silenciavam; ou como se preocupava em dar uma volta à noite com a Cristina e a Fatinha, para desanuviar do stress de me verem ali assim, ligado às máquinas.

 

Foi cedo demais, poderão pensar muitos. A verdade é que poderia ter ainda muitos anos para viver com qualidade, caso tivesse saúde mas… os que não fumam também morrem, muitas vezes bem mais cedo, até.

 

Levou-a como quis!, e fica o consolo disso, até porque acredito que todos trazemos um prazo, só que a magia disto tudo, é vivermos sem pensar no nosso.

 

Por vontade da família, o Carlos voltou ao pó, de que todos somos feitos, estado ao qual todos iremos regressar.

 

Que esteja em paz, rezo eu, entre o esplendor da luz que nunca se apaga.

 

Até um dia, Amigo!

 

(Não vai haver mais nenhum dia que coma pão de alho, que não me lembre de ti...)


domingo, 22 de janeiro de 2023

Conseguir VER mais longe... rindo

 

Estive a ver nas gravações automáticas o “Tabu” do Bruno Nogueira sobre a cegueira, que foi transmitido na semana passada, disponível gratuitamente na plataforma OPTO, e fiquei siderado. Achei um testemunho absolutamente avassalador, de uma categoria, e de um humanismo fora de série.

 

O tabu, que como indica a promoção, é “um programa inspirador que combina emoção e comédia, provando que o humor é para todos, e em todos os casos”, e versa temas sobre os quais somos ensinados a não rir: limitações Físicas, doenças incuráveis, drogas e álcool, obesidade, doenças mentais e já na segunda temporada, a velhice e a cegueira, neste último, que aqui vos apresento na íntegra.


Todos têm sido de uma qualidade acima da média, mas este, foi-o particularmente.


Todos vocês conhecem o Bruno que é um artista do “faz rir” (cómico parece-me pouco para ele), que concilia o humor e a inteligência como poucos. Longe vão os tempos do gaiato escanzelado que aparecia no “Levanta-te e ri” da SIC, e este homem mais maduro, vivido, e refinado, que foi convencido pela SIC (leia-se Daniel Oliveira) depois da relevância que teve durante a pandemia nesse fenómeno da internet chamado “Como é que o bicho mexe”, pretende neste novo programa, como o nome indica, provar se pode mesmo fazer humor de qualquer assunto, e desde que haja categoria no tratamento, não há limites para rir.

 

Falo por mim, como sempre aqui, nunca a cegueira foi tratada assim, nunca pude estar com os cegos desta forma, nunca pude saber desta forma coisas sobre eles, olhem, adorei!

 

Percam… NÃO! GANHEM 1 hora e 6 minutos da vossa vida a assistirem a isto, e deliciem-se com um verdadeiro serviço público de televisão. Assistam clicando no link abaixo:


https://opto.sic.pt/vod/c523633d-12e8-4c8a-b6f9-ccf8a9e7aea2



sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

As bodas, as datas, e o tempo que passa (inexorável e inclemente)

 

Saúde!!!



Estava eu ainda a trabalhar, já muito passava da hora, quando me liga ele:

- Então, não queres uma?!?

- Quero sempre, ópá, sobretudo se for com um Amigo…

 

Já há muito que não passo aí, porque está um briol do camandro, e cerveja fresca não é do que mais apetece.

- Anda já! Sabes quem é que casou no Civil, no dia de hoje, há 25 anos?

- Hoje?!?! Naaaaaa….

- Olaré! E sabes quem foi o padrinhio?

- Claro!!! Como poderia esquecer?

- E a Cristina, a Madrinha.

- 25 anos...

 

- Opá… MUITOS PARABÉNS!!!

 

Realmente… a ser muita coisa, que sou, não sendo nada, para além disto, SOU PADRINHO…

 

- Do casamento dos meus cunhados, Paula e Bonito, quando tive a honra de dar o braço à D Encarnação, em representação do Sr. Joaquim Silva Costa;

- Do nascimento do meu João Sobreiro, o Primogénito do meu brother, e da minha Lina, que homenageou à nascença com o nome, o meu pai;

- Da minha Maria, esse furacão encaracolado que eu amo tanto…

 

Hoje, celebrou-se, pois então. Como não?


E deu taluda!!!!!!!!!!!!!!!! Haja petisco!!! :)


domingo, 15 de janeiro de 2023

O dérbi na análise (muito sucinta) do vosso Prof . Sabi


Este, foi assim...

Bom, então é assim: antes de mais, convém deixar bem claro que foi um partidaço de futebol: aberto, taco a taco, ao jeito montanha russa, no melhor estilo “sobe de desce” no resultado, que para nós, foi mais correr atrás do prejuízo.

 

Curiosamente, e de forma assaz espantosa, o Benfica, que jogou em casa, e ainda por cima com a catedral cheia como um ovo, com espetadores a rondarem os 65.00O, não entrou em campo até para aí aos 20 minutos. Só deu Sporten!!! Livra! Mas os nossos gajinhos aqueles estavam embruxados, aparvalhados , ou quê?!?!?!?

 

Com tanta subserviência, fomos “pim pam puns” e quase que os deixamos entrar pela nossa baliza adentro, para faturarem um, num movimento assustadoramente impressionante! Estaríamos nós drogados?!?!? O Trincão, opá?!?!?!?

 

Vá lá que pagámos pouco depois, com um centro certeiro do até então adormecido Rafa (leeeeeento, trapalhão e atabalhoado), para o Gonçalito Ramos que ficou com as pistolas do Jonas, e mais uma vez, não hesitou. Porreiro, pá!

 

A segunda metade arrancou com um penálti sacado a ferros pelo árbitro Artur Soares Dias, que como sempre, só lhe faltou uma cinta à volta do braço com as iniciais “fcp”, para se saber qual o clube para quo qual estava a trabalhar. MAS ONDE É QUE M***A  ERA FALTA?!?!?



Voltando a estar por baixo, mais difícil seria dar a volta, mas eis que desta não foi vez não foi Rafa a centrar, mas sim o Grimaldo, e o mesmo suspeito de sempre a faturar!


Vá lá,  vá lá, que passou assim. 


Análise final do jogo: Poderia ter sido um festim, com o ambiente que estava montado por tantas almas lampionas, mas os lagartos foram mais bravos, aguerridos, lestos e desenvoltos num ambiente tão contrário, e conseguiram estar sempre na frente. Nós fomos atrás da Xixa e conseguimos que o mal não fosse tão grande.

 

Maneiras que a cena ficou assim:



terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Este es el tio?!?!?!?

Com o currículum aqui
nota: Fernandinho: toma cuidado! Os misters tugas vão fazer-te uma espera!


Quero muito escrever sobre o que tenho estado a pensar sobre isto (e tenho andado todo o dia a pensar como, pelo menos desde que soube da notícia), mas quero sobretudo fazê-lo sem machucar ninguém, sobretudo quem me é muito próximo, e por diversos motivos, já mo provou várias vezes.

 

Não sou, de todo, chauvinista, e tenho uma relação muito próxima com Espanha, onde o meu avô foi chefe da estação nos tempos da guerra civil, onde a minha família paterna viveu (na estação de Valência de Alcântara), onde teve muitos parentes a viver, e tenho grandes e queridos amigos.

 

Se a população de Santo António, onde vivo tem cuidados médicos, pode agradecê-lo a dois dedicados profissionais que se preocuparam em garantir esse serviço, e com isto digo tudo! Acho eu...

 

Mas pensem comigo: sendo o futebol, provavelmente a área onde as nossas exportações são mais fortes (quer a nível de jogadores, quer de treinadores): a quem Deus dá juízo de ir buscar un puto entrenador de la selección da minha idade?!?!?!?! 😱


 (cliquem nos links a sublinhado e a azul. Não vão para os bares. Instruam-se! O saber não ocupa lugar!)

A pátria de José Mourinho (para mim, de todos, o maior -  Ligas dos Campeões (cá no Porto, e em Itália), Taça UEFA, diversos títulos nacionais incluindo campeonatos, taça e supertaça; campeonatos ingleses, e respetivas taças; campeonatos, copa e supercopa italianas; campeonato, copa e supercopa espanholas);  o país de Jorge Jesus (diversos títulos nacionais incluindo campeonatos e taças, Copa dos Libertadores da América, Campeonato Brasileiro); a terra de Paulo Fonseca (campeão nacional no fêcêpê, campeonatos e taças na Ucrânia), e de Paulo Sousa (taça da liga, e supertaça da Hungria / campeão do estado israelense / vencedor da super liga Suiça)... todos eles sem terem tudo oportunidade de mostrarem o que podem fazer pela seleção que nos representa a todos como país.... 😱 é obra!

 

Como dizia o outro: oxalá tenhas sorte mas... parece-me que... mais vale c@g@r um pé todo!

domingo, 1 de janeiro de 2023

O Café Avenida... disse adeus

 


Estava há a dias a fazer um jantar de natal privado com um dos meus melhores amigos, senão mesmo aquele com quem mais me identifico, quando se sai com esta (ele, que não é, de todo, info-excluso; e é, até mesmo, grande craque a informática, mas que não tem redes sociais por opção muito própria): epá, nunca mais escreveste no teu blogue. Passo por lá por vezes apenas para saber se há algo de novo, e fico sempre… assim…

Claro que pedi desculpa, me justifiquei com o facto de hoje em dia, a rapidez e o imediatismo do facebook terem devastado grande parte do universo da blogoesfera;

que se eu quero escrever, também é porque quero ser ouvido (e que se isso não acontecer, mesmo que estejam contra, mas nunca indiferentes!!!!; nem sequer vale a pena!), e ali tenho mais noção imediata disso;

que dificilmente podes combater contra um espaço que pergunta a quem quer lá entrar: “Em que estás a pensar…”  (tão simples como isto!);

que é impossível conseguires que te ouçam quando tens um lugar que oferece a possibilidade de ser ouvido à imensa multidão de qualquer um, por mais troglodita e desprovido de senso que seja, de ter tempo e espaço, até apenas para replicar prestações de outros, que compita com quem se esforça para deixar a sua marca.

 

Mas a verdade é que não consegui deixar de me sentir canalha, culpado pela minha displicência, por ter deixado para trás quem me seguiu tão fielmente, ao longo de 15 anos (desde quinta-feira, 24 de maio de 2007, quando o iniciei)!!!

Afinal, foram centenas e centenas, por certo milhares de horas a escrever, muitos milhares de fotos, frases e palavras… e é muito triste cair assim no esquecimento, sem mais, nem meias.

Já dizia o bom do Lavoisier que na “natureza nada se perde, tudo se transforma”, e é bem verdade! O vosso dRoCaS Sabi não deixou de pensar, de se exprimir, de tentar chegar aos outros, mas agora fâ-lo de uma outra forma, muito mais imediata, pragmática, fácil de facebookutilizar, sob o mural do seu nome: Pedro Sobreiro.

 

Já não estou numa de passar duas horas ao pc ao para dizer aquilo que quero, nem sequer tenho sentido saudades disso, devo confessar. Os dias esgotam-se de uma forma tão vertiginosa que pouco tempo fica para, e passo bem sem isso.

  

Continuo a fazer como sempre fiz: a exprimir-me de uma forma desagrilhoada, completamente livre (como adoro ser), rebelde, com a sua dose de loucura, sem prestar vassalagem, ou qualquer tipo de limitações.

 

Regra geral, os assuntos são tratados no facebook, e ali ficam para a posteridade; mas ultimamente, apenas sobem aqui ao blogue quando têm, quanto mais não seja para mim, um papel preponderante. Mesmo aí serão sempre noticiados na rede que é seguida por todos… enquanto não venha outra. Procurem-me neste blogue, ou em Pedro Sobreiro no facebook e estarei lá, até Deus querer.

 

Perguntaram-me há dias, com alguma, muita graça, se tinha algum acordo com uma agência funerária daqui, porque isto, ultimamente, no blogue, tem sido só óbitos! Oxalá assim não fosse mas… que fazer?

Não vou fechar este blogue, como tive a infeliz intenção de o fazer, certo dia, porque por muito tempo que esteja sem nada publicar, e por mais que o faça no facebook, ou noutra rede social que lhe suceda, esta há-de ser sempre uma extensão de mim.


 

Nem de propósito, ontem (31.Dez.2022) foi um dia triste para a nossa terra (Santo António das Areias), porque o “Café Avenida” fechou as suas portas. É sempre de lamentar quando uma instituição de várias gerações termina o seu ciclo, mas neste caso, temos de compreender. O Sr. José Pinadas já atingiu a sua idade de reforma há algum tempo (era colega do meu sogro na firma Nunes Sequeira S.A., e já estava na pré há algum); a sua esposa, a querida D. Adélia, também já não tem a saúde viçosa de outrora, e a sua filha; a minha querida quinta Helena, tem o seu emprego, a sua vida, e também quer ter direito à sua privacidade, que as vidas atrás de um balcão são do mais desgastante que pode haver, e consomem imenso a quem lá está.

 

Conversava eu com outro amigo acerca desta temática, à porta, entre um cigarrito e um drink,  e constatávamos a volta que esta localidade tem levado, em termos de perda de população e espaços dedicados a servi-la. Quando as firmas Sequeira, o grande motor económico e social da localidade, estavam no auge da sua pujança, quando as horas de entrada e saída das firmas faziam lembrar o rebuliço de uma cidade, havia dinheiro para tudo e para todos, e agora… que vamos sendo cada vez menos… tudo parece definhar.

 

Na Avenida ficam apenas o Tapas, mas isso é mais um Supermercado que outra coisa qualquer, que também vende bebidas, mas enfim; o Sr. Saúl que… já não caminha para novo; a Pastelaria do valentão Caldeira; a D. Estrela do Adro (que abre bem cedo, com o Vítor, e fecha tarde); e mias acima, o Pau de Canela que é mais restaurante, o David Caldeira no Ninho, e o bar da D. Algarvia nos Bombeiros, sendo que as bombas diz que vendem também muita mini, mas eu não sei que não sou cliente; e creio que nada mais resta, agora que a Luzia fechou o Miradouro e foi à procura de carreira na sua área de educadora para Lisboa, e fez muito bem, que nunca é tarde para seguirmos os nossos sonhos.

 

Há poucos e cada vez menos, porque nós também somos poucos, e temos mais tendência para acabar, que para nos multiplicarmos, e uma coisa leva à outra.

  

Vivamos com o que há, saibamos estimar e ajudar, porque vamos todos no mesmo barco.

 


Apetece-me agora, e porque esse é o real motivo desta publicação, de prestar uma homenagem a este estabelecimento maravilhoso, a este casal encantador, e de assim lhe agradecer pelo serviço absolutamente inexcedível que prestaram à população.

Segundo soube, porque andei-me a informar, e perdoem-me se algum dado não está correto, o edifício matriz foi mandado construir pelo pai da D. Adélia, quando regressou de França, e teve diversos inquilinos ao longo dos anos, entre os quais contam o Sr. Saúl, ao qual se seguiu o Sr. Amador, anos depois; até que voltou à D. Adélia, quando o seu marido se aposentou.

  

Ali imperava tudo aquilo que deve de existir numa casa deste género, no meu entender: enorme simpatia, um sentido de servir verdadeiramente exemplar (as conversas de quem estava fora do balcão ficavam de fora do balcão, o proprietário nunca interferia em nada, ou emitia a sua opinião, a menos que lha pedissem), asseio e higiene do mais alto nível, na falta de imperial, as minis sempre geladíssimas; tremoço e amendoim com fartura; televisão de grande ecrã plano sempre na bola desde que a houvesse; casas de banho imaculadas (sempre ouvi que se queres conhecer o asseio de uma casa pública, visita os seus WC antes de pedir), enfim… dava gosto e a saudade já é imensa.   

 

Ali encontrava sempre três, ou quatro, ou cinco, ou mais amigos que eram indefetíveis daquele espaço, que me fartei de lhes perguntar onde passarão a ir agora, porque nunca os via noutro lado algum, e agora tenho medo de os perder; e ainda não sei onde estarão.

 

Enfim… há que seguir em frente. Ficará sempre a saudade imensa, até de quando serviam lá refeições, ao lado, e dos bons tempos que passei ali.

 

Pedi ao amigo José se podia tirar uma foto com ele, de recordação, mas ele, muito recatado, e de perfil muito comedido, pediu-me que era melhor não. Respeitei, claro, até porque o senti emocionado.

 

Aos meus três Amigos: à Leninha, ao Sr. José e à D. Adélia, desejo toda a saúde do mundo, e que possam gozar estes anos pela frente da melhor forma possível.

 

O vosso Amigo Sobreiro estará sempre aqui, como sempre estiveram por mim!

 

Sejam felizes!