segunda-feira, 23 de agosto de 2021

NÃO ME CALES, PÁ!!!!!!!!!!

 A.K.A. "A fugir da P. I. D. F.!!!! (ou a nova P. I D E.)"

(Polícia Internacional de Defesa do Facebook)





AAAAAAAAAAAAhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh… Deixem-me respirar fundo!!!!!!!! Porra!!!!!! Porra que isto não se faz!!!!!

Ora quando se é um blogger há mais de 13 anos, se tem milhares de textos escritos na internet, ainda mais milhares de horas a criá-los, muitos seguidores e milhares de visualizações (só no blogue, sem contar o facebook já vão em 551.715, por estes dias), um gajo deveria ter um certo estatuto, não acham? Quando mais não seja, por ser artífice deste míster das palavras, penso eu de quê.

 

Mas não! Há mínima… o fdp do facebook (e eu insisto sempre em escrevê-lo com letra minúscula! BAIXA A BOOOOOLA!!!!!!!) bloqueia-me por tudo e por nada!!!



Desta vez foi uma semana!!!!! Uma semana inteirinha sem poder interagir, meter um gosto, sorrir, ou comentar! Desculpem, Amigos!!!!!! Isto foi tão deprimente ao ponto de eu nem sequer carregar no quadradinho do F azul, do telemóvel ou do pc, porque caso isso acontecesse, começaria a ver coisas que certamente me dariam vontade de opinar, e auto-estima ainda ficaria mais de rastos, ao me ver preso na gaiola!

 

Por isso e antes de mais, sai o meu enorme pedido de desculpas para todas as minhas amigas e amigos nesta rede, sobretudo aqueles dos quais sou mais próximo, e comigo tentaram interagir, mas isso não me foi possível de todo! Na verdade, até ontem, o bicho insistia que não poderia comentar até às 0 horas de hoje!!!!! Poooooorrrrraaaaaaaaaaa!!!!!

 

E que mal tão grande terei feito eu, para merecer tão pesada pena de ter de ficar 7 dias longe da xixa, sem lhe poder tocar, perguntam, e bem, vocês?

 


Pois diz o gajão este que publiquei fotos de nudez que feriram os padrões da comunidade, vejam bem vocês!!!!!! 

Toda a gente sabe que sou um bocad(ão) gozão, desbocado MESMO, que vivo intensamente e por vezes me estico! Mas a verdade é que sou educado e respeitador!!!!! Nunca iria por aqui meter-me a publicar fotos que me pudessem envergonhar à frente da minha mãe, da minha mulher ou das minhas filhas.

 

Publiquei sempre fotos (e vamos escamotear uma por uma), que foram todas elas aceites pela Sociedade Portuguesa de Autores, porque fizeram parte ou foram incluídas em obras certificadas por ela, e passíveis de serem vistas, tocadas e/ou adquiridas, em qualquer discoteca de província, em qualquer quiosque de uma cidadezinha do interior, e/ou vista num cinema mais próximo de si (agora não que creio que já saiu de cartaz!).

Ai mas ca granda injustiça, FDDDDDDDDDDDDDSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS!!!!!!!!!

(Aqui o blogue é meu, e vou partilhar este texto nas tuas entranhas como se fosse um cavalo de Tróia que te há-de minar por dentro, porque se as tuas câmaras detetam formas, e algoritmos, não são inteligentes ao ponto de chegarem aqui. :P).

 


A última imagem publicada que deu a grande barraca foi porque publiquei num comentário!!!!, nem sequer foi numa publicação de raiz, uma foto da Bo Derek no filme “10 – Uma Mulher de sonho”, em que cavalga desnuda num corcel, numa imagem perfeitamente aceitável e nada explícita, em que não se consegue descortinar um mamilo, um pêlo púbico, um órgão sexual feminino explícito, obsceno, capaz de ferir suscetibilidades, ou ofender a moral. Por causa disto: cartão vermelho para o Sabi!

 

Então analisemos os meus pecados:




- A 19.10.2020, publiquei a capa de uma revista “Gina”, igualzinha às que forravam as paredes dos quiosques em Lisboa quando por lá estudava, e não provocavam acidentes de trânsito! Olhem-me bem a escandaleira, isto acontecer 30 anos depois!!!! É apenas uma senhora com os seios à vista. Vai à praia, meu!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Antes de atirarem pedras e julgarem pelas fotos sempre escabrosas do interior, experimentem a folhear uma, e atentem à riqueza do português utilizado, de um vernáculo de altíssimo recorte, digno de ser elogiado! Isso sim tem valor!

 

- A 16.01.2021, saiu a foto da capa de um dos discos portugueses que mais ouvi e gostei: o lendário “És muita linda” dos Ena Pá 2000, do capitão Manuel João Vieira.

Procurem no Google as imagens da capa e contracapa, e analisem, pensando por vós próprios!

Ora o instantâneo que mostra uma atriz de harcore 1º Escalão, deixa antever que a piquena está a botar a boquinha na “botija…”  mas não se vê nada em concerto, e tem retângulos coloridos a esconderem as ofensas, para que a SPA a deixasse sair para o público.

Pois… eles safaram-se mas cá o Sabizinho… foi para o castigo!

 

- A 28.01.2021 os pidfescos do facebook deram com a contracapa do mesmo trabalho, publicado na mesma altura e… PIMBA!!!!!!! Lá vai o Sabi outra vez!!!!!

 

- Para culminar, no domingo passado, num comentário a uma publicação (que nem sequer foi para o centro das atenções), sai a tal foto da Bo Derek e… foi mau!!!

 

O que eu vos digo é que estes gajos, “os pcs que tudo controlam” são maus e… se nós lhe damos a saber tudo sobre as nossas vidas, lhes revelamos as nossas casas, dizemos tudo sobre nós”, se os deixamos que nos tirem o pio porque publicamos hoje uma foto que foi aceite pelas autoridades para ser publicada em 1979, 5 anos depois do 25 de Abril!!!!! Se atingem o cúmulo de em 2021, tirarem o pio a um tipo da net, por colocar uma foto nada escabrosa, de uma mulher a cavalo, retirada de um filme de 1979, quando ele tinha 6 anos apenas… Algo está podre no reino da Dinamarca!!!!!!! Daqui às armas… É UM PASSINHOOOOO!!!!!  

 

 

Mas… espera aí!!!! Sem net, como é que falamos uns com os outros?!? (desde casa… tão longe…?!?!?!)






domingo, 15 de agosto de 2021

Shangri La - O meu horizonte... Pt III - O pote (no fim do arco íris)

O embrião...


Já vai sendo um hábito ouvirem-me dizer que aprendi a viver num lugar idílico, que num Alentejo dedicado maioritariamente à agricultura e pecuária, nasceu com o progresso e que, caiu por terra a seus pés. O comboio, esse cavalo de ferro como lhe chamavam os nativos norte americanos, esteve na génese da minha aldeia, na criação da freguesia, com a ligação ao ramal de Cáceres, e teve a morte num dia preciso, a 31 de dezembro de 1992.


No amanhecer seguinte, o primeiro da (des)graça do ano do senhor de mil novecentos e noventa e três, ocorreu a abolição das fronteiras fiscais, dos controlos aduaneiros relativamente às trocas intracomunitárias em resultado da concretização do mercado económico europeu único, o que veio trazer profundas alterações ao nível do sector aduaneiro.


Esta supressão das barreiras físicas, fiscais e técnicas à circulação de bens intracomunitários, as quais representavam uma percentagem elevada do comércio português, resultou numa redução da atividade dos despachantes oficiais, com as inerentes consequências para as empresas e para os trabalhadores do seu serviço, que eu passei a ver de um dia para o outro, como almas errantes que deambulavam pelas ruas sem terem nada para fazer, sem um motivo concreto que os animasse a viver (quando não ganhas sentes-te vazio, um verbo de encher, um errante, um ser inútil), e muitos deles não duraram muito mais tempo. É certo que a forma de viver do meu pai influiu de forma determinante na forma como veio a falecer, com apenas 49, mais 3 que eu hoje, mas a derrota moral de se ver sem emprego, foi uma machadada que pesou muitíssimo, e nunca mais o deixou endireitar.


Nesse Alentejo amarelo, seco e atrasado, a Beirã destacava-se por ser essa aldeia dedicada aos serviços; onde as alfândegas, os despachantes, a guarda-fiscal, os caminhos-de-ferro, faziam girar toda uma atividade que se estendia às mercearias, aos cafés, aos alojamentos, à restauração, à panificação, e a toda a atividade da terra. Quando digo que nunca vi ninguém passar dificuldades, que nunca vi alguém passar fome durante a minha meninice, não brinco. Quem porventura tivesse uma profissão menos bem remunerada, teria certamente um pedaço de terra que cultivava, e meia dúzia de animais (galinhas, porcos, vacas) que garantiam, pelo menos, à subsistência da sua família. De tal forma assim era que na primeira visita que fiz a Lisboa com os meus pais, ainda me consigo recordar da angústia que senti, ao ver as pessoas sentadas de braço esticado e mão aberta, sentadas no passeio, clamando misericórdia, na esperança vã que os transeuntes que os ignoravam ao ponto de nem sequer os fitarem, lhe deixassem cair uma moeda. Recordo-me que queria ajudar tantos quantos pudesse, e pedia moedas à minha mãe, em sofrimento latente, até que me explicou a dureza das desigualdades do mundo dos crescidos, que me atormenta até hoje, por não conseguir compreender que hajam tantas desigualdades entre iguais. É certo que sou um apoiante incondicional da meritocracia, e compreendo que nem todos mereçam ter, porque nem todos se esforçam, e os párias desvirtuam a moralidade do sistema, mas há desigualdades atrozes que custam muito a digerir.


A conceção geográfica de uma terra, e de um concelho feita na cabeça de uma criança, é realmente muito particular. As fronteiras para mim eram: do lado esquerdo, a Espanha; em frente, Marvão, Portagem e Portalegre; do lado direito, Pereiro, Barragem da Póvoa, Nisa e Castelos Branco, e de trás, uns canchos que eu sei lá onde é que aquilo ia ter. Nunca cheguei a ir tão longe.


Tirando isto, o que saia assim fora de porta era o Algarve, para onde íamos uma vez por ano, dantes durante o mês de Setembro todinho, com as minhas queridas tias paternas a revezarem-se à quinzena (alguém tinha de ficar a tomar conta da loja), indo nós a buscar uma que vinha de comboio até à estação de Alcantarilha. Tudo isto antes de Armação de Pêra se ter tornado nos anos 80, a versão de Portalegre junto ao mar, em que pessoa sim, pessoa não, tínhamos de fazer cumprimentos na rua. A diferença era que eu me lembro de ir para lá desde que nasci, por o marido da minha tia Maria ser de lá natural.


 A caminho do Algarve, numa viagem longa, que demorava quase um dia…


O casario da Beirã dividia-se entre as que foram propositadamente construídas tendo em conta o propósito fundamental da terra (a estação, o edifício do clube/restaurante/alojamento onde hoje funciona o Train Spot, o edifício destinado às famílias dos alfandegários, os edifícios para acomodação dos ferroviários), os serviços (como a igreja e a escola), as casas mais ou menos comuns, com variável antiguidade destinadas aos outros trabalhadores, e as vivendas, de tamanho variável, proporcionais às posses dos proprietários. Durante o mandato do presidente da câmara António Moura Andrade, contruiu-se um enorme bairro de vivendas logo à entrada da aldeia, com valores de aquisição nada proibitivos e até aceitáveis, que foi prontamente vendido. A ele se deve também a construção da casa mortuária, já no final do seu mandato.

domingo, 8 de agosto de 2021

Shangri La - meu horizonte longínquo sobre carris - Parte II - A (minha) Raíz


Avô Leopoldo e avó Joaquina, sorrindo, à varanda, numa rara imagem assim, dos dois


Toda a minha família para aqui se deslocou chegada da zona de Segura, Castelo Branco, onde o meu avô paterno chegou a chefe da estação dos comboios, como culminar de uma carreira construída sempre por mérito.

Essa figura determinante e patriarcal que nunca tive o prazer de conhecer (faleceu em 71, com essa mesma idade, quando eu, apenas dois anos depois, haveria de chegar), foi, absolutamente central na história da família Sobreiro. Pelo que sei e me foi chegando, sempre pelo relato de familiares próximos que com ele privaram, o meu avô foi um verdadeiro trepador, um fura pasto que entrou nos caminhos-de-ferro portugueses por baixo para, graças ao seu empenho, e à sua capacidade de trabalho, ter escalado por aquela estrutura acima, até se ter reformado como inspetor, depois de ter sido responsável pelas estações da Beirã, e de Valência de Alcântara, onde chegou a residir com a sua família. Recordo-me bem, enquanto criança, de voltarmos religiosamente a Valência, todos os sábados de tarde, para ali ficar boquiaberto com a facilidade com que as minha tias falavam castelhano, conheciam toda a gente, e por todas eram cumprimentadas como se ainda ali vivessem.

    Tanto que eu lamento não conseguir andar para trás na minha árvore genealógica, mas duas gerações antes da minha, é o mais distante que consigo chegar. Concedo que possa nunca ter investigado tanto quanto podia, mas a verdade é que as tecnologias eram poucas naquele então, os recursos também, e as máquinas fotográficas, hoje banalizadas em qualquer telemóvel moderno, eram um caso muito raro.

    Os meus avós maternos sempre estiveram longe, em Idanha-a-Nova, terra de onde a minha mãe é natural. Não tendo viatura própria, e nunca tendo memória de me terem visitado aqui onde vivia, foram duas figuras que se foram formando no meu imaginário afetivo alimentadas apenas por duas ou três visitas anuais, pelas férias grandes, pelo Natal; e uma ou outra visita esporádica de fim-de-semana. O meu avô era alfaiate de grande categoria e minucia, tendo inclusivamente realizado muitos trabalhos para a conceituada marca Dielmar. Homem católico convicto, sempre muito atencioso e compenetrado, lia imenso. Apesar de ter sido um excelente aluno, nunca teve hipótese de prosseguir os estudos, por dificuldades económicas. Não consigo dizer quem foram os meus bisavós. A minha mãe certamente levará isto a mal, mas é verdade. Aliás, com os avós paternos, passa-se o mesmo.

Os “Cometas Negros”, de Castelo Branco, com o João todo de negro, lá atrás.


   E como é que que pegando em todas estas pontas soltas, os astros se conjugaram para que a minha génese fosse possível? Pois teve a ver com um baile de finalistas em Idanha-a-Nova, e a banda contratada para animar tal evento serem uns tais “Cometas Negros”, de Castelo Branco, que eram um sucesso na altura, porque interpretavam o rock que chegava rolando pelas rádios piratas das ilhas de sua majestade. Rádios “bravas”, não legais porque o chefe do governo de Portugal, um tal Professor Oliveira Salazar defendia que só o que era nacional é que era bom, e por isso o Fado, Fátima, e o Futebol, maioritariamente do Benfica, claro está, interessavam. Tendo ficado classificados em segundo lugar num concurso de “ié-ié”, realizado no Monumental de Lisboa, vencido pelos “Sheiks” do Paulo de Carvalho, os Cometas não eram assim um asteróidezeco qualquer, e batiam forte. A sua fonte eram os Beatles, os Shadows e outros que tais. Entre outros grandes músicos, lá atrás, na tarola de uma Ludwig igualzinha à do Ringo Starr, estava um rapazola cheio de monetes, com uns tiques que o transfiguravam em grande caretas, que eu não sei precisar (porque nessa altura, não estava lá), se já os tinha de nascença, ou foi ganhando pela vida fora.

Ora o bom do João Sobreiro tinha na sua folha de finalista do liceu, uma caricatura que deixava antever, com a ajuda das rimas que a legendam, a figura de que estamos a falar: música, mulheres, copos, e muita confusão por tantas vezes se meter em saraus que acabavam ao murro. Criado numa família muito matriarcal, rodeado por três irmãs mais velhas, uma delas quase com idade para ser sua mãe, a Maria; cedo mostrou que não teria aptidão para seguir as pisadas do pai, e de saber receber as muitas cunhas que certamente teria, mas que preferia… algo diferente, não tão… absorvente, digo eu.

Deixou de tocar nos Cometas Negros quando estavam a atuar no casino de Monte Gordo, e apesar de bem pagos, sobrava sempre pouco para o dia seguinte. Estando a família a passar férias em Armação de Pêra, o meu avô apanhou o autocarro, deslocou-se ali, e procurou por lá informar-se se lhe poderiam dizer onde estava a banda. Segundo me contou o meu próprio pai, quando se aproximou deles, perguntou pelo seu João, e não o conseguiu reconhecer, tais eram os penteados.

“Paizinho, estou aqui…”, foram as palavras que lhe conseguiu dirigir, temerário.

Com calma e sensatez, o Sr. Leopoldo chamou-o à parte, e colocando-lhe a consciência no sítio onde deveria estar, recordou-lhe que dentro de dias teria de se ausentar para outro continente, para lutar por essa terra contra os naturais dela. Ao saber que teria de arriscar a sua própria vida; que a mãe, as irmãs, e restante família estavam todos a passar um período de férias de Verão a escassos quilómetros dali, em Armação de Pêra, convidou-o a dar-lhes o prazer de voltarem a estar juntos, apesar de pairar sobre o reencontro, a angústia da dúvida de o poderem não votar a ver mais.

Gozaram assim de um reencontro saboroso que antecedeu um período duríssimo, que haveria de moldar o meu pai para sempre, em que deve ter vivido experiências absolutamente marcantes de companheirismo, beleza natural, medo, farra, festa e dor. Tantas noites, depois de tantos anos, continuava a acordar de noite, sobressaltado, a chorar, a suar, em sofrimento… Porque o estigma do stress pós traumático é uma realidade, embora invisível, quase sempre constante em quem arriscou a vida lá fora, muitas vezes por uma causa que nem sequer percebia, quanto mais querer que concordasse com ela.

Depois do regressado são e salvo, o João e a Alzira casaram-se em Fátima, a 19 de Dezembro 1971, e assentaram arrais na Beirã, nesta pequena aldeia movida por serviços, onde a 8 de Junho de 1973 receberam nos braços este seu filho, experiência de vida que iriam repetir 7 anos depois, em 25 de Janeiro, com a chegada do Miguel.


Casamento de João Sobreiro e Alzira Ereio,
a 19 de Dezembro de 1971, em Fátima


    
Sendo filho da revolução que estaria para acontecer no ano seguinte, não tenho memória alguma do que foi estar sob o Estado Novo, e do que foi viver sem liberdade. O que sim sei foi que o meu tio Lázaro trabalhava para a P.I.D.E., sobretudo na área do controle de passageiros e mercadorias da fronteira, mas que não era considerado como se fosse mais um dos maus, porque se limitava a bem exercer as suas funções, a ser profissional, e a defender o nosso país de ameaças externas. Mais assustado ficou o meu pai que na ânsia de conseguir destruir todos os vestígios de tempos sombrios que o cunhado teria em seu poder (livros e outro material), os queimou num grande lumaracho no quintal, para que não pudessem ser descobertos pelos revolucionários, sob pena disso poder ter consequências nefastas para a toda a família.

Por isso, não me lembro que me tenham mandado calar sem que me tivessem dado uma explicação, como não me lembro de não poder dizer, desde que houvesse educação, claro, aquilo que me ia cá dentro. 


Na Beirã, juntos por um evento qualquer, comigo menos bem disposto que a mãe.
Sou fã de tudo! (da camisa à Bee Gees do pai, das patilhas, dos óculos e do bigode; bem como da camisola e dos óculos da mãe!)