sábado, 29 de janeiro de 2022

Shangri La - O meu horizonte longínquo sobre carris (Parte VIII - (Pequenos) Paraísos)

O Penedo da Rainha - espaço mítico da minha Beirã natal

 a)      Acácias

A zona das acácias situava-se por detrás da escola, e estendia-se até ao Penedo da Rainha. Sendo esta uma árvore que é considerada uma praga porque é resistente à seca, e se multiplica a grande velocidade; criava ali um espaço místico que não era zona de ninguém, altamente propícia para inúmeras brincadeiras e safadezas, onde parecíamos que estávamos longe do mundo todo.

 

b)      A murta

A murta estava localizada a uns 550 metros, não muito mais, da passagem de nível que se situava à entrada da aldeia, de quem vem do lado de Valência de Alcântara. Bem antes dos tempos de hoje, era ali, naquela casa privada, que eu ia buscar leite que me era encomendado pelas minhas tias.

 

c)       Ribeiro

O ribeiro que atravessa a Beirã, que nunca levou muita água, à exceção dos dias de grandes enxurradas, quando transbordava para grande festa nossa; era um ponto estratégico para as crianças da aldeia, por ser palco de inúmeras cenas e brincadeiras. Ali (tentávamos!) apanhar rãs (porque eu nunca apanhei nenhuma! Dizem que aquilo era muito bom mas…), fazíamos corridas de barquinhos (ou outra geringonça qualquer que flutuasse), e era sempre um ponto de atração e encanto.

 

d)      Penedo da Rainha

Grande bloco de granito que ficou famoso por D.ª Leonor de Áustria junto a ele se ter abrigado e descansado durante a sua fadiga quando, integrada num enorme cortejo dos mais distintos fidalgos e cavaleiros portugueses, partiu de Valência de Alcântara, atravessou os ásperos caminhos do concelho, passou por Castelo de Vide, e se dirigiu até à vila do Crato, onde era aguardada por D. Manuel, para o real casamento.

A aura mística deste espaço sempre foi enorme, tal como o fascínio que exercia junto das crianças da aldeia, por ser inexpugnável (não tinha qualquer ponto por onde escalar), e nele, as cegonhas habitualmente fazerem o seu ninho

 

e)      Campo de futebol

Espaço com menor dimensão que a de um campo de futebol real, mas que por ser direito e estar mais ou menos limpo, dava para jogarmos futebol à vontade, sem o perigo dos carros, ou outras coisas quaisquer, como os comboios, que eram sempre o maior medo de todos os pais. “Vê lá não fiques debaixo dos comboios!!!!”, era sempre ouvido até à exaustão na nossa, e em todas as casas, pelas quais passávamos perto.

Creio que era propriedade do Sr. João Forte, e hoje presumo que já seja propriedade da junta, ou do município, por já lá ter inclusivamente um balneário. Um dos problemas com que nos deparávamos de cada vez que lá íamos, eram as enormes bostas de vaca que as ditas cujas por lá deixavam quando passavam. Tinha sempre lacraus vivos debaixo das pedras que serviam de baliza, antes destas existirem lá.

sábado, 22 de janeiro de 2022

À procura do pote de ouro do velho Shane


Já o disse tanta vez que já não deve ser novidade para ninguém que a minha arte, a minha cena, é mesmo o cinema. O cinema consegue congregar todas as outras numa só (literatura, fotografia, até pintura), e fá-lo num espaço temporal reduzido (média de 2 horas, 2 horas e meia) o que é extraordinariamente lucrativo porque permite fazer uma gestão adequada e inteligente do nosso bem mais precioso: o tempo (que não chega para nada e nos está sempre a fazer falta).

 

Já me prometi também sei lá quantas vezes que pelo menos, pelo menos, um filme por semana teria de ser o meu mínimo olímpico.

Está bem, está! Quando um gajo dá por ela… já passou! E uma, e outra, e outra… e até me enerva!

 

Castigo-me, penitencio-me, só faltam mesmo as chicotadas auto-inflingidas nas costas nuas, mas de nada vale. O segredo do sucesso é: assim que posso deitar o olho a um desejado, finco-o, e não o largao mais.

 

A estrela de que vos quero falar hoje, é um documentário sobre uma banda de rock/folk/punk, e sobre a sua estrela, um asteroide maior que a vida: "Crock of Gold” (“Pote de ouro”, numa alusão aos duendes e a esse imaginário celta) sobre a banda irlandesa The Pogues, e o seu vocalista Shane MacGowan", que estreou a 1 de dezembro, mas que me chegou pela mão de um amigo de toda a vida, que me levou pela mão para os ver ao vivo no meu primeiro grande concerto de sempre, no final da década de 80 do século passado, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.

 

Realizado por Julian Temple, diretor responsável pelos famosos e galardoados  “The Great Rock 'n' Roll Swindle” (1980) e “The Filth and the Fury” (2000), sobre o fenómeno punk e os seus ponta de lança, a banda Sex Pistols, utiliza os mesmos subterfúgios que resultam numa mistura de recurso à animação, cenas captadas em espétaculos ao vivo, programas de televisão, entrevistas diversas, para conseguir obter um produto notável.

 

Utilizando um tom onírico, que lhe dá um tom de lenda e percorre todo o sinuoso percurso de vida de Shane, das primeiras bebedeiras e visões alucinogénias com os animais da quinta falantes, quando ainda criança, na Irlanda profunda; às  trips alcoólicas no Oriente, que lhe iam custando a vida, como a queda de um táxi em andamento que resultou num duro traumatismo craniano; sem deixar de passar pelo epicentro do furacão punk, em que foi muitas vezes a vedeta dos concertos desses mesmos Sex Pistols, com muita dentada, álcool e drogas à mistura, esta obra é já obrigatória para todos os amantes deste tipo de música, em particular.

 

Depois, Shane, um enorme poeta e grande figura da cultura irlandesa (chega a receber, no final, um galardão pela mão do Presidente da Irlanda) é um grito de vida, e a prova mais que evidente de que a minha teoria de que um gajo só vai (desta para melhor) quando tem mesmo de ir, que no fundo não mais do que uma versão moderna do “fado com que cada um nasce”, nessa perspetiva tão tuga, é mesmo certa!

Comparo, de alguma forma e com as naturais distâncias, o Shane ao meu Abel Realinho Meira, essa fera alcoólica marvanense de tantas e tantas décadas bem para lá da linha vermelha, com tantas noites a dormir na valeta com a cabeça muitas vezes encostada ao alcatrão (mais quentinho), que nunca foi estralhaçada pela roda de um mais distraído… por milagre, para acabar os seus dias na Santa Casa da Misericórdia que creio que o viu nascer.

Shane já poderia ter morrido há muito de cirrose hepática (depois hectolitros de álcool que ingeriu durante a turbulenta vida), de cancro do pulmão (depois dos milhares de maços de cigarros que fumou desde criança!!!!!), de um acidente qualquer… mas não! Está vivo!! Está vivo porque Deus quer que assim seja. Está vivo porque a sua alma ainda não faz falta num outro sítio qualquer, ou num outro corpo vivo, que não aqui.

 

No final, dei por mim a imaginar assim à minha frente num deserto, todos as garrafas de bebida, e todos os maços de cigarros que já fumou na vida. Não deve de haver um deserto assim tão grande!

 

No concerto final em que muitas celebridades o parabenizam e lhe cantam em coro, felicitando-o pelos seus 60 anos (embora mais pareça que tem 300!!!), é de, literalmente, ir às lágrimas, que foi o que eu fiz.

 

Façam-vos um favor: não percam por nada deste mundo, esta verdadeira pérola!

 

Ah!!!! E conta com um interlocutor delicioso: o pirata das caraíbas Johnny Depp! De partir a moca!!!!


Ligações:

Quando eu interagi com um ídolo sobre esta minha paixão pela banda (com muitos vídeos sobre os Pogues):

https://vendoomundodebinoculosdoaltodemarvao.blogspot.com/2021/11/a-faturar-na-linha-avancada.html


Uma excelente crónica sobre esta obra:

https://www.musicaemdx.pt/2021/09/08/crock-of-gold-a-few-rounds-with-shane-macgowan-de-julien-temple-no-indielisboa21/


segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Eu, o injustiçado, me confesso (ou a história do fim do bloqueio de um mês!!!!)

PPPPPPPPPPPPPPPPPPOoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooRRRRRRRRRRRRRRRRAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

 

Fackenzen!!!!!!!! Imagaroshonaishonalixxxxxxxxxxxxxxxxxxx!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

(asneiras em língua africana desconhecida)

 

1 MÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!!??!?!

1 MÊS FORA?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?

 

Alô pessoaleeeeeeeee!!!!!!!!!!!!!!!!!Não deram pela minha falta?

Nâo?!?!?!?!?!?!?!?!?!?

Sério?!?!?!?!?!?!?!!?

Pois já eu…… Estranhei-vos bués!!!!!!!!!!!!!

 

Ópá!!!! 31 dias expulso do facebook… foram tempos muito difíceis, devo confessar! 

Quando aderi a isto há muitos, muitos anos atrás (há bem mais de 10, por certo!) nunca pensei que esta cena do f(acebook) me viesse a fazer tanta diferença, mas a verdade é que depois de centenas, milhares de publicações / interações, isto faz mesmo falta na minha vida.

 

O que é que me aconteceu para ter desaparecido assim?

 

Fui expulso!





 

Eu explico! Tenho mesmo de explicar!!! (até para minha sanidade mental!): por esta altura já toda a gente deve de saber como sou, como penso, no que penso (afinal isto ser e mesmo para isso, e eu nem sequer sou daqueles que querem queimar esta rede numa fogueira, porque consigo ver a sua utilidade), e todos sabem que sou um moço comedido. Quer isto dizer que não sou mano de vir para aqui com vernáculos, pornografias e coisas que tais, mas este facebook é do mais puritano, cabeçudo e retrogrado que pode haver, garanto! Já me expulsou antes duas vezes:

 

1 – 2021.01.16 - Publiquei uma foto que foi a capa do disco fabuloso dos Ena Pá 2000, chamado “És muita linda”, onde se recriava uma capa da revista “Gina”, mas onde os órgãos sexuais estavam tapados por retângulos ou quadrados coloridos sem nada se óbvio se ver.

Procurem no Google: “Ená pá 2000 capa de és muita linda!”, e depois concordem comigo, todos em coro!

Ainda assim: Castigo: 24 horas de proibição.

 

2 – 2021.01.28 - O facebook descobriu 12 dias depois que, para além da capa, tinha também publicado com a mesma sã ingenuidade, a contracapa dessa obra, com uma outra foto do mesmo teor, que passou na Sociedade Portuguesa de Autores, e pôde ser colocada em qualquer escaparate de uma loja de discos espalhada por este país fora, sem problema algum. Mas para mim… obra pró pêlo!!!

Procurem no Google: “Ená pá 2000 contracapa de és muita linda!”, e depois…  voltem a concordar comigo, todos em coro!

Pois é, mas... Castigo: Mais 3 dias de proibição.

 

3- 2021.08.15 - Alguém consegue imaginar coisa mais ingénua que uma foto da Bo Derek a cavalgar nua, num frame do filme “10”, onde apenas se vê os seios desnudados, e nenhum outro sítio mais específico e censurável? Pois o facebook achou que era!  

Pesquisem no Google: Pesquisem no Google: Bo derek nua a cavalo filme 10. Vêem?!?!?!?!? Nada demais, certo?!?!?!? Qual é o mal?!?!?!?!?!?

Carago!!!!! Castigo:  7 dias de proibição.

 

4- 2021.12.18 – Aqui a coisa foi grave, concedo. Tive um azar do camandro… uma cena incrível, mas compreendo. Alguém me enviou pelo Whatsapp um vídeo de caráter erótico/cómico, algo pesado que eu obviamente visionei, nessa rede social. Foi então que aconteceu uma coisa que quase nunca deixo que aconteça: acabou-se-me a bateria do telemóvel!!!!!!! Como já era algo tarde, meti-o à carga de noite e fui dormir. Descansado.

 

No outro dia, quando acordei, vou-me ver a 1ª página dos jornais, como faço sempre, para ver se o país ainda não acabou, e depois passei pelo facebook para ver como param as modas. Nesse então:

ESCÂNDALO!!!!!!

SURPRESA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ESTUPERFAÇÃO!!!!!!!!!!!!!!

A SUA CONTA ESTÁ PROIBIDA E INTERDEITA DURANTE UM MÊS!!!!

 

UM MÊS!!!!?!?!?!?!?!?!??!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!

UM MÊS!!!!?!?!?!?!?!?!??!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!??!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?


DEEEEEEEEEEEUUUUUUUUUUUUSSSSSSSSSSSSSSSSSSS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!COMO É QUE VOU SOBREVIVER A ISTO?!?!?!?!?!?!!??!?!?!?!?!?!?!?!?!??!?!??!?!!?!?!?!?!?!

Sei lá como, as redes comunicaram quase que por omose, o que não era para ser partilhado, e jamais seria, foi-o (nalgum botão hei-de ter carregado, sem querer...), e a desgraça deu-se!!!!!! A minha cabeça só pensou:

Natal…

Passagem do ano…

Desejos de ano novo…

 

Vou ficar por fora disto tudo! Ainda por cima… com uma foto de perfil ridícula, publicada em jeito de brincadeira….

 

Poooooooorrrrrrrrrrrrrraaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!! Eu não mereço isto, pensei!

 

Já que assim era para ser, tomei a decisão de durante um mês me afastar das redes sociais e do blogue. Se não poderia ser num lado, não seria em lado algum, nem sequer no local que comecei antes do facebook aparecer mas… não foi bom! Custa, faz falta e não quererei repetir.

 

Passado isto deu-se… a saída do Jasus, as eleições à porta, e nada!!!!!... longe de tudo, comigo a viver enclausurado nesta minha vida de carne e osso.

 

Mas já passou e… sei lá eu bem como, sobrevivi.

 

Aquela cena de um gajo chegar ao fim do dia, ir dar uma voltinha pelo recreio da aldeia global, mandar uma boca, meter-se com este ou aquele, dizer uma cena que que está a mexer com ele… Nada!!!!!!! Já foste!!!!!!!

 

Olhem, depois do facebook não sei o que é que estará para vir, mas a verdade é que esta cena, cá para mim, faz falta. Oxalá continue. Desejo ardentemente também não voltar a meter o pé na poça, porque isto de estar de fora é do pior!!!! Não imaginam os nervos que dava passar lá a espreitar, mesmo estando de fora, ser levado a… quanto mais não seja, meter um gosto, e assim que o fazia… PUMBA!!!!!!! LÁ VINHA UMA IMAGEM DE BLOQUEIO A DIZER QUE NÃO! 

 

Sendo a rede esta do mais puritano que pode haver, o mais certo é que esta cena vote a acontecer outra vez.

 

Vou ter cuidado mas… em última instância, caso me bloqueie a conta de vez… já pensei em deixar o registo com o meu nome próprio em arquivo, e criar um novo como o novo Belenenses, que responde por Beleneses SAD, do género: Pedro Sobreiro SAB(i).

 

Oxalá que não!!! Oxalá!!!!