Lindo logotipo criado por um jovem designer residente na zona, João Magro, que deixa antever uma carreira auspiciosa
Epá,
é assim: eu não vivo disto. Infelizmente, é certo, porque seria ainda mais
feliz, mas a verdade é que eu não vivo disto. Não ganho disto, não tiro daqui
para comer. Blogue não é rendimento… é regalo. Blogue não é vaidade, é mania; não
é parafernália, é picuinhice; não é espalhafato, é autismo.
Depois,
férias, são férias. Se eu fosse escritor a sério, acho que escrevia mais no
Inverno, à noite, à lareira; ou então, às noites, no Verão, quando a minha
família estivesse a dormir. A mulher e as minhas filhas estarão sempre primeiro
que qualquer teclado. Desculpem.
Estava
eu a dizer que estive de férias e longe do computador. Um apontamento, ou outro,
no facebook; coisa rápida, coisa light; tipo lanchonete no calçadão, já foi
muito, e pouco mais fiz.
Tudo
isto para, de certa forma, pedir desculpa, aos meus queridos(as) leitores(as) e
seguidores(ras), que muito preso, pelo atraso desta publicação. Estive com ela
sempre como se fosse um nó na garganta, devido à falta às tantas pessoas às
quais me uni, para escrever um dos episódios mais bonitos da minha vida, de espírito
de equipa, amor à terra, entreajuda, festa, alegria, e vontade de viver.
Mais
vale tarde que nunca, e por isso mesmo, passado este tempo todo, mais que meio
mês, quero que fique aqui plasmada no limbo cibernético, leia-se internet, para
que perdure sempre para memória futura. Daqui, nunca ninguém o apagará.
Tudo
começou quando numa tarde de Maio, depois de ter largado a causa pública do tributo,
parei no Cantinho do Miradouro para uma bebida fresquinha. Ali pude
confraternizar com alguns dos meus muitos vizinhos. A dada altura, o Sr.
Francisco Nunes, mundialmente conhecido como Chico Barril, virou-se para mim e,
do nada, me disse: “Epá, tu também eras um gajo bom para estares aqui na
reunião da próxima quarta-feira...”
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Reunião de…
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Aqui da malta do bairro, para ver se conseguíamos aqui realizar uma festinha no
Verão.
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Epá… isso é música para os meus ouvidos! Já estou dentro! Mas estando dentro,
tudo tem de ser feito com a total legalidade. Não posso trabalhar onde
trabalho, com todo o brio, e depois estar envolvido em coisas que não cumpram,
na totalidade, com o que está dentro da lei. Quero continuar a dormir descansado.
Essa é a minha maior máxima.
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Mas é precisamente isso que queremos, Pedrinho.
E
assim foi. Juntámo-nos 10, 15, 20 e poucos; em duas, três, ou quatro reuniões,
e partimos do… nada! Apenas cheios de vontade, e querer. Chegámos a casar 20€
de cada um, para fazermos face às primeiras despesas, como a criação da
associação sem fins lucrativos “Associação de Moradores dos Outeiros, Santo António
das Areias, Marvão”, realizada na Conservatória do Registo Comercial de
Portalegre. Dali, acordamos, sempre em reunião, cara a cara, quem seriam os corpos
dirigentes da Associação; criámos um regulamento interno, um de quotizações; e definimos
tudo para que fosse possível, através do livro de atas, lavrar uma com a equipa
completamente definida, para que fosse realizada a abertura de uma conta numa
instituição bancária do concelho de Marvão (a que melhores condições nos
oferecesse).
Após
este grande passo, o Sr. Presidente da Associação, o Sr. Francisco Nunes,
dirigiu-se ao Serviço de Finanças de Marvão, para que fosse iniciada a
atividade, e a partir dali, foi muito terreno, muita montagem (de
infra-estruturas), menos preocupação do que eu pensava, mas muito mais trabalho
do que alguma vez pudesse imaginar, e uma enorme satisfação pessoal, que eu
estou certo que foi comum aos meus companheiros e companheiras.
Este
1º ano, foi um ano de muito risco, em que as condições climatéricas pouco, ou
nada ajudaram, mas que teve uma resposta massiva (centenas de refeições
servidas) da população de Santo António, e das redondezas, que acorreu em
massa, de acordo com a expetativa dos meus colegas, e contra as minhas baixas
expetativas, que nisso aí, sou do mais pessimista que pode haver. Parece que
entro sempre derrotado, mas ainda bem que quem esteve certo foram eles, e não
eu.
Pode
parecer que não, mas tivemos de levar com muitas bocas, indiretas, e ouvir
vezes a mais que… “ah, agora lá no bairro querem fazer uma festinha?!?!? Devem
querer ser independentes…”, mas aqui, e como sempre, o importante é não ligar a
quem nada fez na vida para o bem comum, cívico, e deixá-los a remoer sozinhos.
Eu
já sabia, mas uma vez mais me certifiquei que desporto nacional não é o
futebol; é a inveja. Aqui, e como sempre, o importante é seguirmos o nosso
caminho, sem nos deixarmos apoquentar, nem influenciar. Creio que a arma
principal para combatermos esse mal que alguém nos pode ter querido; foi a
união, a entreajuda, a felicidade vivida entre todos os festeiros; e a alegria
verdadeira, genuína, contagiante, até comovente, de quem nos visitou e foi
feliz, entre nós.
A
Associação de Moradores dos Outeiros está perfeitamente organizada, tem pessoas
competentes e motivadas, que querem dar continuidade aos seus propósitos de
continuar a recolher fundos para, em conjunto com o Município de Marvão e a
Freguesia de Santo António das Areias, nossos principais parceiros, conseguirmos
realizar melhoramentos nesta zona para que seja melhor, mais fácil e mais bonito
viver aqui. Mais ainda do que já é.
Não
queremos substituir nada, nem ninguém; mas não podemos ficar parados, sem nada
fazer para melhorarmos as nossas condições de vida. Estas festas de Verão nunca
foram um fim, mas serão sempre um princípio de muitas outras atividades que
estamos já a planear realizar.
Este
ano foi muito importante para conseguirmos marcar já o último fim de semana de
Junho, para o conseguirmos fixar no calendário de festas de 2019. Sempre
achámos que a nossa aldeia merecia umas festas de Verão condignas, e creio que as
conseguimos fazer.
No
passado, eram as festas da Relva da Asseiceira que preenchiam este vazio, mas
após a sua descontinuidade, muito também gerada pela natural e incombatível
desertificação; todos (os habitantes daquele lugar, e os arenenses, que ali
acorriam) ficaram órfãos… cremos que até agora. Queremos agradecer, do fundo do
coração, todo o apoio que os festeiros e organizadores desta festa da Relva da
Asseiceira no deram, em termos logísticos (emprestando material diverso, bem
haja Sr. Joaquim Pinheiro), e em braços de trabalho (incansáveis o Sr. Dionísio
Gordo, colocando o seu saber no serviço de mesas; e o Sr. Costa, na organização
da sueca), conseguindo-nos apadrinhar, e dar todo o alento para continuar.
Sempre bem hajam.
Temos
muitos outros projetos já em estudo, para dar corpo, e conseguirmos engradecer
estes festejos dos Outeiros, contudo, só o tempo trará essas inovações. Para
já, foi verdadeiramente surpreendente, até para nós!, como foi possível
conseguir fazer tudo isto, em tão curto espaço de tempo.
Olhar
para aquele espaço, vê-lo cheio de gente feliz, a comer, a beber, e a dançar… num
espaço que até há bem pouco tempo atrás, era apenas um baldio… foi algo
notável, único, e inesquecível!
O
nosso muito, muito obrigado e, como vos adiantei já… se em poucos dias
conseguimos fazer isto, estamos já a pensar e a trabalhar, para que para o ano,
SEJA AINDA BEM MAIOR!!!!
A
todos os convivas que estiveram presentes, o nosso muito obrigado!!!!
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