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Estive agora a ver a senhora ministra da educação dizendo na tv que sim, que em Setembro, 701 escolas com menos de 21 alunos não vão sequer abrir as portas.
O que ela não disse foi que essas escolas situam-se, quase todas elas, no interior do país.
A ministra, a senhora ministra, disse que as escolas fecham porque não apresentam as condições que o ministério entende como essenciais para a educação que o governo socialista preconiza. Não devem ensinar a dizer “porreiro, pá!”, nem a tirar cursos de engenheiro ao domingo, mas isto, atenção!, são coisas que eu digo, não foi a senhora que disse.
A ministra disse isto tudo mas eu não sei se ela e os colegas que se sentaram hoje ao seu lado no conselho de ministros (o prazer que me dá escrever tudo isto em minúsculas!), pensaram no verdadeiro motivo porque as escolas devem ser encerradas. Será que eles pensam no que está por trás desta medida que não é uma causa, mas antes um consequência?
Eu não sou o Professor Marcelo mas posso tentar: isto acontece porque a gestão territorial do nosso pequeno e maravilhoso país tem sido uma das maiores desgraças desta coisa a que chamamos Portugal. Se vivêssemos na Rússia, ou na China, num país imenso com uma geografia agreste, ainda se compreendia que tivéssemos de lidar com áreas mortas. Agora… um país tão maneirinho como o nosso… tão fácil de gerir, tão harmoniosamente diverso, não seria um jardim digno de ser cuidado em condições?
Mas não! O interior, seja ele no sul, centro ou norte, está literalmente deserto e assim, fodido. É deserto! Só não é como o deserto da Sara porque não há calor suficiente para isso, porque senão chegávamos lá. Em Portugal só contam o litoral e as grandes cidades, cada vez mais violentas e complicadas.
Quando quero perceber o macro penso sempre no micro. Imagino assim que o pais é a minha casa. No sótão tenho o norte, no andar do meio tenho o centro e nós passamos a maior parte do tempo no sul porque o clima é mais ameno (e tem a sala e a cozinha). Imagino que na minha casa vive gente à medida do espaço e que daria para, caso houvesse uma gestão condigna, todos vivermos em harmonia, cada um em sua divisão de cada piso. Se me der muito para sonhar e se tiver bebido umas cervejas antes, consigo divagar e imaginar que nas diversas áreas da minha casa há campos férteis cultivados, uma agricultura pujante, pecuária, pomares e uma indústria pesqueira em alta rotação e velocidade cruzeiro mas se penso nisto tudo o mais provável é que já esteja com um copo e acorde no sofá a ressonar de boca aberta com a minha filha a tentar-me acordar com beijinhos no ombro. Querida…
Dizia eu que a casa estava impecável.! Tudo florido, bem cuidado, enfim… num brinco! Agora imagino e vocês imaginarão comigo, que eu deixo de mexer os cordelinhos para que a gestão seja global e a malta saía toda dos pisos e começava a vir fazer “sala” para a sala. O mais certo era termos merda! Divisões vazias num lado. Gente a mais no outro. Depois… quem é que se sentava no sofá? E no puff? Quem é que tinha na mão o comando da televisão? Quem é que podia ler o jornal descansado? Em menos de nada tínhamos arraia e o mais certo era andarmos todos à castanha.
Assim está o nosso país. Descaracterizado. A tombar para o mar e para sul. Eu já vi uma terra morrer. Já me vou preparando para ver outra e a seguir… o concelho.
A nossa sorte (ou não!) é que já nem os nossos vizinhos nos querem. Se pensassem invadir esta “coisa” (e eu penso nisso muitas vezes), podiam entrar com o exército em peso aqui por Valência que ninguém os mandava parar até chegarem à portagem mais distante. Isto se a portagem não fosse das modernas de pagamento automático! Se fosse uma dessas… bem podiam mandar a máquina “joder” e só acabavam quando estivessem em Belém.
Eu gosto de ler livros de história de Portugal. Eu os colecciono porque a história lá até é bonita.
Daqui para a frente…
O que ela não disse foi que essas escolas situam-se, quase todas elas, no interior do país.
A ministra, a senhora ministra, disse que as escolas fecham porque não apresentam as condições que o ministério entende como essenciais para a educação que o governo socialista preconiza. Não devem ensinar a dizer “porreiro, pá!”, nem a tirar cursos de engenheiro ao domingo, mas isto, atenção!, são coisas que eu digo, não foi a senhora que disse.
A ministra disse isto tudo mas eu não sei se ela e os colegas que se sentaram hoje ao seu lado no conselho de ministros (o prazer que me dá escrever tudo isto em minúsculas!), pensaram no verdadeiro motivo porque as escolas devem ser encerradas. Será que eles pensam no que está por trás desta medida que não é uma causa, mas antes um consequência?
Eu não sou o Professor Marcelo mas posso tentar: isto acontece porque a gestão territorial do nosso pequeno e maravilhoso país tem sido uma das maiores desgraças desta coisa a que chamamos Portugal. Se vivêssemos na Rússia, ou na China, num país imenso com uma geografia agreste, ainda se compreendia que tivéssemos de lidar com áreas mortas. Agora… um país tão maneirinho como o nosso… tão fácil de gerir, tão harmoniosamente diverso, não seria um jardim digno de ser cuidado em condições?
Mas não! O interior, seja ele no sul, centro ou norte, está literalmente deserto e assim, fodido. É deserto! Só não é como o deserto da Sara porque não há calor suficiente para isso, porque senão chegávamos lá. Em Portugal só contam o litoral e as grandes cidades, cada vez mais violentas e complicadas.
Quando quero perceber o macro penso sempre no micro. Imagino assim que o pais é a minha casa. No sótão tenho o norte, no andar do meio tenho o centro e nós passamos a maior parte do tempo no sul porque o clima é mais ameno (e tem a sala e a cozinha). Imagino que na minha casa vive gente à medida do espaço e que daria para, caso houvesse uma gestão condigna, todos vivermos em harmonia, cada um em sua divisão de cada piso. Se me der muito para sonhar e se tiver bebido umas cervejas antes, consigo divagar e imaginar que nas diversas áreas da minha casa há campos férteis cultivados, uma agricultura pujante, pecuária, pomares e uma indústria pesqueira em alta rotação e velocidade cruzeiro mas se penso nisto tudo o mais provável é que já esteja com um copo e acorde no sofá a ressonar de boca aberta com a minha filha a tentar-me acordar com beijinhos no ombro. Querida…
Dizia eu que a casa estava impecável.! Tudo florido, bem cuidado, enfim… num brinco! Agora imagino e vocês imaginarão comigo, que eu deixo de mexer os cordelinhos para que a gestão seja global e a malta saía toda dos pisos e começava a vir fazer “sala” para a sala. O mais certo era termos merda! Divisões vazias num lado. Gente a mais no outro. Depois… quem é que se sentava no sofá? E no puff? Quem é que tinha na mão o comando da televisão? Quem é que podia ler o jornal descansado? Em menos de nada tínhamos arraia e o mais certo era andarmos todos à castanha.
Assim está o nosso país. Descaracterizado. A tombar para o mar e para sul. Eu já vi uma terra morrer. Já me vou preparando para ver outra e a seguir… o concelho.
A nossa sorte (ou não!) é que já nem os nossos vizinhos nos querem. Se pensassem invadir esta “coisa” (e eu penso nisso muitas vezes), podiam entrar com o exército em peso aqui por Valência que ninguém os mandava parar até chegarem à portagem mais distante. Isto se a portagem não fosse das modernas de pagamento automático! Se fosse uma dessas… bem podiam mandar a máquina “joder” e só acabavam quando estivessem em Belém.
Eu gosto de ler livros de história de Portugal. Eu os colecciono porque a história lá até é bonita.
Daqui para a frente…
1 comentário:
Em quase quatro décadas de democracia, nenhum governo conseguiu travar este êxodo rural e abandono do interior.
Isto já vai parecendo uma descolonização apressada.
A culpa não é obviamente da democracia, que em boa hora irrompeu na madrugada de 25 de Abril.
Quando entrámos para a Comunidade E. Europeia falava-se com pompa e circunstância, da Europa das Nações e das Regiões.
As Regiões seriam assim, uma mais valia e uma alavanca em termos culturais, tradicionais e étnicos para o enriquecimento e desenvolvimento do velho continente, apostando na diversidade para reforçar o todo.
Volvidos estes anos de integração, temos assistido a um desbaratar de meios, recursos e verbas, sob a égide de uma tecnocracia economicista, com obras faraónicas de fachada para Inglês ver.
Neste processo onde cabem as regiões?
- Não cabem, a menos que se situem a poucos Km do mar.
Somos um país em plano inclinado a cair para o mar.
pode ser que isto um dia mude.
Abraço!
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