quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Pelos caminhos, de Portugal

Já dizia o bom do Mário Gil... "Eu vi tanta coisa linda, vi um mundo sem igual"! E é verdade! Eu adoro praia. Horas ali de papo para o ar, uns mergulhos, umas minis geladas, umas sestas, uns jornais, umas corridas (saudades!), mas a verdade é que um tipo na praia não aprende grande coisa. Se entra para a praia estúpido, estúpido de lá sairá. A única diferença deste ano é que ao sair, muito provavelmente viria anilhado com uma pulseira do equilíbrio, a moda mais otária da década. Mas enfim... Eu a experimentá-la há-de ser um dia quando estiver assim já bem xaropado. Ao menos tiro as dúvidas todas. Ou vai, ou racha!
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Partindo desta constatação que a praia é boa mas é sítio onde se evolui pouco, decidi, no ano passado, iniciar um périplo, chamemos-lhe assim, pelo nosso Portugal. Sítios que conhecia menos bem, sítios onde tinha estado há anos, sítios onde sempre desejei ir com calma passaram a constar do programa das festas. Com a família apinhada na carripana que mais parecia uma Ford Transit gitana em dia de mercado franco, saimos à Aventura. Assim passámos pela Comporta, por Setúbal, Sesimbra, Costa da Caparica, Fonte da Telha, Lisboa, Cascais, Sintra, Ericeira e muitos mais sítios lindos que poderemos sempre recordar aqui. Terminámos em Peniche, numa glorioso sardinhada que ainda hoje recordo com saudade.
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Em 2010 retomámos o mapa e de roteiro do American Express enfiado na mochila, rumamos a São Martinho do Porto, desbravando mato por aí acima.
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Vamos então fazer como aqueles casais que convidam os amigos para irem lá a casa ver as fotografias do casamento. Andem lá, pequenada. Sentem-se cá no meu colinho e recordem comigo. Isso!

(Quando for grande, a Leonor vai gostar desta foto dela a entrar para a água)
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O sítio é lindíssimo, bucólico e ficaria certamente na retina para todo o sempre se o nevoeiro deixasse. De qualquer das formas, restou-nos a consolação de podermos apreciar as fotografias aéreas expostas na parede da pastelaria onde parámos para um refrigerante Sagres. Soubemos assim que a praia fica numa baía que mais parece uma piscina natural com o mar lá ao fundo. E prontos, assim já podemos mentir aos nosso amigos e dizer que a beleza deste local é de cortar a respiração. A povoação está muito cuidada e limpa e nas encostas em volta, podem-se apreciar dezenas de palacetes pertencentes às famílias benzocas das Caldas e arredores que para ali iam molhar os tornozelos quando o calor apertava. Eu gostava de lá ter uma a dizer "Vivenda do Capitão Sabi". Sim... eu sei que é pouco provável. Mas se vivemos num país onde o Primeiro Ministro sacou o curso num domingo, sentado numa esplanada enquanto bebia um galão morninho acompanhado por um bolo de arroz, quem é que disse que eu não posso entrar para a Marinha aos 40?

Estão a ver? É bonito! Eu não disse?

Ah... isto já é Nazaré. Ohhh... estas belezocas... gordinhas... saborosas, bem regadas... Convosco levo o ano inteiro a sonhar... Estas entraram no céu das sardinhas pelo meu estômago. O Deus sardinheiro as tenha em descanso.

Pois. Percebi então, de forma mais do que evidente, porque é que os toldos desta zona do país não são como os do Algarve que só têm tecto... Estes parecem casinholas com 4 paredes e tudo. Só falta terem um tanque cá fora para poderem lavar a roupa. Um nevoeiro... um briol...

Xiiii. Todos acantonados dentro da barraqueira. Parece um campo de refugiados mas não é. É uma praia.



A vista do Sítio, que deveria e poderia ser espectacular é num dia destes... digamos que diminuta. Percebo agora porque se queixam os desgraçados que visitam Marvão num dia de Invernada. É realmente lixado para não dizer f......
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Olha! O Vasquinho também cá esteve. Esse malandro... Não o vejo há séculos!
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Acreditem nisto: viajar no comboiozinho turístico é mesmo uma das melhores formas de conhecer uma terra. Não é caro, é arejado, podemos ir sentados ao contrário e sempre podemos andar sem cinto de segurança! Só coisas boas...

As senhoras de idade da Nazaré já não andam na faina, não ajudam a puxar as redes, não polvilham o areal com o colorido dos seus trajes como me habituei a ver nos livros de antigamente. Agora vendem tremoços, frutos secos e rendas feitas por elas na avenida marginal. Mas a actividade principal é o aluguer de quartos. Dou um doce a quem conseguir encontrar uma velhinha por aquelas bandas sem ter uma placa nas unhas a dizer "Arrendam-se quartos, rooms, zimmers, chambres"...
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A marginal vista da simpática Adega Oceano, onde pernoitámos, merece a pena.


E foi preciso cair a noite para que se pudesse vislumbrar fosse o que fosse.

Passear no areal ao nascer do dia é uma experiência rejuvenescedora. É nestes momentos que tenho a certeza que se vivesse junto ao mar haveria de ser surfista, por pior que fosse.
O mar é mágico.








Esta foi tirada junto ao Mosteiro de Alcobaça e é tão deliciosa que não resisti. Diz: "Aviso aos interessados: Para visitar o local deverão vir munidos de escada ou escadote". Muito bom! Pelo que pude perceber, há ali um diferendo entre a família proprietária de um imóvel contíguo ao monumento e a Câmara Municipal e os donos da coisa aproveitaram os muros devolutos para, em painéis gigantes, explicarem a situação aos turistas. Tem a ver com uma expropriação ou uma possível venda e é uma novela que vale a pena seguir. Se a TVI dá com isto...


A tirada do meu sogro foi genial e eu não podia estar mais de acordo. "Se está provado que os gajos de então eram mais pequenos que nós, para quê umas paredes tão altas?!?!? Teriam medo de bater com as cabeças no tecto"? Ah, ah...
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Afinal esta história da megalomania, dos estádios para o Europeu de futebol... já tinha antecedentes... Os portugueses sempre fomos assim... a dar para o esquisito...

Túmulo de Pedro, o cruel, protagonista da lendária história de amor com Inês de Castro. Os Pedros são todos velhacos mas este valentão tinha porras. Aquela de mandar arrancar o coração dos executores da sua amada e de os passear em bandejas é de requinte. Aposto que se o gajo se chamasse Alfredo ou António ou outro nome qualquer, não tinha descorrido numa destas. Mas lá que tem nível... isso tem!


Escrevam este nome nas vossas agendas, iphones, moleskines ou até na palma da mão: "Mosteiro do Leitão", bem pertinho de Aljubarrota. Uma coisa... divinal. Afinal não é preciso ir à Mealhada para saborear material de primeira.

O Centro de Interpretação da batalha de Aljubarrota é... (suspiro), um encanto. Os miúdos desmaiam logo na loja onde vendem o merchandising, entre os fatos de princesa, as armas e as armaduras. Tudo tão bem feito, bem explicado, bem planeado... E o filme da batalha em meia hora? Projectado num livro multimédia gigante que surge do solo de uma sala que recria o campo após o confronto, pejado de soldados e cavalos mortos? Bem... Eu só me lembrava de uma coisa destas em Marvão... um sonho antigo. Depois de se ver que pode ser possível, custa mais não ter...



Eu sempre soube que tinha jeito para cavaleiro e que noutra vida certamente o terei sido. Depois de enfiar esta coisa na cabeça que pesava mais de, sei lá! 10 quilos... passei a ter a certeza. Não me fica tão bem? Se eu pudesse andar assim na rua é que era!

Este sim devia de ter um par de tomates maiores que os do cavalo da estátua. Um teso! Passou a vida a malhar neles e depois meteu na cabeça que era santo. Há homens com um nível...


São Pedro de Moel. Como se fosse um quadro vivo da nossa Leone

Pequenita, maneirinha...



Um dia de praia na Vieira. Espectáculo! Só não vesti o capote porque me esqueci de o meter na mala mas vontade, ali, não me faltou. E ainda assim, famílias inteiras passavam por nós direitinhas à praia como se estivessem 35 graus. A mente humana tem uma força... Pessoas deitadas a lerem revistas, a jogarem à bola, a tomarem banhinho, por Deus!

Ahhhhhh, pois é! A marisqueira no Forte de Santa Catarina, na Figueira da Foz, junto ao Ténis Club, do qual é proprietária aquela senhora muito castiça que é fã do Marco Paulo, que anda sempre nas touradas e tem uma cadeira cativa no programa do Goucha. Boa demais! Uma mariscada daquelas de encher a boquinha de água, à descrição, por 18,50 euros? Naaa... Só pode ser mentira, mas é verdade. Nós fomos num arrozinho de marisco com lagosta que estava... bem... Apontem, apontem... que têm de ir lá!

Aqui!

A vista de Buarcos tb é soberba

Esta só a mim.... Numa manhã em que acordo com o meu telemóvel inanimado, sem dar sinal algum de vida, ainda se avaria o comboizinho turístico onde viajávamos. Dá cá o dinheiro do bilhete e bute a dar à sola! Ai eu...

Com esta carinha de felicidade, quem é que tem coragem de se negar a uma voltinha de carros de choque? Pois é! Agora experimentem meter-se lá depois de descobrirem há um mês que têm 2 hérnias discais, uma delas com proporções XL. Só me apercebi do erro quando dois idiotas se enfiaram connosco por trás com tamanha violência que até os tintins subiram ao pescoço. Dói!

O Cabo Mondego serve de vigia ao infinito. Nevoeiro, ele outra vez... Lá ao fundo, Nova Iorque. Pelo menos!

Fátima porque é um sítio especial. Quanto mais não seja, pela fé dos milhões que já a visitaram.
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Pode-se criticar, duvidar, questionar mas a devoção de cada um é, no meu entender, um domínio que está para lá das fronteiras da discussão. É íntimo demais para poder sequer ser comentado.
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Aí há uns 12 anos tive oportunidade de visitar o Parlamento Europeu, a convite... do Partido Socialista. Na altura era o director, redactor, jornalista, fotógrafo, angariador de publicidade do Altaneiro e aceitei. Nessa visita levaram-nos a um campo de concentração naquela que foi uma das experiências mais marcantes da minha vida. A carga negativa que ali pairava era de tal forma poderosa que quase asfixiava. As pessoas sentavam-se a chorar pelos cantos, derrotadas pelo peso da história.
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Fátima tem a aura inversa. A vontade de acreditar é tanta e de tantos que parece que tem um dínamo debaixo de terra que absorve essa fé e a vai irradiando lentamente.
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Para mim, Fátima é paz e eu, para estar em paz, faço quase tudo.

2 comentários:

Helena Barreta disse...

Temos, de facto, um país lindo.

A natureza fez o seu trabalho e dotou-nos de uma costa fantástica, só é de lamentar os atentados e, em muitos casos, a falta de limpeza.

Se voltar a Alcobaça, não deixe de ir ao restaurante António Padeiro, é simplesmente divinal.

Bom fim de semana

glória disse...

http://rafeiroperfumado.blogspot.com/2010/08/esta-placa-encontra-se-na-mui-bela-e.html

Vai até lá, vais divertir-te.
Beijos às meninas.

Glória