quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Dando o litro



A manhã foi passada em exercício duro e intenso. Para mim, isto agora significa (mais do que nunca…) mexer! Caminhadas por caminhos sinuosos e empedrados? Exercícios nada fáceis e sobre as pernas no campo de futebol? Testes diversos ao equilíbrio e em pé? Tudo isto pode parecer pouco mas a minha manhã foi passada assim! Não há cá televisões e sofás, não há cá comodismo e desfaçatez! Tudo na linha, tudo a mexer! Já ontem, depois de muito ter subido e descido as escadas do estádio municipal de Portalegre, de muito ter nadado e feito muito exercício nas piscinas dos Assentos, depois de ter passado a manhã naquele reboliço todo, ainda arranjei força para ao final da tarde ter ido sozinho, repito… sozinho, à estrada do Valongo percorrer uma distância de quatro quilómetros e meio para lá e outros tantos para cá, num total de 3 horas, fazendo um total de 9 quilómetros! Se é assim, como é de facto, que posso eu responder quando me perguntam se estou melhor se digo sempre que… “estou a trabalhar para ficar bom, para recuperar a minha forma e o meu estado?”. Já estou longe na idade a ter pretensões de ser o Sport Billy cá do bairro. Essa já lá vai… Mas depois de ter estado tantos meses parado, de ter estado tanto tempo internado, já que tenho disponibilidade, vontade e tantos amigos que me ajudam, que opção tenho eu ao meu alcance mais válida senão esta a de fazer a minha recuperação, a minha fisioterapia, o meu desporto da melhor maneira que me é possível?


Que Pedro Sobreiro é este então que continua a ficar todo feliz quando pessoas que o conhecem desde sempre lhe dizem que continua o mesmo, que está tal e qual, que nem se nota que teve um acidente tão grave? Fica feliz! Em primeiro lugar, pela amável declaração que fazem mas também porque faz questão e trabalha mesmo para que nada se note. Sente diferente o quê, então? Muita coisa, tanta coisa! A habituação a este novo estado é gradual e exige enorme esforço e entrega pessoal. Por vezes é a cabeça que apesar de continuar intocável (ainda bem!) opta por se armar em parva e esquisita quando há muita gente, muita confusão, espaços avantajados… quase que a pedir descanso e calma. Outras vezes é o corpo que dá sinais de ter estado tanto tempo parado e estranha tanto movimento, tanta actividade física, tanto solicitação. Por vezes dói o braço cujo cotovelo calcificou e não estica nem dobra. Estando sempre na mesma posição, não penteia nem faz a barba, custa a escovar os dentes e a vestir e a tomar banho e, e… custa fazer tudo porque ele foi mandado e está habituado a não ser utilizado, a dar a vez ao colega esquerdo quando seja para tomar refeições, a comer a sopa ou levar os alimentos à boca. Ter um braço que não se pode trabalhar nem mexer incomoda… porque sendo assim só se fica com o apoio do colega esquerdo. Falei em dentes? Os dentes… toda a dentição inferior está cá e os médicos fizeram um excelente trabalho porque os deixaram praticamente todos no sítio, com ligeiríssimas diferenças que não são visíveis à vista desarmada mas para mim que sou o dono e os conheço como ninguém, a sensação que tenho é que os dente tendo sido mexidos… não são meus! Eu sei que isto não corresponde à realidade (e ainda bem) mas eu sinto os dentes de baixo como se não fossem meus. Certa vez numa consulta de Lisboa em São José, a minha Cristina perguntou ao médico se se passava alguma coisa com os dentes porque eu, de vezes, denotava algumas queixas dos mesmos. “Os dentes dele?!?!”, perguntou o médico, “você nem imagina como este homem trazia a boca!” e eu pensei que o mais certo era ter ido em mísero estado. E disse ele… “Eu até tive uma discussão porque não deixei que lhe metessem aparelhos e disse que queria que os dentes dele ficassem impecáveis, porque eu sempre disse que este homem ia ficar bom e ia recuperar apesar de ter um índice de sobrevivência e uma probabilidades tão baixas. O que lhe aconteceu foi mesmo um milagre e eu sou testemunha disso”. Assim fiquei contente com os dentes e convicto que com o tempo vai passar esta impressão de que não são meus, sobretudo quando a meteorologia ou as refeições exigem um esforço suplementar da sua parte. Coisas diferentes e que ficaram deficitárias ou necessitam de uma revisão suplementar… a vista que não está tão nítida e denota claramente uma revisão das optimetrias, a atenção e já agora a memória recente, o equilíbrio físico e ocular, a concentração… coisas a mais para quem esteve mais de 4 meses parado e quer como tudo e como ninguém, voltar a estar na mesma, a estar em alta. Que grande caminho… Que longo é e se eu faço tudo o que está ao meu alcance para o alcançar. Como me costumam dizer muito agora… “elas para se darem em num instante… não custam, nem demoram nada mas para recuperar e voltar ao normal…”. Ensinar a missa ao padre… Se eu o sei…. E bem! O que não se pode é… (isso nunca!) baixar os braços nem dar parte de fraco! Resistir!

3 comentários:

Helena Barreta disse...

Bom dia, Pedro, é isso mesmo, desistir nunca, baixar os braços nem pensar, por isso resta-lhe continuar na sua luta que agora passa por ter muita força de vontade e ânimo para não se entregar. Já sabíamos que é um homem de raça, agora, mais do que nunca vemos que continua a sê-lo.

Um apertado abraço e votos de melhoras.

Um bom fim de semana

Manuel Gaio disse...

O poder estar junto da familia já é muito bom,devagar se vai ao longe é preciso mesmo não baixar os braços.

Um beijinho e continuação de boa recuperação

Celeste Gaio

Pescada disse...

Olá boneca!
By the power of grayskull you have the power!!
Dá-lhe gás!
Sabes bem que o caminho a percorrer vai ser sinuoso mas com a tua determinação vais conseguir!
May the force be with you!
Muitos beijinhos para todos, Bitchi!