quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Alice, há 6 anos a espalhar maravilhas no nosso "país"


Eu queria ter escrito sobre o dia de ontem. Queria mesmo porque foi muito especial. A minha Alice celebrou 6 anos desde o dia em que chegou a este mundo, como relatei aqui, neste blogue.


Mas ontem estava tão cansado de ter dado tanto de mim; de me ter entregue tanto a ela e às suas alegrias e brincadeiras que cai na cama esgotado, sem ter forças para mais.

Tirei o dia de férias, que elas existem para isso mesmo, para vivermos os dias importantes perto de quem mais queremos também. Eu e a mãe, não trabalhámos para podermos ter o dia todo para ela.


A Alice queria ser a princesa Elsa do Frozen. A avó Jacinta, mãe da mãe, a esmerada avó Jacinta, criou-lhe um fato igual ao dá princesa e a vizinha Rosa Guedelha fez questão de lhe fazer a trança para que ficasse mesmo igual. E ficou. Mas ela queria o cabelo branco como a original e a mãe Cristina não foi nessa. Eu, pai louco, tinha assinado de cruz. Só se faz 6 anos uma vez. Mas eu… homem… tenho de me dar feliz por poder estar a ver e a viver isto. E chega…


A dada altura, de manhã, em casa, quando a mãe saiu para a ajudar a avó a confecionar o lanchinho para tanta criançada, quando fossemos apanhar os coleguinhas na escola, disse-me “estava a ver que este dia nunca mais ia chegar… (suspirando), eu nem acredito!”

Passeamos o Sizzle que parece que estava louco também a cheirar a alegria no ar. Comemos um almocinho rápido, a preparar para o que haveria de vir a seguir, e às 3 horas em ponto lá estávamos, para irmos à sala e chamarmos a turminha. A festa Frozen seria na garagem dos avós, a poucos metros da escola, que estava livre e decorada como se fosse uma unidade sempre em festa à espera da criançada. O reino gelado tinha ali chegado. Não foi um espaço preparado com muito dinheiro, algum pouco dinheiro, mas decorado com algo que muitas crianças infelizmente não têm: AMOR. Muito amor. UM amor terno, verdadeiro, empedernido, comovente até para quem está no meio.


Dei por mim a pensar nisto tudo e a pensar se faremos bem, se o caminho será por aqui. Se a Alice será daqui a amanhã, uma criança que sabe estar e ajudar, justa, solidária, amiga. E acalmei-me a pensar que nós temos de dar o melhor que temos, que estimar e acalentar esta semente que tanto queremos desde a primeira hora, e esperar que dê frutos, que sejamos recompensados com uma criança que será merecedora e nos fará sentir recompensados por tudo o que lhe demos.

Eu lembro-me que aos 6 anos, os meus pais me ofereceram uma bicicleta Janota (de sua marca), cuja foto está para aí guardada num dos meus arquivos digitais. Eu de pijama, desdentado, a sorrir com ao volante da Janota no corredor da minha casa.


À Alice vejo-a mais madura, mais senhora de si do que eu acho que era na altura.


A mãe defende-se sempre das quezílias generation gap que tenho com a mais velha, a que era a minha Leonor (que agora vive lá na estratosfera e está inalcançável), dizendo “tu estás sempre a defender a mais pequena”.

“E como não?, se é o elo mais fraco da rede? Tenho mesmo de a defender! Esta era aquela que custou a chegar. A que tivemos de pedir e acreditar muito para que viesse. E que Alice (chamada como a nossa vizinha de Marvão então) é esta… A Alice é um poço de força e vivacidade. A Alice é como os seus caracóis, fortes, ternurentos, rebeldes. A Alice é uma mãe Cristina em ponto pequeno; mas também louca e brincalhona como o pai. A Alice adora andar de patins em linha em casa, jogar no tablet e no computador da mana. A Alice domina e brinca com as gravações automáticas. O comando do MEO nas mãos dela é… um domínio como eu nunca vi. Tem personalidade para dar e vender. Tem o seu tempo e o seu espaço. Que criança é esta em que lhe vou dar um beijinho à cama de manhã a desejar-lhe bom dia e me responde: “ó pai, já?!?!? Estou a acordar!”


É capaz de ir do melhor ao pior numa fração de segundo. É capaz de me enxotar agora e depois me dizer agarradinha ao meu pescoço: “és o meu melhor pai de sempre!” (frase chavão nela)
 

Nunca vai para a cama sem mim, sem as cambalhotas no colchão; sem o trapézio em que lhe seguro os pés e fica com a cabeça a centímetros do chão. A mãe, incrédula de cada vez que vê,  diz: “MAS QUE GRAÇA É QUE TEM ISSO?!?!?”

E eu digo-lhe baixinho: “toda, Alice! É ver o mundo ao contrário! Ela é que já não se lembra! Já cresceu! É adulta!” Mas eu não e a Alice sabe. Ela sabe que vivo num mundo dentro de um corpo de 42 anos mas a minha cabeça diz que o herói de sempre é o Peter Pan. Eu já tenho quase 1 metro e 80 (falta apenas 1 centímetro), trabalho no mundo dos grandes, pago as contas, tento fazer aquilo que os grandes fazem mas nunca por nunca conseguirei olhar para o mundo sem ser com estes olhos de criança. Há quem diga que isso aborrece, mas também há quem diga que o meu fascínio é mesmo esse: ver o mundo pelos olhos deles. Que ele assim é muito mais divertido e engraçado.

A Alice levou-me há dias ao cinema. A mãe, que trabalhava nesse sábado, disse que tinha visto que haveria matinée baseada na obra o Principezinho em Castelo de Vide, e nós, fomos os dois. Tenho uma paixão assolapada por cinema e não ia há muito tempo. Ir pela mão dela e para ver aquele filme, teve um fascínio adicional.


Conta a história do principezinho de uma forma adaptada, através de uma menina cuja mãe quer calendarizar e cronometrar tudo para que um dia seja alguém, mas se esquece que o grande fascínio da vida é poder viver cada dia de sua maneira, sem limites e com liberdade. O filme é lindíssimo e no final só não me coreu um a lágrima porque o acidente me tirou essa capacidade de deixar sair a emoção. A grande lição que lhe recordei no carro enquanto lhe ia perguntando o que tinha achado, para ver se tinha apanhado bem a coisa, foi que o mal não é crescer (que tem de ser). O mal é esquecer (como tudo era bom).  


E por isso lhe disse que o pai faz um esfoço todos os dias por se lembrar daquilo que é mesmo bom e importante. É por isso que o pai nunca há-de crescer, há-de continuar a dizer sempre aquilo que lhe parece engraçado e divertido. Disse-lhe que o meu pai também era assim.

Fomos buscar os amiguinhos à escolinha e tivemos a ajuda do chapeleiro louco da Alice no País das Maravilhas, também chamado Vera Barroqueiro, que nos encontrou nessa altura e foi um achado e o segredo para domesticar esta cambada doida por doces e maluqueiras. Com pinturas e balões, com muitas brincadeiras e boa disposição, conseguiu manter o povo feliz e calmo. A festa prolongou-se pela noite dentro e ficou recheada com amigos que também têm meninos da mesma idade e nos convidam para os anos deles e divertimo-nos. Fomos felizes.






Pensei duas vezes se haveria de escrever este texto. Vive-se agora aqui em casa uma fobia à internet provocada pelo facebook, que come os meninos e as perseguições e blá, lá, lá - blá, lá, lá. (Não sei onde é que foram ver desta!)

Duas certezas me deram luz verde para continuar.

1 - Sempre escrevi sobre a minha vida no meu blogue. Escrevi sobre as mulheres e as crianças da minha vida  e nunca me as roubaram, ou raptaram, que diacho! O meu blogue sempre me deu muito mais alegrias e… agora que penso nisso, acho que nunca me deu nenhuma tristeza. Eu sei que este desabafo virtual (já com quase 10 anos, mais de 500 mil visitas) é um património de que se orgulha um jornalista que nunca exerceu, e se vendeu à causa fiscal.



http://vendoomundodebinoculosdoaltodemarvao.blogspot.pt/2007/12/ai-o-natal-esse-malandro.html

2 – Tenho muito poucas certezas. Mas tenho por certo que as minhas filhas terão um dia orgulho, quando lerem aquilo que escrevi sobre elas e se regalarem ao saber a força do meu Amor por elas. Que é incomensurável!

Amo-te ALICE!

1 comentário:

Helena Barreta disse...

Muitos parabéns, Alice.

Desejo-vos muitas alegrias, saúde, amor e que continuem a ser felizes.

Um abraço