A
Biblioteca da escola da Alice promoveu há dias, as leituras partilhadas entre
alunos e pais. Numa iniciativa muito interessante que visava incentivar esse ato
de ler, pretendeu-se também o intercâmbio entre gerações, e a promoção da
leitura, cada vez mais em desuso nesta era audiovisual.
A
Alice quis, claro, que os dois pais participassem. De entre tantas histórias
lindas que poderia ter optado, quis que repetíssemos a leitura que fizemos com
a mana, acreditava eu que há 9 anos atrás (os que têm de diferença), mas só há 7, como
pude reparar agora.
Sei
que a Alice gosta de nós, pais, que é uma criança com uma esperteza e
sensibilidade que por vezes nos deixa a pensar, e a bater mal com as suas
reações. Mas se de nós gosta… venera a irmã. A Leonor é o ídolo único, a imagem
do que ela quer, os passos de quem segue para saber como quer ser. Eu só
lamento, muito, enquanto pai, que a diferença de idades que têm seja um fosso
separado com um abismo, por vezes medonho, que as deixa a coabitar em mundos
que parecem à parte.
Se
a mais velha quer estar esticada no sofá, há guerra porque ela se cola ao lugar
da outra.
Se
a Leonor quer o VH1 e o MTV, há zanga porque a Alice quer o Disney Channel.
Se
uma quer estar a namorar, há briga porque a outra quer atenção e ir andar de
bicicleta.
Se
uma quer estar a falar com as amigas e o namorado ao telefone, a outra porque quer
atenção e brincar.
Sempre
dois mundos.
-
Alice, que historinha queres ir ler?
-
“O Magnífico plano do lobo”!, sem pestanejar.
-
Mas… essa foi a que lemos com a Leonor…
-
SIM! EU SEI! POR ISSO É QUE A QUERO!
Claro
que a quer… Se já a apanhei, vezes e vezes sem conta, a ver o nosso vídeo no
youtube…
-
Mas, se vamos fazer igual…
-
Mas pai, os meus amigos nunca viram. Para eles é a primeira vez!
-
Claro que ensaiamos, Alice. Temos de ensaiar. Se queremos fazer boa figura, temos
de nos preparar. Nada se consegue na vida sem trabalho, sem preparação.
O
azar foi que a boa da piquena enganava-se sempre nas mesmas falas, que a Leonor
se tinha enganado. A vontade de ser tão igual dá nisto.
-
Filha, não é assim. Tu, és tu. Tens de fazer as coisas à tua maneira! Nunca
queiras imitar a mana, nem ninguém. Tu, és tu! Isso é das coisas mais valiosas
que tens.
E
assim foi. Eu gostei muito. Um lobo já mais velhote, um narrador mais batido,
uma ovelhinha muito ilusionada e creio que foi bem.
Quero
dar os parabéns às Sra. Professora responsável, e a todos os pais que se
animaram a colaborar. Todos eles estiveram muito bem, desde as participações
mais intimistas, às mais colaborantes, com mais do que uma família no mesmo grupo;
e mesmo as mais simples, foram enriquecedoras.
Assim,
separados por 7 anos de tantas histórias, o magnífico plano do lobo Sobreiro.
O de hoje...
E o 1º.
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