Foi, infelizmente, a notícia do dia 21 de Junho, como já tinha sido no
dia anterior, quando tivemos conhecimento dela: o nosso César Lopes partiu,
soube que de uma paragem cardio-respiratória, na sequência de uma intervenção
cirúrgica.
Neste tempo das redes sociais, em que a
internet está vulgarizada, e ainda bem, todos os que se sentem tocados metem a
mão no bolso, puxam do telemóvel, e debitam o seu sentir, com maior ou menor
eloquência, sentimento, ligação, verdade, nível, na esperança que seja vista
por todos.
Para um jornalista, que é o que sempre hei-de
ser, não quero, não posso, não devo, colar-me ao tanto que já foi dito,
chovendo no que já está desafortunadamente molhado.
Apenas gostaria de dizer que o César e eu
tínhamos, ou pelo menos eu assim a sentia, uma ligação muito forte, de amizade,
sobretudo depois do que me sucedeu em 2011. No acidente que tive, também eu
poderia ter ficado como ele, ou falecido, e isso apenas não aconteceu graças ao
socorro rápido da Associação Humanitária dos Bombeiros de Marvão, a quem
estarei toda a minha vida grato, e do INEM, que foi prontamente chamado.
E porque Deus assim o quis.
Sou católico, crente, praticante, sobretudo
depois do que me aconteceu, mas acredito que não há céu, inferno, ou demais
criações mentais, feitas no passado, porque Deus não é cruel, Deus é amor.
Acredito muito mais que as almas crescem, e têm diferentes estádios de
evolução.
Quantas pessoas vi ontem na missa do Corpo de Deus, quando a notícia bateu com estrondo; rezarem a oração principal que Jesus nos ensinou, dizendo "perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido", quando eu já lhes pedi desculpa, por erros que me apontam, embora eu ache que não os cometi, num passado não muito distante, e me continuam a desprezar, como se faz a um leproso? Há bondade, perdão, e cristandade nestes corações?
Mas o César era superior a isso tudo, a todos
nós, e conseguia, dentro das suas limitações óbvias, tentar ser feliz, fosse a
acompanhar o nosso BENFICA (ainda há tempos, amigos comuns lhe prepararam uma
ida ao estádio da luz para assistir a uma partida, com direito a visitar o
Seixal, e o Museu Cosme Damião, tendo-me dado a honra de integrar a comitiva...
embora tivesse sido cancelada à última da hora pelo nosso clube, quando estava
prestes a sagrar-se campeão); ou quando ia no seu carrinho ao bar "O
Castelo", do seu amigo Jorge Rosado,
beber uma imperial, na sua caneca adaptada ao carro de rodas, pela sua
palhinha.
Conheçi o César quando o padre Fernando Fatinha
organizou por aqui uns torneios de futebol entre os miúdos das freguesias,
tinha eu 10 anos, por aí; há 30 e tal, mais ou menos. Franzino, ultra rápido,
era dono de um pé canhão impressionante, que quase experimentei, uns anos mais
tarde, no futsal, quando a minha equipa da Beirã não tinha guarda-redes, e na
falta de um, os meus colegas me incentivaram a ficar de pau de cabeleira. Todos
os que lá iam dele, entravam, claro. Recordo-me bem que a dada altura, espetou
com um na trave, que eu pensei " ainda bem que não meti lá a mão, senão
nesta altura... apenas teria 9 ✋
Hoje muitos o choram, e eu também, embora não
consiga verter uma lágrima, por causa do tal acidente, que me deixou a sequela
que me impede de emocionar a esse ponto. Antes pudesse. Pelo menos, limpava...
O César era um exemplo tremendo de vivacidade,
amor à vida, tenacidade, alegria de viver, AMOR AO SEU MARVÃO, E AO NOSSO
BENFICA!!!
Sendo um Homem das redes sociais, tendo através
delas conseguido fugir da solidão, tem de ser aqui mesmo LOUVADO, RECORDADO,
SEMPRE ELOGIADO! O César era Marvão!
Senhor Presidente Luís Vitorino... Já foi, ou,
será a título póstumo?
As minhas últimas palavras vão diretamente para
uma Senhora que, perdoem-e as outras todas, é A MÃE!!! MÃE coragem, entrega,
dedicação total e absoluta, A M O R... a minha querida Angélica, que me trata
sempre por menino; e para o irmão que esteve sempre lá, o meu querido quinto
Zani, Nuno Paz.
Esteja lá ele onde estiver, esteja ele no
estado em que tiver, e sob a forma que estiver, que esteja BEM, LIVRE, FELIZ,
longe daquela cama onde esteve agrilhoado os melhores anos da sua vida!
Imagino-o a correr, e a sorrir, sob o mar...
Que Deus te proteja na sua glória, Amor.
Sem comentários:
Enviar um comentário