quarta-feira, 26 de junho de 2019

César Lopes... a homenagem aqui, no meu cantinho... para a galeria dos imortais


 



Foi, infelizmente, a notícia do dia 21 de Junho, como já tinha sido no dia anterior, quando tivemos conhecimento dela: o nosso César Lopes partiu, soube que de uma paragem cardio-respiratória, na sequência de uma intervenção cirúrgica.

Neste tempo das redes sociais, em que a internet está vulgarizada, e ainda bem, todos os que se sentem tocados metem a mão no bolso, puxam do telemóvel, e debitam o seu sentir, com maior ou menor eloquência, sentimento, ligação, verdade, nível, na esperança que seja vista por todos.

Para um jornalista, que é o que sempre hei-de ser, não quero, não posso, não devo, colar-me ao tanto que já foi dito, chovendo no que já está desafortunadamente molhado.

Apenas gostaria de dizer que o César e eu tínhamos, ou pelo menos eu assim a sentia, uma ligação muito forte, de amizade, sobretudo depois do que me sucedeu em 2011. No acidente que tive, também eu poderia ter ficado como ele, ou falecido, e isso apenas não aconteceu graças ao socorro rápido da Associação Humanitária dos Bombeiros de Marvão, a quem estarei toda a minha vida grato, e do INEM, que foi prontamente chamado. 

E porque Deus assim o quis.

Sou católico, crente, praticante, sobretudo depois do que me aconteceu, mas acredito que não há céu, inferno, ou demais criações mentais, feitas no passado, porque Deus não é cruel, Deus é amor. Acredito muito mais que as almas crescem, e têm diferentes estádios de evolução.

Quantas pessoas vi ontem na missa do Corpo de Deus, quando a notícia bateu com estrondo; rezarem a oração principal que Jesus nos ensinou, dizendo "perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido", quando eu já lhes pedi desculpa, por erros que me apontam, embora eu ache que não os cometi, num passado não muito distante, e me continuam a desprezar, como se faz a um leproso? Há bondade, perdão, e cristandade nestes corações?

Mas o César era superior a isso tudo, a todos nós, e conseguia, dentro das suas limitações óbvias, tentar ser feliz, fosse a acompanhar o nosso BENFICA (ainda há tempos, amigos comuns lhe prepararam uma ida ao estádio da luz para assistir a uma partida, com direito a visitar o Seixal, e o Museu Cosme Damião, tendo-me dado a honra de integrar a comitiva... embora tivesse sido cancelada à última da hora pelo nosso clube, quando estava prestes a sagrar-se campeão); ou quando ia no seu carrinho ao bar "O Castelo", do seu amigo Jorge Rosado, beber uma imperial, na sua caneca adaptada ao carro de rodas, pela sua palhinha.

Conheçi o César quando o padre Fernando Fatinha organizou por aqui uns torneios de futebol entre os miúdos das freguesias, tinha eu 10 anos, por aí; há 30 e tal, mais ou menos. Franzino, ultra rápido, era dono de um pé canhão impressionante, que quase experimentei, uns anos mais tarde, no futsal, quando a minha equipa da Beirã não tinha guarda-redes, e na falta de um, os meus colegas me incentivaram a ficar de pau de cabeleira. Todos os que lá iam dele, entravam, claro. Recordo-me bem que a dada altura, espetou com um na trave, que eu pensei " ainda bem que não meti lá a mão, senão nesta altura... apenas teria 9 

Hoje muitos o choram, e eu também, embora não consiga verter uma lágrima, por causa do tal acidente, que me deixou a sequela que me impede de emocionar a esse ponto. Antes pudesse. Pelo menos, limpava...

O César era um exemplo tremendo de vivacidade, amor à vida, tenacidade, alegria de viver, AMOR AO SEU MARVÃO, E AO NOSSO BENFICA!!! 

Sendo um Homem das redes sociais, tendo através delas conseguido fugir da solidão, tem de ser aqui mesmo LOUVADO, RECORDADO, SEMPRE ELOGIADO! O César era Marvão!

Senhor Presidente Luís Vitorino... Já foi, ou, será a título póstumo?

As minhas últimas palavras vão diretamente para uma Senhora que, perdoem-e as outras todas, é A MÃE!!! MÃE coragem, entrega, dedicação total e absoluta, A M O R... a minha querida Angélica, que me trata sempre por menino; e para o irmão que esteve sempre lá, o meu querido quinto Zani, Nuno Paz.

Esteja lá ele onde estiver, esteja ele no estado em que tiver, e sob a forma que estiver, que esteja BEM, LIVRE, FELIZ, longe daquela cama onde esteve agrilhoado os melhores anos da sua vida! Imagino-o a correr, e a sorrir, sob o mar...


Que Deus te proteja na sua glória, Amor.








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