segunda-feira, 22 de julho de 2019

De Marvão, vê-se a terra toda... e agora (6a edição)... o céu!



Todos nós que vivemos, temos a ideia que a nossa morte há-de ser assim algo de diferente, cinematográfico, épico. Ninguém espera morrer de uma miudeza, um azar, uma distração, um acaso. Todos nós, mesmo que não o digamos, acalentamos, em segredo e em suspenso, a ideia de que a nossa morte há-de ser algo de contornos especiais, assim num cenário… digno. Descartando ingenuamente a hipótese de tal fim suceder por motivos inesperados, sem sentido, todos achamos que merecemos um final apoteótico.

Em contraste com a entrada para o lado de lá (o reino dos céus, para os católicos; o Jannah, para os muçulmanos; ou o Tian, para o chineses tradicionais); a ideia de que pode tudo acabar aqui, torna, na minha opinião, a nossa existência na coisa mais redutora que consigo imaginar.

Posto isto, tenho de vos dizer que há momentos que se vivem na vida, dos quais já temos as maiores expetativas, mas que ainda assim, tudo superam; e acabam por se repetir sempre com a mesma intensidade (6ª, já!), que por muitas palavras, muita retórica que se tenha, não se conseguem explicar.

Ainda assim, tenho de tentar.


Se há alguns momentos de transcendência que se podem viver nesta nossa passagem terrena; a missa desta manhã, no Convento de Nossa Senhora da Estrela, no largo do Cubelo em Marvão, integrada na 6a edição do F.I.M.M.(Festival Internacional de Música de Marvão), foi qualquer coisa de... qualquer coisa.

A missa de Mozart, interpretada pela Orquestra de Câmara de Colónia, e pelo coro Ricercare, encheram a igreja, a alma e os corações de todos os presentes que acorreram em número suficiente para encher a nave central.
Aqui, tenho de fazer um agradecimento muito especial à minha mãe Alzira Sobreiro, que foi bastante cedo, ainda antes de encerrarem as portas para a posterior entrada geral, bem como às suas colegas de banco (amiga Gina e querida Sandra...), que se apertaram para me deixarem lá caber.


Foi uma posição absolutamente privilegiada para assistir a algo único!

A oração dos fiéis, proferida em diversas línguas foi um momento marcante, de como a música pode unir tantas visões do mundo.

A certo ponto, dei a mão à minha mãe e disse-lhe baixinho: fecha os olhos, como eu. 
Ela respondeu: já estava com eles fechados.


Na verdade, quando conseguimos resistir à natural tentação de abrirmos os olhos e contemplarmos o bailado da batuta do maestro, a brilhante execução dos intérpretes, as expressões do rosto dos sopranos, do tenor e demais cantores… fechávamos os olhos, sentíamo-nos levitar, e entrar naquilo que nós achamos que deve ser o Céu.

Notável e impagável!

Muitos parabéns!!! A todos os que tornaram isto possível!!! Todos!!!!





Sem comentários: