domingo, 25 de julho de 2021

(sobre Voltar...) O meu horizonte longínquo sobre carris (Parte 1)


Porra… 2 meses?!?!?!? 2 meses sem escrever e dar notícias aqui... é muito, muito, muuuuuuuuuuuito tempo. Nunca tinha estado tanto tempo fora...

(embora me tenha tranquilizado tê-lo deixado com uma homenagem a um Amigo, que provavelmente nunca ninguém lhe fez na vida, com mais de 1.300 visualizações. Se cada uma tivesse originado um pesar pela perda... )

 

Sempre disse que escrever, que tatuar numa folha em branco, mesmo que seja digital e virtual, os pensamentos que me vagueiam pelos pirolitos, é indispensável para que me possa sentir bem, a carburar, a respirar, e… pelo menos é esse dinheiro que não gasto nos psicólogos, o que é sempre bom porque:

1)    Faz sempre falta para outras merdas bem mais necessárias,

2)    Tenho mais que fazer e, aos anos que me conheço, já me vou conseguindo domesticar.

 

Mas sabem que se há alturas mais propícias para a escrita, o Verão (é mesmo com maiúscula! Como eu aprendi na escola! Que se amole o acordo ortográfico e essa trampa de se aprender a escrever com a quem ensinámos a língua!) não será seguramente uma delas, sobretudo para quem gosta de não se deitar de madrugada, para quem prefere, em vez de estar a noite inteira a escrever, de passar o dia na água, a recriar-se em ambientes aquáticos, como eu.

 

Depois, a vida também nem sempre se propicia a isso, sabem. Confesso aos leitores que estive envolvido num processo de tentativa de progressão na carreira, ainda sem fim à vista, mas que me ocupou mentalmente durante 2 anos!!!!!! 2 anos, repito!, desde Junho de 2019, até Julho de 2021, e foi de uma exigência, uma pressão (porque havia sempre trabalhos a fazer e a entregar com data limite) de 7 dias por semana, a todas horas todas em que estava acordado! Tinha um tempinho morto e… em vez de um simples jornal, uma revista, uma série, um filme… obrigava-me mentalmente a ir estudar. Sei que sou o meu mais duro crítico! Verdade!

Eu creio… não! Eu estou certo que em toda a minha vida académica de 17 anos de volta dos calhamaços, nunca tive de me submeter a uma prova de tal espessura, envergadura e dureza!

Só para dar um relance, na prova final, composta por 15 questões de escolha múltipla (de difícil interpretação, duras, extensas, cuja busca da resposta certa obrigava ao mergulho em mais que um código, com difícil opção porque por vezes, se diferenciava apenas por uma ligeireza semântica), um caso prático (que teve de ser sempre articulado com o código, cuja resolução, apesar de saber trabalhar com as fórmulas que sempre nos acompanham, tem um cálculo que é realizado, no dia-a-dia, mais pelo computador) e uma pergunta de desenvolvimento (toda baseada na lei e… manuscrita, por alguém que tem uma caligrafia que há 20 anos é… datilografada!!!… no pc e quando vai ao sabor da pena, sobe às maiúsculas, para os outros poderem compreender)… não foi mesmo nada fácil! Depois de 3 horas de luta intensa com o “bicho”, tive de me render e ceder ao colega vigilante que me disse, com complacência, quando o gongo tocou: ó colega…. já não dá mais.  Depois de 3 horas!!! 3 horas!!! E eu…a caminhar para os 50! e há pouco mais de 10 atrás… estava em coma induzido com um traumatismo craniano de grau 6 na escala de Glasgow (de 3 a 15, quando quem tem 3, em 10, safam-se 2!) Isto não é desculpa para nada!!!! Atente-se bem!!! Mas é só para desabafar e dizer que... não foi fácil!

 

Avancemos! Isto é mesmo muito da minha vida: envolvo-me naquilo que gosto mesmo (escrever), lançam um livro de memórias da minha freguesia (Beirã) e daquela onde resido há 20 anos (S. A. Areias), tenho a honra de me convidarem para participar (bem haja, Prof. Dr. Jorge de Oliveira), bem como para o seu lançamento, e eu… pelos motivos abordados nos últimos parágrafos, estou deslocado em Lisboa.

 

Seja como for, foi um prazer imenso. Como autor, tive direito a diversas separatas mas, vou passar a transcrever aqui, no meu blogue, nestes tempos mais próximos, os diversos capítulos da minha vida, devidamente ilustrados com fotos do arquivo particular.

 

Por último, mas não em último lugar, sai o meu pedido de desculpas e o meu total apreço, para os meus leitores que nunca deixaram de passar por aqui, para tentarem saber mais alguma coisa! Bem hajam! Um escritor, mesmo que seja de algibeira como eu, que não é lido, que não tem audiência, ele sabe que deixa registado, mas não é escritor. Para que a comunicação passe, para além do emissor, do objeto e do meio… tem de haver quem receba, ou então não acontece!

 

Os 14 anos deste blogue têm assistido a diversas mudanças na nossa sociedade, transversais, a todos os níveis, mas no cibernético, o facebook (no meu caso), bem como outras redes sociais e o relacionamento que delas advém, têm roubado muito espaço a este meu cantinho, pela facilidade de projeção através do smartphones, e pelo comodismo, confesso.

 

Se é verdade que grande parte da minha exposição pública é ali feita, gosto sempre que quando o assunto é de maior importância para mim, ou um com alguma regularidade (semanal, quinzenal) subam ao blogue.

 

O que eu prometo a quem faz o favor de ouvir este maluco a “falar”, é que vou passar a passar mais por aqui.

 

Desfrutem!

 

Beirã…

o meu horizonte longínquo (sobre carris)

Depois de Lost Horizon, de James Hilton (1933)  

Lugar paradisíaco situado algures, sede de panoramas maravilhosos, onde o tempo parece que parou, num ambiente de felicidade e saúde, com a convivência harmoniosa entre pessoas das diferentes classes


1.       (O) Mergulho



Desafiado a fazer aquilo que mais gosto na vida, sobre um dos temas que me é mais querido, vacilo. Hesito. Arranjo desculpas para ir deixando passar. Conheço-me ao ponto de saber que me vai doer.

Escrever sobre a Beirã, sobre a minha infância, sobre aquela aldeia ninho que me recebeu quando cheguei a este mundo, é reabrir a arca das memórias mais sagradas e preciosas de que sou feito. Ao mergulhar neste túnel do tempo que me há-de levar a esse lugar mítico, que se tem de cingir a uma viagem limitada pelas 20 páginas tabeladas pelo meu editor, sei que reencontrarei memórias, pessoas, lugares e espaços cujo relato não pode ter outra interpretação senão a minha. A história é sempre contada pelos vencedores, e neste caso, os olhos com que revisitarei todos estes arquétipos serão sempre os meus, os do Pedro, uma criança que vive no corpo de um homem de 46 anos, mas que nunca deixou de se sentir igual àquela que corria as ruas empedradas atrás dos seus amigos, em brincadeiras e jogos inventados por nós. É essa que vejo quando me olho ao espelho todas as manhãs, é essa que ainda estremece de cada vez que uma das suas filhas me trata por pai, e percebo que é de mim que falam.

Dito isto, tenho obviamente de começar por pedir desculpa, se porventura magoo alguém que ainda cá esteja a respirar no nosso mundo, ou acabo por ferir a memória de quem já tenha partido na viagem que se segue para todos, mas o facto de dizer a verdade à luz da minha consciência, do conjunto de valores que me foram sendo passados pelos meus pais, e que tenho aprendido ao longo da vida; descansa-me, serena-me, deixa-me ficar em paz. Por isso, o que digo daqui para diante, pode não ser bem a verdade para todos, nem para alguns, mas é a minha,

Tudo isto, e o facto de considerar, sem qualquer tipo de imodéstia, que sou uma pessoa naturalmente boa, que apenas busca o bem, o seu e o dos outros, fazem com que me tranquilize ainda mais. Sei que há gente que possa não ter esta visão de mim, mas, como costumo sempre dizer, Cristo, que foi Cristo, com toda a sua história, e até com a cunha do criador… com 33 anos, já estava cravado no barrote, por isso… quem não gostar….


(cont.)

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