terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Os Assassinos da Lua das Flores


Cinema... sempre será a minha paixão, aquela arte que por mais tempo que lhe dedique nesta terra, nunca passará de uma ínfima parte daquilo que deveria ser.


Não sendo um expert, um entendido, um potencial crítico de trazer por casa... não sendo perito a ler perspectivas, fotografia, adaptações de argumentos... sei que sei a minha parte, e isso, para mim, não é assim tão pouco.


Scorcese é um Mestre, e disso ninguém duvida. Mas que um só homem consiga fabricar obras primas absolutas e unânimes como "Taxi Driver" (1976) (já com o seu ator fetiche, De Niro); "O touro enraivecido " (1980), a soberba "A última tentação de Cristo" (1988), "Goodfellas" (1990), "O cabo do Medo" (1991), "Gangues de Nova York" (2002), "Os infiltrados" (2006), "O Irlandês"  (2019), entre muitos outros... e ainda consiga estar no pleno, e no ativo... É OBRA!!!


Este "Assassinos da Lua das Flores" (2023) é... todo um tratado! Sabem a sensação de... a cada sequência, cada cena, cada frame, termos a clara sensação de que estamos a ser privilegiados, por estar vivos, e podermos assistir a mais uma obra prima?!? É... 🥹


A câmara... como a câmara dança pela ação, ora dando grandes planos, ora explorando detalhes...


O argumento... tão verídico, tão real, e tão seguro...



Os atores...todos eles, dignos de uma nomeação (e porque não, do galardão!), do delicioso facínora tio King Hale (De Niro), ao tão expressivo e ambíguo Ernest Burkhart (Di Caprio); à sua exótica e belíssima esposa Molly (Lily Gladstone)... exemplares ao recriarem a tragédia dos Osage, a tribo indígena do Oklahoma, que nos anos 20 do século passado, assistiu à forma trágica e desoladora como o sangue negro que brotou das suas terras, conseguiu asfixiar toda a sua cultura, e modo de vida, por ter despoletado o "Reinado do Terror", que foi caracterizado pela forma como uma conspiração dos homens brancos dizimou quase sessenta  dos seus membros, em busca da sua riqueza, com falsos casamentos e assassinatos.




Pura poesia em imagens, banda sonora, e conceito global, numa delícia inesquecível.


Ai, por favor. Podem não ver mais... mas este... É ESTE!!! 👌


BEJÚS!!! 🎥🎬🎞️


Nota: Uma das vantagens de se escrever no Facebook, é que a interação com quem nos lê (um dos grandes objetivos da escrita para mim, é a interação, a dialética), é muito mais significativa, e até mesmo avassaladora, quando comparada com a que era frequente no blogue.


Agradeço reconhecido a todas as minhas Amigas, e aos meus Amigos que por lá se manifestaram, mas permitam-me que re-publique, em jeito de reconhecimento, o comentário da minha Amiga Joaquina Ferreira, que conheci quase há 20 anos, quando fui vice presidente da câmara, e ela pertencia ao Conselho Executivo da Escola Básica Integrada da Ammaia, Portagem.

Para além de ser lisonjeador, o que muito lhe agradeço, fez com que escrevesse algo mais sobre este mundo que me fascina, e por ter tudo a ver, se ajusta.


Muito obrigado 🙏


Disse: Não vou deixar de ver, depois de ler esta descrição e reflexão soberba não posso perder.

 Para quem diz não ser um crítico, faço-lhe uma vénia amigo Pedro, pois não só descreve enredo e personagens  maravilhosamente, como lhe acrescenta apontamentos só possíveis a quem tem conhecimento, entendimento e muita sensibilidade a esta forma de arte.

bejinho


Respondi:

Ah... minha querida Amiga...

Quanta gentileza... 🥹

Bem haja. 🙏


Sabe que o assunto, à partida, me interessava sobremaneira! Desde que me conheço que sou um apaixonado pelos ameríndios  (por mesmo TODAS as tribos indígenas da América), desde os nativos da terra de Vera Cruz (um grande número de diferentes grupos étnicos que habitam o Brasil, milénios antes do início da colonização portuguesa); aos peles vermelhas norte americanos, que chegaram a esse continente vindos da região do Nordeste da Ásia, há aproximadamente 20 mil anos, segundo os teóricos, pela travessia a pé da massa de terra da Beríngia, onde atualmente está o Estreito de Bering!


Quando estudava na faculdade em Lisboa, comprei um livro de fotografias que me apaixonou em absoluto, dedicado ao acervo de Edward S. Curtis, um lendário fotógrafo que dedicou sua vida (1868-1952) aos índios da América do Norte. Entre o final do século XIX e o início do século XX, Curtis atravessou os vastos territórios dos Estados Unidos e do Canadá para conhecer as populações indígenas americanas, gravar suas vozes e cantos, contar suas histórias e, sobretudo, gravar na película fotográfica  seus rostos e retratos. Era um verdadeiro antropólogo! Em 25 anos de trabalho intenso e viagens incessantes, ele conseguiu reunir o maior acervo de imagens do mundo sobre os peles vermelhas. Calcula-se que tenha captado entre 30 a 60 mil fotografias, embora apenas 2.200 tenham chegado até nós, algumas das quais contam da minha edição da editora Taschen de que já falei.


A sua visão do cosmos, do universo e da vida... a sua relação com a terra, com todos os elementos animais (o búfalo como peça central da vida, a fonte de alimento, de vestuário, de moda, decoração...) e naturais (o irmão sol, a irmã lua...), a forma como viviam a espiritualidade e se relacionavam entre si, o enorme respeito pelos mais velhos (os bastiões da sapiência, quando esses na nossa sociedade, são considerados como lixo!), a forma de se defenderem, guerrearem e se relacionarem ente si... é um fascínio absoluto para mim!


Por isso já estava com umas expetativas tão altas, e o saboreei com uma vontade tão grande.


Olhe, minha querida Amiga Professora Joaquina, se se lembrar de mim ao vê-lo... 🥹 dá -me um Óscar! ☺️


Muitos beijinhos e 🙏

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