segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Um erro



Eu não sei nem consigo imaginar o que se passou ao certo naquela noite do meu acidente mas tudo só pode ter sido um erro de casting tremendo. Não tenho a mais menor ideia nem do acidente nem do que se passou depois mas… ou não era para ter sido assim, ou não era para ter sido eu. O que eu posso dizer, se me é permitido ser juiz em causa própria, é e eu tivesse “levado caminho”, como se diz por aqui pelas minhas bandas, tinha sido muito injusto e tudo muito prematuro. Um gajo quando tem assim um acidente destes que coloca tudo em questão e o volta a colocar nas mãos do criador, ajuda sempre a compreender como foi, porque foi, como se passou até para poder repensar e colocar as coisas de novo na balança. Ajuda… Pois eu não tive direito a essa ajuda. Só sei que tive a maior das ajudas por poder cá estar de novo e nada mais pergunto porque não vale a pena. O resto são tudo perguntas que vão ficar sem resposta. Eu sei que vinha de um jantar onde tinha ido ensaiar para uma actuação musical que ia ter no dia seguinte com a minha Grupa ou por esses dias, sei também que ia ter uma prova de natação de duatlo, sei que estava metido nessas andanças que eram as minhas, quando tudo se deu. Sei que o acidente aconteceu tarde, já de madrugada e metendo uma mesa e amigos, o mais certo é eu pensar que tinha havido abusos mas acho que nem por isso. Para já, tinha imenso respeito à estrada, tinha medo que algo me pudesse suceder, tinha responsabilidades nesses dias e mais em que pensar. Partindo deste ponto não sei… Dormir não me deixava, de maneira que ou deixei meter uma roda na valeta e já não a consegui tirar ou foi um animal que se me passou na frente. Para ter estes resultados, alguma coisa de extraordinária se passou.


Fosse o que fosse, o que é verdade é que eu acho que teria sido uma pena porque atendendo à minha pessoa, a tudo aquilo que eu consegui nestes 38 anos, terminar assim era coisa injusta, que não se faz. Ainda bem que Deus assim o pensou e me decidiu dar mais esta oportunidade. Eu sou um homem de bem, sempre fui. Acho que todos os papéis que eu desempenhava, me esforçava por os fazer da melhor maneira. Amante da família, amigo dos amigos, homem bom da sociedade, eu estava em todas e sempre para ficar bem com os outros e comigo mesmo. É claro que eu também tenho inimigos, mal de quem não os tem. Mas mesmo com essas pessoas que não gostam de mim, se eu tivesse oportunidade de trocarmos dois dedos de conversa, eu estou certo que compreenderiam que ou tinham a perspectiva errada ou estavam mesmo enganados porque eu acho que não deve ser difícil, aliás, até deve se bastante fácil e bom estar comigo e gostar de mim. Eu olho à minha volta e é com enorme prazer que vejo que a minha família e os meus amigos são gente do melhor que há. Ora sendo eles pessoas que estão de bem, de livre vontade, que estão comigo sem nenhuma contrapartida senão o meu gosto e a minha amizade… isto quer dizer muita coisa!


Foi um episódio da vida que me sucedeu e eu não vou perguntar porquê. Aconteceu e há que passar por ele, por tudo isto e tentar fazer como eu sempre fiz na minha vida: tentar aprender sempre mesmo das coisas mais difíceis porque até na coisas ruins há sempre algo de bom que aprender. Não era preciso era sofrer tanto e passar por tanto, mas que fazer? Nada acontece por acaso. Eu acredito nisso!


Há então que erguer a cabeça e olhar em frente porque melhores dias virão e com a ajuda de todos, havemos de vivê-los da melhor maneira. Ter força e alegria são fundamentais, agora mais do que nunca!

3 comentários:

Helena Barreta disse...

Gosto de o "ver" assim, animado e com alegria de viver.

Apesar de não o conhecer gosto de si e também acho que era mau ter "levado caminho", mas como felizmente está cá para contar é caminhando que se faz o caminho, melhores dias virão.

As melhoras e um abraço

Robson Lima disse...

Meu amigo, como sabe, também tive meu próprio acidente de moto. Assim como você, não consigo me lembrar de absolutamente nada. Tive dois coágulos cerebrais, queimaduras pelo asfalto nos membros superiores e inferiores, quem me renderam as cicatrizes que você conhece. Além do mais perdi minha mãe neste acidente, antes fosse eu. Mas o que estou querendo dizer é que não adianta ficarmos tentando entender.... são coisas que acontecem conosco por algum motivo, como você mesmo falou. Todos temos missões a cumprir neste Terra, e é nos momentos de sofrimento e dor que crescemos, evoluímos como pessoa. Nisso pensamos muito parecido. Forte abraço meu amigo.

joaquim disse...

Sei que a Vera te viu hoje nas compras! Tenho imensas saudades tuas rapaz! Sim, foi um episódio que já passou e que felizmente correu bem! Sei que tens vindo a recuperar bastante bem e isso deixa-me muito contente! Temos que combinar um café! Muita força, tudo de bom para ti, pois tu mereces! Um grande abraço, deste rapazito que te admira! Joaquim.