domingo, 7 de junho de 2015

O (meu) adeus

 

Depois da poeria assentar, que penso eu sobre todo este episódio da contratação do Jorge Jesus pelo Sporting e é importante que o diga, não para os leitores habituais do meu blogue/ mural do facebook, mas para mim.


O Jorge Jesus era um treinador com o contrato a terminar à frente do meu clube e teve uma proposta milionária mais que tentadora do Sporting que é, sempre o disse e eu sempre o soube, o seu clube do coração. Nada estranho aqui, nada para alarmar. Tudo legítimo, tudo liso, tudo claro e compreensível. O que está envolvido e à volta é que é discutível. E não é por ir treinar o eterno rival, mas por tudo o que está envolvido.

A começar pela forma como o clube que agora lhe abriu os braços, e a carteira envolvendo valores astronómicos cuja proveniência se desconhece, o fez. Então mas este Sporting é aquele que andava sempre a bater com eles numa laje e não tinha dinheiro para contratar jogadores? Estranha-se…

Como se estranha a forma como se desvincula de um treinador com o qual tinha contrato e é jovem, promissor, talentoso, com provas dadas e com um auspicioso futuro pela frente. Como se estranham os motivos para o fazer. Justa causa por não ter usado um uniforme do clube? Justa causa, Bruno?

Como estranho essa agressividade de um presidente que critica tudo e todos (ministros sportinguistas que comentam, a talho de foice, o episódio; ex-presidentes do clube que ousam opinar sobre o trágico da situação; enfim, todos os que não concordam consigo) alegando que o seu caminho e do seu clube de Portugal é vencer: campeonatos, taças nacionais e troféus internacionais. A que preço, Bruno?

Como muito estanho, muito mesmo e por isso me catalogo um Benfiquista diferente de todos os outros crentes de outro clube, que hajam sportinguistas que abram os braços para receber este presente inquinado depois de ter estado tantos anos a defender o Benfica, como se fosse uma virgem incólume que regressa a casa. E sim, Miguel Sobreiro, estou a escrever a pensar em ti.

Eu sei que eles são profissionais e vão apenas atrás do dinheiro, e da paixão pelos clubes (que diz que tem), mas isto, quanto mais não fosse exigia alguma discrição e alguma maturidade. Pelo menos por respeito à massa associativa e simpatizante do clube que representaram.
O Figo foi grande em Barcelona. Percebo que tenho ido atrás do dinheiro quando foi para Madrid. Percebo que os madrilistas o passassem a querer, a seguir e a venerar pela glória que os ajudou a acrescentar ao historial. Mas percebo sobretudo o ódio com que os blaugrana o passaram a olhar desde então e o rotularam de pesetero, de taidor, de gente que não presta.  
E quanto a mim, quem mete o dinheiro à frente de princípios, não presta, mesmo! Porque há coisas na vida que não se compram e a espinha dorsal é priceless. Não tem valor mensurável. Não tem preço. A consciência (que vamos construindo durante a vida com os valores e princípios que os nossos pais nos ensinaram e os que nós próprios vamos acrescentando, vivendo, é sempre mais importante.)

Posso morrer pobre e nunca chegar a lado algum mas penso mesmo assim. Quem me conhece bem, sabe que eu prefiro morrer à fome a empinar-me nas costas seja de quem for para parecer mais alto. Se eu fosse o Figo, por dinheiro algum iria jogar para um clube rival pelo qual destila ódio aquele onde fui grande. Jamais.
Como jamais iria treinar um clube rival apenas a troco de dinheiro, porque a história de paixão cheira muito a mofo. Gostava de ter tempo e material para trabalhar e fazer um vídeo só das reações, comentários e poses do Jorge Jesus apenas nos dérbis alfacinhas. Quem tem paixão é assim?!?!? Ou antes uma puta histérica e deslambida que só anda atrás do guito?


Toda esta história é muito mais grave pela forma como o Sporting rompeu com o Marco e como o Jesus se enfiou no lugar dele. Tudo isto parece ter sido escrito pelo príncipe do Maquiavel, aquele que não olhava a meios para atingir os fins que queria.

O tempo é que amadura as pêras. Esta época vaio ser engraçada. Ver aqueles dois galos na capoeira dos suplentes vai ser muito entretido e divertido. Nesta época vou ter sempre não um, mas dois aliciantes: ver o jogo do meu clube e saber como corre sempre acreditando que o TRI vai vir aí; e ver os desafios do Sporting, no campo e nos bastidores.

Para finalizar é importante que fique bem claro que eu nunca gostei do Jesus. Quem ler o que escrevi, perceberá que houve tempos em que o tolerei, pelos títulos que ia conseguindo, pelos patamares que ia alcançando, pelo crédito que os jogadores que foram treinados por ele lhe iam dando. Mas nunca gostei dele. Como pessoa é mau. O não ter dado uns meros minutos ao guarde redes suplente do Benfica, só para o moço ser também campeão, dizem tudo. Não gosto do gajo e nunca gostei.

Claro que sou contra o facto de o terem retirado das fotografias do estádio de bicampeões. Isso não se faz e só me (nos) envergonha. O que conseguiu, conseguiu. Foi pouco na minha opinião, mas foi fruto do trabalho dele. Deve ser honrado. Como dizia o meu pai: quem está, está. Quem vai, vai.

Mas faço-lhe daqui uns votos nesta nova investida: desejo que lhe corra tudo pelo pior, que vou torcer imenso para que assim seja, que meta o dinheiro no cú e vá para a puta que o pariu!


Quanto ao futuro, confio imenso no nosso presidente Luís Filipe Vieira e tenho muita crença nele. Acredito mesmo que ele foi a melhor coisa que nos aconteceu nas últimas décadas. Sei que há adeptos histéricos e revanchistas e totós como eu que agora queriam era o Marco no Benfica. Mas sei que ele quase que de certeza absoluta se vai inclinar para o Rui Vitória porque é um grande treinador, benfiquista, conhece bem e trabalha bem as camadas jovens e terá certamente um futuro promissor de águia ao peito.

Que assim seja.


BENFICA SEMPRE! AO TRI!!!

Legenda; FARSOLA, PALHAÇO, VENDIDO, OTÁRIO

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