Depois
da poeria assentar, que penso eu sobre todo este episódio da contratação do
Jorge Jesus pelo Sporting e é importante que o diga, não para os leitores
habituais do meu blogue/ mural do facebook, mas para mim.
O
Jorge Jesus era um treinador com o contrato a terminar à frente do meu clube e
teve uma proposta milionária mais que tentadora do Sporting que é, sempre o
disse e eu sempre o soube, o seu clube do coração. Nada estranho aqui, nada
para alarmar. Tudo legítimo, tudo liso, tudo claro e compreensível. O que está envolvido
e à volta é que é discutível. E não é por ir treinar o eterno rival, mas por
tudo o que está envolvido.
A
começar pela forma como o clube que agora lhe abriu os braços, e a carteira
envolvendo valores astronómicos cuja proveniência se desconhece, o fez. Então
mas este Sporting é aquele que andava sempre a bater com eles numa laje e não
tinha dinheiro para contratar jogadores? Estranha-se…
Como
se estranha a forma como se desvincula de um treinador com o qual tinha
contrato e é jovem, promissor, talentoso, com provas dadas e com um auspicioso
futuro pela frente. Como se estranham os motivos para o fazer. Justa causa por
não ter usado um uniforme do clube? Justa causa, Bruno?
Como
estranho essa agressividade de um presidente que critica tudo e todos
(ministros sportinguistas que comentam, a talho de foice, o episódio; ex-presidentes
do clube que ousam opinar sobre o trágico da situação; enfim, todos os que não
concordam consigo) alegando que o seu caminho e do seu clube de Portugal é
vencer: campeonatos, taças nacionais e troféus internacionais. A que preço,
Bruno?
Como
muito estanho, muito mesmo e por isso me catalogo um Benfiquista diferente de
todos os outros crentes de outro clube, que hajam sportinguistas que abram os
braços para receber este presente inquinado depois de ter estado tantos anos a
defender o Benfica, como se fosse uma virgem incólume que regressa a casa. E
sim, Miguel Sobreiro, estou a escrever a pensar em ti.
Eu
sei que eles são profissionais e vão apenas atrás do dinheiro, e da paixão
pelos clubes (que diz que tem), mas isto, quanto mais não fosse exigia alguma
discrição e alguma maturidade. Pelo menos por respeito à massa associativa e
simpatizante do clube que representaram.
O
Figo foi grande em Barcelona. Percebo que tenho ido atrás do dinheiro quando
foi para Madrid. Percebo que os madrilistas o passassem a querer, a seguir e a
venerar pela glória que os ajudou a acrescentar ao historial. Mas percebo
sobretudo o ódio com que os blaugrana o passaram a olhar desde então e o
rotularam de pesetero, de taidor, de gente que não presta.
E
quanto a mim, quem mete o dinheiro à frente de princípios, não presta, mesmo!
Porque há coisas na vida que não se compram e a espinha dorsal é priceless. Não
tem valor mensurável. Não tem preço. A consciência (que vamos construindo
durante a vida com os valores e princípios que os nossos pais nos ensinaram e
os que nós próprios vamos acrescentando, vivendo, é sempre mais importante.)
Posso
morrer pobre e nunca chegar a lado algum mas penso mesmo assim. Quem me conhece
bem, sabe que eu prefiro morrer à fome a empinar-me nas costas seja de quem for
para parecer mais alto. Se eu fosse o Figo, por dinheiro algum iria jogar para
um clube rival pelo qual destila ódio aquele onde fui grande. Jamais.
Como
jamais iria treinar um clube rival apenas a troco de dinheiro, porque a
história de paixão cheira muito a mofo. Gostava de ter tempo e material para
trabalhar e fazer um vídeo só das reações, comentários e poses do Jorge Jesus
apenas nos dérbis alfacinhas. Quem tem paixão é assim?!?!? Ou antes uma puta histérica
e deslambida que só anda atrás do guito?
Toda
esta história é muito mais grave pela forma como o Sporting rompeu com o Marco
e como o Jesus se enfiou no lugar dele. Tudo isto parece ter sido escrito pelo
príncipe do Maquiavel, aquele que não olhava a meios para atingir os fins que
queria.
O
tempo é que amadura as pêras. Esta época vaio ser engraçada. Ver aqueles dois
galos na capoeira dos suplentes vai ser muito entretido e divertido. Nesta
época vou ter sempre não um, mas dois aliciantes: ver o jogo do meu clube e
saber como corre sempre acreditando que o TRI vai vir aí; e ver os desafios do
Sporting, no campo e nos bastidores.
Para
finalizar é importante que fique bem claro que eu nunca gostei do Jesus. Quem
ler o que escrevi, perceberá que houve tempos em que o tolerei, pelos títulos
que ia conseguindo, pelos patamares que ia alcançando, pelo crédito que os
jogadores que foram treinados por ele lhe iam dando. Mas nunca gostei dele.
Como pessoa é mau. O não ter dado uns meros minutos ao guarde redes suplente do
Benfica, só para o moço ser também campeão, dizem tudo. Não gosto do gajo e
nunca gostei.
Claro
que sou contra o facto de o terem retirado das fotografias do estádio de
bicampeões. Isso não se faz e só me (nos) envergonha. O que conseguiu,
conseguiu. Foi pouco na minha opinião, mas foi fruto do trabalho dele. Deve ser
honrado. Como dizia o meu pai: quem está, está. Quem vai, vai.
Mas
faço-lhe daqui uns votos nesta nova investida: desejo que lhe corra tudo pelo
pior, que vou torcer imenso para que assim seja, que meta o dinheiro no cú e vá
para a puta que o pariu!
Quanto
ao futuro, confio imenso no nosso presidente Luís Filipe Vieira e tenho muita
crença nele. Acredito mesmo que ele foi a melhor coisa que nos aconteceu nas
últimas décadas. Sei que há adeptos histéricos e revanchistas e totós como eu
que agora queriam era o Marco no Benfica. Mas sei que ele quase que de certeza
absoluta se vai inclinar para o Rui Vitória porque é um grande treinador,
benfiquista, conhece bem e trabalha bem as camadas jovens e terá certamente um
futuro promissor de águia ao peito.
Que
assim seja.
BENFICA
SEMPRE! AO TRI!!!
Legenda; FARSOLA, PALHAÇO, VENDIDO, OTÁRIO |
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