Uma
verdadinha verdadeira é que o desporto nacional não é o futebol, mas sim a
inveja. Outra verdade, é que quase toda a gente está contra tudo e todos, mas adora
fingir, dizer mal nas costas, nos cafés; em todo o lado menos onde se deve de
reclamar. Eu não sou assim. Tenho provas dadas disso e muitas têm sido
expressas aqui, na minha casa virtual.
A
situação que se passou foi que há dias rumei com a minha mais pequena infanta,
a amazona, a dos cabelos encaracolados e andámos apressados, apesar de termos
acordado cedo, para passarmos uma manhã de sol e sonho na praia de Marvão
(leia-se piscina do Centro de Lazer da Portagem). Acontece que chegados lá a
tempo de desfrutarmos da manhã por inteiro, das 10h às 13h, batemos com o nariz
na porta, porque ainda não era a hora de abertura, mas ainda por cima, tínhamos
à nossa frente uma fila enorme de pessoas à espera para entrarem. Tudo bem até
aqui. Tudo justo, tudo certo.
Acontece
que muitas dessas pessoas que aguardavam na minha frente, tiveram de pagar
bilhete, o que significa que as caixas tiveram de fazer trocos, tirarem o ticket
do sistema informático (que muitas vezes não funciona, leva imenso tempo e não
costuma ser sempre assim tão célere como, por exemplo, rasgar uma senha de um
livrinho). Tudo isto esmiuçado e traduzido dá em 15/20 minutos de perda de
água, de sol, de bom tempo, de convívio.
Sem
querer passar à frente de ninguém, (a minha corrida era contra o relógio), perguntei
na entrada: será que quem tem cartão de utilizador frequente pode já passar? (numa
fila entre pares munidos da mesma forma de entrada, sem terem de levar com
Valência de Alcântara inteira, que toma a Portagem, por estas alturas do estio?)
A
resposta do funcionário que está responsável pelo espaço, que já o era no meu
tempo de vereador mas nunca por ter demonstrado capacidades de liderança /
espírito de trabalho / de equipa; mas sim por ter uma bula presidencial que lhe
dá indulgência total, a ponto de ter folga um dia preciso do fim de semana em
que todos os funcionários da área trabalham em escala menos ele, foi: “não!”
“Tudo
bem”, respondi. “Eu espero. Mas depois quero o livro de reclamações, têm?” (claro
que têm de ter, como serviço público que são. Senão chamava a GNR. Mas como da
última reclamação que fiz para a câmara (porque as vacas e as vedações de um
privado que se julga um dos novos Sinhôzinhos Malta cá do sítio, me impediram
de correr num dos caminhos camarários que levam até aos Cabeçudos, pela
Vedeira) nunca teve resposta… experimentei.
E
a reclamação que aqui surge em .jpeg ainda me levou uns bons 10 minutos a
redigir à sombra, saiu assim:
Tendo chegado a
tempo de usufruir da piscina desde a hora de abertura, e estando munido do
cartão de utilizador frequente do espaço, reclamo do imenso tempo perdido
(10/15 minutos) na fila para entrar porque a ordem respeitada é apenas a de
chegada.
Há uma confluência
entre quem quer pagar bilhete (num sistema informático obsoleto, que por vezes
tarda a mais) e quem tem cartão.
Não há uma placa
informativa que explique a quem chega, esta dinâmica de entrada.
Reclamo/proponho também
que seja colocado um relógio de parede, que possibilite ao utente saber a hora
do dia; a colocação de música ambiente em som num nível baixo, numa rádio
nacional, como existe em Castelo de Vide, por exemplo na Rádio Comercial, a
mais ouvida; e a colocação de um livro de sugestões como existe nessa vila;
para que não seja necessário utilizar este livro para tal feito.
Apesar de saber que
este propósito é de difícil concretização, proponho a abertura do centro para
as 9 horas.”
A
resposta chegou dias depois, que eu sei que há prazos a cumprir e não falharam.
Mas
foi uma respostazinha ao estilo: tááááááááaááááá bem, abelha. Do género, festinha
na cabeça do cão e ele enrosca-se e deita-se.
Nos
últimos dias, que as eleições estão a aproximar-se a passos largos (estão aqui,
estão aí!) e como a malta do contra se anda para aí a juntar num grupo de
refundidos (Marvão para Todos), a máquina no poder em Marvão, qual camorra
muito bem oleada e articulada, anda já com a máquina do alcatrão a tapar os
buraquinhos da estrada para facilitar a vida a quem lá passa. A gente agradece.
Não diz é onde vota, que a gente é esperto. O espaço entre SAA – Ponte Velha -
Portagem, parece outro. Esqueceram-se que o real problema desse troço é a
dimensão da estrada; e as bermas tão mal esgalhadas (disformes, fundas,
desalinhadas), onde já se ia finando este vosso escriba. E esqueceram-se também
de um buraco no alcatrão no meu bairro, na curva junto à APPACDM. Não sei se
foi de propósito. Ainda estou por descobrir.
A
real questão que está por trás de tudo isto, é de fundo mesmo e sobre a
essência de serviço público. Quem está nestes sítios a trabalhar deve sempre
fazer o esforço de se meter no lugar de quem serve, para dessa forma, saber
melhor se está a agir de forma correta, com a sua consciência e com quem é o seu
empregador.
Eu
faço sempre isso no meu serviço de finanças. Trato cada contribuinte como se
fosse um cliente, a quem eu devo servir. Como se estivesse na mercearia das
manas Sobreiro, onde fui criado. Sei que sou da autoridade, não da tão respeitada
e temida por todos, rodoviária; mas sim da tributária. Ali, onde trabalho, em
total consonância com a chefia, não há caras cerradas e palavras duras para quem
está do outro lado do balcão. Há sim compreensão, esclarecimentos, ações. Boas
ações. As leis e as regras têm de ser cumpridas por todos. Mas há formas e
formas de explicar e fazer entender isso a uma população onde o nível etário e de
escolaridade são, como em todo o interior nacional, alto (o primeiro) e baixo (o
segundo).
Os
funcionários que estão lá dentro do Centro de Lazer poderiam, (atenção que não
é uma crítica, mas sim uma sugestão) fazer duas filas distintas, facilmente
observáveis e diferenciáveis, entre quem tem de pagar e quem tem cartão. Disseram-me
então que há, mas eu nunca a vi. Facilitariam muito a vida a quem se quer
divertir no Centro de Lazer e não teria assim de gramar estopadas de resmas de
espanhóis (que simmmm, eu sei… estamos na União Europeia e…) a “roubar-nos
tempo”.
Certamente
venderiam muitos mais cartões de utilizador frequente e facilitariam a vida a
quem se quer divertir, apenas.
E
se eu queria passar à frente não era por apanhar ou não espreguiçadeira, que
nós os dois paramos pouco nelas. Eu porque nado muito e quase sempre estou na
água, ela porque brinca e anda sempre dentro também.
O
que eu peço, peço, não exijo, nem reclamo, na verdade; é que pensem nisto.
O
excelentíssimo senhor presidente que já vice-presidenciei, deu-me a honra de me
escrever, tratando-me por excelência e dizendo que ia pensar no que eu pensei.
Vou emoldurar. E esperar.
A
ver se me ganha o voto.
2 comentários:
Não é bem assim !!! Sabe o seu problema é achar que é perfeito...Um espelho não?
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