quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Corta-mato de Marvão: a história do choque de titãs de + de 90 kg

Com o patrocínio Voltaren

Captados pela nossa querida Amiga...

Trabalho desafiante do treinador dele, nosso querido amigo Pedro Vaz 

A reportagem possível quando a poeira baixou… (que levou diversos dias mas, a minha vida, infelizmente, não é isto, ou só isto!)

Eina páááááá´… que jornada!

A primeira coisa fantástica é… já passou! Já não há mais pressão, mais treinos à chuva, mais noites mal dormidas, mais bullying. Já não há mais noites de sobressalto, a acordar aos gritos.
E o balanço não podia ser mais bem sucedido que isto, porque todos os objetivos foram conseguidos:~



 
Montagem de fotos de diversos amigos, aos quais agradeço a todos

1) Chegámos os dois vivos ao final, sem mazelas de maior;

2) Não fiquei atrás do meu mais direto rival. Bem… também não fiquei à frente. Fiquei de lado e assim, desta forma, foi do mais bonito que pode haver. Foi um final à Hollywood!



3) Não ficámos em último!!! Houve lá um valentão que ainda chigou despois da gente.
Para começar, quero, antes de mais, pedir desculpa a todos os que apostaram em mim no Placard, convencidos que ia dar baile. Para já, garanto que haverão de ser reembolsados no mais curto espaço possível, nos canais habituais, tipo Dona Branca, bruxa do Pêgo e Elefante Branco.


Devo, também, esclarecer que ao contrário daquilo que a grande maioria pensa, nada foi combinado. Quando a minha Cristina me ligou, a perguntar aquelas coisas de como tinha sido, e de como tinha ficado classificado no final, disse-lhe que tínhamos passado, eu, e o meu oponente Barrradas, a meta de braço dado. Ela espondeu com um desarmante, e desafiante: “Ohhh, isso já sabia eu!!!!!”

Como tal?!?!?!? Nada mais errado! Foi até uma prova muito técnica, de altíssimo recorte estratégico. Senão vejamos:


Saí a medo, devo confessar, sem saber muito bem ao que o meu real oponente era capaz, e de qual seria a sua estratégia de ataque. Na dúvida, corri, mexi-me, e saí forte, com 5 minutos ao quilómetro, o que não é o 3 minutos dos super-campeões que lá estavam, mas é muito bom, sobretudo para quem atravessou o que já eu tive de passar. Detesto fazer o papel miserabilista, do coitadinho, porrra! mas o que é, É! Eu lembro-me bem de quando olhava para as pernas, e não era capaz de as comandar para uma chegar-se à frente da outra, para que fosse capaz de caminhar. Isto foi apenas há 7 anos atrás. Foi ontem! E eu sempre ache que a memória é que nos mete no lugar, e que nos faz compreender onde realmente estamos.

Durante a prova, nem perdi tempo a olhar para trás, não fosse o gajão galar-me a gata. Fiz a primeira volta, de três no final, e segui firme. A dada altura, já na segunda volta, de cada vez que eu sentia um marsapo a respirar fundo atrás de mim, que tinha ficado para trás, e me queria passar, metia-me à cautela.
Uma vez foi um sacanera de um espanhol, que vestia um equipamento das cores da bandeira espanhola e tudo, muito mais gordo cá mim, e eu pensei assim…, “naaaaaa… vais, mas não vais longe que eu jat’apanho!”
Qual quê??!?!?!? O sacana foi tch-tche, tche-tche, e quando eu dei por mim, já ia fora de mão, inalcançável! Droga! Em boa verdade, tenho de explicar que esta minha participação no corta-mato de Marvão, ao qual me disponibilizei a participar acedendo ao desafio/convite do meu amigo/professor Nuno Costa, e muito foi espicaçado pelo picanço com o meu amigo Luís Barradas, foi uma desilusão. E porquê?!?!?

No fundo, consegui tudo o que queria e nisso aí, fui mais que bem sucedido, como já vos expliquei. Mas, meti-me num mundo que não é, de todo, o meu! A minha relação com a corrida é higiénica, é quase como ir dar vazão ao trânsito intestinal quando temos vontade. Quando aperta a tripa, despeja-se, fica novo. Faz falta.
Uma vez, duas vezes por semana, fazem-me perceber que sou capaz mais do que arrastar-me até ao emprego para estar sentado ao computar, ou ao balcão, 7 horas por dia.

Como tanto vezes tento explicar às minhas filhas, não corro contra ninguém, corro contra mim!!!  Não corro para chegar a lugar nenhum, corro porque sim! Corro porque prefiro isso a estar sentado, a estar deitado, a estar off. No final, um bom e revigorante duche, morninho no Inverno ou geladinho no Verão, dão outro tom à vida. Eu adoro mexer-me! Passo horas da minha semana, da minha vida nisto!
Agora, esta corrida, como cavalos à volta de um circuito, não é para mim! Mesmo! E agora tenho de contar aqui uma história: já sou velho nestas andanças. Quando era puto, e estudava na escola em Castelo de Vide, fui apurado à sorte para um campeonato nacional de corta-mato, em Castelo Branco.

Na prova de qualificação corri tanto quanto um puto asmático poderia correr, ou seja, pouco ou nada. Voltas e mais voltas a um circuito de apuramento na vila, e estava a ver que aquela merda nunca mais acabava. Quando soube que estava a chegar ao final, até se me nasceu uma alma nova! Tanta vontade tive eu de cortar a meta, quanto o cabrão que estava ao meu lado, do qual eu não gostava nada, e já não me recordo, de todo, quem era. Picado pelo sprint final, sob o lema “não ficas à minha frente, nem que eu me esfalfe”, dei tudo quanto tinha, mais movido pelo orgulho pessoal, do que por outra coisa qualquer. Ganhei-lhe e assim que cortei a meta, fui logo bombardeado com uma grande euforia dos colegas que “JÁ ESTAMOS NA FINAL EM CASTELO BRAAAAAAANCOOOOOOOOOOOO!!!!!!!”

Algo, ou todo apardalado, acedi. Sério?!?!? Ainda bem! E fomos. Num fim de semana muito louco em Alcains, se bem me recordo, que meteu noites sem dormir, rampolia e açúcar na cama. Valeu por isso.

No dia da prova, e era aqui que queria chegar, eram centenas de miúdos, opá!!! Que granda granel!!! Montanhas de gente, e tudo metido em grades, como os cavalos, ou os galgos, antes de correrem. Eina pá! A confusão que aquela merda me fez… Demais!!!! Meeeeddddooo. Á primeira volta, e já não me recordo quantas eram, já seria seguramente dos últimos… a cada passada, aumentava a minha frustração, o meu desânimo, e a derrota começava a pesar toneladas. A dada altura, a desistência, apesar de ser contra os meus princípios, começou a ganhar força como sendo um mal menor, e não sei se por acaso, ou de propósito, esbardalhei-me numa poça de água, larga, espessa, e profunda, que depois de acontecido, se me afigurou como sendo um mal menor. Caí nela redondo, a pique, de cabeça.

Um espetador, coitadinho o meu amor, ainda começou a gritar ânimo, dando-me alento, querendo inspirar-me para mais mas eu… agradeci, e fiz sinal que a lesão era muito dura, tal era o esgar de dor!

Cortei o mal pela raíz até esta do corta-mato, que ficou gravada com um “AI NÃO ME APANHAS METIDO NOUTRA, NÃO!”
Correr para mim é saudável, é mexer, é por mim, não contra ninguém!

Desta vez, como vos estava a contar, ganhei muita distância ao Luís na 1ª volta. Na 2ª, olhei para trás e vi-o a umas largas, muito largas centenas de metros detrás de mim. “Isto está confortável”, pensei. Fui gerindo o esforço e a distância, andando a trote nas partes mais duras, a subir, e apenas me metia de sentinela quando ouvia um maduro a respirar fundo atrás de mim. Seria ele?!?!? Nunca era!

Até que foi!!!
“CARAÇAS!!!!!! ÓLHÓ GAJÃO!!! JÁ AQUI ESTÁ?!?!?!?!?”

Ele ria: “JÁ ESTÁS!!!!! AHAHAHAHAHAHAHAHAHAH…”

“AI NÃO ESTÁS, NÃO!!!!!”, gritei-lhe, e colei-me à passada dele. A sentir-me derrotado, porque já antes me tinha sentido vitorioso, mas confiante na força que ainda tinha para continuar.


A conversa que mantivemos na terceira volta, sempre acompanhados pelo nosso vizinho Martim, uma máquina, de 8 anos de idade, que corria por fora enquanto se ia metendo connosco, foi do mais delicioso que se pode imaginar. Fui-lhe dizendo, enquanto amigo dele que sou de toda a vida, que não poderia dar-se ao luxo de deitar fora este início de mudança de vida que fez. Disse-lhe que teria de continuar, que só lhe fazia bem, que esta mudança nele, que certamente se traduziu numa perda de muitos quilos, era todo um feito de elogiar e sairia sempre vencedor desta disputa.

À medida que a meta se aproximava, a vaidade e a amizade foram travando um simpático diálogo.
Na entrada na 3ª volta fiz o palhacinho, uma coisa de que gosto muito. Comecei por fazer sinal ao juíz de meta se já tinha terminado, gesticulando com os braços o sinal de fim, para ver se o enganava, mas o gajo só não me fez o sinal das caldas porque estavam muitos a ver, certamente.


“Se eu quisesse agora disparava! Sempre fui muito forte nas subidas…”
“Tu é que sabes, mas expões-te a muito. Nas vês a nossa diferença de peso?!?!? Eu faço isto há mais de 15 anos! Ininterrutamente! Umas vezes mais, outras menos, mas sempre! Vais sair enxovalhado! Assim ficas melhor!”
E a meta que se aproximava a passos largos.
A passada era boa e marcava 6” ao KM.
Assim fomos andando, animados, a desfrutar do extraordinário percurso e envolvência.

Ao chegar à meta, fui-lhe perguntando, a ele que tinha estado muito político antes de arrancar e nunca quis que lhe metesse o braço por cima, como faríamos ao cortar a meta.
- Posso agora meter-te o braço?!?!?
- NÃO! VAMOS LADO A LADO! DAMOS AS MÃOS!
- AI NÃO DÁS NÃO!!!!!!!!!! ISSO É MUITO APANASCADO, DASSSS! DE MÃO DADA?!?!?!? ONDE É QUE JÁ SE VIU?!?!?!? METEMOS OS BRAÇO UM EM CIMA DO OUTRO1
- QUAL É O BRAÇO QUE NÃO CONSEGUES ESTICAR, POR CAUSA DO ACIDENTE?
- O DIREITO. DÁ MELHOR O ESQUERDO.
- ENTÃO EU VOU PARA AQUI.

E assim foi. Muita bem. Muito bom. Muito bonito, e graças a Deus, houve montes de amigos de máquinas em punho que registaram o momento, partilharam connosco, e nos deram o prazer de termos imagens lindíssimas que adoramos.

Foto fantástica, muito bem trabalhada pelo nosso querido amigo Luís Barreto
Reparem no fundo desfocado, em fade out. <3

Foi tudo uma brincadeira e uma jornada sensacional.

Obrigado ao meu Amigo Luís Barradas, ao seu treinador, o Grande Pedro Vaz (super atleta), ao Hermínio Felizardo (grande campeão e nosso padrinho), e a todos os outros companheiros que a nós se nos juntaram. FOI DEMÁIS!!!

PS: Mas agora aproximar-me-ei mais do meu registo, tentando cumprir no dia 17 de Março, o SONHO IMPOSSÍVEL, de ser capaz de voltar a fazer uma meia maratona em Lisboa, e atravessar a ponte 25 de Abril, repetindo mesmo depois de tudo o que me aconteceu, algo que já fiz 3 ou 4 vezes, com amigos e sozinho. Que Deus me ajude, a mim, e a vós todos!






Mais fotos para o álbum mais tarde recordar:













Eu já fui capaz de correr 21 quilómetros a este nível:
108,43 / 21= 5,16"







 









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