Durante esta semana, a boçal normalidade foi abanada porque
foram reveladas as seguintes declarações do Papa Francisco (aqui, segundo o jornal
“Público” de 21.10.2020):
"Pela primeira vez, Papa Francisco defende uniões de facto para casais
homossexuais
Francisco defende, num documentário, a criação de uma lei da união civil
que abranja os casais homossexuais.
O Papa Francisco defendeu a regulação do
casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, dizendo que os “homossexuais têm
direito a fazer parte de uma família”. As declarações do chefe da Igreja
Católica representam a demonstração mais forte de apoio aos direitos LGBT e
marcam uma distância considerável em relação às posições tradicionais do Vaticano.
Francisco já tinha manifestado intenção de se
aproximar dos crentes homossexuais e de promover o seu acolhimento pela Igreja
Católica. Porém, esta é a primeira vez que defende publicamente a união civil
entre pessoas do mesmo sexo, dizendo-o abertamente.
“O que precisamos é de uma lei de união civil. Dessa
forma, estão legalmente assegurados. Defendi isso”, disse o Papa, durante um
documentário que estreou esta quarta-feira em Itália e cujas declarações foram
divulgadas pelo site Catholic
News Agency.
“Os homossexuais têm o direito de fazer parte de
uma família. Ninguém deve ser deixado de fora ou sentir-se arrasado por causa
disso”, afirmou Francisco.
A posição do Papa foi revelada durante o
documentário Francesco,
que estreou esta quarta-feira no Festival de Cinema de Roma. O filme incide
sobre a forma como o Papa, escolhido em 2013, aborda questões sociais,
sobretudo entre aqueles que vivem “nas periferias existenciais”, explica a
Catholic News Agency.
Havia uma grande expectativa de que o casamento
entre pessoas do mesmo sexo fosse abordado durante o sínodo da família, em 2015, mas não houve desenvolvimentos. Na altura, o
Vaticano vivia uma “guerra surda” entre as alas conservadora e progressista,
onde Francisco se insere. Nessa altura, o Papa afirmou que “não deve haver
nenhuma confusão entre a família desejada por Deus e outros tipos de união”.
“Penso que é um grande passo em frente”, disse
ao The Washington Post o
reverendo James Martin, que há muito defende o acolhimento de homossexuais na
igreja. “No passado, até as uniões civis eram olhadas de lado em vários
quadrantes da igreja. Ele está a pôr o seu peso a favor do reconhecimento legal
das uniões entre pessoas do mesmo sexo”, acrescentou.
Quando era arcebispo de Buenos Aires, Francisco
opôs-se aos planos do Governo de aprovar o casamento entre pessoas do mesmo
sexo, mas mostrou-se favorável a outro tipo de reconhecimento legal. No livro On Heaven and Earth, publicado
em 2013, o Papa não rejeitava a possibilidade de reconhecimento de uniões
civis, mas defendia que leis que “equiparam” uniões homossexuais a casamentos
são uma “regressão antropológica”.
As declarações de Francisco podem não marcar uma
alteração imediata da doutrina da Igreja Católica em relação ao acolhimento de
homossexuais, mas representam uma abertura e uma mudança de mentalidades. O seu antecessor, Bento XVI, descrevia a homossexualidade como um
“intrínseco mal moral”.
Em 2003, a
Congregação do Vaticano para a Doutrina da Fé, então chefiada pelo cardeal
Joseph Ratzinger, determinava que “o respeito pelos homossexuais não pode
levar, em caso algum, à aprovação do comportamento homossexual ou ao
reconhecimento legal de uniões homossexuais”."
Ora o documentário de que falam, e o catapultou para as primeiras páginas de todo o mundo, foi este:
Enquanto não
chega até nós, este documentário “escrito
e realizado por Wim Wenders, três vezes nomeado para o Óscar de Melhor
Documentário, ainda não tem data de estreia confirmada em Portugal, conforme revela
a NOS. O documentário foi agora exibido, fora da competição, no Festival de
Cannes, que decorreu naquela cidade francesa.
Mais do que um documentário biográfico sobre o Papa Francisco, este
filme é uma viagem pessoal onde as ideias do Papa e a sua mensagem são os
pontos centrais. Numa rara coprodução com o Vaticano, este documentário mostra
o trabalho do Papa Francisco e as suas respostas a questões globais dos nossos
dias, como a morte, justiça social, imigração, ecologia, desigualdade na distribuição
da riqueza, materialismo e o papel da família.
‘Papa Francisco – Um Homem de Palavra’ apresenta uma pessoa verdadeira,
que conseguiu ganhar a confiança de todas as tradições de fé e de várias
culturas em todo o mundo.
A 13 de março de 2013, o Cardeal de Buenos Aires, Jorge Mario
Bergoglio, torna-se o ducentésimo sexagésimo sexto pontífice da Igreja
Católica. É o primeiro Papa do continente americano, o primeiro do hemisfério
sul, o primeiro Jesuíta como bispo de Roma, mas principalmente, o primeiro Papa
a escolher o nome Francisco, tal como o Santo Francisco de Assis, um dos mais
venerados santos Cristãos, que dedicou a sua vida à “Santa Pobreza” e a um
profundo amor pela natureza e todos os seres vivos na “Irmã Mãe Terra”.
Este documentário é uma rara coprodução com o Vaticano, onde as ideias
do Papa e a sua mensagem são pontos centrais. Numa altura de grande descrença
nos políticos e nas pessoas em lugares de poder, quando as mentiras e a
corrupção fazem parte do dia-a-dia, “Papa Francisco – Um Homem de Palavra”
mostra-nos uma pessoa real que ganhou a confiança de todas as tradições de fé
em todo o mundo.”
E agora entro eu: bem sei que as
pessoas não se devem julgar pela sua aparência, o que é absolutamente errado e
só nos pode conduzir a um erro crasso, mas a imagem do último papa antes deste,
o Ratzinger, ia perfeitamente de encontro às suas posições e não nos convidava
nada a gostar do… sujeitinho. Tudo ali, no look, na expressão do olhar vago, na
postura corporal, ia de encontro com as suas ideias bacocas, quadradas, a
cheirar a mofo.
Por seu lado, este papa
Francisco, argentino, do Povo, amante de vinho, futebol e mulheres bonitas,
defensor de uma perestroika da igreja (como o Gorbachev teve para a União
Soviética), encantou-me desde a primeira hora em que lhe meti os olhos em cima.
Quanto mais conheço de si, da sua história, dos seus feitos, mais apaixonado
fico.
Nesta semana, como dizia eu no
início, Francisco entrou como se fosse um elefante em fúria numa loja da Vista
Alegre no Vaticano, proferindo e defendendo a ideia que os casais homossexuais têm
todo o direito em constituir família, em verem os seus interesses protegidos
através de uma união civil, e a serem tratados pelos demais como seres humanos
que são.
Francisco, com que me identifico
desde o início, tem muito mais a ver com Cristo, e os ideais do representante
de Deus na terra, que por todos nós morreu na cruz (quem não acredita na
Personagem, que pelo menos leia a História, e se recorde a partir do
nascimento de quem faz a contagem dos anos), que com a todo-poderosa igreja,
que foi constituída com base nessa fonte, mas que tantas vezes se deixa
adulterar, corromper por escândalos brutais que escandalizam o mundo inteiro, e
marcou tão negativamente a nossa história, bastando para tal recordar a negra
idade média e os tempos absolutamente terríveis da Inquisição
Este Francisco comove porque é
autêntico, é sincero, e antes de apontar o dedo, como Jesus jamais faria a
alguém (recordem o episódio bíblico quando a multidão enfurecida quis apedrejar
a mulher adúltera, e Ele a protegeu com o seu próprio corpo, colocando-se à sua
frente, enfrentando os agressores, dizendo que quem nunca tivesse pecado, que atirasse
a primeira pedra), sabe defender o AMOR, como força maior da natureza e do
nosso mundo.
É um Orgulho enorme ser seu contemporâneo,
jogar na sua “equipa”, e aguardo com enorme ansiedade poder visionar este documentário,
captado pela lente do maravilhoso Wim “Nas Asas do Desejo” Wenders.
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