Alice Lança Sobreiro. 4 anos e 4 meses.
Os dois a sós em casa a ver o Muck no inevitável Disney Channel, com a mãe e a mana fora em expedição à vila por causa da matemática. Um personagem gabava-se de conseguir ler as mentes.
- “Alice sabes o que é ler as mentes? Tu sabes o que são as mentes?”
Esclarecida, “Sei. As mentes são as pessoas que são mentirosas.”
De
tarde, na casa da avó Jacinta, entra zangada pela cozinha adentro:
-
“Avó, a Leonor chamou-me insuportável!!!!!”
- “Ó
querida, não fiques zangada, deixa lá que isso não é muito mau”.
Inconsolável,
- “Diz-me lá que nome é que eu lhe hei-de chamar para a zangar!”
Os
dois na cama hoje de tarde vestidos a ver o Disney Channel e a jogar tablet
enquanto a mãe e a mana (tão alta e tão bonita … como é que o tempo passa assim?!?!?)
foram à ginástica…
- “Pai,
já não tenho a bateria. Está-se mesmo a acabar! Já não a tenho! Depressa,
depressa!!!!!”
- “Calma
que o pai resolve já! (E gosta tanto de fazer o super-herói que desce as
escadas a voar)”. Regressado com o cabo, diz triunfante, mostrando-o: “Alice, eis
a nossa solução!”
Visivelmente
satisfeita, repentinamente se enche de
preocupação por se ter lembrado da suposta falta de alimentação.
“E agora pai?
Onde é que ligamos?!?!? Não há aqui nenhum choque!!!!”
Ontem à noite quando lhe lia pela enésima vez a história do Peter Pan, o meu herói de sempre, perguntou-me: “ó pai, onde é que ele mora?”
- “Ó filha, na Terra do Nunca onde está a baía das sereias, o barco do Gancho, o
crocodilo Tic Tac, a aldeia dos índios, a rocha da caveira, os meninos perdidos, tu já devias saber
isso. Já te contei tantas vezes...”
- “E
como é que se chega lá?”
Enfadado
pela repetição: “pó de estrela da sininho, segunda estrela à direita e sempre
em frente até ao amanhecer”.
-
“E ele conhece-te?”
-
“Se me conhece?!?! Ele é meu amigo!”
-
“E porque é que não veio aos meus anos?”
A
capacidade de argumentação também se acaba. “Tenho de ir ali fazer uma coisa…”
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