Se não se mexerem... é capaz de demorar... mas uma a um... vão! |
Hoje, com mais calma que os ânimos já
estão mais serenados, é altura de falar com o nosso tio-avô Cavaco. O homem não
pode estar bem. E não foi só de ontem. É certo que ter estado a querer cantar o
hino com aquela turba toda aos gritos não ajudou a sua (a)tensão em nada. Mas
ele já não andava bom. Há muito tempo. E eu já andava desconfiado só que não
disse nada para não assustar os credores que sei que são leitores assíduos do
meu blogue. Não há reunião da Troika que comece sem antes por aqui passarem
para saber se tenho novidades. O “Vendo o mundo…” e o facebook de Pedro
Sobreiro estão ao nível d’ “O Crime”, da “Nova Gente” e do “Dicas da Semana” do
Lidl. Obrigatórios para quem quer saber o pulsar do país.
Quando Cavaco disse que a 7ª avaliação
da Troika foi favorável por se ter sido a 13 de Maio e mais um milagre de
Fátima, achei que a coisa ia rebentar. Mas safou-se na autópsia. Depois disso
têm sido muitas e mais do que evidentes.
Quando se despediu dos jogadores, ao partirem
para o Mundial do Brásiu, pagou um almocito mas em vez da bela da feijoada, ou de
uma sardinhada que ali nos jardins de Belém, com tantas sombras para quem se
embezanásse (e se há lá gente com boa pinta para o fazer) poder dormir a sesta,
ou uma frangalhada assada bem regada com uns tintos que são bem tugas, mandou
servir uma “carne à bolonhesa”!?!?!? Desculpe? Se é bem verdade que os jogadores
precisam de comer hidratos, davam-lhe batata que estes pratos bem tugas têm
muita. Se não chegava davam-lhe supositórios de hidratos. O Veloso e o Meireles
têm ar de quem não se preocuparia muito com o negócio. “Carne à bolonhesa” não
lembra a ninguém. Pior só um “Arroz à Valenciana” servido à moda de Sevilha.
Pode estar bem? Não pode!
Por falar nos vizinhos, o rei de
Espanha tem mais um ano e já decidiu bater asa. É certo que o monarca toda a
vida se meteu em caçadas de animais de grande porte (do peito para cima)e da fama de Onassis não
se livra, enquanto que o nosso Aníbal venera a sua Maria que tem mesmo ar de
quem dá ordens lá na casa. Mas ele já tem idade, vá. E não vai ter tempo para
fazer muita coisa já. Há que definir prioridades.
Aníbal, eu se fosse a ti mudava o
hino, pá! Este é velho, está desatualizado e já não vai tendo jeito de nada.
Aníbal, o teu tio sabi explica:
Como sabes, o hino nacional é um
símbolo nacional, como tu, mas é mais antigo uns anitos. Tem a ver com o
ultimatum dos ingleses e como se tornou marcha dos revoltosos, até foi proibida
pelo regime monárquico. Só com a implantação da república é que se oficializou
e desde então, é presença certa em tudo o que é de Estado. Tem música de Alfredo
Keil que até nem está mal de todo mas o problema é a letra do Henrique Lopes de
Mendonça que está do mais destualizado que possas imaginar. Eu explico:
Alfredo Keil: antigo |
Henrique Lopes Mendonça: mais antigo ainda |
Senão vejamos e analisemos, os dois:
A Portuguesa
Heróis do mar(está
certo porque fomos mesmo, já dividimos o mundo ao meio com os espanhóis no Tratado de Tortesilhas), nobre povo,
(já não somos lá muito nobres, vendemos os dedos e foram-se os
anéis),
Nação valente (isso
sim! com eles no
sítio!),
imortal (isso não. Todos morrem e a gente também
não fica cá para semente),
Levantai hoje de novo (outra vez?!? Só com Viagra!)
O esplendor de Portugal! (tá correto e tá bonito)
Entre as brumas da memória (onde não se deve ver um palmo à frente do nariz),
Ó Pátria, sente-se a voz (sente-se a voz?!? Não ficaria aqui melhor o ouve-se?)
Dos teus egrégios avós (egr… quê?),
Que há-de guiar-te à vitória! (conduzir—te não ficaria melhor? È que guiar-te faz
lembrar um volante)
Às armas, às armas! (Isso já não se usa. Ainda se fosse Aos mísseis, Aos
mísseis)
Sobre a terra, sobre o mar, (todo o terreno, portanto)
Às armas, às armas! (ver duas linhas acima)
Pela Pátria lutar (lutar q.b. que isto não está para lutas. Há muita fome)
Contra os canhões marchar, marchar! (marchar contra os canhões? É capaz de dar barraca)
É certo que ficar sem hino não dá
jeito nenhum e eu já te arranjei um substituto. Uma música que verdadeiramente
diz e define o que é ser português: “Desfado”, cantado pela Ana Moura. A intérprete
é um exemplar belíssimo da raça lusitana (feminina… calma!) e impõe-se por si.
Enquanto estiver dentro do prazo (e ainda tem muitos e bons anos pela frente)
evitaria que ao hino se sobrepusessem outros temas que roubassem protagonismo ao
nosso tema nacional. Dou-te um exemplo: evitar que o Paulo de Carvalho fosse de
brinco para a Assembleia da República cantar o “E depois do Adeus” que serviu
de senha para os militares do 25 de Abril. Para já, o rapaz já não canta nada,
depois vai para lá fazer show-off e não dignifica nada em nada, pá. Apanhar a
Ana ali de vestidinho justo e de cavas, era outra música, dava outra solenidade,
não sei se estás a ver.
Se a interprete é do melhor e está a um
nível que a Amália nunca esteve nem mesmo nos tempos áureos porque sempre bebeu
muito, a estrela da companhia é a letra do tema. Nunca vi, nunca conheci, nunca
imaginei um tema que pudesse dizer tanto sobre o que é ser português em meia dúzia
de linhas. Um portento. Uma verdadeira obra-prima. O Pedro da Silva Martins é
conhecido como sendo um dos barbudos dos Deolinda. Aquilo é tudo primos e
família, mas não é nem o dos óculos que está casado com a donzela, toca
contrabaixo e é imberbe, nem o outro da guitarra. É um que parece o D’Artagnan
e o cachopo merecia uma medalha dessas que tu dás no 10 de Junho. Este ano já
vai tarde mas pensa nisso pró que vem.
https://www.facebook.com/pedrodasilvamartins2?fref=ts |
Vê o vídeo, lê a letra, pensa no poema
e diz-me lá se não tenho razão. Cada palavra tem um sentido, cada verso é
poderoso. Podes comentar utilizando a caixa do meu correio sentimental que vem
no cabeçalho do blogue para o fazeres. É sigiloso.
Aníbal, um abraço e lembra-te que há
coisas sempre piores que podem acontecer. Lembra-te do Relvas a cantar “o povo
é quem mais ordenha” quando foi interrompido por manifestantes numa
universidade qualquer onde estava infiltrado. Mais uma…
Admira isto:
E diz assim (e está tão perfeito que
nem toco em nada nem anoto):
Quer o destino que eu não creia no
destino
E o meu fado é nem ter fado nenhum
Cantá-lo bem sem sequer o ter sentido
Senti-lo como ninguém, mas não ter
sentido algum
Ai que tristeza, esta minha alegria
Ai que alegria, esta tão grande
tristeza
Esperar que um dia eu não espere mais
um dia
Por aquele que nunca vem e que aqui
esteve presente
Ai que saudade
Que eu tenho de ter saudade
Saudades de ter alguém
Que aqui está e não existe
Sentir-me triste
Só por me sentir tão bem
E alegre sentir-me bem
Só por eu andar tão triste
Ai se eu pudesse não cantar "ai
se eu pudesse"
E lamentasse não ter mais nenhum
lamento
Talvez ouvisse no silêncio que fizesse
Uma voz que fosse minha cantar alguém
cá dentro
Ai que desgraça esta sorte que me
assiste
Ai mas que sorte eu viver tão
desgraçada
Na incerteza que nada mais certo
existe
Além da grande incerteza de não estar
certa de nada
Já que chegámos à conversa e para
ultimar, Aníbal, sem te querer chatear, quero dizer-te que essa de entrares nas
selfies com a selecção é coisa que não te dignifica e que te deverias aplicar
mais na escolha dos rapazes que vão representar as nossas quinas. Para já,
todos deveriam de ter um bigode ou uma barba, pelo menos, para homenagearem o
Camões. Depois não deveria de haver por lá tatuagens a não ser como as minhas
que são andorinhas, tipicamente portuguesas e hábito de marinheiros. Nada de
tatoos: “Kátia Vanessa amo-te”.
Isto para não falar daquela coisa chamada
Raúl Meireles que parece um índio mohicano raçado de Variações que não lembra o
diabo. Mas que raio de cabelo é aquele?!?!? Tem cuidado nisso, Aníbal. O Ronaldo está bem. Alinha-os por aí. Tem
muito músculo. Mete-os a encher.
Adeus,
Dom Pedro
Alentejano marvanense beiranense
arenense
Sem comentários:
Enviar um comentário