quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Que força é (essa) aquela?

Abdelhamid Abaaoud, 27 anos. O cérebro dos atentados


Enquanto o mundo tenta reagir, atordoado, ao choque profundo dos recentes trágicos atentados em Paris; enquanto as fotos de perfil do facebook se pintam com as cores da bandeira francesa e os muitos murais se pintam com posts alusivos a essa cidade grandiosa, pela história e pelos muitos milhões de habitantes (tantos quanto em Portugal); enquanto as polícias se volvem loucas, revirando o mundo à procura do cabecilha dos atentados, um miúdo quase imberbe de sorriso palerma; enquanto muitos se envolvem em teorias da conspiração sobre quem financiou, e armou, e o que é o Estado Islâmico… eu penso. Reconhecendo a importância de todos estes comportamentos, como forma de acusar (os terríveis atos) e motivar para a erradicação deste tipo de comportamentos, eu limito-me a lamentar, em silêncio, as mais de 120 vidas que se perderam.

Ouço, leio e penso. 

O  Sheick David Mounir, líder islâmico no nosso país, deu uma entrevista que muito me elucidou e ajudou a tomar posição perante o que nos choca a todos. Claro, frio e muito cerebral, desmistificou e tornou óbvio o que pode parecer complexo.

Duas ideias que convém reter do muito que disse:
1 – Estes homens e os seus princípios nada têm a ver com a essência do Islão, que é um espaço de bem. São danos colaterais. Ruído.
2- Os refugiados não são terroristas. Também fogem desta realidade que está na sua terra.




É importante que todos compreendam que estamos perante não uma força, não uma ideologia, não uma religião, mas perante o mal. Algo tão antigo como o homem. O mal que se apodera de corpos jovens, franzinos, de passados dúbios e os conquista para o seu lado.

Que força é essa?

Que força é essa?

Que força é aquela?

Que força é a que faz um homem explodir no meio de inocentes, matar como quem respira, deitar tudo a perder, pensando que tudo tem a ganhar? Que coisas espera depois da morte? Que feitos se vê alcançar assim?





Cresci num mundo que teve duas grandes guerras mundiais. Duas conflitos que envolveram países de todo planeta, em que morreram muitos milhões de inocentes. Mas eram guerras com tanques, como homens. Depois veio a guerra do Iraque e mexeu-se com a região e os homens mais perigosos do mundo, por nada terem a perder e tudo a ganhar. Esta guerra que nestes dias temos vivido é mais letal porque é silenciosa e dorme ao nosso lado. No bairro ao lado. No nosso bairro.

A união entre os povos, mesmo os que sempre viveram de costas voltadas, numa guerra sem tréguas, com bombardeamentos massivos nos campos de treinos identificados, será o caminho certo para a humanidade se proteger contra a barbárie. Mas as quebras e desconfiança irão começar a minar a cooperação e as indústrias (do petróleo, gás natural e armamento) vão acabar por rasgar aquilo que o tempo recente ainda não permitiu sedimentar.


O mundo das minhas filhas jamais irá ser tão tranquilo como o meu.

 E eu lamento.

Rezo.
 Todo o dia a ecoar dentro da minha cabeça
E penso.

Que força é aquela? Como combatê-la?


Um belíssimo artigo do jovem do meu tempo do liceu de Portalegre que ainda viveu na mesma casa que eu em Lisboa, à praça de Londres. Na altura estudava no técnico e eu jornalismo. Hoje sou técnico e ele um afamado jornalista e opinion maker. A vida. Já não se lembrará de mim, mas eu, nunca lhe sendo muito próximo, lembro-me bem do "chefão", como então era conhecido. Muito bom, o texto.

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