Cavalo? Homem? Certo! |
Extraorinário alinhamento de blocos de granito. Nota ++ |
Eu
pensei muito bem, se teria mesmo de escrever isto mas… acho que sim. Devo-o à
liberdade, aos capitães de Abril, à democracia em que vivemos. Devo-o porque vivemos
em Portugal, num regime que permite que uma besta como eu, tenha o direito de
dizer o que entende, sobre o novo monumento de Marvão: uma escultura do mestre
João Cutileiro, sobre Ibn-Maruan, o rebelde muladi (cristão islamizado) que ali
construiu a primeira defesa, sobre um castro pré-romano, ou visigótico.
Ele,
o João, que me desculpe, mas cá vai:
1.Introito à exposição que se
segue: há quem defenda que a arte não se discute. Ora, dá-se o caso, de por
acaso, este que vos escreve não se encontrar nessas fileiras. Quem produz arte;
seja mais, ou menos elaborada; mais ou menos percetível, tem de estar sempre
sujeito à opinião dos outros. Quem produz, expõe-se. Tome-mos o ridículo de
falar sobre este meu miradouro. Podem-me dizer o que quiserem sobre o meu
blogue, as habituais críticas e mais algumas inventadas em cima da hora, que eu
não me apoquento nada. Enquanto tiver gente que por aqui passe por este
miradouro para o mundo; para o ver com os meus olhos; que comigo comenta isto,
ou aquilo que escrevi; estou feliz e bem. Claro que nunca pretendi que
concordassem com a minha visão. Apenas quis, sempre, desde a primeira hora,
agitar as águas, fazer pensar, questionar, e conseguir resolver-me, fazendo-o.
Pode ser esquisito. Mas é enorme. E lindo. Expressa o horror e a guerra, de uma forma perturbante. |
Tudo isto é poesia visual para mim. Amo tudo. Rembrandt. |
João
Cutileiro é um artista octogenário respeitado em Portugal e no mundo. É uma
referência incontornável na escultura, também conhecido por “mestre”, que isto
não o é quem quer, mas só quem o consegue.
Como
podem ler aqui https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Cutileiro,
(por sinal, peço que ajudem a Wikipédia, façam um donativo para que não morra),
nasceu em Lisboa, mas está muito ligado a Évora, terra que ama como sua (a mãe
era oriunda daquelas bandas), e à qual já decidiu legar isto http://rr.sapo.pt/noticia/48121/evora_recebe_heranca_de_joao_cutileiro.
Há
dias, estava eu a beber café após o almoço, olhando em redor, e dei comigo a
pensar, “hum… este velhinho parece mesmo o João Cutileiro”. Mas depois, o
senhor começou a murmurar baixinho, num estrangeiro quase impercetível, para a
senhora que estava junto a ele. Aí, eu, pensei: “naaaaaa… estás sempre a ver
filmes”.
Mas
depois, já nem me acordo muito bem como, a conversa veio à baila, e alguém
falou na escultura nova do Ibn Maruán, criada por ele, o mestre. Sorri e pensei
que, afinal, o Drocas não está assim tão senil.
“Mas
onde é que fica?... Ai sim?... E quanto tempo demorará a ser terminada?”, estas
foram as minhas perguntas, até que na sexta passada, antes de sair de mergulho
para o fim-de-semana, reparei numa “coisa” nova ali como quem vai para o
castelo.
-
Olá! Cá está ela!
Desamontei-me
do meu alão azulado Caguincha, e fui inspecionar.
Epá…
aquilo é… digno de, se pensar em.
Para
já, é muito difícil perceber-se que aquilo, na realidade, é uma escultura. Mais
ainda, que é de uma pessoa. Quase indecifrável é então, conseguir dizer, de
quem poderia ser. Se isto fosse uma pergunta para queijo do Trivial Pursuit,
era coisa para ser um queijorro. Se fosse no “Quem quer ser Milionário”, ou num
daqueles concursos de trazer por casa, com perguntas de pacotilha, nos canais
generalistas, ficaria sem resposta.
Aquela
maltinha que costuma estar a ver a televisão à noite, em esplanadas de cafés,
enquanto vai atirando respostas e palpites, para ver se tem sorte e consegue
impressionar os outros, ficaria banzada com a dificuldade.
A
pergunta poderia ser: Diga quem é representado nesta nova escultura de Marvão?
1-
Carlos
Cruz, apresentador de tv, acusado de pedofilia
2-
Herberto
Hélder, o poeta (e louco?)
3-
Eusébio
da Silva Ferreira, bom de bola
4-
A
Popota, artista fofinha dos hipermercados, que também dá concertos
5-
Nenhuma
das de cima. Aqueles blocos foram ali deixados cair, ao acaso, por um camião da
Singravona, de Alpalhão, ao fazer um transporte
Ao
admirar a nouvelle oeuvre d’art, pasmei. Como é óbvio, não perdi a oportunidade
de tentar saber, se seria eu, um caso isolado. Passavam uns jovens, saídos do
monumento-mor, o verdadeiro castelo, e interpelei-os:
-
Jovens, olá! Será que vos poderia pedir a vossa opinião, sobre o novo monumento
de Marvão?
(Risos
e silêncio) - Novo monumento?
-
Olhai bem à vossa volta. Eu espero. (zero placas identificativas, rien de rien.
Mesmo à moda do nosso edil camarário. Ou seja, uma merda.)
-
Não estamos a ver.
-
Bom, sendo assim, eu ajudo. Está ali uma estátua dedicada ao fundador de Marvão.
Ei-la. (apontando)
-
Aquelas pedras?!?
-
Olhai bem, e atentai. Quem a fez é conhecido por mestre, é conhecido em todo o
mundo, muito famoso e conceituado.
-
Eeeeehhhhh
-
Não me digam que não vos bate nada... (como se fosse um cacete de erva)
-
Epahhh…
-
Visitaram o castelo, certo?
-
Certo.
-
Presumo que gostaram. Tá bonito, não está?
-
Muito.
-
Agora têm direito a este extra. Podem passar o tempo que quiserem, ali
sentados, a admirá-la. Podem tirar selfies, enviar hangouts a amigos, postar no
face.
-
Ehhhhhhhh (com o ar de quem não achou piada nenhuma à ideia)
-
Não me digam que se eu não vos tivesse dito nada, nem sequer reparavam…
-
Ahhhhhhhh Há ali muitas pedras e… aquelas… confundem-se.
-
Oh. Percebi. Obrigado pela vossa colaboração. Isto não é para os apanhados, ok?
Não há câmaras escondidas. Apenas quis saber a vossa opinião, sabem? Ao acaso. Eu
também estudei, como vocês. Sou mais que licenciado, porque tirei uma
pós-graduação em Gestão Autárquica, quando era vice-presidente desta câmara de
Marvão. É que já fui vereador da cultura, supostamente teria de ser um
dinamizador da área e, conhecendo como conheço, do pouco que conheço, a obra do
senhor, dificilmente lhe pediria que aqui deixasse a sua arte. Pedras já cá a
gente tem com fartura, não acham?
-
Ehhhhh…
Da obra do Cutileiro, este D. Sancho I, frente ao Castelo de Torres Novas... ainda vá, que não vá mas, aquila podia ser outro rei qualquer, digo eu. Com barba e coroa, metade da batalha tava ganha. |
Epá... o 25 de Abril, aqui... Tá difícil! E o Otelo fica aonde, pá! |
Ouve lá! E o marquês do Pombal aqui, em Vila Real de Santo António, está... potente! |
-
Mas não conseguem ali vislumbrar nenhuma figura?
Nisto
diz um cachopo, tão engraçado: “há ali uns bocados que parecem uns ursinhos
fofinhos.”
LLLLLLLLLLLLLLLLOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL
-
Eu só queria ter a certeza que não estou a ficar (mais) maluco. Por isso falei
convosco. São daqui?
-
Ah... estes são meus amigos, mas o meu pai é do concelho de Castelo de Vide.
-
Será que conheço?
-
Ahhh… Não sei. É o Tiago Malato.
-
Ah, claro que conheço! Bom homem. Todo dinâmico, esperto, bairrista, amante da
Castelo de Vide e da política. Dá-lhe lá um grande abraço meu, tá bem?
E
prontos, estamos nesta fase em que esta “coisa”, vai cá ficar. Não tenho muito
tempo, nem me quero estar a ralar com o assunto, mas de verdade que gostaria de
saber quem foi que pagou por isto, de que forma foi realizado, se foi uma oferta
(para lhe limpar-mos o quintal), ou se foi por adjudicação direta (como fazem
quase em tudo, nesta época de caça desenfreada pelo voto).
Eu
dava era um dedo mindinho, até poderia ser um indicador, para poder ter
assistido ao momento em que o artista, e o interlocutor (ligado a Évora, claro
que imagino quem seja), retiraram o véu e os responsáveis pelo município,
puderam, boquiabertos, admirar a obra, assim ao primeiro impacto. Deve ter sido
um momento único. Aqueles queixos devem ter ficados boquiabertos, pasmados com
tanta beleza.
Se
tivesse sido o senhor presidente, homem de cultura, que puxou para si o pelouro
nestes últimos anos, só queria ver-lhe a cara. E tirar uma selfie com ele,
nesse instante.
O
homem sabe. Muito de tudo, e de cultura, sobremaneira. Quem pudesse tê-lo visto,
num dos concertos de música clássica do castelo, no último festival, ficaria
admirado com o grau de conhecimento que apresentava, das obras ali
reproduzidas. Era vê-lo abanar a cabeça ao ritmo do compasso, e dizer que sim,
era menear-se todo como se estivesse a curtir o “Pelos caminhos de Portugal” do
Mário Gil. Muito bom. Dava gosto. E orgulho. É o meu presidente!
Se
fosse o senhor vice-presidente… ahhh… também gostava, mas era só de ver. Sem
mais comentários. Mas quem é que é tão parvo que não conhece, o profuso passado
e ligações do Sr. Vitorino com a escultura? Pelu amôôôôôôôôô^rrrrrrrrrr dji Deuuuuuuuuuuuuuuuuussssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss
Mas
também aqui, vos ponho à vontade. Se tivessse sido eu naquele lugar de
vice-presidente/vereador da cultura (o que muitos dos meus denegridores, dizem
que é o combustível que me alimenta o mal estar… tansos!), eu teria de fazer
das tripas, coração; e teria de lhe dizer, ao próprio, que não podia ser.
Arranjando uma forma delicada de não lhe ferir o estatuto, a dignidade, o
historial, meteria as questões políticas ao barulho e tentava sair de fininho.
Mas
será que na minha terra, não há ninguém capaz de lhe dizer, que o reu vai nú?
Os
espanhóis de Badajoz, filhos do mesmo pai, nossos irmãos na fundação, também têm
lá, na parte alta, na zona mais antiga da cidade, uma escultura de homenagem ao
fundador.
Mas porra! A gente olha para isto, é como quando estamos a olhar para a imagem, daquele que pode ter sido Jesus Cristo. A ter nascido naquela zona do médio oriente, naqueles anos tão idos, há 2017 atrás, deveria mais ser um homem baixo de tez escura, de barba preta e cabelos pretos, como eram quase todos os daquela área; do que um lindinho louro, de olhos azuis, como o viu o realizador italiano Franco Zeffirelli.
O do Zeffirelli era mais... angelical. Toda a cena da cruxificação deve ter tido uma violência brutal! |
Ahhhh. Era capaz de ter sido mais assim... não acham? |
Agora, comprar a maneira que o mestre Cutileiro o viu, com aquela que os espanhóis o viram; nem sequer é comparar o Jesus Cristo como pode ter sido de verdade, com o do Zeffirelli. É… um desastre! De um camião da Singranova, cheio de experiências de novos alunos dos cursos de cortar pedra, que ali teve um acidente, e se virou.
Há
4 forças que se perfilam na corrida das eleições municipais, com suposto peso
(isto se o camarada Carvalhas, não pressionar o nosso Caldeira Martins):
-
o Partido Socialista;
-
o CDS/PPM, que apoiam o renegado José Pires, hoje estrela das paletes (sorrindo
numa curva perto de si), que se faz passar por uma candidatura independente,
que não o é (o habitual nele, portanto. Perito em fazer o filme, render o peixe);
-
a verdadeira candidatura independente “Marvão para Todos”
-
os que lá estão. Os tais. Os coisos,
E
eu só peço muito, nos pedidos que faço, para que isto mude. Mesmo. Por favor. Para
que haja diálogo e possamos sair desta tenebrosa idade das trevas, em que
vivemos.
RENASCENÇA
JÁ!
3 comentários:
Estive em Marvão há uns dias atrás e visitei o castelo, o que quer dizer que passei pela escultura, mas não a vi, o que revela a importância que ela teve para mim, ou seja, nem reparei.
Um abraço
Gabo a paciência e disponibilidade sempre tida para estes testamentos só quem não tem vida própria perde o seu precioso tempo apreciar e criticar o trabalho dos outros!
As eleições estão ganhas!!!
Gabo a paciência e disponibilidade sempre tida para estes testamentos só quem não tem vida própria perde o seu precioso tempo apreciar e criticar o trabalho dos outros!
As eleições estão ganhas!!!
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