segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

As (muitas) alcunhas de Marvão

A mesa de honra, com Dr. Jorge Oliveira, o presidente Luís Barrradas, a Dra. Teresa Simão, e o Dr. Fernando Mão de Ferro, homem forte da editora Colibri, a nossa editora de Marvão!

O belíssimo trabalho do nosso  Prof. Hermínio Felizardo, a dar rosto à obra


Vamos sendo cada vez menos por aqui, e isso dói. Disso falava com o meu amigo Hermínio Felizardo, autor da capa (belíssima) do novo livro da Senhora Professora Doutora (ó fachavore, que o respeitinho é muito bonito) Teresa Simão. Pois esta Senhora que para mim há-de sempre recordar-me a rapariga bonita, muito espevitada e dona do seu nariz que apanhava nos Alvarrões, o autocarro onde eu seguia a caminho do liceu de Portalegre, quando ambos lá estudávamos, tem sido uma estudante e uma trabalhadora incansável num esforço que a levou ao cume da carreira da docência no nosso país.

Para além disso, tem desenvolvido um notável trabalho de pesquisa e escrita na Universidade de Évora, bem como sobre as nossas tradições e memórias (“Dicionário do falar raiano de Marvão”, “O falar de Marvão – pronúncia, vocabulário, alcunhas, ditados, e provérbios populares” e “Marvão, à mesa com a tradição” com as suas amigas Adelaide Martins, e a sempre incansável Mila Mena), numa prova de amor à terra sem par. Desta vez, “mandou-se” às alcunhas, aos anexins, à forma como o povo batiza os seus pares, neles destacando uma caraterística física, por vezes um erro de pronúncia, ou outra falha que ficou no goto dos outros e passa a ser mais identificativo que o próprio nome.



O Doutor Jorge de Oliveira, outro Doutor mesmo a sério (nesta santa terrinha, temos poucos, mas bons) que escreveu o prefácio e apresentou a obra, realçou precisamente a importância destes nomes batizados pelo povo, não só na nossa zona, como do outro lado da fronteira, tendo relatado a sua experiência em Cedillo, onde por andar sempre a estudar as antas, ficou o “Jorge de las tumbas”, ou “Mamute” em Portalegre, por um deslize numa aula, que ele incorporou com nível (tendo até desenhado um nas costas de um blusão).

Pois numa inconfidência que deu largas a uma grande gargalhada da visada, demonstrando enorme fair-play, a nossa “árvore de Natal”, como os alunos de Évora a passaram a conhecer por andar sempre tão bonita e arranjada, com brincos, colares e outros enfeites; deu em seguida algumas explicações sobre a génese da obra, e sobre a sua estrutura.

Cá está! O entrada de Sabi...

Daquilo que pude analisar quando caiu no meu regaço, à queima-roupa, vi logo que a obra é completa, exaustiva, e de grande alcance, porque também a minha, que passou para o meu irmão, também foi contemplada. Ademais, até aconteceu um fenómeno muito engraçado, que foi a apropriação da génese pelo colateral do 2º grau. Por vezes, quando falava com putos da idade do meu irmão (menos 6) pela primeira vez, em Portalegre, eles, a certa altura, sorriam e diziam: ah… que fixe, afinal, tu és irmão do “Sabi”! (lol), ao que eu respondia, rindo: NÃO, BÉBÉ! EU SOU O SABI, THE ONE AND ONLY! THE REAL THING! O que tu conheces, é uma imitação da loja dos 300 (havia muitas dessas naquela altura), mas não é o real produto, até porque esse é lagarto, e o verdadeirro Sabi tem de ser do glorioso!

Ainda hoje, por alguns amigos de longa data de aqui, e sobretudo quando vou a Portalegre, ouço mais chamar Sabi, que Pedro.

O primeiro cartão de estudante de Castelo de Vide, que marcou o nascimento do Sabi, que na verdade veio de Sabichão (por estar sempre de resposta na ponta da língua e de tudo querer opinar. Diziam eles, com  desdém.."eh,eh, elha o Sa-bi-chão!"). Dali passou para gelados Sabiá, cujos autocolantes colavam nas minhas pastas, e finalmente, por ser mais prático e fácil de dizer, Sabi!
Et voilá!

Pois nesta obra lá vem o “Chico da Blúsa”, o “Chocolate”, o “Banana”, o “Bomba”, o “Zandinga”, o “Romanijnga”, o “Voltinhas” e tantas outras. Como foi referido, a obra estará sempre sujeita a atualizações, e nisto falou-se que o “Babosas”, como batizou as imperiais no “Choca”, na próxima edição não pode lá faltar. Até deu um bom discurso, como sempre, um pouco por contra vontade, porque não queria, o gajo; mas que teve de ser porque se estava na sede do clube do qual é presidente.

Eu achei tudo bom e belíssimo, mas com a minha maneira de ser, eu propunha à Teresinha era que houvesse uma edição especial, com as fotos dos bízaros, que enriqueceria ainda muito mais este testemunho dos nossos tempos.

Muitos parabéns!



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