domingo, 20 de dezembro de 2020

Cantar de galo (Gil Vicente - 0 / Benfica - 2)

Do único génio que consegue olhar a "coisa" do lado certo:
a gozar com ele! (JJ BÓCE) 

Porque é que será que acho sempre, sempre, mas semprinha mesmo, que os outros treinadores, os da equipa adversária, viram o mesmo jogo que eu, e esta puta não?!?!?!?!? AHAHAHAHAHAHAHA🤣😂🤣😂🤣😂😂😂😂🤔🤯🤮🤮🤮🤮🤮

Bom, isto cá para mim, (que para os meus amigos que percebem de bola, acham que eu não percebo nada de nada, os burros!! 😜) foi assim:


Ganhámos por 2 a 0 com uma caga do catano, porque os galitos de Barcelos fizeram muito mais para saírem vencedores, que nós! Bem, os gajos tiveram mesmo um galo do catano, porque tiveram 3, ou, 4, ou 5, ou 6 oportunidades para marcar, que eu cheguei a perder-lhes o conto! 

Para já, expulsaram um jovem deles, e bem, o pobre, por duplo amarelo, e tivemos de jogar, grande parte do tempo contra 10, mas quase nunca se notou qiue tinham menos um, antes pelo contrário! 

Para que assim não tivesse sido, tivemos um SUPER VLACHODIMOS que... meninos!!!!! defendeu TUDO!!!!!! Aquela merda parecia um tiro ao palhaço!!!! Impecável!


Depois, tivemos a trave, leite mesmo, e a boneca do JJ deve ter saído de lá com as fraldinhas cheínhas de sarroadas!!!!🤔🤭😳😲💩


Tanto azar tiveram, os pobres, que no nosso primeiro golo, a bolinha cabeceada pelo nosso Cebolinha, ia, às pinguinhas, para as mãozinhas do guarda-redes (que já estavam abertas para a receber)... quando foi desviada pelo malogrado defesa deles, que eu eu fosse presidente dos de lá, mandava-o passar a noite a ser chicoteado, e era pouco!!!! 😬💪


Vá lá, vá lá que no segundo, minutos depois, o nosso Pizzi, meteu para o Esferovite que fintou com um pé, no canto de lá, e centrou com o outro, para o outro poste, em balão 🙄🧐, direitinha para a cabecinha do nosso Cebolinha, outra vez, o meu amor. (daí ser o homem do jogo! E bem! 🥇🏆


Prontos, e assim se fez, a morte do maltez: nós com mais bola, mas eles muito mais acutilância; nós com mais cagança, eles com muito mais verdade. 


Ricardo Ribeiro, o jovem treinador deles, um ano mais novo que eu (46), deu uma lição de clarividência, leitura de jogo, amor ao desporto e à modalidade, compreensão perante as injustiças da vida, e da tragédia desta modalidade (em que se passa de bestial, a besta num segundo), quando a nossa besta fez o mesmo de sempre: foi buscar os holofotes que virou todos para si, o fato de lantejoulas, e tomou um banho de vaidade e sobranceria, como é nele habitual.


Analisando um jogo que só ele é que viu, referiu-se ao treinador  da outra equipa como... o treinador da outra equipa!🤭😌🙄😳😬🧐🤬😠😡😠 Nem sequer disse o seu nome, tal foi o desdém! 

Ai mas c'a granda caramelo!!!!! Vai com esta equipa (e defesa!) jogar contra o Porto na quarta, vai, que hás-de mamar poucas, hás-de!


E o meu colega jornalista perguntou-lhe assim, o pobre: "se disse que este jogo era mais importante que o 1° troféu do ano que vai disputar na quarta (que vai jogar, repescado, com o Porto, porque eles é que ganharam tudo, os dois troféus, Campeonato e Taça de Portugal!!!! 🤭😬😂🤣😂🤣😂🤣😂🤣😂), porque é que não jogou com o Rafa, com o Otmende (😅🤣😅🤣como ele diz), o Gabriel, e outros titulares? Resposta do bízaro: PORQUE EU É QUE ESCOLHO! JOGAM ESTES E NÃO OUTROS... PORQUE EU É QUE ESCOLHO!!😅😂😂🤣😂😅😂🤣Sem mais, nem mais! CHUPA!


Era o que mais faltava ganhares aquela merda! (quando não ganhaste nenhum troféu que garante um lugar na disputa! Um Benfica feito à minha medida, nem ia disputar o troféu! Juro! Aquilo não é nosso!


Agora... não me faças ver aquilo a torcer por quem merece, quando não somos nós.

Rapaz, faz-me um favor: VAI PRÓ BRAAAAAAAASSIIIIIIIIILLLLLLLLLLLLL!!!!!! Ou para a p8t@ que te p@ryu!!!!!!!! (que também dá!!!!
Obrigados) 


Nota de rodapé: o jogo em casa, à lareira, analisa-se com mais calma, recate e outro detalhe. Mas Benfica, Benfica, eu prefiro vê-lo no meu Choca (isto é, Pastelaria Caldeira), a malhar babosinhas, mesmo que possamos cair no risco de perdermos um lance por estarmos a pedir tremoços, ou apanharmos uma companhia mais faladora. Eu cá gosto mais, prontos! 🍻⚽🏟️😁🎉🎈🎊

domingo, 13 de dezembro de 2020

Vergonha e orgulho

 


Mesmo assim. Por esta ordem: primeiro vergonha, depois orgulho.

 

 

A vergonha…

 

Ihor Homeniúk aterrou em Lisboa no dia 10 de março às 11:00. Vinha de Istambul e foi imediatamente parado na primeira linha de controlo. Sete horas depois, sem a presença de advogado, terá declarado que vinha trabalhar. Não tinha documentação válida e foi-lhe recusada a entrada em território nacional.

Como só falava ucraniano, a tradução foi feita por uma funcionária sem habilitações, uma vez que o inspetor do SEF não falava a língua. O Ministério Público coloca a hipótese de Ihor nunca ter declarado que pretendia trabalhar em Portugal e que apenas teria vindo em turismo, o que significa que estava isento de visto.

O regresso a Istambul estava previsto para as 16:00, mas por motivos que não são conhecidos, ter-se-á recusado a viajar. Terá sido algemado com fita adesiva à volta dos tornozelos e braços por dois vigilantes de uma empresa de segurança até que os inspetores do SEF chegassem.

Dois dias depois foi declarada a morte. Teria estado 15 horas manietado, com fita cola e algemas, as calças pelo joelho e a cheirar a urina.”

 

O Estado que somos todos nós, que nos alberga, nos protege, nos dá guarita, para o qual trabalho, me alimenta a mim, à minha mulher e às minhas filhas, que nem sempre é a pessoa de bem que todos gostaríamos que fosse… por vezes, tantas vezes, vezes demais, envergonha-me.

 

Perante o triste e trágico sucedido acima relatado, em primeiro lugar, culpo-me a mim próprio. por ter calado, por não ter reclamado assim que soube, por ter ido na carneirada, por ter deixado. O impecável Bernardo Ferrão, da SIC, diz que essa atitude foi muito provocada pelos tempos atípicos que todos vivemos, por nestes dias, não sabermos muito bem onde colocamos os pés. Mas eu, que tenho esta culpa imensa de me ter calado, não me consigo perdoar.

 

O meu país, onde tenho a honra e o orgulho de viver, um Estado de Direito, democrático, no continente mais civilizado, moderno e organizado, não pode permitir que este tipo de situações aconteçam.

 

Este homem que vinha de fora à procura de um futuro melhor, e a desbravar o caminho para poder trazer consigo a sua mulher e filhos menores, não merecia um final assim. Nem os animais merecem um tratamento de tal forma inclemente e humilhante.

 



A decisão de recusa de entrada de Ihor Homeniúk em território nacional, tomada a 10 de Março deste ano, no dia em que chegou a Portugal num voo proveniente de Istamul, foi da direção nacional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), delegada no aeroporto da capital, e o principio do fim, o começo e final de um filme de terror que acabou em tragédia.

 

O então diretor de Fronteiras, Sérgio Henriques, demitido a 30 de março, após ter sido noticiada a morte de Ihor e a suspeita de homicídio que impedia sobre três inspetores (desde 30 de setembro acusados do mesmo), tratou o sucedido nas respostas à Inspeção Geral de Administração Interna como uma mera questão burocrática - admitindo que não delegara a competência, mas que os inspetores de turno podiam na mesma recusar entradas, ou que era esse o "costume" - transformou a detenção de Ihor no Centro de Instalação Temporária do aeroporto de Lisboa, onde veio a morrer, no crime de sequestro, na opinião de juristas com os quais concordo.

 

O orgulho!

 

Neste episódio escabroso, quando as forças que nos governam calaram, ou deram os pêsames à família do defunto de boca fechada, foram os jornalistas, essa classe tão fundamental para que a democracia funcione, o ar seja respirável, e o futuro viável, que colocaram os pontos nos is. E essa televisão não foi a oportunista e mediática TVI, não foi a demasiadamente manietada pelo poder que lhe paga, RTP; foi mesmo a única, singular e indispensável Sociedade Independente de Comunicação, que procura lucros, como todos neste mercado, mas que no meu modesto entender, é intocável, e nos garante, com o seu extraordinário lote de jornalistas, que cada assunto tem o relevo que merece.



 

Graças a ela, Costa não fez rolar a cabeça do irritante Cabrita, menino bem do regime a quem tudo é permitido; e essa mente brilhantemente afetuosa que dirige a nossa nação, que se adiantou a dar os pêsames a esses ilustres portugueses como foram George Michael, David Bowie ou Prince (clique na hiperligação), mas desta vez nada disse, porque Portugal não foi visto, nem achado no assunto.



O homem assassinado era controlador aéreo, não propriamente um aprendiz de servente, e a sua esposa, professora, no país natal, o que faz com que não estejamos a falar de cidadãos completamente desqualificados, o que torna tudo muito mais insólito e bizarro.

 

As palavras amargas de Oksana Homeniúk, a revolta e o ódio com que se refere ao nosso país (clique na hiperligação), a amargura expressa na forma como contou a partida do pai aos filhos menores, como lida com a falta dele neste Natal, deixa-me também a mim profundamente triste e revoltado.



 

Apesar de estar todos estes meses sem qualquer tipo de indemnização, e de ter suportado a trasladação do corpo do malogrado (clique na hiperligação), pelo menos, pelo menos, teve há dias, a culpabilização do Estado que lhe fez tanto mal, e a comunicação tantos meses depois (apenas há dois dias), em cartas oficiais do Ministro da Administração Interna e do Primeiro Ministro à representante diplomática da Ucrânia em Lisboa, que a família do desgraçado será indemnizada pelo Estado português (clique na hiperligação).

 

Segundo o que já deu para ver, o SEF será profundamente remodelado, alteração com a qual concordo em absoluto, para que seja uma plataforma mais administrativa, uma acesso de receção dos cidadãos de todo o mundo, sem qualquer tipo de filtro racista ou xenófobo; e menos criminal, onde um cidadão de bem seja cruelmente mal tratado, como se fosse um leproso, ao ponto de nem conseguir controlar os filtros fisiológicos, sucumbir perante os tratamentos  afligidos a troco de porrada, e os responsáveis comentarem impunes, que depois daquilo já nem seria preciso ir ao ginásio, para queimar calorias.

Expulsão, para mim, seria pouco. A prisão é que teria de ser efetiva, por homicídio qualificado.  

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Adeus, meu GRANDE Chico Barril

Esta, quanto a tirei, tínhamos tudo pronto para arrancarem as festividades, e gostei de te ver assim,
como um comandante a mirar o oceano, da proa do navio. Achei que tinha ficado tão boa, que a poderíamos utilizar para promoção no futuro. Nunca imaginei que pudesse ser para fins póstumos.
Eu vou guardar-te sempre assim... imperial!


Estas palavras andam a balançar, e a bombardear a minha cabeça há dias, desde que toquei conta desta terrível fatalidade. A caminhar para os 50, já me vou conhecendo, e sei que só depois de as parir (porque têm mesmo de vir cá para fora... por justiça, por dever, por, e para memória), poderei começar a fazer o luto sobre esta tremenda perda. Atribulações muito complicadas na minha vida pessoal e familiar, que pedem reserva, atrasaram ainda mais esta catarse.

 

Há Homens que são maiores que a vida, porque enchem a de tantos que com eles convivem, que não deixam que nada, nem ninguém, fiquem indiferentes à sua passagem por este nosso mundo terreno. O “Chico Barril”, a alma que vivia no corpo do Francisco Nunes, era a de um desses homens.

 

Ligou-me um amigo de sempre, visivelmente abatido, naquela tarde/noite de 19 de Novembro, a perguntar se tinha sabido de alguma coisa. Como tenho tido a infelicidade de ter alguém que me é muito próximo, internada em situação muito preocupante nos cuidados intensivos do hospital de Portalegre, comecei a responder, feito estúpido, a pensar que era a ela que se referia: “Oh, lá está…”

 

- NÃO! Não é isso, caraças! Tchiiii… Não sabes! Não sabes?!?!?!?!?!?! Porra, pá! Merda! Tchiiiiiiiiii, caraças!!!

 

E eu percebi logo que tinha havido da grossa! Fiquei foi amarguradamente preso naquele terrível hiato, à espera que o nome caísse com estrondo, como se de uma bomba se tratasse.

 

- Anda lá, pá! Diz logo quem foi, meu…

 

- O Chico!

 

E cai tudo abaixo, não é?

– Como?!?!?!?!? Quem?!

 

- O nosso Barril!!!! Epá, bateu para ali para os Barretos. Vinha de um petisco na casa de uns amigos e ficou-se. Mas diz que não foi do acidente. Deve ter-lhe dado alguma coisa antes.

 

Verdade que, infelizmente, é daquelas notícias que apesar de serem um choque tremendo, e que nos agarra completamente, não posso dizer que não me tivesse já assombrado a mente. O Chico impressionava pelos muitos, muitos quilos a mais, assentes numa disfuncionalidade numa perna (creio eu que advinda de um acidente de motorizada, e uma perna partida mal curada, com um gesso tirado antes de tempo), que para além do excesso de carga, tinha de suportar com o pesado fardo dos diabetes. Era uma volumetria e uma disfuncionalidade visível que condicionava as suas movimentações, e impressionava. Depois, gostava de fumar a sua cigarrada, de beber o seu copito, como todos (quem não); e nunca se negava a mais um “disco”, fosse de feijão, grão, ou outra coisa qualquer.

 

O Chico nunca era capaz de dizer que não a uma solicitação, e estava sempre presente! Quando lhe pediam apoio num petisco desses, fosse num grupo de caçadores, de amigos, numa coletividade qualquer da região, numa festa particular de alguém da zona, ou sempre que era solicitado, lá estava ele! A cozinhar e a rir! Sempre! As centenas, os, provavelmente milhares de petiscos a que foi, e orientou na vida, marcaram a sua forma de ser e viver, porque só quem nunca foi a um, é que não tem conhecimento dos excessos que por lá se cometem.

 

As primeiras memórias que tenho do Chico, quando eu era gaiatão e ia ver os jogos do Grupo Desportivo Arenense, na distrital de futebol, era de ele ser… massagista! Quando alguém se enrolava, lá ia o Chico com aquele seu formato XXL, de malinha na mão, a tentar correr com a pernoca arqueada, numa de S.O.S. Era uma boa disposição, e uma risota que contagiavam.


Numa das muitas fotos que lhe fui tirando, ao longo da nossa vida.
Nesta aqui, na sede do nosso GDA, onde o Presidente Barradas,
oportuno, mandou colocar a bandeira a meia-haste, em virtude do triste sucedido.


Depois, isto há mais de 30 anos atrás, foi meu patrão nesse mesmo bar do GDA, quando terminei o 12º, e não consegui entrar na primeira fase da faculdade, por ter elencado opções que foram falhando por escassas décimas (tivesse a ordem sido outra, e tinha entrado “de caras”, noutras posições). Ali fiz uma equipa que recordo com grande saudade, com o meu Sérginho Carroça, em que eu fazia as manhãs/tardes, e ele, as noites, quando eu ficava com os amigos (ele preferia passar as manhãs a dormir!), mas era sempre eu que esvaziava o balde do vasilhame na manhã seguinte. lol!!!

Ali cimentámos muito a nossa amizade, e o Chico que fazia diariamente petiscos de sonho,  passou a ser assim um companheiro mais velho, um homem mais vivido, sabedor, que apoiava muito. Descobri a sua paixão, e o seu fascínio por fazer comida, da culinária pura, arte em que ele era verdadeiro craque! Aquelas gambinhas fritas acompanhadas de minis geladas, e pão torrado, às 4h da manhã…

 

O Chico também era barbeiro, e cheguei a cortar o cabelo em sua casa por diversas vezes, porque também dominava essa arte das tesouras.


Por adorar andar sempre enfiado entre tachos e panelas, por não ser um indivíduo particularmente preocupado com a apresentação, na forma de se vestir, e no aspeto geral, o Chico impressionava mais porque... sabia estar. Quando foi integrado profissionalmente no Ministério da Saúde, após ser barbeiro no Hospital (quando entrou), conseguiu-se aproximar, pelas limitações que tinha, da sua moradia e esteve integrado no Centro de Saúde de Marvão, onde foi um telefonista impecável, de grande trato e cortesia. 

- Mas quem é que estava a atender o Telefone? O CHICO?!?!?

Ah pois é, bebés. Ele tanto se dava com a alta que vinha aí caçar, como com aquele terra a terra, junto do qual se sentia em casa. O nosso Chico poderia não ter ido alto na escola, porque a vida não o ajudou a isso, mas era um doutor da vida! Essa é que ela era essa.


Quando fiz a minha inédita despedida de vereador do Município de Marvão, em 2009, em que juntei todo o meu pessoal, staff camarário e amigos de toda a vida, que me apoiaram neste percurso autárquico, fui pedir ao Chico se me apoiava com o almoço, e ele… claro que acedeu! Claro que não quis dinheiro algum, como se eu capaz de deixar em claro, mais de um dia inteiro a trabalhar para mim, sem contar com os temperos da comida. Juntamente com a Olga, outra querida amiga, fizeram com que tivesse vivido um dos dias mais bonitos da minha vida, cheio de amizade e sorrisos.



 

A chamuscar-mos um porquinho, para a despedida de vereador,
que o primo Carlinhos levou ao espeto...


Em 2017, voltámos a trabalhar juntos porque com algumas companheiras e companheiros, que estavam descontentes com ao rumo que o nosso concelho estava a tomar, fundámos o movimento independente “Marvão para todos”, e colocámo-nos a votos, com perspetivas e visões diferentes, que fossem capazes de tornarem o nosso concelho mais apelativo, mais aberto, com outro alcance e visão. O facto dos munícipes estarem muito arreigados à administração atual, e a falta de meios/recursos de uma candidatura construída a expensas próprias, e dos nossos bolsos, foram fatores que limitaram o nosso resultado. Tudo resultou em apenas dois mandatos na Assembleia Municipal. Tudo fizemos, mas pouco conseguimos e aqui o importante é enaltecer que o bom do Chico, muito terra-a-terra, apesar de nada ter contra os eleitos nesse então, disse que estaria disposto a ajudar para ter uma freguesia diferente, e lá meteu a gravatinha, para em Roma, ser romano.

Fomos sempre vivendo lado a lado, em harmonia (não me lembro de o ver zangado, uma vez que fosse), e a última empreitada que em que participámos juntos foi a da Associação de Moradores do(s) (bairro dos) Outeiros, de Santo António das Areias, zona onde residimos ambos, ele há décadas, eu, há perto de duas.

Quando andava a organizar vontades e a dar os primeiros passos, aproximou-se de mim e disse: “épá, tu também eras um gajo bom para ajudar, sobretudo com a papelada e essa história.”

Assim que soube do que se tratava, acedi de imediato e tenho dado o meu contributo, tal como os outros sócios fundadores, para levar esta avante.

Criámos legalmente a associação, funcionamos com todos os condicionalismos legais, e em Junho de 2018 (tal como está bem explícito na página que criámos no facebook “Festa dos Outeiros, Santo António das Areias, Marvão”) abrimos atividades, com grande aceitação e sucesso.


"É assim!", como ele dizia.

Voltámos à carga em setembro, recuperando a antiga Festa dos Mestres, no dia 29, em que nos aliámos a uma ideia sua, que sempre teve desde o início, de trazer de volta a festa do pedreiro, do carpinteiro, do sapateiro, que grande aderência da população, e dos nossos patrocinadores, que se reuniram num almoço convívio em sua homenagem, e agradecimento.

Regressámos de novo em 2019, sempre com os apoios fundamentais da junta de freguesia e da autarquia, já muito mais estabelecidos, e seguros, em que conseguimos angariar um montante  simpático que será investido em prol deste bairro e dos seus habitantes. Neste ano bizarro de 2020 que será indubitavelmente marcado pela pandemia (aposto de cabeça qual será a figura do ano, para os jornais e semanários de todo o mundo), tudo ficou adiado...

Belo exemplar, dado pelo Chico, para todos... Como era hábito nele!

O Chico, para além do inquestionável presidente que foi aclamado por todos, por unanimidade, era a alma da associação. Ele era a associação! Ele supervisionava as reuniões, ele idealizava os cartazes e os eventos, ele geria todas as compras e aquisições, ele sabia quais eram e quanto era cada um dos donativos. Perante este fim súbito que nos deixa órfãos a todos, teremos obviamente de reunir os corpos dirigentes, e sobre isso, já tenho ouvido por aí um ou outro sentir, em direções díspares. O que eu digo é que nestas organizações, a minha opinião será sempre apenas e só mais uma, e vale o que vale. Mas aquilo que sei, sinto, e acredito, é que sei de certezinha aquilo que o nosso Chico quereria, e eu, para o cumprir, estou capaz de fazer das tripas-coração, sempre dando tudo por tudo, como lhe disse a ele desde o início. Que Deus me, nos ajude, como dizem os ingleses.

Soube que um grupo de amigos estiveram a barbear uma bruta feijoada que ele tinha feito de véspera, e essa é a melhor homenagem que consigo imaginar que pode ser feita a alguém como ele. Que bem que deveria de ter sabido…

 

O Sr. Padre Marcelino, que proferiu um lindíssimo discurso de homenagem no funeral, que pecou por ser atrasado demais  (dias depois) por toda esta terrível pandemia, autópsias e outras obrigações, enalteceu precisamente a sua alegria de viver, a importância do seu espírito comunitário que o fez ser um Ser Grande, diferente.

 

E era. Mesmo. O Chico era GRANDE, e a sua memória ficará para sempre comigo, connosco, enquanto existirmos.

 

Nunca mais verei aquela fantástica tatuagem no peito, de uma garrafa a deitar para dentro de um copo, com a legenda BOMBOKA, por baixo… Dor!


A última chamada que me fez, na noite antes, de dia 18, certamente a perguntar por quem tenho em cuidados, e não pude atender por estar a ser impossível chegar a todas as solicitações (que graças a Deus têm sido muitas), há-de ficar-me sempre atravessada na garganta, enquanto conseguir respirar, até ao meu último estertor. 

 

À sua esposa Jesus, aos filhos Tiago e Nélson, que tanto adorava; ao Netinho Rodrigo para quem era o mais que tudo, e à restante família, envio por aqui o enorme abraço que já vos dei pessoalmente, reafirmando que o vizinho Sabi estará sempre aqui para alguma coisa que necessitem, e já estou a trabalhar com a vossa sobrinha/prima Patrícia, para que tudo corra pelo melhor, a nível de participação nas finanças e registos na conservatória. Nesse aspeto, nada vos vai faltar, asseguro-vos.

 

Ao Chico, meu amor… o que tu te rias com o que eu me lambia com as tuas iscazinhas de fígado de porco, pela madrugada fora, enquanto fazíamos as arrumações…


No meu último convívio de anos, com um grupo dos meus 
GRANDES e MELHORES AMIGOS (onde obviamente não estão todos, mas estes que estão, todos são de coração),
antes da pandemia, na tasca do primo Zé Fernando, na Ramila, em 2019

Acredito mesmo que será até um dia, que eu, e tu, pedimos que seja tarde, porque a eternidade pode sempre esperar e durará--- para sempre.

 

Um beijo,


Do teu Pedrinho

terça-feira, 10 de novembro de 2020

O que mais nos engrandece...

A feliz contemplada, Alice Lança Sobreiro, acompanhada pelo Sr. Presidente do Conselho Diretivo do Agrupamento de Escolas de Marvão, o Sr. Prof. José Maria Pires Gonçalves, do lado direito; e o Sr. Presidente da sua freguesia natal, o Sr. Silvestre Mangerona Andrade

 

Da mesma forma que o campeonato é uma prova muito longa, em que o que importa é quem vai em primeiro, no final; também a carreira escolar é uma escadaria imensa, onde é preciso muita dedicação, muito esforço, muito trabalho para se conseguir colher um futuro melhor, quando se entra na vida por conta própria, a doer.

 

Como eu lhes tento ensinar sempre, a par com a mãe, Fernanda Cristina da Silva Lança Sobreiro, a sua verdadeira companheira de todas as horas, e em todos os trabalhos, a principal responsável pelo seu êxito: estes primeiros anos das suas vidas, dos 6 aos 25/26, serão absolutamente decisivos para o que possam vir a colher amanhã.

 

O nosso enorme bem-haja, como pais, vai também para a Sra. Prof. Amália Xavier, por todo o apoio e cooperação. Nada se consegue sem muita dedicação à volta.  

 

Olho para vós as duas: a Leonor, já no segundo ano de Línguas e Literaturas Modernas na Universidade Nova em Lisboa, onde eu nunca tive média para entrar; e tu, Alice, sempre aluna de mérito e do quadro de excelência desde que entraste, também como ela, e agradeço a Deus.

 

Desculpem a publicação pirosa de pai babado, mas é mais forte que eu.

 

Que Deus vos proteja sempre… que nós cá estaremos sempre por trás, para vos mudar as fraldas, e aparar o jogo todo. Ser pai… é amar incondicionalmente, apesar de tudo, a nossa maior criação.

domingo, 1 de novembro de 2020

A Covid e o dia dos mortos

Do capítulo “Coisas que me assombram e me fazem tanta confusão”

 

Logo para começar, há que esclarecer que o dia 1 de Novembro é o dia dedicado a todos os santos,  uma “festa celebrada em honra de todos os santos e mártires, conhecidos ou não, celebrada pelos crentes de muitas das igrejas da religião cristã, por terem assimilado do paganismo. Assim sendo, não há que fazer confusão com o dia dos fiéis defuntosdia de finados ou dia dos mortos, que é celebrado pela igreja católica no dia 2 de novembro, amanhã, já que desde o século II, alguns cristãos rezavam pelos falecidos, visitando os túmulos dos mártires para rezar pelos que morreram.


O que acontece é que como o dia 1 é geralmente feriado, as pessoas aproveitam o dia dos santos para fazerem correria aos cemitérios a fim de recordarem os mortos, lavarem as campas, comprarem flores para as adornar, e fazem uma injeção de capital substancial no mercado dos floristas, que obviamente se anima com estas ondas.

 

A pandemia Covid que acelera a velocidade assustadora no nosso país, com os números de infetados e de óbitos a dispararem como nunca antes, provocando que os hospitais, sobretudo os do norte, já asfixiados, antevejam os piores cenários para os próximos dias, veio assombrar ainda mais a já taciturna treva desta data, em que habitualmente se visita a campa dos falecidos.


Para precaver o pior, o governo proibiu a circulação entre concelhos entre 30 de Outubro e 3 de Novembro, estancando assim a migração entre as cidades e o interior, obstando a que a propagação aumente.


A Igreja fez uma enorme pressão para que os cemitérios ficassem abertos e os vivos pudessem chorar os seus mortos, muitos resultantes desta desoladora crise, como se pode ver aqui,

https://www.lusa.pt/article/2WaL0aRWU8SjL4snRSosTDMSZM5iuSI1/covid-19-com-regras-sanit%C3%A1rias-e-sem-abra%C3%A7os-h%C3%A1-cemit%C3%A9rios-abertos-em-gaia


Mas (e agora entro eu): as pessoas vão chorar os mortos mas… nesse sítio onde eles supostamente estarão sepultados… não há lá nada! Nada! Apenas um lugar. Umas pedras, umas lápides, umas fotografias, ou apenas uns dizeres, coma data de nascimento e a data do óbito. No caso da minha família paterna, que está sepultada na minha Beirã, no sítio para onde muito provavelmente também os meus restos irão ser depositados (oxalá ainda tarde muito), a decoração escolhida foi muito simples, sem qualquer fotografia, e uma pirâmide de mármore, apenas.


Partindo daqui, entramos no campo do acreditar em algo para além da vida terrena, ou não. Quem acredita, assume que isto da vida aqui no planeta terra é mesmo uma passagem, um momento, um fogacho, uma aventura que pode durar décadas, ou não, mas que não é um fim; antes se trata de uma aprendizagem, uma fase que não pode ser saltada num processo maior.

 

Para quê, porquê, para onde vamos, no que nos tornamos, para onde voltamos, são perguntas que nem eu, nem mais alguém pode responder, mas que quem crê, acredita que um dia, que queremos sempre o mais longínquo possível (porque isto aqui, apesar de tudo, é muita bom), há-de ter uma resposta. A luz.

 

Para quem não acredita, tudo se torna ainda muito mais rápido, como se pode comprovar aqui: https://pt.wikipedia.org/wiki/Putrefa%C3%A7%C3%A3o, porque a esqueletização começa em 4 semanas. https://pt.wikipedia.org/wiki/Esqueletiza%C3%A7%C3%A3o

 

De forma que acredito mesmo que tudo isto é apenas uma fase, um momento, uma passagem e o mais importante de tudo é o… amor. O amor por quem queremos e nos quer a nós, não valendo de nada a pena que existam zangas, invejas, ódios que só atrapalham a serenidade que devemos ter, para vivermos tranquilos e em paz.



Então, em vez de choros, e visitas a pedras, proponho antes que se recordem vidas, sorrisos, frases, gestos, para que se mantenham vivos na nossa memória, aqueles que nos tocaram.

 

Peço emprestadas as palavras ao que acho grande Miguel Sousa Tavares quando disse que de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.


Comigo também assim o é.


terça-feira, 27 de outubro de 2020

Voando sobre o azul

 


Somar 5 vitórias em 5 jogos para o campeonato, coisa que não acontecia desde 82/83, ou seja, há 38 anos atrás, quando o sueco Sven Goran Eriksson era o treinador?!?!?!?

 

Fazer 7 jogos em 21 dias? Conseguir, ainda assim, ser líder com mais 5 pontos que o segundo classificado, um tal porto?


Mas este treinador não era o do Szeborten?!?!?!?

  

"Ê fasse as coizas a pensare sempráfrenti! Pur isse é que nã meti logo u Luca (Waldschmidt), purq conte com'ele na 5a. Assim comme con o Dáruine, e u Sefi. E nã sô medique, mas tenhe mêde a que u Gri, tenha uma lesâo gravu. 

 

E mais: a verdade porque todos esperávamos: (Dito com ar ameaçador) Un homen pode ter muites defêites mas nã pode ser é ingrate! E êu vôu contare a verdadaira estória do Bernardo Silva! Fui eu que o puxei prá iquipa principale! 

 




Mas certo dia, fez-me uma izpera i disseme: Mistere que quere você fazere comigue?

 

- O que é que eu quere fazere contigue?!? (com ar estranho) Estáse abrincare?!?!? Meterete a jugare à bola!

 

- Mazonde?

 

- Onde? Mas puruquê?

 

- Ai é que eu quere é jugare no miole!

 

- Ai queres? Mas não te meti já na iquipa principale? Queris que tire o Sálvio, ou o Nico, pra te metere lá a ti?!? (TÁ MALUCO, CHEFE?!?!?)

 

- Ai atão, mistere, ê peçulhi que me deixe ire pra outra iquipa qui me paga milhori. Purque a minha família precisa.

 

ESSA É QUI É A VERDADI!!!! ELI QUI NÃO SEIJA MINTROSO!!!! (QUI EU VOU-MI A ELI!!!!)

 

Sobre teri di julgari come laterali... ATÃ U CEBOLINHA NÃ TEVI JÁ DE JUGARI ASSIM!!!!! OPÀ... NÃ BRINQUEM CUMIGUE!!! 

  

Notas finais, séria e avulsas:

1)      O primeiro golo do Esferovite, é um hino ao futebol, com o Cebolinha a meter na esquerda para o Rafa, que amortece para o Grimaldo centrar para a área, onde o suíco entra, imperial a faturar.

2)      O segundo, da tranquilidade, é a prova mais que evidente que o miúdo que veio da segunda divisão de Espanha, é uma descoberta e um verdadeiro diamente! Que jogão! Encheu!

3)      O Benfica sempre necessitou de ter centrais (Vertonghen sem mascarilha e Otamendi)desta categoria! Um bloco!

 


domingo, 25 de outubro de 2020

O Papa do Amor

 
O bispo lá de trás, está a pensar: "faço-te a folha!", ou, "eras bem abatido, eras!"


Durante esta semana, a boçal normalidade foi abanada porque foram reveladas as seguintes declarações do Papa Francisco (aqui, segundo o jornal “Público” de 21.10.2020):

"Pela primeira vez, Papa Francisco defende uniões de facto para casais homossexuais

Francisco defende, num documentário, a criação de uma lei da união civil que abranja os casais homossexuais.

 

O Papa Francisco defendeu a regulação do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, dizendo que os “homossexuais têm direito a fazer parte de uma família”. As declarações do chefe da Igreja Católica representam a demonstração mais forte de apoio aos direitos LGBT e marcam uma distância considerável em relação às posições tradicionais do Vaticano.

Francisco já tinha manifestado intenção de se aproximar dos crentes homossexuais e de promover o seu acolhimento pela Igreja Católica. Porém, esta é a primeira vez que defende publicamente a união civil entre pessoas do mesmo sexo, dizendo-o abertamente.

“O que precisamos é de uma lei de união civil. Dessa forma, estão legalmente assegurados. Defendi isso”, disse o Papa, durante um documentário que estreou esta quarta-feira em Itália e cujas declarações foram divulgadas pelo site Catholic News Agency.

“Os homossexuais têm o direito de fazer parte de uma família. Ninguém deve ser deixado de fora ou sentir-se arrasado por causa disso”, afirmou Francisco.

A posição do Papa foi revelada durante o documentário Francesco, que estreou esta quarta-feira no Festival de Cinema de Roma. O filme incide sobre a forma como o Papa, escolhido em 2013, aborda questões sociais, sobretudo entre aqueles que vivem “nas periferias existenciais”, explica a Catholic News Agency.

Havia uma grande expectativa de que o casamento entre pessoas do mesmo sexo fosse abordado durante o sínodo da família, em 2015, mas não houve desenvolvimentos. Na altura, o Vaticano vivia uma “guerra surda” entre as alas conservadora e progressista, onde Francisco se insere. Nessa altura, o Papa afirmou que “não deve haver nenhuma confusão entre a família desejada por Deus e outros tipos de união”.

“Penso que é um grande passo em frente”, disse ao The Washington Post o reverendo James Martin, que há muito defende o acolhimento de homossexuais na igreja. “No passado, até as uniões civis eram olhadas de lado em vários quadrantes da igreja. Ele está a pôr o seu peso a favor do reconhecimento legal das uniões entre pessoas do mesmo sexo”, acrescentou.

Quando era arcebispo de Buenos Aires, Francisco opôs-se aos planos do Governo de aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas mostrou-se favorável a outro tipo de reconhecimento legal. No livro On Heaven and Earth, publicado em 2013, o Papa não rejeitava a possibilidade de reconhecimento de uniões civis, mas defendia que leis que “equiparam” uniões homossexuais a casamentos são uma “regressão antropológica”.

As declarações de Francisco podem não marcar uma alteração imediata da doutrina da Igreja Católica em relação ao acolhimento de homossexuais, mas representam uma abertura e uma mudança de mentalidades. O seu antecessor, Bento XVI, descrevia a homossexualidade como um “intrínseco mal moral”.

Em 2003, a Congregação do Vaticano para a Doutrina da Fé, então chefiada pelo cardeal Joseph Ratzinger, determinava que “o respeito pelos homossexuais não pode levar, em caso algum, à aprovação do comportamento homossexual ou ao reconhecimento legal de uniões homossexuais”."


Ora o documentário de que falam, e o catapultou para as primeiras páginas de todo o mundo, foi este:



 

Enquanto não chega até nós, este documentário “escrito e realizado por Wim Wenders, três vezes nomeado para o Óscar de Melhor Documentário, ainda não tem data de estreia confirmada em Portugal, conforme revela a NOS. O documentário foi agora exibido, fora da competição, no Festival de Cannes, que decorreu naquela cidade francesa.

 

Mais do que um documentário biográfico sobre o Papa Francisco, este filme é uma viagem pessoal onde as ideias do Papa e a sua mensagem são os pontos centrais. Numa rara coprodução com o Vaticano, este documentário mostra o trabalho do Papa Francisco e as suas respostas a questões globais dos nossos dias, como a morte, justiça social, imigração, ecologia, desigualdade na distribuição da riqueza, materialismo e o papel da família.

 

‘Papa Francisco – Um Homem de Palavra’ apresenta uma pessoa verdadeira, que conseguiu ganhar a confiança de todas as tradições de fé e de várias culturas em todo o mundo.

 

A 13 de março de 2013, o Cardeal de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, torna-se o ducentésimo sexagésimo sexto pontífice da Igreja Católica. É o primeiro Papa do continente americano, o primeiro do hemisfério sul, o primeiro Jesuíta como bispo de Roma, mas principalmente, o primeiro Papa a escolher o nome Francisco, tal como o Santo Francisco de Assis, um dos mais venerados santos Cristãos, que dedicou a sua vida à “Santa Pobreza” e a um profundo amor pela natureza e todos os seres vivos na “Irmã Mãe Terra”.

 

Este documentário é uma rara coprodução com o Vaticano, onde as ideias do Papa e a sua mensagem são pontos centrais. Numa altura de grande descrença nos políticos e nas pessoas em lugares de poder, quando as mentiras e a corrupção fazem parte do dia-a-dia, “Papa Francisco – Um Homem de Palavra” mostra-nos uma pessoa real que ganhou a confiança de todas as tradições de fé em todo o mundo.”

 

E agora entro eu: bem sei que as pessoas não se devem julgar pela sua aparência, o que é absolutamente errado e só nos pode conduzir a um erro crasso, mas a imagem do último papa antes deste, o Ratzinger, ia perfeitamente de encontro às suas posições e não nos convidava nada a gostar do… sujeitinho. Tudo ali, no look, na expressão do olhar vago, na postura corporal, ia de encontro com as suas ideias bacocas, quadradas, a cheirar a mofo.

 

Por seu lado, este papa Francisco, argentino, do Povo, amante de vinho, futebol e mulheres bonitas, defensor de uma perestroika da igreja (como o Gorbachev teve para a União Soviética), encantou-me desde a primeira hora em que lhe meti os olhos em cima. Quanto mais conheço de si, da sua história, dos seus feitos, mais apaixonado fico.




 O visionamento do extraordinário filme Netfix, “Os dois papas”, do oscarizado realizador Fernando “Cidade de Deus” Meireles, foi assim uma espécie de prova dos nove, em que tudo aquilo que suspeitava, se confirmou real, porque a obra é baseada em fatos verídicos, e a qualidade a que a plataforma de distribuição Netflix já nos habituou, tudo confirmam.




Nesta semana, como dizia eu no início, Francisco entrou como se fosse um elefante em fúria numa loja da Vista Alegre no Vaticano, proferindo e defendendo a ideia que os casais homossexuais têm todo o direito em constituir família, em verem os seus interesses protegidos através de uma união civil, e a serem tratados pelos demais como seres humanos que são.

 

Francisco, com que me identifico desde o início, tem muito mais a ver com Cristo, e os ideais do representante de Deus na terra, que por todos nós morreu na cruz (quem não acredita na Personagem, que pelo menos leia a História, e se recorde a partir do nascimento de quem faz a contagem dos anos), que com a todo-poderosa igreja, que foi constituída com base nessa fonte, mas que tantas vezes se deixa adulterar, corromper por escândalos brutais que escandalizam o mundo inteiro, e marcou tão negativamente a nossa história, bastando para tal recordar a negra idade média e os tempos absolutamente terríveis da Inquisição

Este Francisco comove porque é autêntico, é sincero, e antes de apontar o dedo, como Jesus jamais faria a alguém (recordem o episódio bíblico quando a multidão enfurecida quis apedrejar a mulher adúltera, e Ele a protegeu com o seu próprio corpo, colocando-se à sua frente, enfrentando os agressores, dizendo que quem nunca tivesse pecado, que atirasse a primeira pedra), sabe defender o AMOR, como força maior da natureza e do nosso mundo.

 

É um Orgulho enorme ser seu contemporâneo, jogar na sua “equipa”, e aguardo com enorme ansiedade poder visionar este documentário, captado pela lente do maravilhoso Wim “Nas Asas do Desejo”  Wenders.