Em homenagem à discrição quase anónima com que sempre
fizeram música, os Daft Punk anunciaram no dia 22.02-2021 sua separação,
através de um vídeo enigmático, intitulado 'Epilogue', onde
uma figura explode e a outra inicia uma longa travessia no deserto,
enquanto o céu muda de tom. Com um mero "1993-2021", sem nenhum texto de despedida, termina desta forma um
dos percursos mais notáveis da eletrónica, a cargo dos
franceses Guy-Manuel de Homem-Christo e Thomas Bangalter, que sempre se
enconderam envergando capacetes.
Os Daft Punk tiveram uma carreira de 28 anos, com uma discografia pequena mas de peso, com cinco álbuns, o último dos quais "Random Access Memories" (de 2013), que foi premiado com três Grammys, incluindo na categoria mais desejada de Melhor Álbum do Ano. O conjunto de êxitos - 'Get Lucky', 'Lose Yourself To Dance', ou 'Give Life Back to Music' - permitiu ao disco alcançar a liderança das maiores tabelas de vendas, como os tops norte-americano, britânico, alemão, francês, mexicano, australiano ou canadiano. Também em Portugal, "Random Access Memories" atingiu o lugar cimeiro do top de vendas.
Um pouco de (grande!) história… (de quase 3 décadas…)
Os Daft Punk aparecem internacionalmente em 1997, através do álbum
"Homework", integrando um movimento de nomes de eletrónica de França
que marcaria a última década do século XX, a par de Laurent Garnier, os Saint
Germain, os Air ou Mr. Oizo.
A faceta misteriosa dos Daft Punk foi-se consolidando com o facto da dupla
raramente ter feito espetáculos ao vivo. A última digressão internacional
aconteceu entre os anos de 2006 e 2007, e passou por Portugal, naquele que
tornar-se-ia no único show dos Daft Punk no nosso país, quando atuaram no
Festival Sudoeste de 2006, a poucos quilómetros da Zambujeira do Mar.
Guy-Manuel de Homem-Christo e Thomas Bangalter atuaram numa estrutura de
pirâmide.
Perante o abalo desta decisão de separação, muitos fãs pedirão 'One
More Time', para que os Daft Punk voltem a abanar o capacete. Nem que seja só
mais uma vez.
Pois eu fiquei muito triste, e acho mesmo que esta é uma perda lamentável. Nestes quase 30 anos de produção (recordo-me que tinha apenas 24 anos quando surgiram, e como corri a comprar o primeiro disco na Woodstock, em Portalegre, que ainda tenho), a minha vida tem sido melhor ao lado esta fantástica presença sempre inovadora, criativa, altamente inteligente, dançável, riquíssima graficamente e atual.
Numa época em que as caras são quase tudo, a sua opção por ter uma grande não imagem, muito estilosa e categórica, de capacetes enfiados, foi altamente diferenciadora.
Eles surgiram naqueles anos loucos de... novo boom de música eletrónica, juntamente com os soberbos Prodigy e o absolutamente fora de série Fatboyslim. O primeiro vídeo que vi deles e me apaixonou por completo foi este delicioso Around the World, realizado de forma primorosa por Michel Gondry. Deixo aqui alguns dos meus favoritos, embora esta seja uma banda daquelas que tudo o que fez, é muito bom!
Falando em música, notícias, novidades e os nossos tempos, faço aqui a chamada de atenção para o novo podcast no Spotify, chamado "renegades: born in the usa", em que Bruce Springsteen e Barack Obama se sentam como dois bons amigos que são, para falarem sobre os problemas americanos numa série de oito emissões, dois dos quais já estão disponíveis.
Destes dois ainda apenas ouvi um, mas o que eu vos digo é que ir por
aí numa das minhas caminhadas, com estes dois meninos a falarem-nos aos ouvidos
sobre o estado atual de um país, que tem um peso no nosso imaginário como
aquele, gratuitamente… é assim qualquer coisa.
É certo que não podemos intervir, mas estar ali
sentado junto àquela mesa, a presenciar a conversação ente estes dois monstros
sagrados da América, é algo do domínio do sobrenatural.
Segundo o teaser do programa, ele prova “como uma estrela do rock e um ex-presidente americano podem ter tudo e nada em comum: a música e a política, afinal, não são universos assim tão distantes.”
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