Ahhhh… é tão bom tê-lo de volta…
Imaginem a cena: sábado de
madrugada, um homem acorda para ir verter águas, mas com aquela sensação boa de
poder ficar a dormir mais um bom bocado, por se ter lembrado que é fim de
semana. Assim que se volta a ajeitar no ninho, começa a ouvir o concerto
noturno que se calhar já estava a acontecer. Fica então com uma alegria e uma
satisfação tão boa por o ter de volta, que sai à varanda para filmar o recital.
O Pavarotti dos Outeiros, de quem
sou apaixonado há anos (nem sei bem se será o original, ou já descendência), é
um deslumbre, e um fascínio. Digo isto porque tenho realizado algumas
pesquisas, e sei que outro fato
interessante sobre o canto do rouxinol é que as melodias são transmitidas entre gerações: cada rouxinol apresenta aos seus filhotes
as melodias que os seus pais lhe transmitiram, quando ainda estavam a
prepararem-se para as cantar. Portanto, a música dessas aves é geralmente
considerada um belo patrimônio familiar, mas também um patrimônio natural.
Os sons que são emitidos por esta
ave compõem uma paleta maravilhosa, impressionante, e são de tal forma
enigmáticos e encantatórios que fico sempre com a sensação que poderia ficar
ali a vida inteira a ouvi-lo.
Este rouxinol-comum é estival, e
costuma fazer-se ouvir o seu canto a partir de finais de Março ou princípios de
Abril. O meu adiantou-se neste ano,
porque o tempo também já começa a aquecer e dá assim um ar de primavera. Não
sentem? Ontem, quando saí do serviço, fui junto à muralha respirar, rezar,
agradecer e senti-o.
Os rouxinóis, cujo nome científico é Luscinia
megarhynchos, são aves passeriformes pertencentes à família
Muscicapidae, que adotam hábitos migratórios e mantêm uma dieta
onívora, na maioria insectívora.
A aparência dessas aves é muito humilde em comparação
com seu poder vocal. São pequenas aves, cujo corpo pode medir entre 15 e 17
centímetros de comprimento total. Este dos Outeiros é preto.
Apesar de sua aparência modesta, o canto do rouxinol revela uma delicadeza notável e grande poder. Em sua emissão vocal
predominam os sons alegres e vivazes, combinados com um forte apito e alguns
gorjeios.
Estes pequenos
pássaros mantêm hábitos diferentes dos outros e cantam não só ao amanhecer e ao
anoitecer, mas também durante a noite, mesmo no escuro.
O rouxinol é um pássaro
fácil de ouvir, mas difícil de se ver, por causa de sua natureza sempre alerta,
o que o faz fugir ao menor sinal de uma ameaça. Esta ave migratória tem uma habilidade
poderosa para chilrear, mas ao mesmo tempo é uma melodia alegre e delicada que,
dizem, indica a chegada da primavera.
Os especialistas apontam duas variáveis principais no canto dessas aves. Durante o namoro, os rouxinóis
registram emissões mais fortes e audíveis, principalmente nos amanheceres e
entardeceres da primavera. A sua música é principalmente dedicada a atrair
fêmeas, mas também pode aparecer como um desafio para outros machos.
Se quisermos ouvir o canto do rouxinol, podemos ir aos
campos durante a primavera. Ficar debaixo de uma árvore e desfrutar de suas
melodias ao pôr do sol, é uma bela experiência para descartar o frio do
inverno. Mas vê-los é uma missão verdadeiramente desafiadora, mesmo para
fotógrafos especialistas em aves selvagens.
Os rouxinóis são aves vivazes que estão sempre alertas,
portanto escapam facilmente se percebem algum estímulo estranho em seu ambiente. Eles usam seu canto não
apenas para atrair fêmeas, mas também para comunicar sensações e ameaças à sua comunidade.
Esses pequenos cantores geralmente se escondem entre as folhas
das árvores mais cheias, onde saltam rapidamente de galho em
galho. Ao perceber a presença de qualquer predador
possível, eles voam rapidamente. Portanto, nossa presença
deve ser discreta e respeitosa para podermos desfrutar de suas melodias sem
assustá-los.
Após o acasalamento, os rouxinóis geralmente
apresentam um canto suave, menos vigoroso, porém mais constante. Normalmente, essas emissões
aparecem quando o verão já está próximo, o que marca o final da
primavera. Neste período, podemos apreciar a enorme riqueza musical que
revela as infinitas melodias do canto do rouxinol. Habitualmente, em Junho começa a
calar-se, e em Agosto abala rumo a África.
O “meu” hoje, apanhou-me desprevenido
e, sem lentes de contato, nem óculos por perto, filmei a noite com o intuito de
captar o canto, que até era bem audível, tendo-o eu imaginado no telhado de
frente do vizinho Mário. Foi-se a ver, porque vi o vulto e a descolagem, estava bem no fio do telefone
à minha frente, a escassos dois ou três metros (como se podem bem ver no
vídeo). Se fosse de dia…
Sei que há quem me critique por
ter um canário, o que eu compreendo mas refuto porque se o meu nasceu em
cativeiro, e só assim consegue sobreviver no nosso eco-sistema, não lhe falta
água, comida, (agora com a casa nova) espaço, e sobretudo muito AMOR. Já os
rouxinóis que apenas vivem em liberdade e morrem em cativeiro, que sabem vir e
ir para apanharem o calor e poderem sobreviver por si só, não podem ter outro
sentimento da minha parte senão admiração e respeito.
AMO!!!
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