quinta-feira, 10 de março de 2016

Atingir o Zénite, ainda antes de jantar (Zénite 1 / SLB 2)




Foi um Sport Lisboa e Benfica categórico, ao nível do melhor dos tempos mais áureos, aquele que hoje conseguiu selar a (já não esperada) passagem aos quartos de final da Liga dos Campões (que aquilo já não é andamento pá gente).

Quem já teve oportunidade de viajar para aqueles lados da Europa, inóspitos, gelados, saberá certamente reconhecer que as condições atmosféricas são tão adversas que aquelas paragens parecem mais com sítios do outro lado da lua do que com pontos do nosso lado do globo. Ali o frio entra no corpo, nos ossos, ao ponto de quase nos adormecer a alma.

Foi nesta terra de ninguém que os nossos bravos tiveram hoje de ir provar que mereciam a magra vantagem por um golo conseguida nos minutos finais do jogo da Luz para passarem à fase seguinte.

O Benfica entrou com uma personalidade assombrosa, com estofo de campeão, e foi capaz de dominar o jogo em toda a largura do campo, apenas permitindo, por um ou outro deslize defensivo, que as redes do cada vez mais seguro Ederson fossem assustadas.

Geriu com segurança o desafio até que ao minuto 69, o inevitável Hulk tivesse podido aproveitar um cruzamento vindo de um lance iniciado com uma falta claríssima, aqui em qualquer outra parte do mundo, não apontada e absurdamente permitida sobre Nélson Semedo. Contra todas as regras, legitimidade e justiça, o infeliz árbitro nada apitou, e voltou a todos recordar, nada fazendo, o minúsculo que é o nosso Portugal perante esse urso gigante adormecido chamado Rússia.

Quando a eliminatória ficou empatada, com um golo em casa de cada lado, eu já antevia o pior.

Estava já sem esperança, ou com muito pouca, até que o recém entrado Jiménez, desferiu um pontapé daqueles memoráveis, que eu tinha desejado que fizesse minutos antes quando desabafei cá de dentro: “Ainda não fizeste nadinha para que me fizesses perceber o dinheiro que deram por ti.” Já me calou. Não foi ele, de primeira, foi o nosso Nico Gaitán que viu premiado o seu amor à camisola numa recarga oportuna que nos fez acredita outra vez nos quartos.

O jogo estava empatado e mister Vitória, Mister Vitória (Com M maiúsculo) lançou o já antes adorado mas agora caído em segundo plano Anderson Talisca, que 18 segundos depois dos extra-regulamentares, carimbou a passagem aos quartos de final da Championze com um golo que fez o 1-2 num remate pleno de intenção.


Sem centrais, sem guarde redes titular, inventou atores para as posições, não se intimidou, baralhou e voltou a dar. Todos muito bem mas soberbos Fejsa e o super central Samaris. Todos muito bem. Tudo está bem, quando acaba bem.

Diz quem sabe que a coisa rendeu 28 milhões de um assentada só.

As parangonas: Benfica nos quartos-de-final pela primeira vez desde 2012 e Bicampeão português vence 15 dos últimos 16 jogos, sabem sempre bem serem lidas, mesmo em russo.

Amanhã, às 11h da manhã, não há Cláudio Ramos, nem Júlia Pinheiro, nem receitas do Goucha. Estará todo mundo ligado para ver o que a sorte nos tocará.


Rapaziada da minha entourage: vamos lá mamar o almocinho ao nosso Sargento Felino? (Pagando cada um o seu, claro está, que a vida custa a todos).

A noite hoje caiu assim...
E eu gritei assim, na muralha...

E também no castelo bar lounge quando o golo contra a injustiça, os interesses, os petrodólares e a falsa arbitragem entrou.

Ouviu-se lá:

- Epá, ver um jogo ao lado de um gajo destes é um espetáculo... :)

Eu: E estive sempre calado... Mas estava num reboliço cá dentro... Quando o golo entrou, o medo deu lugar à alegria e exultação.

- Epá, isto é um espetáculo. Mas não lhe dês mais cerveja.

Eu: Boa! E só bebi 2 pretas... sem álcool! Havias de ver como era a fera quando podia beber das outras, com chumbo. :P

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