Foi
um Sport Lisboa e Benfica categórico, ao nível do melhor dos tempos mais
áureos, aquele que hoje conseguiu selar a (já não esperada) passagem aos quartos
de final da Liga dos Campões (que aquilo já não é andamento pá gente).
Quem
já teve oportunidade de viajar para aqueles lados da Europa, inóspitos,
gelados, saberá certamente reconhecer que as condições atmosféricas são tão
adversas que aquelas paragens parecem mais com sítios do outro lado da lua do que
com pontos do nosso lado do globo. Ali
o frio entra no corpo, nos ossos, ao ponto de quase nos adormecer a alma.
Foi
nesta terra de ninguém que os nossos bravos tiveram hoje de ir provar que
mereciam a magra vantagem por um golo conseguida nos minutos finais do jogo da
Luz para passarem à fase seguinte.
O
Benfica entrou com uma personalidade assombrosa, com estofo de campeão, e foi capaz
de dominar o jogo em toda a largura do campo, apenas permitindo, por um ou
outro deslize defensivo, que as redes do cada vez mais seguro Ederson fossem
assustadas.
Geriu
com segurança o desafio até que ao minuto 69, o inevitável Hulk tivesse podido aproveitar
um cruzamento vindo de um lance iniciado com uma falta claríssima, aqui em
qualquer outra parte do mundo, não apontada e absurdamente permitida sobre Nélson
Semedo. Contra todas as regras, legitimidade e justiça, o infeliz árbitro nada
apitou, e voltou a todos recordar, nada fazendo, o minúsculo que é o nosso
Portugal perante esse urso gigante adormecido chamado Rússia.
Quando
a eliminatória ficou empatada, com um golo em casa de cada lado, eu já antevia
o pior.
Estava
já sem esperança, ou com muito pouca, até que o recém entrado Jiménez, desferiu
um pontapé daqueles memoráveis, que eu tinha desejado que fizesse minutos antes
quando desabafei cá de dentro: “Ainda não fizeste nadinha para que me fizesses
perceber o dinheiro que deram por ti.” Já me calou. Não foi ele, de primeira,
foi o nosso Nico Gaitán que viu premiado o seu amor à camisola numa recarga
oportuna que nos fez acredita outra vez nos quartos.
O
jogo estava empatado e mister Vitória, Mister Vitória (Com M maiúsculo) lançou
o já antes adorado mas agora caído em segundo plano Anderson Talisca, que 18
segundos depois dos extra-regulamentares, carimbou a passagem aos quartos de
final da Championze com um golo que fez o 1-2 num remate pleno de intenção.
Sem centrais, sem guarde redes titular, inventou atores para as posições, não se intimidou, baralhou e voltou a dar. Todos muito bem mas soberbos Fejsa e o super central Samaris. Todos muito bem. Tudo está bem, quando acaba bem.
Diz
quem sabe que a coisa rendeu 28 milhões de um assentada só.
As
parangonas: Benfica nos quartos-de-final pela primeira vez desde 2012 e Bicampeão
português vence 15 dos últimos 16 jogos, sabem sempre bem serem lidas, mesmo em
russo.
Amanhã,
às 11h da manhã, não há Cláudio Ramos, nem Júlia Pinheiro, nem receitas do
Goucha. Estará todo mundo ligado para ver o que a sorte nos tocará.
Rapaziada
da minha entourage: vamos lá mamar o almocinho ao nosso Sargento Felino?
(Pagando cada um o seu, claro está, que a vida custa a todos).
A noite hoje caiu assim... |
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