Este texto é da inteira
responsabilidade de Pedro Sobreiro, freelancer, cabeça pensante da sua cabeça.
Surge não integrado num movimento ao qual pertenço, mas surge aqui porque
penso. E sou assim.
Fotomontagem que serviu de cartaz, com as minhas mãos, enquanto vereador responsável pela cultura, em 2006, o meu primeiro ano na câmara. Uma foto minha da vila e duas imagens da época. Tanto amor. Este amor é velho... http://vendoomundodebinoculosdoaltodemarvao.blogspot.pt/2008/01/o-meu-concelho-o-meu-heri.html |
A data da restauração do
concelho, neste dia 24 de Janeiro, é sempre uma data vivida por mim como sendo
muito importante. Penso nisso logo desde as primeiras horas da manhã, e a ideia
anda sempre comigo, ao longo do dia. Como se alguém muito chegado fizesse anos.
Sinto-me feliz ao pensar que recuperámos aquilo que tínhamos perdido. Com a
revolução liberal do séc. XIX operaram-se fortes transformações na organização
administrativa do território, e no interior do país, sobretudo. Sentia-se uma
grande falta de recursos para responder às necessidades das populações, bem
como uma enorme dificuldade para encontrar homens com instrução, habilitados
para o exercício dos cargos políticos.
Com o país assolado por uma reorganização
política e administrativa ao longo de todo o território, Marvão, um concelho
com raízes seculares que remontam ao tempo do municipium amaiense, foi, por ser
de terceira ordem; por ser assolado por uma enorme taxa de analfabetismo, que
resultava em ser muito difícil conseguiu recrutar capazes aptos para
participarem nas vereações; e por ser tão difícil o conseguir reunir as verbas
necessárias para a gestão corrente, foi anexado ao de Castelo de Vide, a Setembro
de 1895.
A racionalização dos parcos recursos
financeiros e humanos foi, pois, a grande razão de fundo para esta mudança que
nos retirou a ancestral autonomia. Não houve grandes manifestações e revoltas,
até porque nesse então, as mudanças a nível nacional eram grandes e frequentes.
Então, no início de 1897, o governo caiu, enfraquecido pela oposição e pela sua
própria inoperância. Pouco depois, no ano seguinte, novas eleições deram razão
às reclamações e o concelho de Marvão regressou ao sítio de onde nunca deveria
ter sido retirado.
Autonomia que recuperámos quando
um licenciado em Direito, António de Mattos Magalhães, professor que se dedicou
durante muitos anos à instrução (mandou erigir, a seu custo, a escola da Beirã,
onde aprendi a ler e escrever), agricultor, visionário (arrematou as termas da
Fadagosa em hasta pública, nunca as tendo conseguido impulsionar tanto e da forma
que queria) e político (durante mais de 20 anos. Era vereador à data da
extinção e quando conseguimos recuperar a câmara, assumiu a presidência da
comissão administrativa e mais tarde depois das eleições municipais, a
presidência, finalmente.)
É este grande homem que recordo
sempre que entro no edifício da Casa do Brasão, o meu local de trabalho, onde
funciona o Serviço de Finanças de Marvão, situado numa rua precisamente com o
seu nome. E é ali, que sempre que me é solicitado em conversa com os contribuintes,
tento recuperar o seu espírito de unidade do meu concelho. Quando me perguntam
se poderão fazer o pagamento na internet, ou no multibanco, por exemplo; eu
recordo que quem está muitas vezes em lisboa a fazer a planificação territorial
ou a analisar os fluxos de fundos e de trabalho, analisa gráficos e quadros, olha
para valores e estatísticas e se a nossa tesouraria está às moscas… deixa de
fazer falta.
Falo sempre no meu caso, que é o
que conheço melhor. Eu faço assim. Quando vou ao Modelo às compras, estranho as
filas nas alturas de maior tráfego, nas caixas de pagamento, quando dantes,
mais que 2 eram uma multidão e vinha logo mais um operador sabe-se lá de onde,
para abrir mais uma caixa para satisfazer o cliente. Agora a malta impa,
amontoa-se e não vem ninguém?!?!?!?
Olho para o lado e lá estão elas,
todas reluzentes e a piscar, as caixas eletrónicas onde NÓS somos os novos
empregados do Belmiro de Azevedo. Olho para lá, mostro a língua e marcho-me
caminho do Leclerc ou do Lidl, que apesar de terem nomes estrangeiros,
privilegiam os corações portugueses, portalegrenses, que batem atrás da máquina
registadora; e as bocas que se alimentam do salário que dali sai.
A restauração vive em mim quando
ouço as pessoas que dizem “ah… a gente vai a Castelo de Vide porque vamos ao Pingo
Doce e fica ali mesmo à mão de semear” ou “a vila fica mais próxima dos
Barretos e desgasta menos o carro que se farta de gastar combustível quando
sobe a Marvão” e eu comento “façam isso, façam. O que tratam aqui, podem tratar
em qualquer serviço de finanças e lá serão certamente bem atendidos. Mas andem
que fazem bem. Andou aquele bravo a bater o pé para nós termos de volta aquilo
que vem do tempo dos romanos para agora, terem essa gentileza para com a sua memória.”
E foi por ter esta visão cheia,
plena do dia que era, que já tive a honra de viver enquanto vice-presidente de
Marvão, que desci amargurado enquanto passava pelo séquito de eleitos que se
aproximavam da casa da Cultura, como formigas para o carreiro. Eu poderia ter
lá ido, eu poderia tê-los metido de lado e comido só as batatinhas fritas mas…
não consegui. Imaginei um Marvão de honra, imaginei aqueles sorrisos, aquelas
simpatias, tantas cínicas e achei que nem Marvão me pedia que fizesse isso.
Desci para Santo António e não fui lá.
Aqui chegado, apeteceu-me escrever
sobre aquilo, que é data importante e ver o que por lá se passaria . Assim dei
com a Cerimónia de entrega dos prémios do 3º Concurso Municipal de Ideias de Negócio,
que é mais uma ideia absolutamente visionária, creio que do vereador Pires, que
era o que mantinha esse pelouro, quando coabitávamos. Se é o 3º, quantas ideias
terão sido exequíveis dos outros 2 que lhe antecederam? Seria engraçado, e
estimulante, de saber. É que no site, que continua tão navegável e apelativo
quanto era no meu tempo (eu não mandava nada nele… era “terreno” de outrem), não
encontrei nada de nada. Nem uma foto dos projetos vencedores, nem uma nota
informativa, nem uma chamada de atenção. Apenas um cartaz e nada mais. E das
duas, uma: ou eu não percebo um cacete de internet e não consegui dar com o
óbvio; ou ter lá na câmara um jornalistazeco de serviço do regime, que se
ajeitou debaixo de asinha do presidente e ali se deixa estar, cómodo,
quentinho, apenas a fazer o bonito e a tirar fotos nos eventos em que vem muita
gente, ou a arranjar e produzir o mural do facebook do patrono; não valeu de
nada, ali.
Olha... só tinha regras e formulários. Dos trabalhos... nicles |
Para selar a época que é tão
nobre, tão autêntica e tão nossa, haverá com certeza um evento ao nível, no
sábado de tarde, dia 28: um concerto “Obras para voz e piano” com uma soprano e
um pianista, que interpretarão obras… clássicas, prontos. Não vale a pena estar
a dizer de quem são porque para mim, são todos iguais. E se para mim são assim,
presumo que para ti serão iguais, não é verdade? Eu sei lá se aquilo é italiano
de jeito ou aquele mianço esganiçado da fulana quer dizer uma tragédia de faca
e alguidar, ou o preço de todas as variedades de peixes em exposição na lota de
Nápoles. Aquilo tem lota, não tem? Deve ter. Há em todo o lado onde há mar.
Bonito cartaz. Quem fez? Está bom. |
Esta cena assim clássica fica
sempre bem. Veremos de as damas do regime vêm com um xaile negro às costas… ou
uma écharpe de pele. E ele(s) de óculos de massa preta, que sempre dá um ar de
intelectual. Por isso é que eu tenho os meus. Claro que não é por serem
bonitos. Já não vou lá à oculista há muitos anos, mas eu acho que já nem
preciso de óculos. Quanto mais velho, melhor.
E lá irão… sempre os mesmos do
costume. Com um frio do catano, quem é que tem cabeça para se meter na tarde
fria, na Casa da Cultura, a ouvir um bacano a tocar piano e uma senhora a
esgalamir? Pelllu amooorrrrrrrr dji deuuusssssssssssssssss…. Vixe Maria! Qui si
dane! Só se for pelos quadradinhos de boleima. Ou pelos Portinhos, lá está.
Serviço cívico bem feito, e já
agora municipal também, seria envolver as escolas e os alunos do nosso concelho
nesta temática, explicando-lhes a importância do evento e o seu papel na
história. Fazendo que fosse deles este degrau da história de Marvão, com nunca
me fizeram a mim, quando era aluno. Se há quem ache que este deveria ser o dia
do feriado municipal? Eu, que sou muito devoto de Nossa Senhora da Estrela, que
me guarda uma menina com oitenta e muitos que lá tenho a dormir no seu regaço,
não acho completamente descabida a ideia.
Se da parte da autarquia e dos
PSD eleitos que a representam, a prestação não foi seguramente a mais condigna,
quanto a mim, tirando uns tintos, uns vinhos do Porto, uns salgados e uns
docinhos; já a oposição da parte do Partido Socialista, deu um passo de gigante
na sua afirmação perante o sufrágio que se anuncia, lá para os fins de 2017.
Alguém me falou nisso nos
entrementes, mas foi a minha amiga Velhaca do Adro, tasqueira mor de Santo
António das Areias, neta da Tia Cavaca, uma das maiores tasqueiras algarvias de
Vila Real de Santo António, que me mostrou no seu telemóvel, o vídeo de que se
fala. Que é este:
Ora a minha amiga Madalena
Tavares, vereadora do partido Socialista no tempo profícuo do Dr. Manuel Bugalho
(Centro de Lazer da Portagem, Casa da Cultura, Piscina Municipal de Santo
António das Areias), que deixou tantas marcas únicas na história do nosso
concelho (é verdade que os apoios e os tempos eram outros), a Madalena
apresenta-se agora como alternativa ao que está.
Num vídeo muito produzido, bem
enquadrado, numa produção já de um nível elevado, usa todo o seu carisma e inegável
charme para marcar posição. Para quem não a conheça, que não devem ser assim
tantos, a Madalena é uma querida e a sua imagem parece que se cola a nós. Foi
um primeiro bom avanço. Escolheram uma altura simbólica para o fazer e creio
que já têm estado a ter algum natural impacto. Diz que Marvão merece mais. Certamente.
Eu, que estou integrado no
Movimento Marvão para Todos, que estou nele de alma e coração, já de há dois
anos a esta parte, não vejo esta candidatura como inimiga. Não posso ver. Porque
isso não vai bem com a minha consciência e não está de bem comigo. Esta
candidatura é minha adversária, o que é bem diferente. Quer o que eu quero com
a minha: mexer na parcimónia de favorzinhos, palmadinhas nas costas, jogadas de
bastidores que toda a gente sabe que há.
O que se passa, e a verdade, é
que acho que o meu movimento, o meu Marvão para Todos, é um sonho lindo de um
Marvão melhor, mais justo, mais solidário, mais competente, mais unido. Com
muito mais trabalho de equipa, muito mais planificações entre todos, muito mais
contatos com a população. Esta candidatura do partido socialista, que já deu um
passo em frente, quer o mesmo que nós queremos: trabalhar por um Marvão melhor.
Mais feliz. Onde seja melhor viver. Veremos como vai tudo. Nós, os meus, continuaremos
a trabalhar. Nós, achamos que podemos fazer melhor.
A começar pela estrutura. A
história e o tempo, que limpa e apura tudo, acabou por fazer uma seleção
natural dos membros do meu grupo. Só continuam aqueles e aquelas que querem
mesmo, que estão puros e decidios.
A Madalena pode ter as melhores
intenções, mas já fez algumas opções de braços direitos e colegas dos quais
ainda não se falou (o vídeo é unilateral), e eu também não irei falar. Ainda.
Há gestos que dizem tudo sobre a pessoa. Não tenho de andar com um cartaz A3
por cima da cabeça com uma seta para baixo a dizer: “ESTE GAJO É UM FIXE”. Eu
sei que sou. O azeite quando se mistura com a água, vem sempre ao de cima. Esquartejaremos
essa temática quando for tempo dela. Sem medos. Olhos nos olhos. De peito feito
e aberto.
A política nunca servirá para me
afastar das pessoas. A política é boa. É uma boa coisa.
Mas a política, quanto mais não
seja, tem o poder fantástico de revelar aquilo que existe dentro de nós. Que
pessoas somos De que somos feitos. E há por aí umas meninas que já me deixaram
ver o “cú”, salvo seja. Borraram a pintura toda e agora, para mim, para o Pedro
Sobreiro, só ma fazem uma vez. Até podem vir pintadas de ouro. Nunca mais me
vêm o branco dos dentes. Deus manda ser bom, mas não manda ser parvo. Os parvos
pedem a Deus que os levem,
O que eu peço às pessoas é que
abram os olhos. Que não deixem tudo ficar como está, que isso sim, seria o
descalabro. 12 anos de presidência de câmara em folha de papel pardo, sem
visão, sem projeção, sem futuro? Não, por favor. Isso mais… não.
Ahhhh… mas eles fizeram a nova Zona
Industrial de Santo António, o Ninho de Empresas e…
Sim, sim, Abelha. Olha, abelhinha
minha, abelhinha minha:
- E o golfe com as ovelhinhas e
as cabrinhas tão engraçadas lá a pastarem? Aquilo já nunca mais anda?
- E o complexo das casinhas tão
bonitas que estão lá ao abandono ao pé das caleiras da Escusa. E essas não
mereciam uma requalificação e dignificação?
- E o património mundial? Que não
descansaram enquanto não meteram de lá a mexer o Dr. Domingos Bucho? Não sabem
quem é o Professor Domingos Bucho?!?!? Epá… não percebe nada de património
mundial. Teve sorte quando conseguiu recentemente inscrever o nome da cidade de
Elvas, centro histórico e as muralhas abaluartadas, nesse quadro de honra do
mundo. Ai o património mundial agora já não faz falta? Miudezas, não?
- Olha… e os antigos edifícios da
fronteira de Galegos que estão a ser vendidos maioritariamente a espanhóis em hasta
pública? Andou o D. Afonso Henriques a espetar surras na mãe para agora a
fronteira vir mais uns quilómetros para cá? E aquilo não ficaria ali bem uma
unidadezinha de apoio à terceira idade para malta mais abastada, por exemplo?
- E não haveria mesmo forma alguma de negociar, ou
renegociar, ou bater o pé à CP, ou à REFER, ou ao que seja para podermos ter
aqui um comboio turístico, mesmo para inglês ver, igual áquela motora na qual
eu ia para a Torre das Vargens, quando andava a estudar na faculdade?
Mas será que um Presidente de Câmara não tem nada mais
importante que fazer do que andar todos os dias, de motorista da primeira dama a
caminho de Portalegre, de manhã e de tarde? Leva e trás. 4 viagens por dia? Se
andasse à minha velocidade, perdia pelo menos, pelo menos, 2 horas. De suposto
trabalho em nosso prol. 30 minutos para cada lado. 4 vezes. Como a rotação do
carro anda bem mais lenta, isto a julgar pela fila qua “carrega” sempre atrás,
passa bem deste tempo.
Mas a senhora não conduz? É difícil, pois é? Há
Papa-Reformas muito bem apetrechados já! E não necessitam licença. Só se deve
evitar é dar as rotundas ao contrário, como eu vi um fazer no Navio. Esperteza.
Poder-me-ão dizer: “ah, ó Drocas: lá estás tu com o teu maldito
feitio.”
Que nada, malucos! Eu apenas tenho é coragem de dizer aquilo
que toda a gente comenta em uníssono nos cafés.
Que nada, bebés: estado democrático, liberdade! O 25 de
Abril foi feito para isto também. Com educação, sem calúnias, sem mentiras,
tudo pode livremente ser dito. Se estivéssemos no tempo da outra senhora (e há
vezes que a vontade certamente será mais que muita) deveria acordar amanhã com
a cabeça de um cavalo morto cheio de sangue na cama. Ou o meu corpo apareceria
a boiar cabeça abaixo na ribeira da Beirã, onde começou a nossa história de
amor. Lembraste?
O senhor é figura pública, pago com dinheiros públicos, é o
meu presidente, também. Só gostava que se dedicasse mais a nós.
O bem comum está aqui. Logo ali.
Beijinhos a todos.
A emissão irá encerrar dentro de segundos.
Adeus
Fim
PS: Tiveram azar. Não morri. Sou um estorvo do catano, não
sou? Obrigado.
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