quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

A restauração, com muita alma e coração

Este texto é da inteira responsabilidade de Pedro Sobreiro, freelancer, cabeça pensante da sua cabeça. Surge não integrado num movimento ao qual pertenço, mas surge aqui porque penso. E sou assim.

Fotomontagem que serviu de cartaz, com as minhas mãos, enquanto vereador responsável pela cultura, em 2006, o meu primeiro ano na câmara. Uma foto minha da vila e duas imagens da época. Tanto amor.

Este amor é velho...
http://vendoomundodebinoculosdoaltodemarvao.blogspot.pt/2008/01/o-meu-concelho-o-meu-heri.html

A data da restauração do concelho, neste dia 24 de Janeiro, é sempre uma data vivida por mim como sendo muito importante. Penso nisso logo desde as primeiras horas da manhã, e a ideia anda sempre comigo, ao longo do dia. Como se alguém muito chegado fizesse anos. Sinto-me feliz ao pensar que recuperámos aquilo que tínhamos perdido. Com a revolução liberal do séc. XIX operaram-se fortes transformações na organização administrativa do território, e no interior do país, sobretudo. Sentia-se uma grande falta de recursos para responder às necessidades das populações, bem como uma enorme dificuldade para encontrar homens com instrução, habilitados para o exercício dos cargos políticos.

Com o país assolado por uma reorganização política e administrativa ao longo de todo o território, Marvão, um concelho com raízes seculares que remontam ao tempo do municipium amaiense, foi, por ser de terceira ordem; por ser assolado por uma enorme taxa de analfabetismo, que resultava em ser muito difícil conseguiu recrutar capazes aptos para participarem nas vereações; e por ser tão difícil o conseguir reunir as verbas necessárias para a gestão corrente, foi anexado ao de Castelo de Vide, a Setembro de 1895.



A racionalização dos parcos recursos financeiros e humanos foi, pois, a grande razão de fundo para esta mudança que nos retirou a ancestral autonomia. Não houve grandes manifestações e revoltas, até porque nesse então, as mudanças a nível nacional eram grandes e frequentes. Então, no início de 1897, o governo caiu, enfraquecido pela oposição e pela sua própria inoperância. Pouco depois, no ano seguinte, novas eleições deram razão às reclamações e o concelho de Marvão regressou ao sítio de onde nunca deveria ter sido retirado. 

Autonomia que recuperámos quando um licenciado em Direito, António de Mattos Magalhães, professor que se dedicou durante muitos anos à instrução (mandou erigir, a seu custo, a escola da Beirã, onde aprendi a ler e escrever), agricultor, visionário (arrematou as termas da Fadagosa em hasta pública, nunca as tendo conseguido impulsionar tanto e da forma que queria) e político (durante mais de 20 anos. Era vereador à data da extinção e quando conseguimos recuperar a câmara, assumiu a presidência da comissão administrativa e mais tarde depois das eleições municipais, a presidência, finalmente.)

É este grande homem que recordo sempre que entro no edifício da Casa do Brasão, o meu local de trabalho, onde funciona o Serviço de Finanças de Marvão, situado numa rua precisamente com o seu nome. E é ali, que sempre que me é solicitado em conversa com os contribuintes, tento recuperar o seu espírito de unidade do meu concelho. Quando me perguntam se poderão fazer o pagamento na internet, ou no multibanco, por exemplo; eu recordo que quem está muitas vezes em lisboa a fazer a planificação territorial ou a analisar os fluxos de fundos e de trabalho, analisa gráficos e quadros, olha para valores e estatísticas e se a nossa tesouraria está às moscas… deixa de fazer falta.

Falo sempre no meu caso, que é o que conheço melhor. Eu faço assim. Quando vou ao Modelo às compras, estranho as filas nas alturas de maior tráfego, nas caixas de pagamento, quando dantes, mais que 2 eram uma multidão e vinha logo mais um operador sabe-se lá de onde, para abrir mais uma caixa para satisfazer o cliente. Agora a malta impa, amontoa-se e não vem ninguém?!?!?!?

Olho para o lado e lá estão elas, todas reluzentes e a piscar, as caixas eletrónicas onde NÓS somos os novos empregados do Belmiro de Azevedo. Olho para lá, mostro a língua e marcho-me caminho do Leclerc ou do Lidl, que apesar de terem nomes estrangeiros, privilegiam os corações portugueses, portalegrenses, que batem atrás da máquina registadora; e as bocas que se alimentam do salário que dali sai.

A restauração vive em mim quando ouço as pessoas que dizem “ah… a gente vai a Castelo de Vide porque vamos ao Pingo Doce e fica ali mesmo à mão de semear” ou “a vila fica mais próxima dos Barretos e desgasta menos o carro que se farta de gastar combustível quando sobe a Marvão” e eu comento “façam isso, façam. O que tratam aqui, podem tratar em qualquer serviço de finanças e lá serão certamente bem atendidos. Mas andem que fazem bem. Andou aquele bravo a bater o pé para nós termos de volta aquilo que vem do tempo dos romanos para agora, terem essa gentileza para com a sua memória.”

E foi por ter esta visão cheia, plena do dia que era, que já tive a honra de viver enquanto vice-presidente de Marvão, que desci amargurado enquanto passava pelo séquito de eleitos que se aproximavam da casa da Cultura, como formigas para o carreiro. Eu poderia ter lá ido, eu poderia tê-los metido de lado e comido só as batatinhas fritas mas… não consegui. Imaginei um Marvão de honra, imaginei aqueles sorrisos, aquelas simpatias, tantas cínicas e achei que nem Marvão me pedia que fizesse isso. Desci para Santo António e não fui lá.

Aqui chegado, apeteceu-me escrever sobre aquilo, que é data importante e ver o que por lá se passaria . Assim dei com a Cerimónia de entrega dos prémios do 3º Concurso Municipal de Ideias de Negócio, que é mais uma ideia absolutamente visionária, creio que do vereador Pires, que era o que mantinha esse pelouro, quando coabitávamos. Se é o 3º, quantas ideias terão sido exequíveis dos outros 2 que lhe antecederam? Seria engraçado, e estimulante, de saber. É que no site, que continua tão navegável e apelativo quanto era no meu tempo (eu não mandava nada nele… era “terreno” de outrem), não encontrei nada de nada. Nem uma foto dos projetos vencedores, nem uma nota informativa, nem uma chamada de atenção. Apenas um cartaz e nada mais. E das duas, uma: ou eu não percebo um cacete de internet e não consegui dar com o óbvio; ou ter lá na câmara um jornalistazeco de serviço do regime, que se ajeitou debaixo de asinha do presidente e ali se deixa estar, cómodo, quentinho, apenas a fazer o bonito e a tirar fotos nos eventos em que vem muita gente, ou a arranjar e produzir o mural do facebook do patrono; não valeu de nada, ali.


Olha... só tinha regras e formulários. Dos trabalhos... nicles


Para selar a época que é tão nobre, tão autêntica e tão nossa, haverá com certeza um evento ao nível, no sábado de tarde, dia 28: um concerto “Obras para voz e piano” com uma soprano e um pianista, que interpretarão obras… clássicas, prontos. Não vale a pena estar a dizer de quem são porque para mim, são todos iguais. E se para mim são assim, presumo que para ti serão iguais, não é verdade? Eu sei lá se aquilo é italiano de jeito ou aquele mianço esganiçado da fulana quer dizer uma tragédia de faca e alguidar, ou o preço de todas as variedades de peixes em exposição na lota de Nápoles. Aquilo tem lota, não tem? Deve ter. Há em todo o lado onde há mar.

Bonito cartaz. Quem fez? Está bom.

Esta cena assim clássica fica sempre bem. Veremos de as damas do regime vêm com um xaile negro às costas… ou uma écharpe de pele. E ele(s) de óculos de massa preta, que sempre dá um ar de intelectual. Por isso é que eu tenho os meus. Claro que não é por serem bonitos. Já não vou lá à oculista há muitos anos, mas eu acho que já nem preciso de óculos. Quanto mais velho, melhor.

E lá irão… sempre os mesmos do costume. Com um frio do catano, quem é que tem cabeça para se meter na tarde fria, na Casa da Cultura, a ouvir um bacano a tocar piano e uma senhora a esgalamir? Pelllu amooorrrrrrrr dji deuuusssssssssssssssss…. Vixe Maria! Qui si dane! Só se for pelos quadradinhos de boleima. Ou pelos Portinhos, lá está.

Serviço cívico bem feito, e já agora municipal também, seria envolver as escolas e os alunos do nosso concelho nesta temática, explicando-lhes a importância do evento e o seu papel na história. Fazendo que fosse deles este degrau da história de Marvão, com nunca me fizeram a mim, quando era aluno. Se há quem ache que este deveria ser o dia do feriado municipal? Eu, que sou muito devoto de Nossa Senhora da Estrela, que me guarda uma menina com oitenta e muitos que lá tenho a dormir no seu regaço, não acho completamente descabida a ideia.

Se da parte da autarquia e dos PSD eleitos que a representam, a prestação não foi seguramente a mais condigna, quanto a mim, tirando uns tintos, uns vinhos do Porto, uns salgados e uns docinhos; já a oposição da parte do Partido Socialista, deu um passo de gigante na sua afirmação perante o sufrágio que se anuncia, lá para os fins de 2017.

Alguém me falou nisso nos entrementes, mas foi a minha amiga Velhaca do Adro, tasqueira mor de Santo António das Areias, neta da Tia Cavaca, uma das maiores tasqueiras algarvias de Vila Real de Santo António, que me mostrou no seu telemóvel, o vídeo de que se fala. Que é este:

Ora a minha amiga Madalena Tavares, vereadora do partido Socialista no tempo profícuo do Dr. Manuel Bugalho (Centro de Lazer da Portagem, Casa da Cultura, Piscina Municipal de Santo António das Areias), que deixou tantas marcas únicas na história do nosso concelho (é verdade que os apoios e os tempos eram outros), a Madalena apresenta-se agora como alternativa ao que está.

Num vídeo muito produzido, bem enquadrado, numa produção já de um nível elevado, usa todo o seu carisma e inegável charme para marcar posição. Para quem não a conheça, que não devem ser assim tantos, a Madalena é uma querida e a sua imagem parece que se cola a nós. Foi um primeiro bom avanço. Escolheram uma altura simbólica para o fazer e creio que já têm estado a ter algum natural impacto. Diz que Marvão merece mais. Certamente.

Eu, que estou integrado no Movimento Marvão para Todos, que estou nele de alma e coração, já de há dois anos a esta parte, não vejo esta candidatura como inimiga. Não posso ver. Porque isso não vai bem com a minha consciência e não está de bem comigo. Esta candidatura é minha adversária, o que é bem diferente. Quer o que eu quero com a minha: mexer na parcimónia de favorzinhos, palmadinhas nas costas, jogadas de bastidores que toda a gente sabe que há.

O que se passa, e a verdade, é que acho que o meu movimento, o meu Marvão para Todos, é um sonho lindo de um Marvão melhor, mais justo, mais solidário, mais competente, mais unido. Com muito mais trabalho de equipa, muito mais planificações entre todos, muito mais contatos com a população. Esta candidatura do partido socialista, que já deu um passo em frente, quer o mesmo que nós queremos: trabalhar por um Marvão melhor. Mais feliz. Onde seja melhor viver. Veremos como vai tudo. Nós, os meus, continuaremos a trabalhar. Nós, achamos que podemos fazer melhor.

A começar pela estrutura. A história e o tempo, que limpa e apura tudo, acabou por fazer uma seleção natural dos membros do meu grupo. Só continuam aqueles e aquelas que querem mesmo, que estão puros e decidios.

A Madalena pode ter as melhores intenções, mas já fez algumas opções de braços direitos e colegas dos quais ainda não se falou (o vídeo é unilateral), e eu também não irei falar. Ainda. Há gestos que dizem tudo sobre a pessoa. Não tenho de andar com um cartaz A3 por cima da cabeça com uma seta para baixo a dizer: “ESTE GAJO É UM FIXE”. Eu sei que sou. O azeite quando se mistura com a água, vem sempre ao de cima. Esquartejaremos essa temática quando for tempo dela. Sem medos. Olhos nos olhos. De peito feito e aberto.

A política nunca servirá para me afastar das pessoas. A política é boa. É uma boa coisa.

Mas a política, quanto mais não seja, tem o poder fantástico de revelar aquilo que existe dentro de nós. Que pessoas somos De que somos feitos. E há por aí umas meninas que já me deixaram ver o “cú”, salvo seja. Borraram a pintura toda e agora, para mim, para o Pedro Sobreiro, só ma fazem uma vez. Até podem vir pintadas de ouro. Nunca mais me vêm o branco dos dentes. Deus manda ser bom, mas não manda ser parvo. Os parvos pedem a Deus que os levem,

O que eu peço às pessoas é que abram os olhos. Que não deixem tudo ficar como está, que isso sim, seria o descalabro. 12 anos de presidência de câmara em folha de papel pardo, sem visão, sem projeção, sem futuro? Não, por favor. Isso mais… não.

Ahhhh… mas eles fizeram a nova Zona Industrial de Santo António, o Ninho de Empresas e…

Sim, sim, Abelha. Olha, abelhinha minha, abelhinha minha:

- E o golfe com as ovelhinhas e as cabrinhas tão engraçadas lá a pastarem? Aquilo já nunca mais anda?

- E o complexo das casinhas tão bonitas que estão lá ao abandono ao pé das caleiras da Escusa. E essas não mereciam uma requalificação e dignificação?

- E o património mundial? Que não descansaram enquanto não meteram de lá a mexer o Dr. Domingos Bucho? Não sabem quem é o Professor Domingos Bucho?!?!? Epá… não percebe nada de património mundial. Teve sorte quando conseguiu recentemente inscrever o nome da cidade de Elvas, centro histórico e as muralhas abaluartadas, nesse quadro de honra do mundo. Ai o património mundial agora já não faz falta? Miudezas, não?

- Olha… e os antigos edifícios da fronteira de Galegos que estão a ser vendidos maioritariamente a espanhóis em hasta pública? Andou o D. Afonso Henriques a espetar surras na mãe para agora a fronteira vir mais uns quilómetros para cá? E aquilo não ficaria ali bem uma unidadezinha de apoio à terceira idade para malta mais abastada, por exemplo?

- E não haveria mesmo forma alguma de negociar, ou renegociar, ou bater o pé à CP, ou à REFER, ou ao que seja para podermos ter aqui um comboio turístico, mesmo para inglês ver, igual áquela motora na qual eu ia para a Torre das Vargens, quando andava a estudar na faculdade?

Mas será que um Presidente de Câmara não tem nada mais importante que fazer do que andar todos os dias, de motorista da primeira dama a caminho de Portalegre, de manhã e de tarde? Leva e trás. 4 viagens por dia? Se andasse à minha velocidade, perdia pelo menos, pelo menos, 2 horas. De suposto trabalho em nosso prol. 30 minutos para cada lado. 4 vezes. Como a rotação do carro anda bem mais lenta, isto a julgar pela fila qua “carrega” sempre atrás, passa bem deste tempo.

Mas a senhora não conduz? É difícil, pois é? Há Papa-Reformas muito bem apetrechados já! E não necessitam licença. Só se deve evitar é dar as rotundas ao contrário, como eu vi um fazer no Navio. Esperteza.

Poder-me-ão dizer: “ah, ó Drocas: lá estás tu com o teu maldito feitio.”

Que nada, malucos! Eu apenas tenho é coragem de dizer aquilo que toda a gente comenta em uníssono nos cafés.

Que nada, bebés: estado democrático, liberdade! O 25 de Abril foi feito para isto também. Com educação, sem calúnias, sem mentiras, tudo pode livremente ser dito. Se estivéssemos no tempo da outra senhora (e há vezes que a vontade certamente será mais que muita) deveria acordar amanhã com a cabeça de um cavalo morto cheio de sangue na cama. Ou o meu corpo apareceria a boiar cabeça abaixo na ribeira da Beirã, onde começou a nossa história de amor. Lembraste?
O senhor é figura pública, pago com dinheiros públicos, é o meu presidente, também. Só gostava que se dedicasse mais a nós.

O bem comum está aqui. Logo ali.

Beijinhos a todos.

A emissão irá encerrar dentro de segundos.

Adeus

Fim


PS: Tiveram azar. Não morri. Sou um estorvo do catano, não sou? Obrigado.


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