Os
meus runnings, as minhas corridinhas, são mais assunto de mural de facebook,
que de blogue. Um assunto para subir ao blogue tem de ter outra estaleca e
outro alcance. Os runnings, com uma frequência semanal, são motivos de
apontamentos, de desabafos e picanços para a malta que me segue naquela rede e
que me estimula. Malta que por ali convive comigo.
Depois,
a minha aplicação de registo de corridas, o Runtastic, entra com o perfil do
facebook e aquele registo é mais para consumo privado, para histórico da evolução.
O
registo de hoje é de relevo, por dois motivos concretos, e por isso não se
esgota no facebook.
Um
dos grandes fascínios desta minha capacidade de correr pelo concelho que me viu
nascer, é não ter um percurso fixo, concreto, limitado. Não se trata de um
campo, ao qual dou voltas, ou um circuito fechado. A cada manhã que saio para
correr, rezo e nem sei bem por onde vou.
Hoje
tinha pensado dar a volta dos Galegos ao contrário do que faço habitualmente,
isto é, descer para a ponte Velha, subir até à parte mais baixa dos galegos
(não é contrasenso, é mesmo assim), e regressar pela Relva da Asseiceira.
Estava uma manhã linda, fria, de sol, com um ar fantástico. Reparei que o fluxo
de trânsito era muito avolumado e percebi então, pensando nas horas, que
deveria estar para acontecer a missa nos Galegos, em honra de São Sebastião,
que era o 1º grande happening político do concelho em 2017, onde todas as
forças que estarão a votos, marcariam presença.
Motivo 1: Abertura
da época de caça aberta (deliberada) ao voto
Gente
da minha (leia-se Marvão para Todos) passava de carro e tocava a buzina. Eu
dizia adeus e sorria, dando alento para o cenário que haveriam de encontrar. E
ia pensando, pensando, sozinho, olhando a beleza do mundo à minha volta. Aquela “guerra” não é a minha. É, mas não
é.
É a minha guerra porque estou convicto, com força
e sei que a minha equipa é um conjunto de homens e mulheres boas, que querem o
melhor para a nossa terra e para as suas gentes. Boas, não porque sejam, ou por
se considerem melhores que todos os outros, mas sim porque têm um espírito
cristão, de ajudar, de tornar possível, mais fácil, de aproximar a câmara aos
munícipes.
Não é a minha
guerra porque
seria incapaz de trocar aquilo que estava a fazer por… uma manhã de falsidade.
Supostamente, o que deveria ter ali levado as pessoas seria a fé, que foi a
última coisa que ali os levou. Aquilo foi uma passerelle de fachadas, de
sorrisos, de abraços, cumprimentos e mãozadas. No fundo, muito… de nada. Os
meus não quiseram faltar, quiseram não deixar de marcar presença e eu
apoiei-os, tanto que até fiz questão de passar pelos Galegos, para lhes dar um
abraço. Nestas coisas, quem não aparece… esquece e todos nós sabemos como é o
nosso povo. Envelhecido, pouco alfabetizado, e com tudo aquilo que é muito
natural e comum à natureza humana, onde a solidariedade e a entreajuda, caem
com estrondo aos pés da inveja e maledicência. Depois, são facilmente levados
por festas, conversas mansas, palmadinhas nas costas. Só assim se pode
encontrar a explicação para este prolongamento de um executivo onde não há
espírito de equipa, de missão.
Contudo,
e este contudo é muito importante, eu acredito que os marvanenses (habitantes
do concelho de Marvão) são muito diferentes dos habitantes dos concelhos
vizinhos. Acredito que são mais genuínos, mais autênticos, mais terra a terra e
essa vertente é-me confirmada por colegas que já trabalharam outros sítios, e
mesmo por outros profissionais que aqui vêm.
Ainda
há dias um dos carteiristas que por aí andam a distribuir correio, licenciado
sem licença para ter o emprego que merece, me disse que “este concelho é
demais! Nos outros a gente anda, distribui e as pessoas passam por nós como
pelas cartas de publicidade manhosa. Aqui há sempre uma brincadeira, uma
atenção, uma boca. Por isso é que a gente gosta de andar aqui.”
O
que ali sucedeu nos Galegos hoje, pode ser analisado de diversos prismas, que
se resumem maioritariamente a três: o da religião,
o da população e, em último mas não
por último, da política.
A
visão da Igreja não pode ser
destrinçada da figura que é o padre Marcelino. É este homem jovem, extremamente
dinâmico, sempre a correr de um lado para o outro, (que até cansa só de o ver)
que em sagrada hora nos caiu no regaço, que fez com que a relação do concelho
com a Igreja, nunca mais seja a mesma. Para ela, para ele, tratava-se uma
eucaristia para homenagear um santo daquela localidade, mas também um evento de
suposta beneficência, a fim de recolher fundos para a recuperação das madeiras
e dos tetos.
A
população viu, para além da devoção
de quem crê; a oportunidade de conviver, confraternizar, viver um daqueles
bocadinhos que se costumam dizer que, são os que se levam de cá (da terra).
Muita comida (sempre extraordinário porco assado do mestre Carlinhos), muita
bubida (o que convém sempre), e quando assim é: animação e alegria. Não houve
baile porque aquilo é… de respeito.
A visão da política tem sido um aviar de facas.
Agora nesta fase, já todos saíram da toca e é um fartar de exposição. Os que lá estão, que nunca conseguiram
esconder o transparecer da sua desunião, estão, até ver, a viver umas terceiras
núpcias de sonho. Curioso estou eu de ver se o que sempre se encostou, se
continua a sentir bem, relegado para terceiríssimo plano (recordo-me que não se
ganha assim tão mal; trabalho, desde que se queira, não dá assim muito; e não
há limites para mandatos de vereação, creio eu); de que forma as pedras se
conjugam e para onde entra quem tem mesmo muita força de entrar. A novela
Rondão de Almeida terá aqui a sua versão de Marvão? Será que avança mesmo um
arlequim manipulado pelo exterior? E como será que conseguirá agir nos diretos?
Papelinhos dobrados com respostas, guardados nas mangas do casaco? O cinto já
está!
Todos os direitos reservados, da minha querida amiga, supra citada |
Pessoalmente,
o que me dói mais a mim, Pedro Sobreiro, cidadão que se presume informado e
esclarecido (não muito, mas algo. Certamente.), é que as forças antagónicas ao
que está (mas não está), não tenham conseguido chegar a um consenso. Juntos
seria muito mais fácil, mais tranquilo, mais certeiro. Mas o que aconteceu nas
longas negociações que foram prolongadas durante muitos meses, foi que não se
conseguiu chegar a um consenso entre as partes.
Houve
pessoas, entre nós, que sempre defenderam que estariam no seio do grupo Marvão
para Todos até ao último dia, mas que ao primeiro aceno de possibilidade de
acesso ao poder, nos viraram costas.
Outras
saíram porque as questões de filiação falaram mais alto, e trilharão o seu
próprio caminho. Ou não.
Essas
pessoas saíram, por si, e deixarão de estar entre nós em aparições futuras.
Facilmente serão identificáveis. Já não estão na nossa demanda.
Quem
lhe deu guarita, quem está disposta a avançar por essa via sozinha, não falhou
ao movimento ao qual pertenço. Fomos nós que requacionámos bem as questões de
acordo com a nossa carta de princípios, e optámos por seguir o nosso caminho a
sós, como tinha sido previsto desde o início. O Marvão para Todos não é um
grupo de garotos, de miúdos e miúdas que querem brincar aos políticos. É feito
de homens e mulheres experientes, com provas dadas na sua vida profissional, familiar
e política, que não estão contra o que está. Têm sim, uma visão e uma forma
diferente de ver, pensar e programar as coisas.
Essa
pessoa que veio de fora agitar as águas, não falhou com o grupo, mas falhou-me
a mim. Porque tive muito tato na primeira abordagem, muita sensatez na forma
como as negociações foram conduzidas e fiquei com a sensação, admito que possa
estar errado, que apenas equacionaria regressar e apresentar-se a votos “pelo
amor ao concelho e a Marvão”, se as
partes oponentes ao que está, se unissem. O que não veio a acontecer.
Infelizmente, digo eu, agora. Espero não o lamentar tanto, no futuro.
Existirão
assim 3 vias: mais do mesmo (que é fraco e pouco); a alternativa de sempre, da
mão, com algumas nuances; e nós, o movimento independente “Marvão para Todos!."
A
humildade é a nossa base de trabalho,
o saber que nada temos e ainda nada conseguimos é sempre o nosso novo ponto de
partida, para cada dia. Mas o nosso fôlego de esperança tem ganho alento e para
mim, tem resultado de uma forma absolutamente inesperada e esperançosa, com o
calor humano e o alento que nos chegam das pessoas. Apesar das ligações de teia
que esta câmara tem com tudo o que é instituição e organização, há muita gente,
tanta gente que está a dar-nos a mão, a dizer-nos que sim, que podemos contar
com ele, ou com ela, com um sorriso nos lábios.
Lançámos
há dias o nosso primeiro comunicado (aqui, no nosso blogue, onde está também
toda a nossa informação, e carta de princípios) e vamos sim, sair em força, em
breve.
É
importante que fique registado que é nossa garantia que este movimento, é um
projeto a longo prazo. Isto é, não pretende esgotar-se nestas eleições
autárquicas, mas antes tem um período de longevidade que extravasa este espaço
temporal.
Temos
perfeita consciência que nestes concelhos do interior, sobretudo, quem está no poder
pode administrá-lo à sua maneira e só muito dificilmente poderá deixá-lo fugir.
Mas
também temos consciência que este presidente não se pode mais candidatar (3
longos mandatos para tão pouca obra concreta e palpável, com tanto de dinheiros
comunitários que certamente não foram aproveitados da melhor forma, e fugiram)
e esta é uma boa altura para nos apresentarmos. Quaisquer que sejam os
resultados que conseguirmos, será por aí que começaremos a esmiuçar os podres
do regime, e a clarificar, ouvir, projetar ajudar a construir um amanhã melhor,
a todos os órgãos a que nos candidatemos.
O
“Marvão para Todos” tem sido, como já referi, o produto de um longo trabalho de
mais de 2 anos, a caminho de sítios recônditos para trabalhar na penumbra. Tudo
tem sido pensado entre todos, e realizado com o trabalho de todos. Isto é nosso
mas para si, para ti também. O “Marvão para Todos” é seu, é teu, é de todos
aqueles que estão descontentes, são daqui, gostam disto e se preocupam com
Marvão.
Segundo
motivo porque este relatório de running não se esgota no facebook: A distância
face às meias ou a entrada numa outra dimensão que merece ter lugar de destaque
aqui, no blogue. 15 km é obra! Foram feitos com uma facilidade tal (com subidas
de arrasar… a da Ponte Velha… mata!), que já posso pensar em fazer uma meia
maratona. São só mais 6 km do que o que fiz hoje. Era ir de casa até à Beirã.
Era continuar pela autovia em direção a Valência. Dava. Se quisesse… dava. E
saber isso é muito bom. E motiva muito. Para outros embates do dia a dia.
Como
dizem na missa após as leituras: assim seja.
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