Muita
água tem passado por debaixo das pontes desde esse então mas eu tenho mesmo que
escrever sobre isto… porque me faz falta e foi realmente um evento
extraordinário que superou em muito as minhas melhores expectativas. Nunca
pensei que desta primeira vez fosse possível juntar tanta gente que já não se
via há tantos anos. Com as novas tecnologias que hoje temos ao nosso dispor,
era mesmo inexplicavelmente que não nos encontrávamos há tanto tempo.
A
semana que antecedeu o encontro marcou o fim das minhas férias e foi algo, ou
muito, atribulada.Com a chegada da praia, as arrumações de toda a esturgia vinda
do areal mais aquela que se acumula durante o ano inteiro à espera das férias
para ser acondicionada/despejada, levei tempo. Muito tempo. Depois marchei-me
com a minha Leonor para o festival do passeio marítimo de Algés e não pude
dedicar a este encontro de amigos a atenção que queria e me merecia. Na manhã
de saída para o rock, mandei uma mensagem via facebook à Mena Sacramento,
co-organizadora do “Voltar a Casa” a pedir que me ajudasse a fazer uma
mobilização das tropas. Afinal… o dia estava-se a aproximar e as coisas não
estavam assim tão definidas quanto eu gosto. Não sabíamos ao certo quantos
vinham e havia urgência em comunicar ao restaurante. Eu descansava-me a mim
próprio e dizia-me: “calma, Pedro. Isto é o primeiro ano e há-de haver sempre
arestas por limar. Desde que se saiba o número aproximado de pessoas para se
confeccionar a refeição… o lugar para se sentar, arranja-se”. Eu sabia isso
tudo mas fiz-me duas promessas: “1 - A data para 2015 tem de ser definida desde
logo para que o pessoal possa já programar a vinda e para que os que não tenham
conseguido estar desta vez, possam, caso queiram, não faltar para o ano; 2 - As
inscrições têm de ficar concentradas na junta de freguesia que tem mail (geral@jf-beira.pt), telefone (245 992 314) e pessoal de
atendimento sempre disponível. E o nosso António Manuel Pereira Mimoso, para
nós Tomané ou Tóqué é o verdadeiro Barak Obama da coisa (presidente@jf-beira.pt): Político informal e sempre
em cima do acontecimento. Com ele no balanço, tá tudo em cima.”
Pensava
eu nisto e ficava mais animadinho mas perguntava-me: “e quantos serão?” Sempre
pensei que mesmo que fosse(m) só um, dois comigo, desde que fosse um(a) amigo(a)
que não visse desde então, já teria valido a pena. Mas foi muita melhor que
isso.
A
Mena disse-me que iria enviar uma mensagem a todos (coisa que, confesso, não
sei fazer porque se ela está num nível 18/20 do facebook, eu vejo-me à rasca
para tirar 10 para ir à oral.). Ainda estava eu em viagem quando comecei a
sentir os efeitos de que a “coisa” estava mesmo em andamento. Ligou-me o Nuno
Carrilho que eu não via há décadas e para mim há-de sempre ser a mola quem fez
com isto tudo acontecesse porque se não tivesse sido a mensagem de contacto que
me enviou pelo facebook, eu nunca teria conseguido arranjar forças, já neste
ano, para animar a malta como cantava o bom do Zeca Afonso.
Chegado
a Lisboa e almoçado para enfrentar o festival, fui eu que comecei a entrar em
contactos com o Sr. Presidente da Junta e sobretudo com o Jorge dos Sabores de Marvão, para acertar detalhes. Os 10 euros que conseguiu fazer eram muito
apelativos e sobretudo permissivos para quem queria comparecer e que, para o
fazer, teria de pagar gasolinas e portagens. Não poderia ser por isso que
alguém ficaria em casa. Da conversa surgiram outras ideias como se seria na
esplanada ou no 1ºandar como veio depois a acontecer porque estava sol e muito
quente. Disse-me que ali havia privacidade, fresquinho do A/C e muito espaço.
“Perfeito, Jorge! Não mexe mais. Eu não pensaria melhor. J)”
Estava
tudo a andar sobre rodas mas o destino, (sempre ele, marcado, preciso)
acordou-me às 8 da manhã de dia 11 com uma notícia que não esperava de todo e
me abalou os alicerces deste edifício que sou. A Ti Bia faleceu.
Iria
ser sepultada no dia em que era para acontecer o almoço, numa das campas de
família onde repousam os restos físicos do que foi o meu pai, o meu tio, a minha
avó e o meu avô. Na
manhã do funeral, enquanto os homens da câmara comiam a bucha longe dali, tive dentro
do cemitério a oportunidade de, a sós com o meu irmão, poder estar em paz, a
interagir com as entranhas da terra onde repousam as raízes dos Sobreiros.
Aquele será o nosso lugar, num dia que esperamos distante. Mas será ali,
naquele sítio onde tudo acaba neste corpo. Pensei que este facto inviabilizaria
de todo a minha presença. Teria de ser para o ano, só. E eu aceitava como se
têm que aceitar estes desígnios da vida quando as idades se aproximam a passos
largos dos 100 e já fizeram todo o seu percurso. Regressei de Lisboa de imediato.
Cá chegado, não passei a noite toda na câmara ardente porque me parece desumano
e exigente demais para quem sofreu o duro golpe de perder alguém de família que
amava tanto, o ter de estar a noite inteira a pé, sem descansar. Mas, como o
padre Luís tinha outros compromissos marcados, o funeral teve de se iniciar bem
cedo, e eu fui
para baixo ao romper do dia. Sepultámos os restos mortais. Por volta das 11h da
manhã, já eu e muitos dos meus familiares que não via há meses sentíamos aquela
estranha sensação de alívio que se sente sempre, e quase sempre se omite depois
de um funeral. Eu creio que acontece porque se suspira pelo fim daquele filme
terrível do enterro e pela nossa continuidade enquanto pessoas.
Alívio
que nos permitiu sentar a tomar café juntos, saber mais uns dos outros, viver.
E ali, é certo que impulsionado por muitos familiares, decidi que não iria
virar costas aos amigos que se reuniriam pela primeira vez depois de tanto
tempo. Se eu investi tanto de mim para que acontecesse, não poderia só passar
apenas para um abraço e tomar café como me mandava a minha etiqueta. Eu sabia
do orgulho que a minha tia tinha em mim por ter sido capaz disto e sabia que
ela não quereria que faltasse.
Não
faltei e fui muito feliz. Já nunca fui com o ânimo que imaginaria ter antes mas…
estive presente. Não levei a minha família como queria para a mostrar a todos
(orgulho!), mas se Deus quiser, para o ano, no dia 18 de Julho de 2015, sábado, lá estaremos em peso. A marcação da
data, com um ano inteiro pela frente para espalhar a notícia foi logo começar a
ganhar. Mas tanta coisa, tanto sorriso, tanto abraço… que davam vitórias quase
que a cada minuto que passava. As pessoas foram-se juntando naturalmente com as
afinidades que já vinham de sempre mas houve tanta conversa que ficou por se ter,
tanta coisa por fazer que quase que dava vontade de fazer este encontro pessoa
a pessoa.
O
efeito bola de neve está a rolar. Nos Quintos 72/73 começou assim, assim dura e
sempre durará. Teve um ligeiro interregno que tudo faremos para que nunca se
repita. No “Voltar a Casa” certamente não se repetirá.
O
evento pode crescer, expandir e dar largas às tantas ideias que tenho e todas,
as de todos, são bem vindas. O importante é estarmos juntos, é celebrarmos esta
bênção de estarmos vivos ao mesmo tempo e podermos interagir com quem mais
gostamos.
Estamos
todos de parabéns. Valeu! Até para o ano! Se não for antes, por aí… J
Rua Fernando Namora em peso (literalmente!) |
E o emplastro roubou a máquina... |
2 comentários:
Como é bom voltar a casa e sentir que nunca saímos de lá... que os amigos estão sempre connosco. Bem hajas meu querido por nos teres proporcionado este "regresso"... para o ano há mais :)
Foi um dia excelente ,no meu caso pessoas que não via á 25 anos parecia que nos tínhamos visto no dia anterior,adorei ,para o ano lá estarei se Deus quiser...
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