domingo, 3 de agosto de 2014

Voltei a casa (e fui tão feliz)


Muita água tem passado por debaixo das pontes desde esse então mas eu tenho mesmo que escrever sobre isto… porque me faz falta e foi realmente um evento extraordinário que superou em muito as minhas melhores expectativas. Nunca pensei que desta primeira vez fosse possível juntar tanta gente que já não se via há tantos anos. Com as novas tecnologias que hoje temos ao nosso dispor, era mesmo inexplicavelmente que não nos encontrávamos há tanto tempo.

A semana que antecedeu o encontro marcou o fim das minhas férias e foi algo, ou muito, atribulada.Com a chegada da praia, as arrumações de toda a esturgia vinda do areal mais aquela que se acumula durante o ano inteiro à espera das férias para ser acondicionada/despejada, levei tempo. Muito tempo. Depois marchei-me com a minha Leonor para o festival do passeio marítimo de Algés e não pude dedicar a este encontro de amigos a atenção que queria e me merecia. Na manhã de saída para o rock, mandei uma mensagem via facebook à Mena Sacramento, co-organizadora do “Voltar a Casa” a pedir que me ajudasse a fazer uma mobilização das tropas. Afinal… o dia estava-se a aproximar e as coisas não estavam assim tão definidas quanto eu gosto. Não sabíamos ao certo quantos vinham e havia urgência em comunicar ao restaurante. Eu descansava-me a mim próprio e dizia-me: “calma, Pedro. Isto é o primeiro ano e há-de haver sempre arestas por limar. Desde que se saiba o número aproximado de pessoas para se confeccionar a refeição… o lugar para se sentar, arranja-se”. Eu sabia isso tudo mas fiz-me duas promessas: “1 - A data para 2015 tem de ser definida desde logo para que o pessoal possa já programar a vinda e para que os que não tenham conseguido estar desta vez, possam, caso queiram, não faltar para o ano; 2 - As inscrições têm de ficar concentradas na junta de freguesia que tem mail (geral@jf-beira.pt), telefone (245 992 314) e pessoal de atendimento sempre disponível. E o nosso António Manuel Pereira Mimoso, para nós Tomané ou Tóqué é o verdadeiro Barak Obama da coisa (presidente@jf-beira.pt): Político informal e sempre em cima do acontecimento. Com ele no balanço, tá tudo em cima.”

Pensava eu nisto e ficava mais animadinho mas perguntava-me: “e quantos serão?” Sempre pensei que mesmo que fosse(m) só um, dois comigo, desde que fosse um(a) amigo(a) que não visse desde então, já teria valido a pena. Mas foi muita melhor que isso.

A Mena disse-me que iria enviar uma mensagem a todos (coisa que, confesso, não sei fazer porque se ela está num nível 18/20 do facebook, eu vejo-me à rasca para tirar 10 para ir à oral.). Ainda estava eu em viagem quando comecei a sentir os efeitos de que a “coisa” estava mesmo em andamento. Ligou-me o Nuno Carrilho que eu não via há décadas e para mim há-de sempre ser a mola quem fez com isto tudo acontecesse porque se não tivesse sido a mensagem de contacto que me enviou pelo facebook, eu nunca teria conseguido arranjar forças, já neste ano, para animar a malta como cantava o bom do Zeca Afonso.

Chegado a Lisboa e almoçado para enfrentar o festival, fui eu que comecei a entrar em contactos com o Sr. Presidente da Junta e sobretudo com o Jorge dos Sabores de Marvão, para acertar detalhes. Os 10 euros que conseguiu fazer eram muito apelativos e sobretudo permissivos para quem queria comparecer e que, para o fazer, teria de pagar gasolinas e portagens. Não poderia ser por isso que alguém ficaria em casa. Da conversa surgiram outras ideias como se seria na esplanada ou no 1ºandar como veio depois a acontecer porque estava sol e muito quente. Disse-me que ali havia privacidade, fresquinho do A/C e muito espaço. “Perfeito, Jorge! Não mexe mais. Eu não pensaria melhor. J)”

Estava tudo a andar sobre rodas mas o destino, (sempre ele, marcado, preciso) acordou-me às 8 da manhã de dia 11 com uma notícia que não esperava de todo e me abalou os alicerces deste edifício que sou. A Ti Bia faleceu.

Iria ser sepultada no dia em que era para acontecer o almoço, numa das campas de família onde repousam os restos físicos do que foi o meu pai, o meu tio, a minha avó e o meu avô. Na manhã do funeral, enquanto os homens da câmara comiam a bucha longe dali, tive dentro do cemitério a oportunidade de, a sós com o meu irmão, poder estar em paz, a interagir com as entranhas da terra onde repousam as raízes dos Sobreiros. Aquele será o nosso lugar, num dia que esperamos distante. Mas será ali, naquele sítio onde tudo acaba neste corpo. Pensei que este facto inviabilizaria de todo a minha presença. Teria de ser para o ano, só. E eu aceitava como se têm que aceitar estes desígnios da vida quando as idades se aproximam a passos largos dos 100 e já fizeram todo o seu percurso. Regressei de Lisboa de imediato. Cá chegado, não passei a noite toda na câmara ardente porque me parece desumano e exigente demais para quem sofreu o duro golpe de perder alguém de família que amava tanto, o ter de estar a noite inteira a pé, sem descansar. Mas, como o padre Luís tinha outros compromissos marcados, o funeral teve de se iniciar bem cedo, e eu fui para baixo ao romper do dia. Sepultámos os restos mortais. Por volta das 11h da manhã, já eu e muitos dos meus familiares que não via há meses sentíamos aquela estranha sensação de alívio que se sente sempre, e quase sempre se omite depois de um funeral. Eu creio que acontece porque se suspira pelo fim daquele filme terrível do enterro e pela nossa continuidade enquanto pessoas.

Alívio que nos permitiu sentar a tomar café juntos, saber mais uns dos outros, viver. E ali, é certo que impulsionado por muitos familiares, decidi que não iria virar costas aos amigos que se reuniriam pela primeira vez depois de tanto tempo. Se eu investi tanto de mim para que acontecesse, não poderia só passar apenas para um abraço e tomar café como me mandava a minha etiqueta. Eu sabia do orgulho que a minha tia tinha em mim por ter sido capaz disto e sabia que ela não quereria que faltasse.

Não faltei e fui muito feliz. Já nunca fui com o ânimo que imaginaria ter antes mas… estive presente. Não levei a minha família como queria para a mostrar a todos (orgulho!), mas se Deus quiser, para o ano, no dia 18 de Julho de 2015, sábado, lá estaremos em peso. A marcação da data, com um ano inteiro pela frente para espalhar a notícia foi logo começar a ganhar. Mas tanta coisa, tanto sorriso, tanto abraço… que davam vitórias quase que a cada minuto que passava. As pessoas foram-se juntando naturalmente com as afinidades que já vinham de sempre mas houve tanta conversa que ficou por se ter, tanta coisa por fazer que quase que dava vontade de fazer este encontro pessoa a pessoa.  

O efeito bola de neve está a rolar. Nos Quintos 72/73 começou assim, assim dura e sempre durará. Teve um ligeiro interregno que tudo faremos para que nunca se repita. No “Voltar a Casa” certamente não se repetirá.

O evento pode crescer, expandir e dar largas às tantas ideias que tenho e todas, as de todos, são bem vindas. O importante é estarmos juntos, é celebrarmos esta bênção de estarmos vivos ao mesmo tempo e podermos interagir com quem mais gostamos.


Estamos todos de parabéns. Valeu! Até para o ano! Se não for antes, por aí… J













Rua Fernando Namora em peso (literalmente!)
















E o emplastro roubou a máquina...




















2 comentários:

Filomena Sacramento disse...

Como é bom voltar a casa e sentir que nunca saímos de lá... que os amigos estão sempre connosco. Bem hajas meu querido por nos teres proporcionado este "regresso"... para o ano há mais :)

Isabel Miranda disse...

Foi um dia excelente ,no meu caso pessoas que não via á 25 anos parecia que nos tínhamos visto no dia anterior,adorei ,para o ano lá estarei se Deus quiser...