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Quando eu ainda era vereador, numa tarde quente em que estava de férias, ligou-me a Felicidade do Posto de Turismo a dizer que estava lá o senhor de um conjunto que me queria conhecer.
Eu disse-lhe que compreendia mas que não podia atender todos os músicos e agentes do mundo do espectáculo que me queriam conhecer, sob pena de não poder fazer outra coisa.
Sim, mas este, disse-me ela, era diferente. Era ele que se estava pessoalmente, se deslocava às câmaras para apresentar o seu trabalho. Que era muito engraçado, muito bem vestido, que parecia o Elvis.
Está bem, prontos, uma palavrinha então… (algum chato do caraças… mas prontos).
Lata e capacidade de persuasão ouvi logo eu que não lhe faltavam. Que era diferente, que era muito bom, que me ia deixar material promocional…
Eu disse que ia ver. Prontos… eu prometi-lhe que ia ver e ele não se esqueceu de ligar a perguntar pelo feedback que tardava.
Eu e os Lucky Duckies foi amor à primeira vista porque os Lucky Duckies representam um universo musical que a mim me fascina. Todo aquele imaginário da génese do rock’n’roll, a figura do crooner, do performer que embala a banda e conquista plateias, todo aquele swing à Rat Pack, todo aquele balanço rockabilly me deixaram rendido. Fiquei fã. Desde a primeira hora.
E assim vieram para actuar no feriado municipal, por um cachet especialíssimo, com o compromisso de apresentarem um repertório sobretudo focado nos standarts clássicos do nacional cançonetismo que eles tão bem interpretam. Cumpriram. Encantaram e abriram uma auto-estrada para regressarem no ano seguinte, uma promessa antecipada caso a estreia fosse bem sucedida, como atenção pelo seu valor mais em conta.
Ao longo desse ano fomo-nos falando via Facebook, trocando e-mails, estando em contacto. Acho que falamos a mesma língua e alimentamos a mesma paixão pelo poder que a música tem nas nossas vidas. O Marco ficou encantado na história do meu pai ter sido baterista, ficou encantado com os Cometas Negros, com o poder subversivo que tiveram na juventude albicastrense e de toda a Beira, num momento da nossa história em que não éramos tão livres assim.
Eu fiquei encantado com o Marco porque ele dá-se ao gosto. Pela pinta, pelo savoir faire, pelo enorme talento, pela sua extraordinária capacidade em comunicar, em chegar às pessoas, pela enorme crença que tem em si, no seu talento e nos seus músicos.
Quando os Lucky Duckies regressaram a Marvão já eram vedetas da televisão, já batiam todos os programas de grande audiência e já não passavam despercebidos. Chegaram como amigos e eu recebi-os como tal. Falámos de música, como sempre, e debaixo da frondosa esplanada de tílias do Sever, com o rio a fazer-nos companhia numa tarde quente de fim de Verão, desfiámos gostos e paixões enquanto eles se rendiam aos encantos da nossa gastronomia. Ainda tenho comigo o vinil do “Sandinista” dos Clash que o baixista Rolão me emprestou com o fervor que só um melómano pode entender. Será devolvido, prometo, ou não fosse eu um melómano empedernido também.
Foi nessa ocasião que, ou eles me fizeram o desafio, ou eu lhe fiz a proposta, já nem me recordo bem, de fazer uma “perninha” em palco. Para mim… resultou à mil maravilhas. É certo que as más línguas invejosas aproveitaram a ocasião que rotularam de extravagante, para, na perfídia da mentira que as caracteriza, dizerem que o mais certo era o vereador estar com um copo a mais. Eu, que estava de consciência tranquila e de voz colocada (lamentei desiludi-los, mais uma vez!) acho que cumpri com distinção. Se assim não tivesse sido, os vocalistas não teriam ido dar uma volta em plena show, deixando-me a actuar com a banda porque, Marco dixit com a sua natural piada e bonomia, “com vereadores destes nem nós precisamos cantar”.
Uma vez ligou-me de Castelo de Vide dizendo que estavam lá a actuar para a RTP. “Anda cá almoçar com a gente”. “Eu?!? Nem pensar! Assim, feito penetra?”. “Deixa-te de cenas. Faz de conta que és o nosso agente”. Haviam de ter visto a cara do Pita quando soube que na mesa ao lado estava o novo agente dos Lucky Duckies dando-lhes as dicas para a performance. Eh, eh….
Entretanto, terminei o mandato, os Lucky não voltaram a Marvão, mas nunca mais deixámos de nos falar, de estarmos em linha, de sabermos novidades em longas conversas por telefone. Deles fui sabendo do andamento do disco, das últimas evoluções e mesmo de fora, tentei mover as minhas influências para conseguir que fossem recebidos pelas altas instâncias autárquicas de Portalegre, a ver se os encaixava de vez naquela capital. Têm um espectáculo só com canções de Natal que deve de ficar uma maravilha no CAEP. Enfim…
O disco saiu e esgotou. Roda nas rádios. Roda na televisão. Escala nos Tops. E eu, que sempre disse ao Marco que nos dias de hoje ainda precisava do cd, do suporte físico, que se deixasse de pen’s e downloads, nunca consegui meter os olhos em cima de tão cobiçado artefacto.
“Já compraste o cd?”.
“Como? Nunca o vi em lado nenhum! Não queiras apertar com os gajos da editora, não… Eles que não revejam essa distribuição...”.
“Mas se já esgotou nas Fnacs…”.
“Está bem, mas… aqui não há Fnacs! Isto é campo!”.
Um dia mandou-me um sms “diz-me lá a tua morada completa” e… dias depois… a magia chegou por correio.
Depois de apurada audição, constatei que está um trabalho magnífico. A produção é primorosa, os músicos (todos eles) excelentes, a selecção musical é de um bom gosto e de um acerto ímpar e tudo aquilo soa magnífico. Os Lucky Duckies são um dos mais coerentes e bem sucedidos projectos de espectáculo (nem sequer é só musical) do nosso país e eu não tenho dúvida nenhuma que se estes gajos tivessem nascido nos States estariam de certeza a tocar todas as noites em Las Vegas. Sold out! Têm qualidade para isso. Se lhe meterem os ouvidos em cima, atentem na qualidade dos temas compostos pelo Marco e digam-me se os acham abaixo dos grandes clássicos que interpreta como ninguém.
Marquinho… está de parabéns. Tu, a tua musa Cláudia e a tua rapaziada toda. Se algum dia mandares fazer t-shirts com o dizer: “Eu sou fã dos Lucky Duckies”, reserva-me 4 cá para casa que eu pago o que for. Não há aqui quem não dance ao som do “É tão bom”…
E é mesmo tão bom…
Grande abraço!
Quando eu ainda era vereador, numa tarde quente em que estava de férias, ligou-me a Felicidade do Posto de Turismo a dizer que estava lá o senhor de um conjunto que me queria conhecer.
Eu disse-lhe que compreendia mas que não podia atender todos os músicos e agentes do mundo do espectáculo que me queriam conhecer, sob pena de não poder fazer outra coisa.
Sim, mas este, disse-me ela, era diferente. Era ele que se estava pessoalmente, se deslocava às câmaras para apresentar o seu trabalho. Que era muito engraçado, muito bem vestido, que parecia o Elvis.
Está bem, prontos, uma palavrinha então… (algum chato do caraças… mas prontos).
Lata e capacidade de persuasão ouvi logo eu que não lhe faltavam. Que era diferente, que era muito bom, que me ia deixar material promocional…
Eu disse que ia ver. Prontos… eu prometi-lhe que ia ver e ele não se esqueceu de ligar a perguntar pelo feedback que tardava.
Eu e os Lucky Duckies foi amor à primeira vista porque os Lucky Duckies representam um universo musical que a mim me fascina. Todo aquele imaginário da génese do rock’n’roll, a figura do crooner, do performer que embala a banda e conquista plateias, todo aquele swing à Rat Pack, todo aquele balanço rockabilly me deixaram rendido. Fiquei fã. Desde a primeira hora.
E assim vieram para actuar no feriado municipal, por um cachet especialíssimo, com o compromisso de apresentarem um repertório sobretudo focado nos standarts clássicos do nacional cançonetismo que eles tão bem interpretam. Cumpriram. Encantaram e abriram uma auto-estrada para regressarem no ano seguinte, uma promessa antecipada caso a estreia fosse bem sucedida, como atenção pelo seu valor mais em conta.
Ao longo desse ano fomo-nos falando via Facebook, trocando e-mails, estando em contacto. Acho que falamos a mesma língua e alimentamos a mesma paixão pelo poder que a música tem nas nossas vidas. O Marco ficou encantado na história do meu pai ter sido baterista, ficou encantado com os Cometas Negros, com o poder subversivo que tiveram na juventude albicastrense e de toda a Beira, num momento da nossa história em que não éramos tão livres assim.
Eu fiquei encantado com o Marco porque ele dá-se ao gosto. Pela pinta, pelo savoir faire, pelo enorme talento, pela sua extraordinária capacidade em comunicar, em chegar às pessoas, pela enorme crença que tem em si, no seu talento e nos seus músicos.
Quando os Lucky Duckies regressaram a Marvão já eram vedetas da televisão, já batiam todos os programas de grande audiência e já não passavam despercebidos. Chegaram como amigos e eu recebi-os como tal. Falámos de música, como sempre, e debaixo da frondosa esplanada de tílias do Sever, com o rio a fazer-nos companhia numa tarde quente de fim de Verão, desfiámos gostos e paixões enquanto eles se rendiam aos encantos da nossa gastronomia. Ainda tenho comigo o vinil do “Sandinista” dos Clash que o baixista Rolão me emprestou com o fervor que só um melómano pode entender. Será devolvido, prometo, ou não fosse eu um melómano empedernido também.
Foi nessa ocasião que, ou eles me fizeram o desafio, ou eu lhe fiz a proposta, já nem me recordo bem, de fazer uma “perninha” em palco. Para mim… resultou à mil maravilhas. É certo que as más línguas invejosas aproveitaram a ocasião que rotularam de extravagante, para, na perfídia da mentira que as caracteriza, dizerem que o mais certo era o vereador estar com um copo a mais. Eu, que estava de consciência tranquila e de voz colocada (lamentei desiludi-los, mais uma vez!) acho que cumpri com distinção. Se assim não tivesse sido, os vocalistas não teriam ido dar uma volta em plena show, deixando-me a actuar com a banda porque, Marco dixit com a sua natural piada e bonomia, “com vereadores destes nem nós precisamos cantar”.
Uma vez ligou-me de Castelo de Vide dizendo que estavam lá a actuar para a RTP. “Anda cá almoçar com a gente”. “Eu?!? Nem pensar! Assim, feito penetra?”. “Deixa-te de cenas. Faz de conta que és o nosso agente”. Haviam de ter visto a cara do Pita quando soube que na mesa ao lado estava o novo agente dos Lucky Duckies dando-lhes as dicas para a performance. Eh, eh….
Entretanto, terminei o mandato, os Lucky não voltaram a Marvão, mas nunca mais deixámos de nos falar, de estarmos em linha, de sabermos novidades em longas conversas por telefone. Deles fui sabendo do andamento do disco, das últimas evoluções e mesmo de fora, tentei mover as minhas influências para conseguir que fossem recebidos pelas altas instâncias autárquicas de Portalegre, a ver se os encaixava de vez naquela capital. Têm um espectáculo só com canções de Natal que deve de ficar uma maravilha no CAEP. Enfim…
O disco saiu e esgotou. Roda nas rádios. Roda na televisão. Escala nos Tops. E eu, que sempre disse ao Marco que nos dias de hoje ainda precisava do cd, do suporte físico, que se deixasse de pen’s e downloads, nunca consegui meter os olhos em cima de tão cobiçado artefacto.
“Já compraste o cd?”.
“Como? Nunca o vi em lado nenhum! Não queiras apertar com os gajos da editora, não… Eles que não revejam essa distribuição...”.
“Mas se já esgotou nas Fnacs…”.
“Está bem, mas… aqui não há Fnacs! Isto é campo!”.
Um dia mandou-me um sms “diz-me lá a tua morada completa” e… dias depois… a magia chegou por correio.
Depois de apurada audição, constatei que está um trabalho magnífico. A produção é primorosa, os músicos (todos eles) excelentes, a selecção musical é de um bom gosto e de um acerto ímpar e tudo aquilo soa magnífico. Os Lucky Duckies são um dos mais coerentes e bem sucedidos projectos de espectáculo (nem sequer é só musical) do nosso país e eu não tenho dúvida nenhuma que se estes gajos tivessem nascido nos States estariam de certeza a tocar todas as noites em Las Vegas. Sold out! Têm qualidade para isso. Se lhe meterem os ouvidos em cima, atentem na qualidade dos temas compostos pelo Marco e digam-me se os acham abaixo dos grandes clássicos que interpreta como ninguém.
Marquinho… está de parabéns. Tu, a tua musa Cláudia e a tua rapaziada toda. Se algum dia mandares fazer t-shirts com o dizer: “Eu sou fã dos Lucky Duckies”, reserva-me 4 cá para casa que eu pago o que for. Não há aqui quem não dance ao som do “É tão bom”…
E é mesmo tão bom…
Grande abraço!
1 comentário:
É tão bom receber presentes assim, inesperados.
Só vou conseguir ouvir mais tarde, aqui neste computador onde me encontro não consigo ouvir, mas se me diz que eles são bons, nem sequer contesto.
Boas cantorias.
Um abraço
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