sábado, 24 de outubro de 2015

É o bicho, é o bicho! (de volta!)


O animal político saiu da gaiola, de onde sempre se considerou que fora injustamente colocado.

Regressou ao seu território, às suas beiras e botou a boca no trombone, zurzindo com a acutilância e acidez que sempre lhe conhecemos.

(nota deste vosso escriba: dei-me ao trabalho de transcrever porque se trata de um testemunho único na nossa democracia)


Até a este desgraçado se comparou! E nós a Angola! ;)

Recados para Cavaco e o governo, “Não pode governar quem tem a maioria do parlamento contra ele! Esse é que não pode governar! Essa é que a boa regra democrática;

Para os nossos vizinhos, endereçado a Mariano Rajoy, presidente do governo conservador que defendeu a posse de um executivo da coligação PSD/CDS, “Talvez não fosse má ideia recordar ao primeiro-ministro espanhol, (rindo jocosamente), que nós temos aqui um parlamento que foi eleito por soberania popular”; 

Para o passado, “quando me apercebi que tinha um parlamento que tinha uma maioria contra mim, demiti-me imediatamente”; “e já agora observo também, porque alguns parece que têm uma memória seletiva, que essa maioria que se formou no parlamento contra o governo não foi uma maioria construtiva, não apresentou alternativa nenhuma! Foi uma maioria destrutiva, uma maioria negativa, uma maioria que serviu apenas para deitar o governo abaixo, para criar uma crise política e para provocar eleições;  

Para Cavaco e a maioria absoluta que o presidente pediu antes das eleições, “diz-se que o Presidente da República enquanto figura constitucional, é a pedra angular do sistema. E a perda angular é… em… basicamente… (vacilando muito, deixando muito óbvia a forma como conseguiu a engenharia civil com a qual conseguiu licenciar o bacharelato que já tinha há 15 anos, aos domingos e aos bochechos no tal sítio do costume, que não o Pingo Doce. Alô Relvas! Alô, alô!) é a pedra que fecha o arco, (brilhante!) é a pedra que está no centro, e que tem a particularidade… ela não deve mexer! por uma única razão: é que quando mexe... desaba tudo. (Risos e palmas). (Muitos risos e palmas). É por isso que com um comportamento que… o Presidente da República possa ter, quando essa pedra angular deixa de querer cumprir a constituição… então temos, realmente, um problema!


E agora, meus meninos e minha meninas, caríssimos leitores e leitoras, pergunta para queijo enquanto sirvo uma rodada à conta da casa e coloco mais um pratinho de moelas e pipis por conta da casa nesta taberna virtual:
Quem é o mau, quem é?
Quem falhou, quem foi?
Quem meteu dentro só porque só eles é que sabem que tudo isto está em segredo de justiça?
Ou foi o Joselito que esteve engavetado este tempo todo, a fazer joggings aborrecidíssimos à volta do pátio da prisa em Évora?

E a culpa morre solteira?

E fica no ar?

E será que nós podermos ser felizes assim e continuar com esta suspeita a pairar?

E o Super Juíz pode continuar a sorrir, e caminhar com aquele ar bonacheirão de quem sabe muito mais do que nós sabemos?

Mas o homem está mesmo fora ou não está?

E eu a escrever isto… posso acordar amanhã a pensar que vou trabalhar?

Será que posso ir dentro também?

Ou “O Processo” do Kafka, o assombroso, lúcido e cínico processo do Kafka que me deu a volta ao miolo (aos 16/17 anos, só podia...) pode mesmo ser real?

Logo vou tentar dormir. Prometo.

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