O cunhado Barbas (irmão), o afilhado (como se fosse um filho), o presidente da câmara e o colega Ricardo Catarino que esteve sempre próximo e escreveu o prefácio |
Tinha de ir a este
lançamento. Tinha mesmo de ir.
Mais que tudo, era um
dever moral. Poder ter acesso a este relato contado pelo próprio, dos dias, dos
4 anos trágicos que viveu no mais tremendo sofrimento lutando com um cancro no
sangue; ciente de que depois do transplante, o pior já passou; é uma
oportunidade única, tão rara quanto feliz, que não podia deixar de testemunhar.
Tenho de confessar que
nunca fui muito próximo do autor. Sempre o conheci, daqui, de vista mas, sendo
ele um bom par de anos mais velho que eu, nunca privámos. Conhecia-o de vista,
da camioneta. Era o filho do Sr. Manuel, o condutor da rodoviária nacional. Não
estudámos juntos, não passámos muito tempo a conviver, mas temos esta ligação a
esta terra que nos faz sempre sentir próximos. Somos de Marvão e contemporâneos.
E isso chega.
Quando entrei na Câmara
Velha, uns bons minutos bem antes das 15 horas (como eu sempre gosto), a
anunciada para a apresentação, encontrei-o a ele, à esposa, os filhos e apenas
às pessoas mais próximas. Sorrindo para mim disse-me. “então companheiro, como é
que tu andas?”
Eu agradeci o
cumprimento, aproximei-me, dei-lhe um abraço e respondi-lhe: “isso pergunto-te
eu a ti. E por isso é que cá estou…”
Estando nós sós na
sala, comentei que com aquela invernada outonal era difícil que muita gente
acorresse à chamada, já preparando e precavendo para o possível flop que não se
veio, de todo, a verificar. E ainda bem. Houve muita gente que certamente
pensou como eu. E a sala ficou bem “quentinha”.
Tratou-se de uma
apresentação perante a qual ninguém podia ficar indiferente. Com uma emoção e
um nível da parte de todos os intervenientes, sobretudo o cunhado (irmão pela
via do casamento, como eu vejo o meu) e o afilhado, que achei notável. Muito
sentimento (muito narizito a fungar) e muita generosidade da parte deste homem,
destes homens e da grande Mulher que sempre o acompanhou (e me fez tanto
lembrar a minha e o que ela fez por mim, largando tudo, todos e indo para
Lisboa para me dar força. Com outra gravidade mas com a mesma entrega e o mesmo
amor, que nos passa a unir mais do que nunca antes.); até ao ponto de nos
revelarem factos tão íntimos da sua vida, para nos ajudarem a crescer.
Quando ao entrar, o
Joaquim perguntou-me como é que eu andava. Eu, que tenho a mania que sou mais
do que realmente sou e acho que toda a gente conhece o Pedro Sobreiro, pensei
que ele sabia do meu acidente e de toda a minha recuperação, ao perguntar-me
isto, assim. Mas quando lhe pedi um autógrafo quando lhe disse que aquele
testemunho tinha outro valor tendo o “carimbo” de quem o escreveu, tantas vezes
numa cama do hospital para não se sentir só, mais do lado de lá que do lado dos
vivos; e me perguntou o nome para meter na dedicatória, percebi que era vaidade
a minha e que para quem teve um percurso como o seu, de descida ao mais
profundo dos infernos, era a mais natural das reações.
Na preleção, ali no seu
testemunho, nas suas palavras, revelou inteligência
(a todos os níveis, até ao estudar afincadamente a doença que o levou até a questionar
a equipa de médicos que o acompanhava em alguns tratamentos (!); frieza (para lidar com a gravidade da
doença e em não deixar que tivesse mais impacto na sua teia de amigos e
familiares; maturidade (como um
homem cresce quando vê o fim…); Coragem
(para nunca desistir, até quando as hipóteses de poder voltar a estar como ali
nesse dia eram tão remotas que até as equipas médicas desmoralizavam) e um
grande sentido de humor, que sempre
o ajudou a ele e a todos os que o rodeavam, a superar todas as dificuldades e a
voltar a viver.
Que grande tarde! Como
foi tão bom ter podido ir ali. Que rico e que bonito é este testemunho e que
bonita história de Amor está por trás. Muito importante nos apelos que foram
feitos, que eu, como dador de sangue, inscrito numa rede internacional de
dadores de medula óssea há alguns anos, compreendi; e muito generoso a todos os
títulos, até na doação de parte da receita das vendas para os nossos bombeiros.
Foi bom e ao Joaquim, a mensagem não poder ser outra
senão muita FORÇA companheiro, como
me trataste, para continuar a viver cada dia como uma bênção e um grande BEM HAJA pelos ensinamentos.
Já és livro de cabeceira.
Grande
abraço, CAMPEÃO!
Fica(quem)
bem!
Não tenho desistido, amigo. Não tenho. (e agradeço profundamente a todos os que me amam e me protegeram com o seu calor, da dureza da vida. Como tu agradeces aos teus.) |
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