No mar de lamentações que transbordou hoje pelas
rádios, tvs, e jornais; alguém disse que a nossa música, a nossa cultura, o
nosso país, perdeu um pilar fundamental, tal era a sua importância.
Como concordo, pela genialidade, pela
persistência, pelo caráter.
E recordei aquela noite, já há bem mais de uma
década, ou duas!, em que fui visitar o meu amigo poeta António Vaz Gonçalves,
para uma das nossas trocas de livros, cds, ou de palavras, apenas. Ele, de
pijama, recolhido no reduto íntimo do seu quarto, disse-me: “tens de ouvir
isto!”.
Eu, que tenho a mania de já ter ouvido tudo o que
interessava, pasmei. A música, o poema, rezava assim…
É longo, mas vale a pena! É uma obra de arte...
Porra,
pensei, quem escreve uma coisa assim, quem é capaz de cantar uma coisa desta
forma… não pode ser normal. Tem de ser muito mais que nós todos, e qualquer um
de nós.
Fui-o
acompanhando, não tanto quanto quereria, que ele próprio fugia das luzes da
ribalta, mas nunca mais me esqueci da sua envergadura.
Sempre na sombra, sempre de um lado que não o nosso,
dos comuns simples, foi deixando a sua marca, em colaboração com músicos mais
jovens que gostava de orientar (Camané, Kátia Guerrreiro), conduzindo a sua
carreira sempre desalinhado de tudo quanto estava estabelecido.
Até sempre, Zé! Nota de pé descalço: e que tal uma escolinha, onde as crancinhas, em vez de estudarem coisas que não interessam nem ao menino Jasus, como a porra das "Viagens na minha terra" do Almeida Garret (MEEEDDDOOOOO), estudassem estes autores, as suas letras, a sua intervenção durante o Estado Novo, na construção do Portugal democrático onde vivem? Ele há coisas...
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