As fotos públicas da página do facebook do Município de Marvão, que me envergonham em vez de alegrarem,estão no álbum deste link https://www.facebook.com/cmmarvao/photos/?tab=album&album_id=371709976493736
A coutada do voto Se praticamente não passam ali carros, para quê tanta segurança? Seria para manter os intrusos afastados? Aí entrei eu |
A
festa do idoso é uma festa linda, uma festa respeitável, uma festa de tributo e
homenagem a quem se encontra a viver o seu último período de vida, muitas vezes
já sem a saúde, a dignidade e a prosperidade que o levaram até aí.
A
forma como o homem, esse ser mais malévolo de entre todos os que habitam a face
da terra, que entraria apenas nos segundos finais de um filme da história do
planeta; (tal é a diferença de grandezas entre ambos) se tem relacionado com os
seus pares neste últimos anos é sintomática do estado atual da humanidade.
Nas
sociedades primitivas (e escreve-vos o Pedro que cursou os dois primeiros anos
da faculdade em Antropologia), os velhos, os anciãos, eram os que mais sabiam,
os que tinham mais experiência e vivências, os que com o passar dos anos iam
ganhando um estatuto venerado por todos que nele e a ele iam beber.
Nos
nossos tempos, no século XXI, em que as crianças se habituam a com a
pontinha dos dedos conseguirem quase tudo o que querem para além do abrigo,
comida e vestuário que têm garantidos, os velhos são velhos como os trapos e
cada vez deitados fora mais cedo. Falo do que vejo. Do que me entristece e
deixa em baixo.
Nesta
nossa sociedade, em que o parecer vale muito mais que o ser, em que o que tens
vale muito mais que o que és, os velhos são quase sempre um transtorno, um
empecilho que os filhos vão muitas vezes aguentando à semana na casa de cada um,
e vice-versa que agora vai para ti, ora vem para mim, como um fardo pesado, uma tocha que arde e
apoquenta, uma granada prestes a implodir de vez.
Tenho
um respeito enorme pelos idosos. Sempre tive. Desde criança. Sempre fui
um amante daquelas gentes genuínas, marcadas por rugas que lhe têm tatuada a
idade no rosto, que marcam nelas cada cume de vida, cada momento de sabedoria
que nelas se depositou.
Neste
fim de semana, no dia 9 de Outubro, o Município de Marvão organizou a festa do
idoso. Aquilo foi, para quem lá está a mandar na casa grande, na mais alta do
cabeço de Marvão; como o que é para mim, uma viagem à Disneylândia, a terra dos
sonhos. Conhecendo-o eu como conheço, aquilo foi puro prazer e um deleite
imenso. Ter todos os velhinhos e velhinhas reunidos num único espaço, tanto
beijinho para dar a cara (como ele mete), tanto abracinho, tanto miminho… meu
Deus! Tanto voto mesmo ali à mão de semear… Tudo garantido, tudo dele e aí vem
mais uma maioria absoluta que esta gente é coitadinha, pensa pouco, preocupa-se
pouco e desde que andemos dois ou três na procura diária do que querem e a
fazerem o servicinho à porta… isto está limpo!
Houve
muita comida, muita bubida, dança e os habituais homens e mulheres do regime
estavam nos seus postos a servirem, a fotografarem, a ajudarem à dança, a
dançarem e a fazerem a festa também. Está tudo impecavelmente montado e a
máquina a faturar. Quem precisa, porque a vida deu as voltas que deu e ficou à
mercê; precisa e gosta de receber. Eu até compreendo. Até compreendo de
verdade. Mas há uma coisa dentro de nós que devemos de ouvir e que se chama
consciência. Essa tal coisa de consciência é construída pelos valores e
princípios que aprendemos dos pais e dos demais colegas, pela nossa experiência
de vida, da espiritualidade e do acompanhamento religioso que tenhamos (seja
ele de que natureza for), por coisas que a nossa própria natureza nos dizem que
está bem e está mal.
Se não te passava cartão quando andavas a estudar no mesmo tempo que eu e te achava um labrego e um verbo de encher, porque raio te glorifico agora? Valho assim tão pouco?
Há
uma grande diferença entre um homem que dá e um homem que dá… mas quer algo em
troca. Este bem que foi feito aos idosos, sei bem do que falo porque conheço,
não é abnegado, desprovido de interesse, de quem quer mesmo que se divirta e
que passe bem porque já merece neste final de caminhada da vida, passar nem que
seja um dia longe de preocupações, lidas e doenças. Esta mão que embala, não o
berço (que ainda não vota e pouco importa), mas a urna (que acompanha sempre
porque quem está à volta, gosta muito de ver) quer uma coisa que pode parecer de
somenos importância, um pormenor: um X. Um simples X num
papel que lhe hão-de entregar, para meter num sítio onde há-de ir em carrinhas
da câmara que o/a/os/as irão buscar à terra ou a casa, com instruções
convenientemente esclarecidas, relembradas, treinadas em papéis iguais aos que
vão encontrar nesse dias para que não se caia no erro. Um X que quase abre os portões da bonança na terra.
O
evento é montado com um ar enganador refinado. A festa é pública, aberta ao
público, feita com o dinheiro de todos mas… é o senhor presidente que a dá,
coitadinho, que é tão bom, que é tão amigo, porque parece que se ele se for
embora, que vai!, ou melhor, se o que vem a seguir (que parece que não tem
assim tanto jeito e tanta palavra para lidar connosco) não continuar, isto
acaba tudo! Deixa de haver festa do idoso, deixa de haver Feira da Castanha,
Festival de Música… prontos! Acaba tudo e o castelo vem por aí abaixo aos trambolhões.
Que parvoíce, que lamechice, que pena.
Pois
como quero sempre ver pelos meus olhos para que seja eu a interpretar o que
vejo, depois de ter feito o almoço para mim e para as pequenas que a grande
trabalhava, arrumei a cozinha, e saí para beber café na minha velhaca favorita
com o 4 patas, já com ideia de passar pelo pavilhão gimnodesportivo, onde o
encontro se dava.
No
caminho fui pensando que a porra do pavilhão pode ter sido um erro de
engenharia tremendo, onde quem está sentado nas bancadas não vê o jogo (quem é
que deu a licenciatura a esta besta que eu nem faço ideia quem foi, mas que é
um 0 à esquerda, é!), mas para isto, pelo menos uma vez no ano, serve na
perfeição. Olaré!
Ia
pensando também, porque eu penso muito, sempre, até consigo fazê-lo quando estou
a andar!, da última vez em que estive ali naquele sítio com aquele que é hoje o
“paizinho” daquela gente toda, na altura em que nos candidatámos à Câmara de
Marvão (hoje é Município e em vez do castelo, tem uma guarita). Estávamos
nesse ido ano da graça do senhor de 2005 e nós, um pouco contra natura e
despernados, andávamos a espalhar aquela que eu sonhava que fosse a boa nova de
um concelho mais próximo das pessoas, mais presente, mais cara a cara, mais mão
na mão, mais integrado e integrante. O todo poderoso PS do Dr. Manuel Bugalho
brilhava em todo o seu esplendor, com grandes obras muito recentes (o Centro de
Lazer da Portagem e a Piscina Municipal de Santo António ainda tinham a pintura
fresca), a cultura estava em velocidade cruzeiro e o património mundial era o
santo graal que parecia mesmo ali à mão de semear. As eleições e a campanha
metiam medo e nós, sem nada a perder, com alguns bravos combatentes que como
eu, caíram fora assim que se aperceberam da podridão do não sistema por dentro e
agora estão comigo renascidos no movimento “Marvão Para Todos”, fomos à luta.
Nesse dia, o Dr. Bugalho apadrinhava o Dia do Idoso e nós queríamos lá ir, não
provocar, não causar distúrbios, mas apenas ver, como eu fui agora.
Ele
tinha medo do que poderia suceder. Muitos tinham medo mas ele sobretudo, porque
trabalhava lá em cima na Secção de Obras e não queria afrontar quem o chefiava.
Recordo-me bem que na altura, dei o primeiro passo em frente, seguro e
assertivo, dizendo que uma vez que ali estávamos em Santo António, iríamos.
Dizia eu que se aquela era uma festa feita com dinheiros públicos, com o
dinheiro de quem paga os seus impostos e não era exclusiva de quem mandava,
ninguém nos poderia barrar à entrada, como se fazia nas discotecas de Lisboa quando
não se tinha uma beldade feminina a segurar-nos a mão. Não posso dizer que
nesse então, as altas patentes de cá foram antipáticas mas os olhares de
esguelha, enviusados, assim ao longe, e um cumprimento amarelo de
circunstância, mostraram-nos que não éramos bem vindos. Nós sabíamos porque
vimos quem queríamos e fomos vistos, que foi a maior das conquistas, o olhar
dos olhos e o dizer que não tínhamos medo.
Eu,
desta vez, quis fazer o mesmo. Fui só, é certo, mas a coisa não estava
programada para ter acontecido. Fiz porque eu, cidadão livre, esclarecido, que
entra em todo o lado, todo, desde que queria, fiz questão.
À
chegada, altas patentes do regime esfumaçavam enquanto mandavam a piada fácil,
simples e circunstancial para um dos lacaios de serviço, que inevitavelmente,
sorria.
Deixei
o Lulu cá fora e entrei por ali a dentro. Eu imagino as caretas que aquela alma
deve ter feito: “Então mas este?!?!?!!?!?!?!”
Ah
pois é, bebé! Ainda não sei como é que a vais montar, mas tens de saber que
neste concelho, não somos todos tão parvos como tu pensas que são os que aqui
vivem. Nem tudo são velhinhos caquéticos, tontos, dependentes das instituições
dedicadas ao apoio da terceira idade que pensas controlar, pelas tuas mãos ou
por cabeças que te colocavam, a ti e aos teus, pelas ruas da amargura e agora,
pelo deslumbre, pela ganância do poder e também do nada fazer, venderam a sua
alma ao diabo.
Quem
pensa como eu penso, respeita e tenta elucidar. Vocês manipulam e vão ao osso.
Mas nós estamos preparados para isso. Temos do nosso lado, a boa fé e a
inteligência, que faz falta e dá sempre jeito.
Pois
te digo a ti e a todos, que esses e a essas, ao menino Pedro não enganam mais.
Tenho por escola de vida que de cada vez que começo uma relação humana, de
amizade ou companheirismo, seja com um homem ou uma mulher desconhecida, dou
sempre tudo. À partida, abro o jogo todo, sem nada esconder. Depois, à medida
que os tempos vão passando e se vai revelando, ou reforço, ou vou retirando (confiança,
gosto, querer). Depois por vezes caem em desgraça e mostram o cú. Revelam uma
parte de si que me mostram o seu verdadeiro eu. E aí, o Pedro é pouco cristão,
é pouco de perdoar, é cruel como o seu homónimo que mandou arrancar o coração
aos assassinos que roubaram a vida à sua Inês. Depois de o mal estar feito, e
eles e elas sabem do que falo, podem vir vestidos de oiro e apregoar maravilhas
do que quer que seja que eu… não faço intenções de me mexer um metro por eles
ou elas. Tenho de aprender a ser cínico. Mais ainda. Acho que já consigo, o que
matou um pouco da criança em mim, mas até me faz bem crescer. Dói menos.
Aqui
nesta santa terrinha há gente que é mesmo de cá, nascida e criada, que tem aqui
os seus investimentos de vida, os seus enterrados e não vive tranquilo, sem
sentir desgosto, quando olha para o tão lindo monte de Ibn Marúan e sente que
ele está a ser dominado por um Califa que ajudou a meter lá, enganado, e ele por
inveja, por se sentir menorizado, por ter medo da sua própria sombra, quis
passar a dominar e a ter a seu lado quem o não incomode, quem mame sem muito
barulho fazer, quem lhe estique a alcatifa sempre que ele quer passar,
devagarinho, deslizando, para não fazer muito pó.
Uma
coisa te prometo, a ti que te conheço muito bem (por o estilo ser clássico) e a
quem te conhece ainda melhor: neste ano vim só. Mas para o ano vamos ser mais.
Da minha parte e de outras, mais. Vai vir gente que pode não ganhar, mas que
vai. Com garra, força e convição porque se não for, de certeza que nada se
consegue. E seja o que for que se consiga, será para fazer mossa, para vos
beliscar, para saberem que não somos carneiros, que temos o nosso orgulho e
muito orgulho em ser assim. Sempre lisos, sempre justos, sempre honestos,
sempre fazendo tudo o que possa ser feito para que isto mude.
E
diz-me tu, porque eu quero saber, aqui que ninguém nos ouve… Vai o 2º em 1º
para o 1º poder mandar na sombra como o Rondão fez em Elvas, sabendo de antemão
que este 2º jamais terá força suficiente para bater o pé como o outro fez ao
paizinho? Chegaste tu à frente? Isso é que era muito engraçado.
Aqui
vai estar o Sabi, o Sobreiro, sempre no seu posto de vigia altaneiro (lembraste
do jornal? Quem escrevia, quem dirigia, quem mandava? Quem só aplaudia e…
ameaçava trabalhar?), a aplaudir o que acha bem e azurzir no que está mal.
Uma
pedrinha orgulhosamente incómoda no sapato de quem está, ou a pedra que faz
falta para a mó do novo moinho, mexer.
Cá
estaremos para ver.
O
tempo… tudo traz, tudo cura e tudo revela.
O
que eu, Pedro Alexandre Ereio Lopes Sobreiro, licenciado em Comunicação Social
pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, da Universidade
Técnica de Lisboa; Pós-Graduado em Gestão Autárquica pelo Instituto de Línguas
de Santarém, viajante pelo mundo com bolsas de estudo em Küsamo, na Finlândia;
ou em castelo o Piaui, no Brasil, em representação do Município onde fiz a
geminação com o castelo de Marvão de lá; digo é que: O LIVRO QUE ANDAM A LER,
FUI EU QUE O ESCREVI.
Tenho
dito.
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