Na
quarta-feira, dia 12 passado, via facebook, escrevi assim:
Deus move—se em
caminhos sinuosos, extraordinários e insondáveis. Hoje mesmo, superando todas
as minhas melhores expetativas, ficou acordado numa reunião depois da missa,
que assumirei as funções de catequista do 1° ano, em Santo António. Se em 2011,
antes de ter tido o solavanco na vida que tive, me tivessem dito que isto
poderia ser possível...
Quer assim isto
dizer que ajudarei a minha Alice e mais dois coleguinhas, a aprenderem a viver
segundo o exemplo de Cristo: a amarem os demais, a serem tolerantes, a
aprenderem a dar (para receberem), a fazerem o bem, sem olharem a quem.
Quero sobretudo incutir—lhes
que ser cristão, nos dias de hoje, é exemplo enorme de bravura, de coragem. O
cristão não é um queque, um larilas, um filhinho da manhã. Dizer que se ama
Jesus, Deus feito homem, é não ter medo de ser bom, é querer amar o próximo,
neste mundo tão descaracterizado e violento.
Há muitos milhares
de homens e mulheres no mundo inteiro que são mortos todos os dias por
acreditarem em Deus. Por alguma coisa isto será e temos de ter fé que há algo
mais que esta vivência curta, trágica e limitada, de algumas décadas na terra
(quando temos a sorte de chegar a isso).
Eu sou mais feliz
porque vivo com Cristo dentro de mim. Quero ensinar—lhes a eles (e sobretudo à
minha), o feliz que é poder viver—se assim. Isto já que a mais velha deixei—a
fugir e pensa que sou o Ned Flanders. Vou fazer como o meu pai fez: não deixar
que no segundo filho, se cometam os erros do primeiro. Eu gostava de ter sido
do Sporting. Por ele.
Se
nesse dia, eu radiava por dentro, por ter conseguido aquilo que me pareceu
impossível a muitos pontos do processo; hoje era o dia. O dia.
Ontem
mandei sms ao padre Marcelino, cheios de cenas mesmo minhas, mesmo do Drocas,
do Sabizito. Diziam (claro que noutros termos), então mas a gente não ensaia?
Não fazemos assim uma pré-cerimónia como se faz nos casamentos, para cada um
saber aquilo que tem a dizer e quando entra, e mais não sei o quê? Ele
respondeu-me (claro que noutros termos): tem calma, bebé. Sossega-te que vai
tudo correr bem.
Eu
confiei. E bem.
Como
me ensinou um grande professor meu de muita coisa, que por acaso até trabalha
no mesmo edifício, “quem por Deus anda, Deus ajuda”.
Correu
tudo na perfeição. Nem que se tivéssemos feito mil ensaios antes, sairia assim
tão bem. A igreja estava cheia, pelo início do ano catequético e por serem
rezadas diversas intenções por familiares de presentes que adormeceram na
esperança da ressureição (que expressão tão bonita para traduzir, o fim óbvio de
todos). Passei toda a eucaristia de pé, mas tão feliz.
As
mães dos meus meninos, a Eva e o António, estavam lá com eles e acertámos qual
a melhor hora e dia, para a palavra de Cristo lhes ser passada.
Estamos
em sintonia. O que é bom. O que é ótimo. O que é sinal que a terra para a
sementeira está trabalhada, adubada, bem ajeitada.
Falava
há dias com um querido meu, não daqueles muitos que me gozam “Olha lá vem o
catequista”… (essa Velhaca é terrível e eu sei que ela vem aqui habitualmente
ler o pasquim… ÉS MÀ!), e ele pediu-me para não martirizar as crianças com
padres nossos. Contava-me que quando ele era pequeno, vivaço, rabito, tinha
muitas vezes, o táxi do Zé Maria para o levar a ele e aos seus colegas a casa,
à espera que ele acabasse de rezar as avés-marias que o obrigavam a saber por
castigo.
Nada
disso, meu caro! O que eu quero é que os meus meninos (a Eva, o António e a
Alice), num ambiente descontraído, acolhedor (sempre na igreja, que é a casa do
pai; que comigo não há lanchinhos em casa, porque nem só de pão vive
o homem), aprendam a viver com o exemplo de Jesus Cristo, nosso irmão, filho de
Deus. Quero que aprendam, brincando, jogando, desanuviando da exigência das aulas,
a amarem o próximo, a serem tolerantes, a serem obedientes, a serem
responsáveis, a saberem perdoar, e a aprenderem as coisas dos grandes mas a
nunca crescerem.
Não
haverá ali testes, apertos e pressões. Antes haverá companheirismo, amizade e
alegria. Eu serei o professor que sempre quis ser, embora nunca o tenha
percebido, e vamos todos enriquecer-nos com a vivência uns dos outros.
Prometeram-me
um kit fabuloso que está… esgotado. Mas virá a caminho. Os catequistas de hoje
são ministros com pasta que contêm cds, fichas ilustradas de aprendizagem; um
caderno da catequese do 1º ano e um guia do catequista, este últimos que já
tenho em meu poder.
Vai
ser toda uma viagem! Mesmo agora a minha Cris me veio aqui trazer dois livros
que encontrou no sótão e que podem ajudar. E muito! Se Deus quiser, vamos ser
felizes.
Vamos aprender... Juntos... Vamos aprender...
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