domingo, 16 de outubro de 2016

O começo da viagem (na casa do Pai... à qual, pela vida, regressei)


Na quarta-feira, dia 12 passado, via facebook, escrevi assim:


Deus move—se em caminhos sinuosos, extraordinários e insondáveis. Hoje mesmo, superando todas as minhas melhores expetativas, ficou acordado numa reunião depois da missa, que assumirei as funções de catequista do 1° ano, em Santo António. Se em 2011, antes de ter tido o solavanco na vida que tive, me tivessem dito que isto poderia ser possível...

Quer assim isto dizer que ajudarei a minha Alice e mais dois coleguinhas, a aprenderem a viver segundo o exemplo de Cristo: a amarem os demais, a serem tolerantes, a aprenderem a dar (para receberem), a fazerem o bem, sem olharem a quem.


Quero sobretudo incutir—lhes que ser cristão, nos dias de hoje, é exemplo enorme de bravura, de coragem. O cristão não é um queque, um larilas, um filhinho da manhã. Dizer que se ama Jesus, Deus feito homem, é não ter medo de ser bom, é querer amar o próximo, neste mundo tão descaracterizado e violento.

Há muitos milhares de homens e mulheres no mundo inteiro que são mortos todos os dias por acreditarem em Deus. Por alguma coisa isto será e temos de ter fé que há algo mais que esta vivência curta, trágica e limitada, de algumas décadas na terra (quando temos a sorte de chegar a isso).


Eu sou mais feliz porque vivo com Cristo dentro de mim. Quero ensinar—lhes a eles (e sobretudo à minha), o feliz que é poder viver—se assim. Isto já que a mais velha deixei—a fugir e pensa que sou o Ned Flanders. Vou fazer como o meu pai fez: não deixar que no segundo filho, se cometam os erros do primeiro. Eu gostava de ter sido do Sporting. Por ele.



Se nesse dia, eu radiava por dentro, por ter conseguido aquilo que me pareceu impossível a muitos pontos do processo; hoje era o dia. O dia.

A equipa de catequistas da paróquia do ano 2016: A Joaquina Coelho que acompanhará o 1º ano na Beirã; este menino que fica com os petizes de cá, a Deolinda (os dois da nova geração), a D.ª Gina, a D.ª Emília Ribeiro e D.ª Maria José (guardiãs da fé há muito tempo) faltando ainda a D.ª Inês Mota, que estava em funções no coro.
Créditos fotográficos: Dona Carla Ramilo. Muito bem haja.
Ontem mandei sms ao padre Marcelino, cheios de cenas mesmo minhas, mesmo do Drocas, do Sabizito. Diziam (claro que noutros termos), então mas a gente não ensaia? Não fazemos assim uma pré-cerimónia como se faz nos casamentos, para cada um saber aquilo que tem a dizer e quando entra, e mais não sei o quê? Ele respondeu-me (claro que noutros termos): tem calma, bebé. Sossega-te que vai tudo correr bem.

Eu confiei. E bem.

Como me ensinou um grande professor meu de muita coisa, que por acaso até trabalha no mesmo edifício, “quem por Deus anda, Deus ajuda”.

Correu tudo na perfeição. Nem que se tivéssemos feito mil ensaios antes, sairia assim tão bem. A igreja estava cheia, pelo início do ano catequético e por serem rezadas diversas intenções por familiares de presentes que adormeceram na esperança da ressureição (que expressão tão bonita para traduzir, o fim óbvio de todos). Passei toda a eucaristia de pé, mas tão feliz.

As mães dos meus meninos, a Eva e o António, estavam lá com eles e acertámos qual a melhor hora e dia, para a palavra de Cristo lhes ser passada.

Estamos em sintonia. O que é bom. O que é ótimo. O que é sinal que a terra para a sementeira está trabalhada, adubada, bem ajeitada.

Falava há dias com um querido meu, não daqueles muitos que me gozam “Olha lá vem o catequista”… (essa Velhaca é terrível e eu sei que ela vem aqui habitualmente ler o pasquim… ÉS MÀ!), e ele pediu-me para não martirizar as crianças com padres nossos. Contava-me que quando ele era pequeno, vivaço, rabito, tinha muitas vezes, o táxi do Zé Maria para o levar a ele e aos seus colegas a casa, à espera que ele acabasse de rezar as avés-marias que o obrigavam a saber por castigo.

Nada disso, meu caro! O que eu quero é que os meus meninos (a Eva, o António e a Alice), num ambiente descontraído, acolhedor (sempre na igreja, que é a casa do pai; que comigo não há lanchinhos em casa, porque nem só de pão vive o homem), aprendam a viver com o exemplo de Jesus Cristo, nosso irmão, filho de Deus. Quero que aprendam, brincando, jogando, desanuviando da exigência das aulas, a amarem o próximo, a serem tolerantes, a serem obedientes, a serem responsáveis, a saberem perdoar, e a aprenderem as coisas dos grandes mas a nunca crescerem.

Não haverá ali testes, apertos e pressões. Antes haverá companheirismo, amizade e alegria. Eu serei o professor que sempre quis ser, embora nunca o tenha percebido, e vamos todos enriquecer-nos com a vivência uns dos outros.

Prometeram-me um kit fabuloso que está… esgotado. Mas virá a caminho. Os catequistas de hoje são ministros com pasta que contêm cds, fichas ilustradas de aprendizagem; um caderno da catequese do 1º ano e um guia do catequista, este últimos que já tenho em meu poder.

Vai ser toda uma viagem! Mesmo agora a minha Cris me veio aqui trazer dois livros que encontrou no sótão e que podem ajudar. E muito! Se Deus quiser, vamos ser felizes.






Vamos aprender... Juntos... Vamos aprender...

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