(óscar
para melhor filme de 2016)
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“À
luz da lua” dizem que os pretos são azuis. É verem o filme, e confirmarem.
Importantes
notas introdutórias:
1.
Sempre
detestei os gajos que contavam o fim dos filmes, dos livros, ou das histórias,
em geral. Se for esse o caso e ainda não tiveres visto a película, aconselho-te
a bazar. Depois não digas que não te avisei. É aborrecido. Eu estou numa mesa
de café, a contar, e só cá se senta a ouvir, quem quiser.
2.
Isto
tem por aqui um linguajar que não se aconselha a jovens, ou a pessoal que leia
as historinhas do Tio Sabi, em lares e instituições de solidariedade. Não mete
muitas c******das, mas é ofensiva. Porque o filme também o pode ser.
Isto
que vivi ontem, aqui no meu sofá, é mágico. Poder ver o filme que foi
escolhido há semanas, como sendo o melhor do ano para a Academia, sentado em
casa, é um prazer indescritível. Os computadores pessoais (que bem me lembro de
aparecerem, como mais um eletrodoméstico), a internet, e o tanto que ainda
estará para vir, não deixaram que nada fosse como dantes.
O
vosso Tio Sabi não inveja quem tem o hábito de leitura, mas inveja muito quem
tem tempo para ver filmes, porque ele não tem. E ontem não viu o filme nas
condições que realmente gosta, no escuro, a assimilar e pensar, a curtir o que via. A
luz estava acesa, uma tinha na televisão uma coisa de que gostava, a outra
estava a namorar com o telefone, e a sorte foi que a terrorista nº 1 estava na
reserva dos avós. Por isso, mesmo assim, vi.
Levava
já um certo preconceito, devo confessá-lo. Sabia mais ou menos que o filme tratava
de homossexualidade entre negros. Um amigo meu comentou na net que, na sua
opinião, se tratava de uma grande obra, que merecia ser vista. E há aquela
sobejamente conhecida história do fadista João Braga que, numa de marialva,
aproveitou para criticar que para a academia, não bastava serem pretos, senão
ainda por cima, paneleiros.
Chamo
pretos porque também, e não lhes levo a mal, se me chamarem a mim, branco. Não
é pejorativo. É a constatação de uma realidade. Cada um, é como cada qual. Não
sou mais, nem menos. Sou assim.
O
filme ficou marcado também, pela célebre troca de envelopes, em que, por longuíssimos
minutos, o La La Land, lhe roubou o lugar (reposto de imediato, nos segundos
seguintes), e por um discurso absolutamente trepidante da atriz Viola Davies, secundária,
que estava a falar e parecia que estava a ler.
Começo
a ver a fita e durante largos, longos minutos, custou-me a assimilar, absorver.
Não se passava nada de extraordinário, que justificasse um enredo.
Miúdos
muito miúdos, comparações entre sexos, típicas daquela idade e um pretinho com
um andar assim pró esquisito, que se revelava diferente. Muito bullying dos
colegas na escola e a constatação de ser um caso à parte.
Entretanto,
é “apadrinhado” por um drug dealer que lhe acha piada e lhe dá o amparo que a
mãe, drogadíssima de crack, não lhe consegue dar, de todo.
Por
estas alturas, já eu tinha de fazer um esforço do catano, para conseguir ver
até ao fim porque… o filme não prende, não puxa, não agarra. Aquilo é um arrastar
de sofrimento sem explicação, por vício e desejos alternativos. Se a Academia,
que é quem mais percebe da coisa, o escolheu, tens de o mamar, salvo seja.
Depois
o puto, já na escola, topa um colega a afiambrar uma pequena. Colega esse que
vai ser depois importante no seguimento da história. A dada altura,
encontram-se os dois numa praínha à noite e percebem que se curtem. Que estão
na mesma onda. Eu sempre a pensar: se começam aos melos, não estou para estar
para aqui a aturar isto. Mas não. Foi só festinhas e, pelos vistos, acho que
lhe tocou uma secóvia. Uma masturbação, vá! Pelo menos, limpou-se à areia. Uma
cena muito poética.
Na
escola, era os putos sempre a apertarem e a gozaram com o Little (quando era
pequenino), ou Chiron, como o chamavam quando já era adolescente, por ele ser
esquisito, mas há um dia em que lhe salta a mola, e se “amanda” para cima de um
de rastas, que é reles como as cobras. Bem… espeta-lhe um tareião que o mete na
prisa. Vai para o xilindró. Como não tem ninguém… está feito.
Depois
o tempo passa e o gajo aparece já como sendo mano, o cota, um dude, um man. O
que é que ele faz? Trabalha numa bomba de gasolina? Num supermercado? Não!
Vende a droga, que é o mundo em que sempre se moveu. Tem um cabedalorro do
camandro. Brinco na orelha, uma touca de estilo nadador e uns músculos do
cacete. Mesmo muito musculado.
Muda de cidade para cidade, conforme manda a
rede onde está metido e eis que senão quando, já não me recordo bem como, o
miúdo que teve uma cena com ele, lhe liga. Já o não sei bem meter de pé, salvo
seja, nem sei bem como é que soube o número, mas falaram. Disse-lhe o amigo…
colorido… que um gajo chegou ao café da beira da estrada onde trabalha, meteu
uma moeda na Jukebox e tocou um tema que o fez lembrar dele.
Por
isso quis saber dele, procura-lo. E o outro foi ter com ele. Na América, nos
filmes, tudo é perto. Encontraram-se no café, jantaram e foram os dois para o
quarto, onde ele morava. Aí, o Sabi pensou: “queres ver que é desta que mando
isto abaixo?”
Mas
não. Foi muito íntegro, só com os dois no quarto, e ele faz-lhe a revelação de
que foi o único o homem que o tocou. E assim… encerra o filme.
Pergunta
óbvia que me martela na cabeça: só isto?!?!?!? Mas ficou tudo doidão, ou quê?
Mas sou eu que me tornei um calhau com olhos, ou a malta da academia, composta
por mais de 6.000 membros, de 36 países, passou-se de vez?
Epá…
se é só isto, eu também faço um comentário: cagou-se, Helena!
Ai
tá de intelectual, tá!
Quando
alguém muito evoluído me perguntar o que achei, responderei: chorei. Pra
estudar a reação. Se for má, digo… “chorei mas de… de alegria!”
Maneiros
que esta… quizomba… vai passar a figurar entre estes ilustres:
O
Padrinho (icónico, um dos…)
Voando
sobre um ninho de cucos (Milos Forman com o melhor Nicholson)
O
caçador (fabuloso De Niro)
Gandhi
(quando os filmes ensinavam. Enorme Ben Kingsley)
Amadeus
(e a música clássica mudou de fugura)
África
minha (romance épico de Meryl Streep e Robert Redford)
Platoon
– os bravos do pelotão (Um Stone que se revela)
O
último imperador (O oriente por Belucci)
Encontro
de irmãos (Grandes Cruise e Hoffman)
Danças
com Lobos (Costner rescrevendo a história da América)
O
silêncio dos Inocentes (Jonathan Demme, Foster e Hopkins, nO hino)
Imperdoável
(Eastwood reinventando os westerns)
A
lista de Schindler (Spielberg fazendo contas com o passado)
Forrest
Gump (A América revista pelos olhos de um puro)
Braveheart
(Mel Gibson faz história, da Escócia e do homem)
Titanic
(as bilheteiras e a história num casamento perfeito)
A
paixão de Shakespeare (Quando a ilha abalroou o continente)
Beleza
Americana (retrato dos EUA, nesse então)
Gladiador
(uma homenagem à escola clássica)
Uma
mente brilhante (Biopic com Crowe, que volta a brilhar)
Million
Dollar Baby (Eastwoood volta a marcar)
Quem
quer ser bilionário? (Pegando na realidade)
Estado
de Guerra (Ela, em direto)
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