O
meu bairro sem esta rede de fios deveria ficar... supimpa!
|
Acordei e estava a dar os bons dias ao dia, quando ela chegou à varanda, com uns binóculos da ex—União Soviética.
—
Experimenta lá, pai...
Mesmo
de óculos, espreitei pelos buraquinhos.
—
Eina... São fixes! Vê—se muita bem Marvão.
—
Pois é!
—
Onde é que os arranjaste?
—
Encontrei—os no sótão.
Com
estes, vê—se da porta do Tapas, o Putin a correr em tronco nú, no dorso de um
cavalo, na Sibéria
|
Tenho
ideia, não de os ter comprado, mas de ter sido um artefato qualquer que sobrou
de uma limpeza à loja, ou à casa da Cali.
—
São fines!, disse.
—
Mas agora são meus!!!
Eu
sorri para dentro e pensei... ahah
O
mais certo é isso acontecer com a minha casa, que tanto me custa a pagar agora.
Paizinho... tu vais bem é para a Santa Casa... Estão lá os teus amigos todos...
Agora a casa é minha!
Mas...
a tarde de ontem, tranquilizou—me. A Leonor, veio de visita a Marvão com os
coleguinhas, e tive o prazer de conhecer e privar com um professor seu. Deu—me
os parabéns. Porque é inteligente, dedicada, trabalhadora, muito boa colega e
solidária.
A
minha alma estava parva e o queixo, deveria estar quase a bater no chão.
—
Então? (disse ele, estranhando)
—
Ó professor, tirando o ter uma boa matriz, o ser boa e genuína, essa Leonor que
me pinta é diametralmente oposta à que vive lá em casa, comigo.
—
Não, mas fique seguro que é assim. É encantadora. Todos a adoram e eu também
gosto muito dela.
Eu
sei que as notas da Leonor têm sido boas, altas, fruto do seu trabalho. Isso
tem sido uma agradável surpresa e certeza, para mim, que temia o choque com a
cidade e o namorico madrugador.
Não
tem vintes, nem dezoitos tanto assim, não se mata a estudar, mas leva a sua, na
boa.
—
Professor, obrigado, disse—lhe. Nem sabe como são importantes para mim, as suas
palavras. Não as trocava por prémio algum. Sei que ela é inteligente, mas fico
tão feliz por a saber trabalhadora, esforçada, e sobretudo, amiga dos demais e
por eles respeitada, que até fico sem palavras. Bem haja por esta sua atitude,
completamente inusitada.
Isto
tudo será para ela. Como lhe digo sempre: até aos 22, fará a cama onde se irá
deitar o resto da vida.
Tenho
muito orgulho em ti, filha.
Tu
és eu, numa versão mulher.
Os
livros que andas a ler... isso! fui eu que os escrevi. ;)
Beijo
do Papi.
Sem comentários:
Enviar um comentário