segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Quando a vida passa por nós...


Eu sempre sonhei foi ser jornalista. Foi passar a vida a escrever, a viver do dinheiro que ganhava com as minhas palavras, a viajar, a conhecer mundo e pessoas, a conversar e descobrir o fascínio que vive dentro delas. Se me tivessem dito, quando eu ia a caminha de Lisboa, entre 91 e 95 (há 22 anos atrás?!?!?), a tirar as cartas do míster, para poder ser credenciado, que haveria de fazer carreira nas finanças, ainda por cima, no meu concelho… junto à casa de onde saí, o mais natural era ter-me atirado para debaixo de um dos muitos elétricos, que varriam as linhas na Junqueira, bem à porta do antigo palácio Burnay, frente à antiga F.I.L., que albergava o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.

No entanto, tanto que estudei e trabalhei para estar onde estou hoje. Todos os dias, antes de sair do meu serviço, olho para trás, para o lugarinho onde me sento, e agradeço à providência: o ainda cá estar, e estar ali, num porto seguro, de abrigo, que me permite olhar para as minhas obrigações, económicas e familiares, com segurança.

Eu gosto muito de trabalhar onde trabalho. Sobretudo porque trabalho em contato com o público, que é a coisa que gosto realmente de fazer: relacionar-me com os demais. Depois, porque a minha área de trabalho é muito abrangente. Como eu costumo dizer, ao contrário de muitos colegas de cidades ou superfícies maiores, que têm de se especializar num imposto e só se dedicar a ele, nós ali, somos médicos de clínica geral. Temos de saber mexer em todos eles, e isso constitui um dos grandes fascínios de estar ali. Do rendimento (IRS, IRC, IVA) ao património (IMI, IMT, SELO), passando pelo sempre trabalhoso e meticuloso atendimento ao balcão, passando pela exigente tesouraria, cada dia é sempre um dia diferente. Tanto podemos ter uma manhã tranquila, onde podemos dar seguimento à calendarização de tarefas que tínhamos programada; como podemos ter uma tarde, em que nos aparece um dos muitos solicitadores da área, com um trabalho de maior monta; ou um dos muitos ingleses que ali acorrem, nem que seja para pedir ajuda a um sítio, onde podem falar inglês à vontade, que sabem que serão entendidos.

Eu sou um humanista, um cristão, e como consciente dessa minha condição, sei que trabalho para o Estado e a máquina fiscal que me paga, mas gosto sempre de dar prioridade e privilegiar o ser humano que tenho à minha frente. O Estado somos nós. Não o que tolerou o Banco Português de Negócios; a Sociedade Lusa de Negócios que extorquiu , esbanjou, chulou (todos nós); ou as artimanhas do senhor engenheiro José Sócrates, que tem preso há tanto tempo, sem uma acusação sequer formalizada, e ainda vai ter de indemnizar por isso. E é por eu ser assim, que já tive chefias que me davam o toque que “isto aqui não é a Santa Casa da Misericórdia”, embora eu, calado, tivesse sempre a minha batuta bem definida. Não facilitando, em nada favorecendo, mas desmistificando a máquina fiscal, o Estado “mau”, que não é “mau”, mas que para sobreviver, tem de ser pago por todos nós. Inclusive, nós. Só assim me poderia sentir à vontade quando há artistas que lá entram, a fim de pagarem o imposto de circulação do seu automóvel, e mandam para o ar a laracha: “vim cá dar-vos o vosso subsídio de férias”.

Assim, quem nos aparece à frente podem ser os recém-chegados do estrangeiro, um dos tantos locais que vai declarar um óbito, ou uma fatura; como alguém que vem de fora.

Estes, de que aqui falo hoje, eram de fora. Mas não eram um casal, apesar de serem homem e mulher. Pelo formato muito idêntico, pela volumetria, pela idade, pelos perfis, deveriam ser irmãos. Confirmei assim que me perguntaram, como poderiam participar o óbito do pai. Ao saber que eram de longe, sei que os tranquilizei quando lhes disse que poderiam fazê-lo aqui, como em qualquer outro serviço da Autoridade Tributária, espalhado pelo país. O pai, que era de cá, foi aqui agora enterrado, mas tinha a residência na casa alternada de um deles, e isso baralhava-os. Expliquei-lhes que o serviço responsável, era de fato, o da área onde estava averbado o domicílio, à data do óbito. Mas disse-lhes que fazendo a participação aqui, nós temos circuitos internos de comunicação, que nos permitem levar “a carta a Garcia”.

Disse que nos podíamos sentar, para estarmos mais confortáveis (o processo ainda pode levar algum tempo), mas preferiam ficar de pé. Não seria para crescer, porque eram belos exemplares da espécie humana, e já deveriam andar na casa dos largos cinquentas, mas assim preferiram.

Ali foram avançando os documentos que fui pedindo, e dando os inputs necessários para instruir a declaração. Ali, lado a lado, mano a mano, enquanto eu escrevia e fazia o trabalho dentro do balcão, em silêncio, estiveram os dois, sós, como há muito certamente não estavam. Uma situação, por certo, constrangedora. Para eles, e para mim. Participar o óbito de um progenitor, é sempre um momento de grande pesar. Pela vida que se perdeu, pela importância que teve para as suas vidas (poderem existir), e porque é um prenúncio que, o próximo fim, pela lógica da vida, poderá e deverá ser o seu.

Tenho a sorte de poder ter um pequeno rádio no serviço, a fazer-me companhia, baixinho. Na minha rádio de sempre, ouço as notícias, o tempo, e a nossa música de hoje, que quebra o gelo do silêncio, e aquece os dias.

Neste cenário, dos dois de pé ao balcão, e eu ao computador, começou a tocar esta música, verdadeiramente assombrosa.


Assombrosa porque, o Agir é um puto notável. Apesar de ser de ascendência aristocrática na música portuguesa (não é filho do Paulo de Carvalho quem quer), escolheu sempre o caminho mais difícil para assumir o seu talento, e renegou o nome do progenitor, para se afirmar num nome estrangeiro? Compõe o que canta, é músico com todas as letras (e notas), e tem um visual, que marca! Porque não se limita por preconceitos, nem por falsas ilusões. É… o que é.

Nunca tive curiosidade de arranjar e ouvir o seu disco, mas vou ouvindo por aí, e simpatizo imenso com esta postura. Isso faz com que mesmo as suas músicas que não me engracem tanto, me mereçam sempre uma segunda e uma terceira leitura. Algo que esta… dispensa. Poderosa! Poderosa em tudo. Para a abrilhantar, foi descobrir uma das vozes mais bonitas e envolventes de Portugal.

Nesse dia, estando sós (o chefe fazia o habitual trabalho de chefia, supervisão, acompanhamento, quando há mais gente), e criou-se ali um momento estranho em que parece que todos três estávamos a prestar atenção à música, no segundo ouvido. A eles, deverá ter batido de uma forma diferente, pelo momento, pelo que faziam, pelo tanto que ficou por fazer em vida.

Já eu digo, e com este momento reforcei, que a maior riqueza que há na vida, não é o ouro, os diamantes, ou as jóias. A maior riqueza que nós, seres vivos, temos, é o tempo. O tempo que ainda temos para viver. O tempo que nos resta, o que com ele fazemos. E só quando somos sobressaltados por um desaparecimento como este, ou lhe passamos a prestar verdadeira atenção, por motivo de se ver afunilado por uma doença “daquelas”, passa a ser verdadeiramente considerado.

Nós… efémeros, fortuitos, vagos, tendemos a agigantar-nos, a pensar-nos maiores que aquilo que realmente somos.

“Lembra-te que é pó, e em pó te irás tornar”, diziam eles. Não deverá isto ser um fardo pesado do destino, mas antes uma consciência que só nos pode permitir, ao pensarmos nela, viver de uma forma mais despreocupada, mais leve (embora não vaga), mais consciente, mais feliz.

A vida é uma passagem para a outra margem.

Eu até admito que possa estar enganado. Ninguém o saberá, até um dia, que todos queremos longe, sob o ponto de vista de cada um. Mas se o estiver, a minha profunda convicção que esta é uma história, muito fraca e falível, se terminar nesta vida terrena, dá-me, quanto mais não seja, um benefício da dúvida, no qual é muito mais feliz viver-se, do que quando não se acredita em nada.

(E é tudo uma questão de disposição, de abertura, de querer. A mais fácil é quando a vida se nos encarrega de ensinar o caminho, como foi no meu caso. Outra, é descendo da altivez humana de se achar vivo, dono de si, e cortar o cordão umbilical, dizendo que já que cá se está (neste mundo), não se precisa de acreditar em mais nada. Outra é lendo o(s) livro(s) sagrado(s), mergulhar na esssência de si. Ouvir-se...) 

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

O novo monumento de Marvão (pois então!)

Cavalo? Homem? Certo!

Extraorinário alinhamento de blocos de granito. Nota ++

O caixote do lixo ali,em vez de uma explicação muito breve,
nem que fosse num bloco de gelo, do novo"mono", é cirúrgica.
Para o cavalo se poder alimentar. Xixi não dá para fazer. Não se consegue mexer. 

Eu pensei muito bem, se teria mesmo de escrever isto mas… acho que sim. Devo-o à liberdade, aos capitães de Abril, à democracia em que vivemos. Devo-o porque vivemos em Portugal, num regime que permite que uma besta como eu, tenha o direito de dizer o que entende, sobre o novo monumento de Marvão: uma escultura do mestre João Cutileiro, sobre Ibn-Maruan, o rebelde muladi (cristão islamizado) que ali construiu a primeira defesa, sobre um castro pré-romano, ou visigótico.

Ele, o João, que me desculpe, mas cá vai:

1.Introito à exposição que se segue: há quem defenda que a arte não se discute. Ora, dá-se o caso, de por acaso, este que vos escreve não se encontrar nessas fileiras. Quem produz arte; seja mais, ou menos elaborada; mais ou menos percetível, tem de estar sempre sujeito à opinião dos outros. Quem produz, expõe-se. Tome-mos o ridículo de falar sobre este meu miradouro. Podem-me dizer o que quiserem sobre o meu blogue, as habituais críticas e mais algumas inventadas em cima da hora, que eu não me apoquento nada. Enquanto tiver gente que por aqui passe por este miradouro para o mundo; para o ver com os meus olhos; que comigo comenta isto, ou aquilo que escrevi; estou feliz e bem. Claro que nunca pretendi que concordassem com a minha visão. Apenas quis, sempre, desde a primeira hora, agitar as águas, fazer pensar, questionar, e conseguir resolver-me, fazendo-o.

Pode ser esquisito. Mas é enorme. E lindo. Expressa o horror e a guerra, de uma forma perturbante. 

Tudo isto é poesia visual para mim. Amo tudo. Rembrandt.

João Cutileiro é um artista octogenário respeitado em Portugal e no mundo. É uma referência incontornável na escultura, também conhecido por “mestre”, que isto não o é quem quer, mas só quem o consegue.


Como podem ler aqui https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Cutileiro, (por sinal, peço que ajudem a Wikipédia, façam um donativo para que não morra), nasceu em Lisboa, mas está muito ligado a Évora, terra que ama como sua (a mãe era oriunda daquelas bandas), e à qual já decidiu legar isto http://rr.sapo.pt/noticia/48121/evora_recebe_heranca_de_joao_cutileiro.

Há dias, estava eu a beber café após o almoço, olhando em redor, e dei comigo a pensar, “hum… este velhinho parece mesmo o João Cutileiro”. Mas depois, o senhor começou a murmurar baixinho, num estrangeiro quase impercetível, para a senhora que estava junto a ele. Aí, eu, pensei: “naaaaaa… estás sempre a ver filmes”.


Mas depois, já nem me acordo muito bem como, a conversa veio à baila, e alguém falou na escultura nova do Ibn Maruán, criada por ele, o mestre. Sorri e pensei que, afinal, o Drocas não está assim tão senil.

“Mas onde é que fica?... Ai sim?... E quanto tempo demorará a ser terminada?”, estas foram as minhas perguntas, até que na sexta passada, antes de sair de mergulho para o fim-de-semana, reparei numa “coisa” nova ali como quem vai para o castelo.

- Olá! Cá está ela!
Desamontei-me do meu alão azulado Caguincha, e fui inspecionar.

Epá… aquilo é… digno de, se pensar em.



Para já, é muito difícil perceber-se que aquilo, na realidade, é uma escultura. Mais ainda, que é de uma pessoa. Quase indecifrável é então, conseguir dizer, de quem poderia ser. Se isto fosse uma pergunta para queijo do Trivial Pursuit, era coisa para ser um queijorro. Se fosse no “Quem quer ser Milionário”, ou num daqueles concursos de trazer por casa, com perguntas de pacotilha, nos canais generalistas, ficaria sem resposta.


Aquela maltinha que costuma estar a ver a televisão à noite, em esplanadas de cafés, enquanto vai atirando respostas e palpites, para ver se tem sorte e consegue impressionar os outros, ficaria banzada com a dificuldade.  

A pergunta poderia ser: Diga quem é representado nesta nova escultura de Marvão?
1-    Carlos Cruz, apresentador de tv, acusado de pedofilia
2-    Herberto Hélder, o poeta (e louco?)
3-    Eusébio da Silva Ferreira, bom de bola
4-    A Popota, artista fofinha dos hipermercados, que também dá concertos
5-    Nenhuma das de cima. Aqueles blocos foram ali deixados cair, ao acaso, por um camião da Singravona, de Alpalhão, ao fazer um transporte

Ao admirar a nouvelle oeuvre d’art, pasmei. Como é óbvio, não perdi a oportunidade de tentar saber, se seria eu, um caso isolado. Passavam uns jovens, saídos do monumento-mor, o verdadeiro castelo, e interpelei-os:

- Jovens, olá! Será que vos poderia pedir a vossa opinião, sobre o novo monumento de Marvão?
(Risos e silêncio) - Novo monumento?

- Olhai bem à vossa volta. Eu espero. (zero placas identificativas, rien de rien. Mesmo à moda do nosso edil camarário. Ou seja, uma merda.)
- Não estamos a ver.

- Bom, sendo assim, eu ajudo. Está ali uma estátua dedicada ao fundador de Marvão. Ei-la. (apontando)
- Aquelas pedras?!?

- Olhai bem, e atentai. Quem a fez é conhecido por mestre, é conhecido em todo o mundo, muito famoso e conceituado.
- Eeeeehhhhh

- Não me digam que não vos bate nada... (como se fosse um cacete de erva)
- Epahhh…

- Visitaram o castelo, certo?
- Certo.

- Presumo que gostaram. Tá bonito, não está?
- Muito.

- Agora têm direito a este extra. Podem passar o tempo que quiserem, ali sentados, a admirá-la. Podem tirar selfies, enviar hangouts a amigos, postar no face.
- Ehhhhhhhh (com o ar de quem não achou piada nenhuma à ideia)

- Não me digam que se eu não vos tivesse dito nada, nem sequer reparavam…
- Ahhhhhhhh Há ali muitas pedras e… aquelas… confundem-se.

- Oh. Percebi. Obrigado pela vossa colaboração. Isto não é para os apanhados, ok? Não há câmaras escondidas. Apenas quis saber a vossa opinião, sabem? Ao acaso. Eu também estudei, como vocês. Sou mais que licenciado, porque tirei uma pós-graduação em Gestão Autárquica, quando era vice-presidente desta câmara de Marvão. É que já fui vereador da cultura, supostamente teria de ser um dinamizador da área e, conhecendo como conheço, do pouco que conheço, a obra do senhor, dificilmente lhe pediria que aqui deixasse a sua arte. Pedras já cá a gente tem com fartura, não acham?
- Ehhhhh…

Da obra do Cutileiro, este D. Sancho I, frente ao Castelo de Torres Novas... ainda vá, que não vá
mas, aquila podia ser outro rei qualquer, digo eu. Com barba e coroa, metade da batalha tava ganha.

Esta também está muito bonita. O corpo de uma mulher nú, fica sempre bem e não choca.
Já o do homem, com aquele pedaço de apêndice pendurado, de tamanho variável, cor diversa, maior ou menor rigidez ...

Epá... o 25 de Abril, aqui...
Tá difícil! E o Otelo fica aonde, pá!

Ouve lá!
E o marquês do Pombal aqui, em Vila Real de Santo António, está... potente!

- Mas não conseguem ali vislumbrar nenhuma figura?
Nisto diz um cachopo, tão engraçado: “há ali uns bocados que parecem uns ursinhos fofinhos.”


LLLLLLLLLLLLLLLLOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL

- Eu só queria ter a certeza que não estou a ficar (mais) maluco. Por isso falei convosco. São daqui?
- Ah... estes são meus amigos, mas o meu pai é do concelho de Castelo de Vide.

- Será que conheço?
- Ahhh… Não sei. É o Tiago Malato.

- Ah, claro que conheço! Bom homem. Todo dinâmico, esperto, bairrista, amante da Castelo de Vide e da política. Dá-lhe lá um grande abraço meu, tá bem?

E prontos, estamos nesta fase em que esta “coisa”, vai cá ficar. Não tenho muito tempo, nem me quero estar a ralar com o assunto, mas de verdade que gostaria de saber quem foi que pagou por isto, de que forma foi realizado, se foi uma oferta (para lhe limpar-mos o quintal), ou se foi por adjudicação direta (como fazem quase em tudo, nesta época de caça desenfreada pelo voto).

Eu dava era um dedo mindinho, até poderia ser um indicador, para poder ter assistido ao momento em que o artista, e o interlocutor (ligado a Évora, claro que imagino quem seja), retiraram o véu e os responsáveis pelo município, puderam, boquiabertos, admirar a obra, assim ao primeiro impacto. Deve ter sido um momento único. Aqueles queixos devem ter ficados boquiabertos, pasmados com tanta beleza.

Se tivesse sido o senhor presidente, homem de cultura, que puxou para si o pelouro nestes últimos anos, só queria ver-lhe a cara. E tirar uma selfie com ele, nesse instante.

O homem sabe. Muito de tudo, e de cultura, sobremaneira. Quem pudesse tê-lo visto, num dos concertos de música clássica do castelo, no último festival, ficaria admirado com o grau de conhecimento que apresentava, das obras ali reproduzidas. Era vê-lo abanar a cabeça ao ritmo do compasso, e dizer que sim, era menear-se todo como se estivesse a curtir o “Pelos caminhos de Portugal” do Mário Gil. Muito bom. Dava gosto. E orgulho. É o meu presidente!

Se fosse o senhor vice-presidente… ahhh… também gostava, mas era só de ver. Sem mais comentários. Mas quem é que é tão parvo que não conhece, o profuso passado e ligações do Sr. Vitorino com a escultura? Pelu amôôôôôôôôô^rrrrrrrrrr dji Deuuuuuuuuuuuuuuuuussssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss

Mas também aqui, vos ponho à vontade. Se tivessse sido eu naquele lugar de vice-presidente/vereador da cultura (o que muitos dos meus denegridores, dizem que é o combustível que me alimenta o mal estar… tansos!), eu teria de fazer das tripas, coração; e teria de lhe dizer, ao próprio, que não podia ser. Arranjando uma forma delicada de não lhe ferir o estatuto, a dignidade, o historial, meteria as questões políticas ao barulho e tentava sair de fininho.

Mas será que na minha terra, não há ninguém capaz de lhe dizer, que o reu vai nú?

Os espanhóis de Badajoz, filhos do mesmo pai, nossos irmãos na fundação, também têm lá, na parte alta, na zona mais antiga da cidade, uma escultura de homenagem ao fundador. 





Mas porra! A gente olha para isto, é como quando estamos a olhar para a imagem, daquele que pode ter sido Jesus Cristo. A ter nascido naquela zona do médio oriente, naqueles anos tão idos, há 2017 atrás, deveria mais ser um homem baixo de tez escura, de barba preta e cabelos pretos, como eram quase todos os daquela área; do que um lindinho louro, de olhos azuis, como o viu o realizador italiano Franco Zeffirelli.

O do Zeffirelli era mais... angelical.
Toda a cena da cruxificação deve ter tido uma violência brutal!

Ahhhh. Era capaz de ter sido mais assim... não acham?

Agora, comprar a maneira que o mestre Cutileiro o viu, com aquela que os espanhóis o viram; nem sequer é comparar o Jesus Cristo como pode ter sido de verdade, com o do Zeffirelli. É… um desastre! De um camião da Singranova, cheio de experiências de novos alunos dos cursos de cortar pedra, que ali teve um acidente, e se virou.

Há 4 forças que se perfilam na corrida das eleições municipais, com suposto peso (isto se o camarada Carvalhas, não pressionar o nosso Caldeira Martins):
- o Partido Socialista;
- o CDS/PPM, que apoiam o renegado José Pires, hoje estrela das paletes (sorrindo numa curva perto de si), que se faz passar por uma candidatura independente, que não o é (o habitual nele, portanto. Perito em fazer o filme, render o peixe);
- a verdadeira candidatura independente “Marvão para Todos”
- os que lá estão. Os tais. Os coisos,

E eu só peço muito, nos pedidos que faço, para que isto mude. Mesmo. Por favor. Para que haja diálogo e possamos sair desta tenebrosa idade das trevas, em que vivemos.

RENASCENÇA JÁ! 

Tio Sabi e Sr. Presidente da República de Portugal


E o senhor da gravata disse assim:

— TIO SABI! NOSSO TIO SABI!!!!! DÁ PARA SACAR UMA FOTO????????

A cara dele não me era estranha... Acho que o conhecia de imitar o grande Ricardo Araújo Pereira, numa fábula de comentador de notícias. De resto, ele vinha beijando tudo o que mexia e, uma foto, não me pareceu mal de todo. Não gostei muito, foi dos gorilas mal encarados que o acompanhavam, com auricu
lares muito estranhos. Mas acedi. Logo após sussurou—me: "sou tão, mas tão seu fã.  Há uma década que o "Vendo o mundo de binóculos do alto de Marvão" é um dos meus blogues favoritos. Esta gentuça que corre sempre atrás de mim, pensa que eu vim cá por causa da música. Mas eu quero lá saber da música!!!! Eu vim cá foi por causa de SI, SR. SABI!!!! Já ganhei o dia! 
Créditos fotográficos: GRANDE André Relvas, o repórter que está sempre no sítio certo! Apareceu do nada, ali.  Ai Manuel, Manuel, se eu tiver dinheiro para um jornal, um dia, vou—te—o roubar! Ai vou, vou!

Era a foto que faltava neste blogue. Finalmente.

Nesta aqui,o senhor estava a dizer, baixinho: olha-me este...

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Saber agradecer (porque para mim, nunca é demais falar nisto…)

Epá… desculpem lá outra vez o mesmo assunto mas… o blogue é meu, que porra! Se não falo aqui… Falo onde? Obrigado.


Sempre que falo no meu acidente, recordo-me do Pedro Reis, que foi o meu anjo da guarda. Antes dos incansáveis e valorosos bombeiros de Marvão; antes da prestimosa Guarda Nacional Republicana (que foi dar a notícia a casa… obrigado, Rui!); antes do fundamental INEM; antes de todos os profissionais de saúde, que me ajudaram a conseguir recuperar do nível 6 da escala de traumatismos cranianos de Glasgow (de 3 a 15, em que com menos 3 pontos que eu, já não voltam 85, em 100), foi ele quem me deu a mão.


O meu agradecimento será para sempre, enquanto eu viva. Se não tivesse sido ele, eu já não estava aqui a fazer o que mais gosto: viver. E amar, vivendo.


Nas trocas de mensagens e agradecimentos da minha mãe, nestes dias, para ele, apercebi-me mais dos momentos que sucederam aquele instante terrível. Depois de tantas curvas, tão difíceis, com escarpas junto a elas (Ponte Velha), fui contra um muro ali, a escassos metros de casa, numa reta. Não acredito em animais que se atravessaram à frente, nem em “qualquer coisa” que me deu, mas que foi estranho… foi.


Passado este tempo todo, o assunto ainda continua a ser tabu.


Porque a memória me falha, porque o cérebro varreu tudo o que se passou nos momentos e dias antes, não procuro muitas respostas. Tento encontrar um caminho assim, olhando para a frente, sem olhar muito para trás. Sei que não ganharei nada e… prefiro assim.


Mas um dia, quando calhe, falarei melhor com o Pedro, que está a viver no estrangeiro, não conhece muito as pessoas e a realidade daqui. Não quero saber quem foram as pessoas que fizeram isto que conta, nem os dos carros que conseguiram passar por um acidente, ver que uma pessoa poderia estar a necessitar de ajuda para poder viver e… não só passarem ao lado, como, ainda por cima, lançarem impropérios e bocas.



A natureza geral da pessoa humana é má, invejosa, egoísta, ruim. Um homem tem de conseguir lutar todos os dias, contra estes elementos, para conseguir ser bom. Somos tentados a ser assim. É preciso orar, refletir, ter os pés bem assentes no chão, para conseguir fugir a isto.


A vida, os ensinamentos, deveriam ser muito mudados para se conseguir isto. Como? Olhem, por exemplo, todos deveriam aprender nas escolas, onde se ensinam tantas coisas que de nada valem; suportes básicos para se salvar uma vida humana (como evitar o engasgamento de uma criança, ou um adulto, que são diferentes; como ser o primeiro a auxiliar a vítima de um choque elétrico, que não pode ser tocada diretamente na descarga, senão fica-se lá também agarrado), e sobretudo, toda a gente deveria ser habituada a olhar, para a cova de um cemitério, onde se enterram os defuntos. Ensinar aos nossos pares, desde pequenos, que é ali onde tudo vai acabar. “Lembra-te que és pó, e em pó te vais tornar”, deveria ser um chavão sempre pendente sobre a nossa existência, como se de uma espada de Dâmocles se tratasse. 


Talvez assim se fosse ganhando consciência de quão efémero é tudo isto. Quão vago. Quão fugaz.


Poderia ser tentado, e sou, a perguntar ao Pedro, se se recorda de quem passou por ele, me viu a morrer, e assobiou para o lado.


Mas esse não é o meu caminho. Não sei bem por onde vou, irei por onde Deus quer, mas sei que não vou por aí.


Eu nunca, nunca, nunca, fiz nada que quisesse prejudicar ninguém. Posso, admito, ter estado menos bem nalguns casos. Mas peço que me digam onde, para que eu possa pedir desculpa, se entenda que o devo fazer. Asseguro é que não foi intencionalmente.


Que mal poderei ter então feito, para que fosse possível, para alguns seres vivos, verem-me em tamanha agonia, e assobiarem para o lado? Desenrasca-te? E a sua consciência? Não têm?


Tive quem passasse ali, quem não me deixasse, e tive essa luz que me iluminou. Graças a Deus.


Esses que agiram de má fé para comigo, esses que me negaram o apoio, hão-de ser julgados por esses gestos. Nesta vida ou noutra. Mas haverão de um dia, prestar contas.


Só me custa é que nesta sociedade em que vivemos, haja tanta mentira, tanta falsidade, tanta ralé. O ter-me envolvido no movimento político Marvão para Todos, junto de Homens e Mulheres minhas amigas, de Bem, já me granjeou alguns afastamentos súbitos de pessoas, que eu só lamento tê-las considerado amigas. E a vontade de lhe cuspir na cara, de cada vez que me estendem a mão, quando não tenho coragem para lha negar?


O tempo tudo traz.


No meu coração só quero que haja paz, e amor.


O resto, eu deito fora.


O meu agradecimento vai para todos os que me ajudaram, os que rezaram, os que pediram por mim. A minha gratidão é imensurável.


Oxalá, Deus queira que vos continue a maçar com esta lamechice durante muitos anos.


Obrigado. Fiquem bem.


Nem aos que me querem mal, eu consigo querer mal.


Amanheço a agradecer. Agradecer é a minha última ação do dia.



Eu sou um bem haja.

A sério?!? Eina...


E isso da Guito?