domingo, 29 de dezembro de 2013

Para os braços de Portugal

Das notícias que consigo apanhar nesta época festiva (sempre poucas num rally de reuniões familiares, comeres e prendas que é o Natal), impressionou-me especialmente esta que compara a nova vaga de emigração de 2013 à registada no estado novo porque já a supera.

Marca a diferença entre um tempo e outro, termos agora como banda sonora este tema absolutamente magistral de um grande Pedro Abrunhosa ao seu melhor nível, acompanhado pelo gigante Camané, com uma voz e uma interpretação arrepiante.


Fabulosas palavras, enternecedora melodia. Grande vídeo para um marco na canção nacional.



domingo, 22 de dezembro de 2013

Sobreiro's LX Christmas 2013





É certo que uma hora tem 60 minutos e um dia tem 24 delas.

Mas há dias e dias.

Há dias, como os dois que vivemos em Lisboa na semana passada… que se tornaram numa jornada inesquecível. Fomos por obrigação, mas soubemos pela imaginação, pela recriação, torná-los numa jornada inesquecível. Para os quatro.

Eu era o chato que andava sempre de máquina na mão mas não maçava muito. Não interrompia, nem pedia poses. Apenas fui registando, captando de soslaio, como quem não queria a coisa.

Assim, para além daquilo que guardámos na memória e nos nossos corações, cristalizei em mais de 600 imagens (com muitas ainda por limpar, arranjar e ordenar) momentos que ficam para sempre.    

Do pote fui tirando estas que durante o dia arranjei e me preparo agora para fazer a première caseira.


Sobreiro’s LX Xmas 2013






quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Sê feliz, Cris

A melhor foto que encontrei tua, das centenas que tenho, é nossa.
Daquilo que construímos os dois, da nossa família.

Depois disto: 

Isto:


O Michael Bublé, um crooner do nosso tempo, conseguiu recentemente esgotar a Meo Arena no dia 1 de Fevereiro e vai ter uma data extra no dia 2 porque canta músicas assim.

Este tema parece que foi escrito para eu dedicar à mulher da minha vida no dia em que completa 38 anos, 18 de Dezembro.

Mais que as vidas que me geraram e as vidas que gerei, ela é A tal.


Fernanda Cristina, vai por ti…



Fecha os olhos…
Deixa-me dizer-te todas as razões porque,
Sinto que és a tal.
Aqui está para ti,
Aquela que sempre nos puxa para a frente,
Sempre faz aquilo que tem de ser feito,
És a única.
Graças a Deus que és minha.

És um anjo, numa armadura.
És a fada em cada luta.
És a minha vida e o meu porto de abrigo,
Quando o sol se põe em cada noite,
E se o meu amor é cego,
Eu não quero ver a luz.

É a tua beleza que te trai,
O teu sorriso que te leva,
Porque és feita de força e misericórdia.
E a minha alma é tua para ser salva,
Eu sei que tudo isto é verdade.
Quando o meu mundo foi escuro e azul (como no Hospital de S. José…),
Sei que a única a salvar-me eras tu. (por isso ficava tão feliz quando te via e tão triste quando partias e me deixavas ali…)

Fecha os olhos,
Deixa-me dizer-te todas as razões porque,
Nunca vais ter de chorar,
Porque és A tal.
Sim, aqui está para ti,
Aquela que sempre nos empurra para a frente,
Sempre fazes o que tens de fazer, querida,
Porque és a tal, (a única).

Quando o teu amor cai em mim,
Sei que finalmente sou livre.
Por isso te agradeço,
Cada batida do meu coracão é tua, para guardares.

Então, fecha os olhos,
Deixa-me dizer-te todas as razões porque,
Nunca vais ter de chorar
Porque és A tal (a única).

Tu és as a razão porque estou a respirar,
Com um olhar de relance,
És a razão porque estou a sentir,
Que é finalmente seguro ficar!

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A banda sonora das nossas vidas

Hoje de tarde vinha com ela de Castelo de Vide, da explicação de matemática. Ao que parece tem resultado. Foi uma das duas positivas da turma no último teste. Ouvimos esta música e cantou. Cantámos os dois. Também gosto muito. Acho que é uma excelente prova que os novos autores também escrevem muito bem em português.


Comentou e disse-me que achava muito estranho como as músicas passam de moda, como o que se ouvia há 6 meses já parece antiquado.

Expliquei-lhe a importância das playlists, de como a indústria musical e as editoras manobram os artistas, as rádios e as audiências. Expliquei-lhe que sempre foi assim e sempre assim há-de ser. Disse-lhe que se ela gosta realmente de música, como eu, pode aproveitar estas variações e estas tenências para ir construindo a banda sonora da sua vida.

Expliquei-lhe que eu, assim que ouço um tema, mesmo que não goste dele, consigo imediatamente situar em que período da minha vida me encontrava quando o costumava ouvir, com maior ou menor prazer. Para mim, é essa a grande magia da música. Há os que se adoram, os que passam ao lado e aqueles dos quais não se gosta mesmo nada.

Nisto tocam os Wham com isto que ela disse que gostava muito. Que era do meu tempo e ela gostava.


Eu disse-lhe que este era um caso paradigmático. Sempre detestei os Wham! Sempre achei que eram um grupo de pretensos rapazes bonitos que as raparigas adoravam mas que nunca tinham trazido nada de novo e bom à música. Apesar disso. Apesar desse mau começo, aprendi a ouvir e a gostar e a às vezes adorar o trabalho de George Michael a solo. Revelou-se um vocalista tremendo, com um bom gosto extremo capaz de coisas fantásticas como estas:



Um performer com uma carreira e um percurso em tudo idêntico ao do Robbie Williams, outro dos meus eleitos. Achava-o mais um, o irrequieto dos execráveis Take That. A solo teve uma entrada menos boa mas acabou por se revelar um artista assombroso, com um bom gosto imensurável e uma grande voz que o tornaram no Artista com A grande, no Performer com P grande dos nossos tempos. 



Disse-lhe que a música é sempre assim: supreendente. Está sempre ali, à nossa espreita, na rádio, na tv ou na net.

Palpito que com isto, no futuro, quando ouvir os azeitonas a cantar "o tonto de ti"... é capaz de se lembrar desta conversa.

Faço realmente votos (e sonho) que quando for já quarentona e eu setentão, a cantemos os dois, com os filhos dela e os meus netos a fazerem o coro por trás, com a mãe e a mana e a família da mana a acompanharem.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Greetings! (for Christmas Holidays)



Amanhã entro nas minhas Christmas Holidays, a designação no léxico Sabinesco para batizar as faltas marcadas no plano anual superiormente aprovado e articulado com os colegas do serviço. Tudo isto foi pensado para não chocar com os planos de férias já marcados e vai ser muito bem aproveitado. Traduzido significa que entre as férias, a greve do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos de dia 23 e as tolerâncias de ponto para a função pública, só regressarei à Casa do Brasão no dia 26 de Dezembro. J

Para marcar a entrada nesta época mágica tão sonhada e desejada, utilizo a arte da minha filha Leonor.

Utilizo-a nos desenhos que ama desde pequenina. Estes foram repescados do Natal do ano passado, feitos quando ela tinha apenas 11.

Utilizo a arte dela para desejar Feliz Natal aos meus leitores também na escrita porque participou neste ano com este texto num concurso da sua escola de contos de Natal. A princípio não foi aceite. A pobre ficou toda triste porque não o aprovaram por ser extenso demais. Tanto empenho dela, só dela, na imaginação e na redacção, ficaria assim por terra por ser… grande demais. Eu achei mal mas não me meti. Longe de mim. Caí fora. Mas parece que reconsideraram e acabaram por aceitá-lo.

Teve de o bater a computador e a única ajuda que lhe dei foi a passa-lo, tal e qual como ela tinha, sem quaisquer arranjos, sem alterar frases ou pontuações. Não tinha ideia de o fazer (queria deixar tudo para ela) mas nessa noite em que ela falou que no dia seguinte lho aceitariam, já era quase meia noite e ela ainda passava o texto a Word no quarto. Ofereci-lhe os préstimos e ficou de luz acesa, encostada por cima dos lençóis, presumo que à espera de ver o resultado. Quando terminei, uma página e meia depois, não muito mais que 15 minutos passados, já dormia. Melhor, já ressonava. Tapei-a, desliguei a luz e gravei numa pen de onde agora o tiro para publicar aqui.


Feliz Natal a todos.




               
Um dia para o Natal

Era uma vez, numa aldeia, bem lá no Norte de Portugal, onde está sempre frio e a nevar, viviam dois irmãos, Eduardo e Madalena, que, apesar do frio, nunca perdiam a sua energia.
Eram quatro da manhã e a família Monteiro já estava a arrumar as coisas para a primeira ida a Lisboa do Eduardo e da Madalena. Passado algumas horas de viagem, ouviu-se:
-Mãe! Mãe! Aquilo é Lisboa?-gritou a Madalena.
-Sim, filha. -respondeu a mãe.
-Uau! É lindo! – exclamou o Eduardo.
Quando chegaram ao hotel ficaram fascinados, tanta gente, tanta luz e cor!
Já no quarto o Eduardo perguntou:
-Onde vamos agora?
-Vamos ao Colombo. – disse o pai .
-O que é isso?- interrogou a Madalena.
- É um sítio onde há lojas, restaurantes e como estamos próximos do Natal, o Pai Natal e os duendes vão lá para saber o que é que os meninos querem para o Natal. – explicou a mãe enquanto lhe vestia o casaco.
- Que bom! Que bom! Tenho de lhe dizer que quero uma Barbie, um cão, um vestido novo…- e assim foi a Madalena a tagarelar sobre as suas inúmeras prendas até ao Colombo.
Na fila para ver o Pai Natal, reclamou o pai:
-Credo! Tanto tempo à espera de um homem de barbas brancas e vestido vermelho…
Madalena olhou o pai com um olhar matador.
- Desculpa, filha.- desculpou o pai.
Madalena exclamou:
- Olhem! Olhem! Vem aí um duende! Deve ser uma mensagem do Pai Natal pra mim!
-Madalena! Chiu!- ralhou o irmão.
O duende começou a falar:
-Estou tão contente por ver tantos meninos e meninas à espera do Pai Natal! Mas, infelizmente uma das suas renas adoeceu.
-Oh! Mas que mau.- lamentaram os irmãos.
-Não fiquem assim. Vamos ver um filme, querem?- confortou a mãe.
-Ok.-disse a Madalena, que estava de coração partido por não ver o Pai Natal.
Depois do filme ter acabado, os irmãos já não se sentiam tão tristes.
- Então e se fossemos lanchar?- sugeriu o pai.
-Sim! Estou esfomeado!- disse o Eduardo.
Resolveram ir lanchar e depois ir comprar roupa nova. Já na loja, ouvia-se a Madalena e o Eduardo a admirar os chapéus, os vestidos, as camisas e os colares.
- Mãe! Olha que vestido lindo!
-Mãe! Não gostas deste chapéu pra mim?
-Pai! Que tal fico com esta T-shirt?
-Pai! Não fico linda com esta saia?
Os pais já não os aguentavam. Estavam insuportáveis.
- Então e se fossemos à loja dos brinquedos?
Mal tinham acabado de dizer isto, já os irmãos estavam à porta da loja a dizer:
- Vamos! Toca a despachar!
Na loja, os olhos deles brilhavam. Nunca na sua vida tinham visto tantos brinquedos.
Estavam perdidos em tanto brilho e cor. Passaram as horas e os irmãos começaram a afastar-se dos pais.
- Mãe, o que achas desta… Mãe? Mãe?!?
Os dois viraram-se perdidos na loja. Sem os pais ou alguém para pedir ajuda.
- Eduardo! Como vamos ver dos pais? Ou, melhor, sair daqui?
-Calma, Madalena! – acalmou-a o irmão.
Quando deu por si, viu a irmã a bater na porta e a gritar por ajuda.
-Não adianta, Madalena. Não há ninguém no centro.
Ambos se sentaram numa ponta da loja, em silêncio, e ficaram assim durante algum tempo, até que se ouviu um barulho.
- Ouviste isto?- interrogou o Eduardo.
- Sim. O que será?- perguntou Madalena.
Os irmãos seguiram o barulho e nem acreditavam no que viam. Os brinquedos ganhavam vida!
Então os irmãos seguiram-nos até a um armazém onde se encontrava uma saída para o topo do centro comercial onde se via um pouco de Lisboa.
 Aí estava um trenó com homenzinhos baixos e vestidos de vermelho e verde.
-Achas que são… duendes?- sussurrou a Madalena.
-Oh, Madalena! Deixa –te de disparates! Entra mas é lá pra dentro!- barafustou o Eduardo.
Muito sorrateiramente, os irmãos entraram no trenó e foram para onde os “duendes” os levaram. Nesse trenó, levantou-se uma cabecita:
- Madalena… Olha só onde acho estamos…
-Estamos na fábrica de brinquedos do Pai Natal! – respondeu surpreendida a irmã.
Quando pousaram o trenó, os irmãos entraram muito rapidamente para a fábrica.
Era inacreditável existir algo tão belo. Havia bonecas, carros, ursinhos , bolas e muito muito mais.
-Eduardo! Eu não estou a ver bem! Aquele é o Pai Natal?
-Oh! Pois é !
Mas ao lado do Pai Natal havia um calendário e depois de tanto tempo a admirar aquela figura mítica, Eduardo abriu a boca e disse gaguejando:
- Ma.. Ma… a..da…lena… Hoje é dia 23…
- “E?”, interrogou a irmã
-“Faltam dois dias para o Natal!”
Os irmãos olharam um para o outro. Como iriam passar o Natal com os pais? Será que o iriam passar com alguém?
 - “Temos  de pedir ajuda ao Pai Natal”, lembrou a Madalena.          
- “Tu não deves estar boa da cabeça! Mas se tem de ser… Vamos lá!”
Muito devagarinho bateram à porta do Pai Natal. Ouviram uma voz que os mandou entrar. Os irmãos embatucaram.
- “Olá! Há tanto tempo que não vejo um menino de verdade…”, cumprimentou o Pai Natal.
- “Bem… sabe… nós somos de Portugal, perdemo-nos dos nossos pais e… Bem… é uma longa história, sabe? Agora o que queríamos mesmo era ir passar o Natal com a nossa família. Será que nos pode ajudar?”
-“Claro que sim! Tenho umas encomendas para entregar nesse país e deixo-vos lá. Vamos?”
Os irmãos ajudaram o Pai Natal e assim chegaram a casa.
Os pais quando os viram nem queriam acreditar. Eles correram e contaram a história das suas vidas.

Leonor Sobreiro
12 anos






sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

A tv esperta

Eu sonhava com uma maior que a Alice mas... (assim ainda é maior que o tamanho do rádio...)

Eu estava fartinho da velha televisão. A bicha já tinha mais de 13 anos. Tinha sido comprada quando trabalhava em Nisa e custou-me uns 240 contos caríssimos, nunca mais me hei-de esquecer. Mas tinha um ecrã de 82 centímetros na diagonal e valia então bem a despesa. Era uma máquina, um monstro encantador. Para mim valia o dinheiro porque cá em casa… ou melhor, na casinha de Marvão (onde nos vimos aflitos para a enfiar lá…) era o máximo e por acaso... era eu quem mais gostava dela. Lembro-me que a Leonor ainda não tinha nascido e a Alice... acho que também não.

Tudo tem um fim e agora já estava desertinho que ela rebentasse mas não havia meio. Os anos passavam e hoje era um caixote que parecia um aquário daqueles grandes que há nas marisqueiras.  

Já há anos, num dia de limpezas grandes vi-lhe escorrer um líquido negro por baixo e fiz logo um festim. Pensei: “Ah, cabra que já rebentaste!”. Foi-se a ver e tinha sido uma garrafa de óleo de cedro que lhe tinha caído por trás. Fumo negro.

Os tempos são difíceis e ele não sobeja mas não se podia adiar mais a espera. Não se podia ou não convinha. Não me convinha, vá. As minhas miúdas mereciam uma televisão em condições, ou… o paizinho também já merecia uma coisinha melhor. Junta-se o útil ao agradável e…

Não quis andar a estudar o assunto. Não tendo tempo, nem paciência para fazer um estudo de mercado, fui à Worten e deixei-me apaixonar por uma smart tv da Sony. Eu sonhava com uma televisão fininha e um ecrã gigante. Analisei o que estava exposto e deixei-me apaixonar por uma smart tv. Não tem os 100 e tais cm que eu queria, só tem os 82 cm que tinha a outra mas é fininha, fica a matar na sala e não precisa de mais tamanho porque não vivo num pavilhão. Ela tem razão. Como sempre. Quase.


A smart tv ainda é uma incógnita com muitas potencialidades para descobrir. A Sony, amiga do ambiente, já não imprime manuais e disponibiliza-os online. Assim que tiver tempo hei-de descobri-los. Entretanto, vou indo às apalpadelas. Eu e elas. Uma coisa que já descobriram e sabem bem mais que eu, é a possibilidade de navegarem na internet na televisão. Enquanto terminava o jantar com a mãe, dançavam e cantavam na sala, deixando perceber como é fácil um vídeo tornar-se viral, como este que desfrutaram à exaustão,




Ou perceber que é na net que nascem novas estrelas como Vasco. O rapazinho que apesar de pequeno é gigante como lhe disse ao ouvido em Marvão quando nos cruzámos nas suas gravações do “Sabe ou não sabe?” da RTP1. Acho que elas viram e repetiram estes todos.















A tv já não é tv. É pc/tv. É um mundo. Getting old...



quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Será que eles sabem que é Natal?



Desarmante.

Vi este vídeo mesmo agora. Já tinha vontade de o apanhar desde que ouvi a versão que desconhecia por completo pela primeira vez; hoje de manhã na Rádio Comercial.

Desarmante é a palavra certa. Vi o vídeo como o David tocou a cover, de headphones ligados ao pc para fugir ao reboliço.

Desarmante e mágico.

Este rapaz, 4 dias mais novo que eu, é para mim, hoje em dia, o nome maior da música portuguesa. Ao nível dos grandes. Do Godinho, do Palma, do Variações. Tudo o que faz é bom e bem.  

Tive o prazer de o cumprimentar depois de um concerto em Nisa e autografou-me um disco. É meu quinto de 73 mas deu um autógrafo a este puto que sou eu. Num disco que guardo e muito considero.

A música que canta é uma das grandes músicas de Natal do nosso tempo, plena de sentido e significado. É um tema gigantesco de belo e profundo. A cover, a versão, a interpretação do David abandona o arranjo musical à anos 80 e mostra a música no osso, despida e crua, onde é mais bela. Cada palavra tem o seu lugar. Cada palavra é dita com o seu sentido.

Enternecedora.

Parabéns David. Grande David. Obrigado. Vemos-nos em Lisboa de hoje a uma semana.

A minha contribuição para este momento lindo é a tradução. You’re wellcome, old chap.


Será que eles sabem que é Natal?

É tempo de Natal, não há que ter medo
Em tempo de Natal, deixamos entrar a luz e banimos a sombra
E no nosso mundo de fartura, podemos espalhar um sorriso de alegria
Abraça o mundo no tempo de Natal
Mas diz uma oração, para pedir pelos outros
No tempo de Natal

É difícil, mas quando te estás a divertir
Há um mundo lá fora da janela
Que é um mundo de horror e medo
Onde a única água que corre é o ferrão amargo das lágrimas

E os sinos de Natal que tocam lá
São os carrilhões estridentes do julgamento final
Bem, esta noite, graças a Deus, são eles em vez de ti
E não vai haver neve em África neste Natal

A melhor prenda que vão receber neste ano é a vida
Oh, onde nada cresce, nem chuva nem rios correm
Será que eles sabem mesmo que é Natal?

Aqui está para ti, ergue o teu copo para todos,
Aqui está para eles, debaixo do sol escaldante,
Será que eles sabem mesmo que é Natal?

Alimenta o mundo
Alimenta o mundo

Alimenta o mundo
Deixa-os saber que é Natal outra vez
Alimenta o mundo

Deixa-os saber que é Natal outra vez

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Faceblog?



Isso lá gostar de ter mais tempo para escrever… é claro que gostava. O problema é que um gajo não pode. Não dá. O tempo não estica. Chego ao fim do dia esgotado, com as baterias em baixo do trabalho cansativo, agora até de noite, noitinha. O mulherio que manda cá em casa acaba por gastar o resto das energias que ainda sobram do dia. Noutros tempos era até à 1h, 2h da matina e no outro dia, fresco como uma alface! Agora, chega-se às 11 e meia da noite e um gajo está despachado. Não dá para mais.


Tendo sido bafejado pela sorte, vivo num harém num país maioritariamente católico (trois femmes par un homme). Como paga, mando aqui pouco ou nada. O consolo é que nestas quatro paredes, sou o único detentor de algo que por aqui é único, gerador de duas vidas e partilhado com a outra. Mas a verdade é que mando aqui pouco ou nada.


Aos serões, o portátil dos comandantes deste navio Sobreiro é um objecto alvo de cobiça e muito disputado. Por mim e pela mais nova. A Leonor já se emancipou no Natal passado e já gere o seu Toshiba em muita net, músicas e facebooks. A dona Alice quer é o site de jogos de meninas onde tem gratuitamente resmas de aplicações para se divertir. Pinta online, cola online, veste online. Faz online tudo aquilo que eu fazia dantes quando tinha a idade dela mas com papel, canetas, tesouras e sem os computadores que cada vez mais vão tomando conta do que é nosso, dos homens e mulheres de carne e osso. Volta, George Orwell que estás perdoado. O Big Brother está mesmo a ver-nos a todos, não é só os aos piquenos e piquenas que estão enclausurados na Venda do Pinheiro. Isto para mim significa que até à hora de sua alteza real dos Outeiros ir para a cama, estou refém do progresso infantil. A sorte que não complica isto tudo é que a mãe não liga ao computador à noite e se dedica aos seus trabalhos manuais.


Só depois de sua majestade cair no sono do seu país das maravilhas é que posso vislumbrar o mundo. Não o posso olhar pelo meu blogue por tudo aquilo que aqui descrevo mas vislumbro-o nalguns blogues favoritos que espreito de relance e no facebook. E é sobre isso que quero hoje postar: o facebook é uma ferramenta poderosa que revolucionou tudo o que existia antes dele. O facebook compila tudo o que existia nos blogues (texto, imagem, vídeo e som) mas democratizou isso ainda mais. Creio que levou a democracia ao extremo, o que só a pode estragar. Para quem quer, fica mais difícil pescar o que realmente interessa. Chega a ser uma salganhada. Há duas noites que vou lá deitar os olhos e venho de lá impressionado. Toda a gente tem algo que dizer, algo sobre que opinar, um estado de alma para escolher, uma hiperligação para fazer…


Vamos por aqui, pelas hiperligações que não é preciso dizer mais. Costumo ir ao facebook divulgar aquilo que escrevo no meu blogue. Porque sim. Por vaidade, por orgulho ou pelo que quiserem. Algumas pessoas até já fizeram hiperligações para o que escrevo e não acho isso nada mal, pelo contrário. Gosto que sigam o que escrevo e se o divulgam, melhor. É porque acharam interessante. Dantes criava um blogue quem tinha algo para dizer. Como já contei aqui, eu criei os Desabafos de Marvão por causa de uma colaboração na Rádio Portalegre e depois de finda, como o bicho estava cá, criei este blogue. Depois os blogues eram mais ou menos visitados consoante a substância. Uns continuaram, outros morreram à nascença ou pouco tempo depois. Tudo isso mudou e nesta era do facebook, toda e qualquer alminha tem algo para dizer nesta praça da aldeia global. Uns estão mal dispostos, outros contentes, outros divulgam isto e aquilo, o outro e aqueloutro…. Outros postam imagens, pensamentos, comentários, seus ou lidos ou copiados. No facebook é difícil descobrir o genuíno. No blogger sim. O algodão não engana.

Todos diferentes, todos iguais,

Todos iguais, mas todos diferentes,

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Sporting a cantar de galo


Sporting a cantar de galo
(pouco tempo antes da missa do primo. Numa altura do ano em que já costuma estar tostado depois de ter feito canjinha)


Eu gosto de bola. Curto ver um jogo de futebol, prontos. São 90 minutos bem passados. Quando o jogo é bom, bem disputado, o tempo não custa a passar. Se for à maneira, com as defesas abertas, apostando no ataque, à boa maneira britânica… então é do tipo rollercoaster ride. Sempre à abrir. Se for assim uma cena à italiana, uns fechados lá atrás, outros sempre em bloco… é mais aborrecido. Não sou entendido da matéria, eu sei. Nunca joguei a sério, nunca brilhei. O Bugalhão acusa-me sempre de ter ido ver de mim à Beirã para jogar no Arenense e eu lhe ter dito que “não pá… eu é mais discotecas e música e gaijas” e assim me transformei no Vitor Batista do GDA. O mais longe que cheguei for jogar no torneio estival com os COUVE ROXA dos quais fui fundador, com os refundidos que não eram convidados para jogar em nenhuma outra equipa. Depois fundiram-se com uma congénere do mesmo calibre, os VOLKSWAGEN originando os COUVE SELVAGEM, tipo uma selecção do Resto do Mundo versão pior de Santo António que só durou uma temporada vai lá Deus saber porquê.


Passemos adiante para dizer que hoje, depois de muito tempo, depois de se calhar mais de 1 mês, vi um jogo de futebol com atenção. Calado, a pensar no que via, a tentar ler o jogo, passei assim o período entre as 17.45h e o jantar. Dantes, antes da Troika, era assinante da Sport tv. É certo que aquela merda tinha programas e jogos em demasia. É certo que apenas via o Benfica e pouco mais. Agora que o Benfica tem um canal próprio mais barato, nem a isso chego. Dantes era sócio e dei-lhes dinheiro. Agora nem esse canal barato pago e vejo na Sport tv dos pobres mas espertos, numa palavra que começa pela letra i, termina na letra t e pelo meio tem as letras nterne.


Mas o jogo prometia. Caso ganhasse, o Sporting classificar-se-ia em primeiro lugar isolado no campeonato, 9 anos depois disso ter acontecido pela última vez. Mas para o fazer tinha que vencer um Gil Vicente motivadíssimo que ocupava o 4º lugar e não perdia em casa há sei lá quantas jornadas. Antevia-se um choque duro e entretido de ver.


O Sporting entrou respeitoso, comedido, a espaços, gerindo bem o jogo, controlando-o à distância. Foi dominando lentamente, sem sobressalto e Montero marcou num lance de goleador. Passados 15 minutos aproveitou o oportuno e concretizou. Fez o que se pede a um avançado: mata quando tem de matar.


Os lagart (ai! Desculpem… não é defeito, é feitio…) O Sporting (assim é que é) foi gerindo a magra vantagem sem grandes sobressaltos. Quando o Gil tentou subir, a mais que certa expulsão do gigante cabo verdeano Pecks, partiu a equipa e deitou por terra os sonhos de um mal menor.


Em futebol, quando não se marca… e aqui foi o inevitável Montero, sempre elegante, sempre a desfilar que empurrou as esperanças dos galorôs, num segundo tento em que estava claramente dentro de jogo.


Qual é o balanço do vosso Tio Sabi depois do visionamento deste desafio? É que a equipa portuguesa que está mais perto de se poder vir a sagrar campeã nacional é o Sporting. E porquê? perguntam vocês, sentando-vos no meu colinho.


O Tio explica: O Benfica está queimado. Cada dia que o JJ passa lá a mais, é um dia a mais que passa. O prazo daquele homem já se expirou há 2 ou 3 temporadas e na última chegou mesmo a azedar de tantos resíduos radioativos que contém. Eu quero lá saber se ele ia para o Porto se o despedíssemos ou para o raio que o parta com uma faísca no centro daquela melena desgrenhada. Se eu fosse presidente, chamava-o ao gabinete e apenas lhe dizia: “foste.” Mas o Kaddaffi dos pneus… ...


O Porto não está muito melhor e o problema também passa pelo treinador. O Paulo é bom rapaz, já tem a vacina rábica nortenha dada pelo Pintinho mas vai criando alguns ou muitos anticorpos à volta. Não o querem lá e a coisa começa a complicar. Ou o Papa dos 300 nortenho o mantém lá e adia a desgraça, o que lhe pode arruinar o campeonato, ou concede que errou e aí as coisas podem mudar, mudando de treinador. Tem lá muitos e bons mas levaram-lhe o Moutinho e o James e a meia equipa que eles valem.  


Dois grande estão adiados. O campo está aberto para o 3º grande que corre por fora e diz que não quer ser candidato, o que é o assumir de um low-profile complicado.


O Sporting é A equipa. Equipa com A grande. Competência e combatividade. Jardim dá instruções para os seus soldados no terreno. Dá gosto vê-lo trabalhar porque sabe o que está a fazer. Não se mete aos gritos feita maluca a barafustar sei lá com quem como o nosso; nem se mete a inventar o futebol com rabiscos em folhinhas com os adjuntos como lá o de cima, querendo inventar o que já foi inventado há muito tempo.


Isto promete. É que os ciganos também não gostam de ver bons princípios aos filhos… dos outros!


A reportagem feita com fotos e vídeos por quem sabe e vive disto, aqui:




Em homenagem ao que vi e escrevi, um tema dos Beloved dedicado aos meus sportinguistas do meu coração: um que já cá não está entre nós encorpado, ao meu irmão que lhe sucede na linha dinástica sportinguista, à minha madrinha Fátima e a todos que prezo como amigos: o meu colega João Correia, os manos Costa (José Carlos e Artur), Rui Boto, Cláudio Gordo, o menino Arturzinho e acho que não me esqueci de nenhum porque cada vez são menos… até aqui! A continuar assim…



sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Nelson Mandela (1918-2013)



Há homens e homens. Há almas que vivem no corpo humano mas cuja existência transcende o corpo onde estão enclausurados. Ghandi passou a Mahatma em sânscrito, passou a ser a alma grande pela forma como defendeu a não violência como via da revolução. Não foi um homem qualquer. Não se esvaziou no egoísmo de criar um lar e um filho. Fundou o estado indiano como o conhecemos hoje e passou ensinamentos que perduram há gerações.

O mundo perdeu ontem mais um desses homens. Nelson Mandela. Um homem que passou 3 décadas preso, quase 30 anos e ensinou o mundo a perdoar. Um homem que passou ensinamentos como:

As dificuldades dobram alguns homens mas constroem outros. 

Um vencedor é um sonhador que nunca desiste.

Parece sempre impossível até estar feito.

Ressentimento é como beber veneno e esperar que ele mate os inimigos.

O que conta na vida não é termos vivido mas a diferença que fizemos.


Alguns dos muitos exemplos que provam a sua dimensão. Foi Nobel da Paz mas neste caso, é um título que sabe a pouco. O que fez foi maior. Muito maior.


Depois de tanto tempo privado da liberdade, viveu os seus últimos tempos encarcerado num corpo. Agora é livre. Como um pássaro.



quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Bunker de afetos



O meu trabalho é um trabalho sério. Já sou das Finanças há 13 anos mas hoje em dia, com as voltas que o país deu, pertenço à Autoridade Tributária que congregou a Direção Geral das Contribuições e Impostos com as Alfândegas. Resumindo, trabalho para a Autoridade e nessa linha de pensamento, posso-me considerar uma. Sem uniforme, sem crachat, mas uma. Num país em que a populaça tem dificuldades em compreender a importância de contribuir para o bem de todos, em que fugir ao fisco era um desporto nacional, sou uma autoridade pouco considerada, mas ainda assim, um elemento da autoridade. Tributar para o país avançar e funcionar.

Consegui-o com muito esforço, muito trabalho. Hoje sou feliz. Sinto-me realizado a fazer o que faço, a trabalhar no meu concelho. Se no dia em que terminei o curso de Comunicação Social e deixei o Palácio Burnay a sonhar que iria ser jornalista e correr mundo, me dissessem que ia acabar por trabalhar num gabinete fechado como mangas de alpaca, ter-me-ia atirado para baixo do primeiro eléctrico que passava ali na Rua da Junqueira, tal era a desilusão. Mas as certezas de hoje são voláteis e as possíveis incertezas de amanhã. A vida dá muitas voltas. Sabendo que não há certezas, tem de saber surfar a onda que só se conhece depois de formada. A dimensão e a força dela são as variáveis que a nossa vontade tem de saber domar.   

A minha secretária está sempre limpa e arrumada como é meu apanágio. Entre o computador e os dossiers tenho, longe dos olhos do público que acorre ao serviço, um “bunker” de afetos que me dá o conforto e o calor que me sabe bem ir reencontrando com os olhos ao longo do dia (e da noite, agora que saímos de noite cerrada, depois das 18h).


O talento da Leonor vem de muito pequenina, de andar sempre a rabiscar. Foi de sua iniciativa esta ilustração que me ofereceu do Circo Cardinas. Olhá-lo faz-me sempre recordar esse momento absolutamente mágico de um grupo de amigos que vibrou e fez vibrar num Carnaval que ajudou a criar e agora está mais que morto e enterrado.




A Alice, não sei se por imitação da mana, dá-me muitas vezes papéis feitos por ela para “tu meteres lá nas finanças, pai”. Assim nasceu este retrato da irmã que adoro porque me faz recordar imenso os comics “Terrance and Philip” da saudosa série “South Park”. 


Leonor por Alice (3 anos e 10 meses)
Os originais

Também me deu um auto retrato feito no fim de semana com ajuda da irmã no pontilhismo.



E para terminar nesta galeria que ilustra os meus dias, um retrato da família feito pela pequena do alto dos seus 3 anos e meio. Ofereceu-mo e eu, armado no psiquiatra Daniel Sampaio com quem me dizem parecido, pensei: ela e a mana de uma cor, o pai e a mãe de outra; eu com os óculos na direita, a mãe como a mais alta apesar de já ser a 3ª na casa em tamanho… e uma série de outras ilações que ela desmontou de imediato quando me explicou o que tinha desenhado, a sua intenção como eu escrevi debaixo das figuras: ela e a mãe sendo as duas pequenas, eu o caixa de óculos e a Leonor a mais alta da família. A figura central. A Alice manda. E manda bem.