quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A unificação das Coreias



Assisti ao vídeo do fim do reencontro de famílias das duas coreias 60 anos depois, durante o almoço, enquanto via às notícias no telefone. O pivot da SIC Bento Rodrigues preparou os espetadores que “as imagens podem impressionar”. E impressionaram. Impressionaram e fizeram-me perguntar como é possível neste século XXI assistir e permitir-se tanta dor por… uma causa política.

A segunda guerra mundial é um marco naquela região muito influenciada pelo colonialismo da China e do Japão. Após este grande conflito global, a Coreia ficou um país dividido ao meio como se fosse uma laranja. No sul, sob influência americana, instituiu-se uma república de democracia capitalista multipartidária, ou seja, o lado comestível. O lado podre ficou no norte com um modelo rígido do sistema socialista, que de socialista não tem nada e tem sido gerido com mão de ferro pela dinastia dos Kim(s) (Il-Sung, Jong-Il, e agora o cara de anormal Jong-Un) que controla totalmente o país, faz dele uma das nações mais fechadas e perigosas do mundo, recheada de um manancial bélico impressionante que contrasta com um país onde falta quase tudo, dos bens à liberdade de expressão e pensamento.

Num mundo imaginado por mim, este tipo de cenas não seriam permitidas porque as Nações Unidas, o grupo dos países democráticos organizados interviria de pronto e não deixaria que tal acontecesse. Sempre que os direitos humanos fossem atropelados, esse grupo teria uma palavra, ou muitas palavras a dizer.

Agora, o Sul sorteou quem ia ao Norte reencontrar a família porque tinham de ser seleccionados e o Norte, como é habitual, escolheu quem queria. Mas o que aconteceu foi um milagre histórico de homens e mulheres, que viveram toda a sua vida com a mágoa de terem uma fronteira ideológica a separá-los de quem amavam,  poderem mitigar essa saudade num encontro especial. Efémero, curto que hoje acabou mas aconteceu.

Memórias que foram trocadas, lágrimas que foram partilhadas, histórias transmitidas. Emoções a correrem contra relógio. E uma saudade imensa que já se respirava antes de acontecer a separação.

O mundo é um sítio belo. Muito belo. São os homens, o animal cujo domínio da inteligência (?) o torna o mais perigoso de todos os que pisam o solo que o estraga.

Como seriam aquelas vidas se tivessem vivido em paz, unidos?










terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Adeus senhor Capitão


Citando e adaptando Woody Allen: “Eusébio morreu, agora Coluna também e eu já não me estou a sentir lá muito bem.”

Que fique em paz, senhor capitão. O senhor.

(Parecem tordos a cair... Um grandalhão voou para o Braziu, os outros estão todos a bater asa. Livra!)

domingo, 23 de fevereiro de 2014

O Dia dos Compadres


O Dia dos Compadres é um dia importante no calendário da minha vida.

Habituei-me desde criança a ver este como um dia grande. Um dia de amizade, de comunidade, de confraternização, influenciado pelo meu pai que vivia este dia em pleno. Fazia sempre questão de ir aos compadres de Marvão e levar os companheiros da Beirã para uma noite de convívio, farra e folia que terminava sempre madrugada adentro. Nem interessava se quem o acompanhava eram padrinhos de alguém ou não. Pouco interessava se eram compadres. Naquela altura era um convívio de machos e os compadres eram todos. Bastava ser macho e querer alinhar, para ir. De boina basca enfiada na cabeça e com a guitarra sempre às costas, ajudava a festa como poucos. Se calhar como nenhum outro. Quem o acompanhava nesses tempos áureos da sua boémia sabe bem do que falo. No outro dia perguntei ao meu primo Carlos junto à muralha onde vimos o por do sol quando saí do serviço, se ia aos compadres. “Nunca mais fui desde que o teu pai morreu.” Será jura, será birra? Para ele, se calhar é como pensar num jogo de futebol onde falta a bola, ou o árbitro, se quiserem. Deixa de fazer sentido.
                                                                     
Apesar de ter presenciado pouco essas atuações (pela diferença de idades), também senti que o jantar dos compadres deixou de ter aquele élan sem ele. Comecei a ir há alguns anos quando morava em Marvão e quando mudei para Santo António sempre insisti comigo em não faltar (por ser filho de quem era). Mas de festa dos compadres, de fados, guitarradas, copos e animação noite dentro já havia pouco. Ou nada. Cada um trazia o seu talher, comia, marchava, boa noite, até amanhã se Deus quiser e dá cá um o preço exorbitante para a farinheira que se comia. Diz que era assim porque se tinha de pagar às mulheres da cozinha. Está bem, abelha…

Como não sou como cantava o Júlio Iglesias de “tropezar de nuevo con la misma piedra” e como o dia de compadres é o mesmo do Algarve até ao Minho, mudei-me. Não fui para tão longe quanto isso mas como o meu amigo Sérgio Bernardo começou a organizar um jantar para os da terra que não estavam para ir lá acima gastar gasolina e andar a fugir do balão, passei a alinhar. Era uma alternativa. Uma boa alternativa.

È óbvio que para mim não era a solução final. Essa seria sempre voltar a ter o tradicional Jantar dos Compadres como era dantes, em Marvão que é a sede do concelho. Sabendo que já nunca poderia ser com o João Sobreiro, haveríamos de o viver como ele o vivia. A solução para recuperar a glória dos velhos tempos seria dar a oportunidade aos restaurantes dos diferentes pontos do concelho de o organizarem aleatoriamente. Não por concurso, não por guerra de preços porque por aí os mais pequenos seriam sempre engolidos, mas dando oportunidade de nos reunirmos no nosso concelho que é a nossa casa que alberga cada vez menos gente, dando hipótese a um de cada vez. Umas vezes melhor, outras não tão bem. Mas de todos e para todos.

Para que isso fosse possível, teria de ser a Câmara Municipal de Marvão, entidade que nos tutela, a arregaçar as mangas e a falar por todos. Mas parece que a Câmara agora é Município e está mais preocupada com outras coisas que não aquelas que nos preocupam a nós que aqui vivemos. Há horários a cumprir quase todos dias às 9h e às 16h a caminho de Portalegre e não é preciso dizer mais nada porque para bom entendedor (os meus leitores) meia palavra basta e não gosto aqui de peixeiradas na taberna senão fica aqui um bafio a sardinha que não se pode.

O dia dos compadres é importante para mim por isso. Mas é também ainda mais importante ainda porque foi no dia 20 de Fevereiro de 2000, há 14 anos que me apresentei como estagiário no Serviço de Finanças de Nisa e comecei a minha carreira na casa fiscal onde estou. Na altura, estava em Castelo Branco a trabalhar na Amatoscar-Opel e soube pela minha Cristina que me tinham chamado das finanças. Como o tempo de antiguidade contava e quanto mais depressa me apresentasse, melhor, fiz os contatos, dei as explicações com agradecimentos a quem as merecia (justificando a celeridade da mudança que já estava prevista e anunciada), não perdi mais tempo e como ficava de caminho… apresentei-me.

O serviço de finanças de Nisa era naquela altura uma repartição e tinha imensos funcionários. Uns 7 ou 8. Era um grande edifício com uma enorme escadaria em mármore. Subi-as pela primeira vez pensando nos degraus da minha vida e quando cheguei lá acima tinha muitas secretárias, muita gente, parecia um aeroporto. Entrei, temeroso, a apalpar terreno e volta-se o meu querido Tonho Joaquim que tinha entrado à minha frente e deve ter regressado de beber o cafezinho naquela que era chamada a 2ª repartição, a Colmeia, o café do Senhor Joaquim, o “Montesinho”.

- “Diga se faz favor”, com os óculos ao fundo do nariz.

- “Eu fui admitido no estágio e vinha-me apresentar”.

- “É só um momento que vou avisar o chefe”.

Foi atravessando a sala e eu fiquei assim com ar aparvalhado a tentar-me arranjar para causar a melhor impressão possível. Senti-me assim como um novo membro da cosa nostra que aguarda para ser visto pelo Padrinho. Entrei no gabinete e encarei com um dos homens que marcaram a minha vida. Pelo humor e pela forma como via o mundo. Delfino da Graça Bento Amaro, atleta da caneta, como gostava de se apresentar porque já era chefe desde muito novo, em Lisboa.

Primeiras impressões, quem é que eu era, de onde era e logo percebemos que a afinidade vinha de trás. O meu pai, mais uma vez. Sempre ele. Tinha sido colega no Liceu de Castelo Branco. “O seu pai era esse?!?!? O Sobreiro? O baterista? Epá…. Isso era levado da diabo.” O meu pai era muito mais velho mas vieram logo à baila as brigas em que andava sempre metido, as noitadas com os amigos que eram mais que muitas e os namoricos com as cachopas que não largavam o Ringo Star de Castelo Branco, da banda recentemente homenageada pela Câmara Municipal. Que era feito dele…”.

Eu contei-lhe que já não existia e ganhei logo ali um pai. Nas finanças e na vida. Almoços lá em casa como se tivesse sido aperfilhado. Grandes conversadas. Grande companheiro. Nesse dia dos compadres convidou-me para tomar um copo para celebrarmos o dia. Aceitei de bom grado para quebrar o gelo. Apresentou-me aos colegas, apresentou-me a todos os serviços públicos e ensinou-me que Nisa é mesmo com lhe chamam: o centro do mundo. Uma coisa de categoria. Digna dele.

Chegamos à Colmeia e perguntou-me o que tomava. Como era de manhã, pedi uma água. Primeira tirada emblemática: “está a ouvir? Faça sempre isso! Nunca beba!”

- “E você sr. Delfino?”, perguntaram-lhe.

Um clássico na resposta. Como o “Play it again, Sam” do Humphrey Bogart no Casablanca. “Um copo de vinho branco natural traçado com gasosa fresca”. Aposto que o Rui Miguel Pescada Ribeirinho Pinheiro, o meu amor Bitchi, o tanganho que se me juntou dias depois para ajudar a criar a mais mítica dupla de estagiários da história da vila (mais por causa dele), disse esta frase de cor ao ler isto. E a frase fazia sentido. Claro que fazia sentido. Se pensarem bem nisso, o Chefe tinha razão, como sempre tinha. Se se misturasse o vinho branco fresco com a gasosa natural não era bem a mesma bebida. Não percebem logo?!?!? Eu percebo que haja quem não perceba porque a cultura, por mais que se estude, quando não nasce com a pessoa… é complicado...

Conversa para aqui, conversa para ali e sentia-me permanentemente a ser estudado. Portanto, “olho vivo, pé ligeiro”. Entre risos, conversas, estórias passadas nos últimos dias… uma pergunta de chofre: “Pedro Alexandre (como sempre me tratava. Assim com os dois seguidos, como só a minha mãe quando estava zangada comigo”), sabe quem foi Frei Luca Pacioli?”

“Ó senhor Delfino… Não estou a ver…”

Com o ar triunfante digno de um Chefe, de quem sabe mais que eu: “Frei Luca Pacioli foi o inventor das partidas dobradas, o pai da contabilidade moderna. Diz esta que quem deve, tem a haver.”

Satisfeito com o ensinamento, memorizei e sorri. Nisto chega o Marquês para tomar café e meteu-se outra conversa qualquer. Muitos minutos depois, já os três juntos, decidiu fazer uma coisa que adorava: meter os outros no lugar para poder brilhar ainda mais.

“Ó Marquês, você sabe quem foi Frei Luca Pacioli?”

Enrolando um cigarrinho… “Eu chefe? Sei lá!”, porque isso não lhe interessava para nada e o Delfino era um dicionário de expressões e histórias fantásticas, se se quisesse ler nele. Para quem não queria era um chato e as pessoas desligavam logo. Um “sei lá” assim seco e a ligar logo a outra conversa qualquer.

“E você, Pedro Alexandre? Sabe quem foi Frei Luca Pacioli?”

Não estava à espera de ter um flanco assim todo aberto para avançar defesa adentro e fazer logo golo na primeira oportunidade mas avancei com precaução e sem grande espalhafato que podia espantar a presa. “Frei Luca Pacioli? Oh Chefe, então (com ar convencido) foi o inventor das partidas dobradas e hoje em dia é reconhecido pela comunidade científica (meti-lhe uns pózinhos para refinar a coisa) o pai da contabilidade moderna. Há quem discorde mas eu acho que é, sem dúvida.”

Comentou para o lado que eu ouvi: “epá, este indivíduo tem uma cultura extraordinária.”

E prontos, assim começou uma bela história de amizade com um homem que considero uma grande referência na minha Vida. Marcou.

Quanto ao dia… a escolha dos meus compadres pode não ter sido muito inteligente da minha parte, nem da deles, mas há razões que a razão desconhece. Foi uma reciprocidade que blinda a relação porque é mútua. Ser compadre é uma grande responsabilidade porque a gente sabe que se um dos pais faltar, o padrinho tem de lá estar para o que der e vier. Eu vivo assim e sou compadre com consciência. Sou padrinho da minha sobrinha Maria que amo como filha, pela parte do sangue da minha mulher; e padrinho do meu sobrinho João, rei judoca dos Algarves pela parte do meu irmão. Poderíamos ter chamado grandes amigos para a família com este título mas assim fica guardado a sete chaves que é mais tranquilo. Por isso, a Leonor tem como padrinho o meu irmão, na altura solteiro, sendo madrinha a tia Cali; e a Alice, os meus cunhados. Estão bem entregues e acho que vice-versa, não será?

Por tudo isto, vivi o dia dos compadres com grande alegria e saudade. Lamentei não ter os meus dois compadres junto a mim, mas a vida é mesmo assim. Se me deixassem beber, arrumava-lhe um tinto por cada um. Assim, foi uma cerveja preta sem álcool por cada um. No Sérgio, mais uma vez coube-me a honra de fazer um minuto de silêncio por ele. Esteja lá onde estiver, sei que apreciou. Eu, resignado com a sua falta, também.


















Mestre Confúcio

 

Com o Panda (Fernanda Sobreiro) a trabalhar no Posto de Turismo (muito bom Leonor Sobreiro! "Panda porquê? Por ser gorda?" "Não", respondeu Mestre Confúcio (o alter-ego que inventou para os trabalhos que lhe arranjei durante a tarde), "por ser gordinha" (o que é bem diferente! Note-se.) Mestre Confúcio esteve em grande plano e tudo fez para satisfazer Gafanhoto (como me batizou). Prova superada. O ZEN é logo ali. Só falta estudar para o teste, o que ficou a fazer. Chatice, grande Mestre Confúcio! Estas miudezas dos comuns mortais... Mais um pouco de meditação. Huuuuuuuuummmmmmmmmmm




sábado, 22 de fevereiro de 2014

PRIMO (Programa Realmente Incrível Mas Obtuso)


O P.R.I.M.O. (Programa Realmente Incrível Mas Obtuso) do Nuno Markl e do Vasco Palmeirim ao meio-dia de sábado, na Comercial é uma tradição solene de fim de semana que faz parte da rotina como comprar o Expresso. Tem de ser. Faz falta a mim para me dar alegria, prontos.


Hoje o Primo entrevistou o Pedro Fernandes, esse lagarto maluco que foi um dos inventores do “5 para a meia noite”. Parece que agora fez uma perninha num filme que deve ser bem marado e se chama “Eclipse em Portugal”. Pelo que já ouvi, deve ser uma delícia e quero ver se marco na agenda para não me esquecer de não ir ver. O programa foi engraçado como sempre. Muito interessante saber as voltas que a vida deu até ele estar onde está. Como o azeite vem sempre ao de cima, contou a história de como foi copywriter da agência do maluco dum brasileiro e como passou pelo mundo da hotelaria onde até chegou a cantar Britney Spears, como fez no programa. Com a ajuda do mestre Vasco, puxou o Karaoke singer que há nele e recriou uma versão sumptuosa dos Travis (uma das minha bandas de eleição) de um tema da Britney Spears que comprovava que também eles souberam ver a música que vive nela. 


E aqui chegámos onde eu quero. A Britneyzinha tem uma voz incrível, tem balanço, tem ritmo, gosto musical e depois tem uma carinha laroca, é bonita, baixinha, redondinha e preenche em cheio as formas do meu ideal de mulher (mulher ideal assim? Bonita, baixa e redonda? Onde é que eu fui buscar isto?) Como se ela fosse uma Vénus pré histórica dos tempos modernos que me enche as medidas porque preenche todos os requisitos e faz despertar o “carrinho de choque” que há em mim..

É que a moça esta tem assim alguns temas muito bonitos como o de cima e este,


Mas a maioria permite dançar e… que a ideia que tenho dela, em vez de desaparecer… só fortaleça. Que diacho!






A leitura do dia



Um dos lemas de vida: tirar o melhor (até) do pior. Mas ainda assim, o “Correio da Manhã” não é “O Crime”. Tem o Paulo Morais sempre muito claro, direto e de alta escala; tem o grande João Pereira Coutinho (que está sempre brilhante nas análises que faz, como é o caso), mais alguns assuntos e apontamentos. Não dá para o comprar (ainda assim) mas quando se vai dar a voltinha da tarde depois de um dia inteiro a tomar conta das feras por a mãe estar a trabalhar… é bem lê-lo n´"O Adro".





Faz o que eu digo, não faças o que eu faço.
Nem só de pão vive um homem mas arrumar-lhe uma cigarrada enquanto a malta intervala é do melhor. E se for um uísquizinho? E se for uma...
Sem legendas... Gosto particularmente da última pergunta. Bem... é mais da resposta... Todo o terreno type.


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Dois pais. Duas mães. O mesmo amor.


O Tribunal Constitucional voltou a salvar o Tio Aníbal António Cavaco Silva, mandando para trás a proposta de referendo à coadoção. Os senhores juízes do Constitucional, os xerifes do palácio Ratton que são os verdadeiros manda-chuvas desta porra chamada país, decidiram que a pergunta não está bem feita porque mistura conceitos e pode confundir as cabecitas que já andam tão baralhadas. Dito de forma cara, isto traduz-se em "a cumulação no mesmo referendo das duas perguntas propostas dificulta a perfeita consciencialização, por parte dos cidadãos eleitores, da diversidade de valorações que podem suscitar, sendo suscetível (passe a redundância) de conduzir à contaminação recíproca das respostas, não garantindo uma pronúncia referendária genuína e esclarecida". Viram como é claro e fácil? Mas os homens têm estudos… Isto não é para todos. Por mais tabuadas que estudasse e se as soubesse todas de cor e salteado (que a partir da do 6 já não estou muito seguro e tenho de a pensar), muito dificilmente chegaria a ser Ratão do Tribunal e a ter umas opas à Batman como as destes rapazes.

Pois eles, não satisfeitos ainda acham que há mais porque “a restrição do universo eleitoral é "injustificada", pelo que se impõe "a abertura do referendo aos cidadãos recenseados residentes no estrangeiro". Perceberam? Eu também não.

Um grande imbróglio, foi o que daqui resultou desta história do referendo e isto ao princípio confundia até o mais atento. A deputada do PS Isabel Moreira, a porta-estandarte destas matérias e autora do projecto de Lei chorava que não queria o referendo. O Bloco de Esquerda revoltava-se… em bloco e até parecia que quem estava a favor se manifestava contra?!?!?!? Como podia lá isto ser?

Pois eu explico. Estavam contra isto de “descer” o referendo à populaça, ao Ti Chico e à Dona Gertrudes que estão mais preocupados com o que não vão almoçar nesse dia. Esta é uma matéria séria, fraturante, que divide a sociedade entre os que são a favor e os que não podem sequer ouvir nessa possibilidade dos paneleiros terem um filho. Ainda há os que acham que sim, que está bem, que é justo, que pode ser contra a natureza mas é legítimo. É um direito que os assiste.

Esses deputados que são a favor acham que a Assembleia tem o dever e a responsabilidade de tratar estas matérias delicadas e atirá-las aos crocodilos era uma manobra… suja. Realmente, a possibilidade de se fazer um referendo sobre esta matéria é uma ideia das tangerinas (JSD) que revela o pior que há na política. Um referendo é uma arma poderosa em democracia, uma consulta direta à população que só se deve fazer em questões importantes e com alguma urgência. Nunca sobre esta matéria que passa em muito ao lado da maior parte da população portuguesa, tão divorciada que está da política que o mais certo se se realizasse era nem sequer meter lá as patas. Eles querem lá saber se as fufas e os que pegam de marcha atrás podem adotar filhos?!?!? Eles querem é dizer mal daquela cambada que anda lá engravatada em Lisboa na assembleia que são só uns chulos porque cortam nas reformas, no subsídio de desemprego, no subsídio de viuvez e aumentam os impostos de tudo, dos carros, da casa, dos rendimentos e cortam e reduzem tudo o que é isenção.

Os referendos são sempre uma incógnita mas acho que neste o resultado é mais que certo: um fracasso total. Se passar e se se realizar, a abstenção há-de ser brutal. Se não for é porque Portugal ainda é muito mais atrasado do que eu pensava e as velhinhas hão-de ir pelo sol e pela chuva calcorrear os caminhos para dizerem que nem pensar essa dos paneleiros poderem adotar crianças.

Há tempos, amigos esclarecidos comentavam entre si em privado que isto é mais uma medida proposta pelo CDP (leia-se Cê Dê Portas) e que o PSD teve de levar com ela. Diziam que ter parceiros políticos é assim e isto da adoção gay é uma vergonha para o país.

Pois eu acho que vergonha tenho eu de viver num país onde as primeiras páginas do jornal CMpeão de vendas terem sempre em destaque na 1ª página o assassínio de uma mulher pelo marido encornado. Se caça a mulher com o “amigo” dela, em vez de cada um seguir a sua vida livremente, não consegue suportar o belisco na masculinidade e acaba logo com a vida dela e com a do outro desgraçado também se não esgarrar depressa.





Vergonha tenho eu de viver num país onde a violência doméstica é um prato nacional, tão tradicional como o cozido à portuguesa. O homem está desempregado e por isso refugia-se na bebida que lhe serve de embalo para dar enxertos de porrada na mulher e nos putos ranhosos que dormem entre as chapas de zinco com o estômago vazio.

Vergonha tenho eu de viver num país onde um processo de adoção demora séculos e contempla só alguns, porque nisto aqui, uns são filhos da mãe e outros, filhos da outra senhora que é a puta.

E o que pensa o menino Pedro sobre isto? O menino pensa (por muito estranho que possa parecer a algumas mentes iluminadas…) que o mais importante é sempre o bem estar da criança. Se o seu domínio, a sua interioridade for respeitada, o mais importante está salvaguardado. A mim tanto se me dá como se me deu se um menino ou uma menina tiver dois pais ou duas mães. Desde que respeitem a sua vontade e lhe propiciem uma boa educação; desde lhe passem os valores corretos para viver nesta selva chamada sociedade; desde que rodeiem o seu crescimento de amor sincero e verdadeiro; desde que lhe propiciem ternura, respeito e entreajuda, o sexo é o que menos interessa. Se uma família de gays tiver sucesso na educação do filho, ele será um adulto bem formado e casará com o sexo contrário, porque essa é a ordem natural das coisas e assim poderão ter filhos e dar continuidade à espécie.


Isto pode ser tão possível (e acredito tanto nisto) como é possível que haja famílias conservadoras que tenham filhos gays, filhos que escolhem alguém do mesmo sexo. O que eu penso é que uma criança não nasce gay. Ser gay não está nos genes. Ninguém nasce a gostar de iguais. O que se passa é que na primeira célula que encontramos na vida (a familiar), há um homem ou uma mulher que se destaca muito em detrimento do outro e a falta de estrutura faz despertar num fascínio pelo mesmo sexo que depois é cultivado na adolescência.

Ser gay não está nos genes mas na família destruturada aliada a uma influência que até pode ser externa, da escola ou do grupo de amigos. Quando acontece o primeiro sentir gay, a criança tem a guarda em baixo e a influência entra. A criança ou o teenager, na idade em que tudo se decide, deixa-se levar. Depois a música, os livros, os filmes fazem o resto e até alguma rebeldia pode apontar nesse sentido de ser diferente.

Eu sei que as crianças são cruéis e quando descobrirem na escola que a Laura tem 2 pais e o Paulo duas mães vão esmiuçar e ofender. Apoiados pelo suporte da sua falange de críticos, vão enxovalhar, magoar, cobrar. Mas as famílias gay são tendencialmente de um nível cultural e económico mais alto que lhes permite propiciar melhores recursos e educação. Quando descobrirem que os dois pais até são fixes e os levam a passear com os filhos que são seus colegas, começarão a pensar de maneira diferente.

É óbvio que uma mudança destas não se faz de um ano para o outro. Estas coisas levam décadas, gerações a serem aceites. Mas por algum lado tem de começar. Eu aceito a diferença e penso que não serei o único da minha geração a opinar assim. Por isso, já somos alguns e quando a geração das minhas filhas estiver em idade de casar, os olhos com que se olhar para este assunto serão certamente diferentes. Serão melhores, espero eu.

É óbvio que eu como pai, desejo que as minhas filhas casem com um rapaz e sejam felizes. O piqueno não tem de ser bonito, não tem de ser de boas famílias (se é que isso ainda existe), não tem de ter estudos, não tem de ser cinturão preto de Karaterra, não tem de ser abstémio. A única condição que tem de ter é ter de a amar. Isso vê-se à distância e não permite ilusões. Quero que casem, sejam felizes e tenham fihos que hão-de ser os meus tão queridos netos. Mas se escolherem uma companheira, não as vou renegar, nem vedar a possibilidade de verem o pai feliz por as ver felizes a elas, que é o que ele sempre quer toda a vida.


Respeito porque o amor, como cantam aqui o Maclemore e o Ryan Lewis, é o mesmo. E o que nos faz falta a todos nós. Como pão para a boca. Porque nem só de pão vive o homem.


Uma letra que diz tudo. Percebe-se porque já é um hino.

Depois da tempestade...


Diz que vem a bonança. E assim, fazendo jus ao nome deste pasquim virtual: "Vendo mesmo o mundo a partir de um Marvão que resistiu à água e agora desabrocha sob influência do rei dos reis" (com a cortesia da Samsung que é mesmo de outra galáxia):

A Celorica a mijar para fora do penico como nunca a vi em 40 anos que o bacano anda a gastar palmilhas. Impressionante.
Isto na manhã a seguir à temporada, ao dilúvio ou lá o que foi. Costuma fazer xixi de menino, de um bébé... às gotinhas. Nesta manhã parecia a urina de um africano de 2 metros. Eta 
lé!