quarta-feira, 30 de maio de 2012

The end



A ideia já andava na minha cabeça há algum tempo mas nada como concretizá-la.

Poderia ser um abandono progressivo, lento, como se deixam os animaizinhos na berma da estrada mas isso é de uma crueldade tamanha que não me ficaria de todo bem e não seria justo para os leitores, nem para mim que criei este “filho” com tanto amor e o estimei com tanta dedicação. Há que aceitar a vida e as coisas como são, meus amigos. Ninguém o lamenta mais do que eu, mas isto tudo que começou por ser um prazer e me deu tantas horas de diversão, chegou ao ponto de ter de ser uma obrigação, coisa que nunca foi a minha intenção. Nada dura para sempre.

Fecha-se o livro, fecha-se esta vista de Marvão para o mundo, mas ficam os textos e as memórias que vão sempre permanecer para recordação e como um álbum de “fotos” de um determinado período da minha vida pelo menos até que os senhores do blogspot assim o entendam e o deixem.

A todos fico grato, pelo apoio, até por alguma crítica, por terem estado presentes e sempre do outro lado.
Foi uma viagem que valeu a pena!

Foi uma viagem que valeu MESMO  a pena!

Terminou esta mas outras se seguirão e tendo a vida toda pela frente e uma família linda que amo com toda a minha força e os melhores amigos e amigas do mundo, novas aventuras esperam por nós a cada esquina.

Bem hajam por tudo!

Que Deus vos abençoe e encha os vossos corações de amor, carinho e alegria.

Até sempre, camaradas!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Bernardo (1970-2012)



Lamento profundamente a morte e o triste fim do Bernardo que era, afinal, um rapaz do meu tempo. Levava-me apenas 3 anos e era também nascido em Junho.
Uma vida inteira, cheia de sonhos e talento desapareceu assim num ápice, em condições e circunstâncias que vão sempre ficar por apurar.  Apaixonado pela fotografia, poderia estar à procura daquela “tal” imagem quando escorregou ou colocou um pé em falso e caiu assim à falésia que lhe roubou a vida. Tudo desapareceu num instante, tudo se esfumou num abrir e fechar de olhos. Tantas horas de trabalho e aprendizagem e criação ao piano não  lhe valeram de nada e desapareceram com ele.
Todas as imagens e entrevistas que têm passado recentemente na televisão revelam um artista calmo, um criador que amadurecia, um pai de família responsável que colocava a mulher e as filhas sempre em primeiro plano. Um génio humilde que sempre sabia estar no seu lugar e preferia passar despercebido em vez de correr atrás do brilho dos holofotes.
Realmente, a vida é trágica e prega-nos assim estas “peças” que tanto custam a digerir e nos deixam muito mais pobres enquanto país. Há coisas que por mais que se pensem e expliquem acabam sempre por ficar assim no ar, sem uma resposta ou justificação.
Claro que muita gente já conspira e tenta de alguma forma encontrar teorias que justifiquem o fim mas pode tudo mesmo ter sido um acaso, fortuito e infeliz.
A vida é mesmo assim e o show tem de continuar mesmo que falte uma das figuras principais  do cartaz.
A nós, restam-nos as gravações, os discos e os espetáculos para não deixarmos que tudo caía no esquecimento, para que tudo tenha e continue a ter um sentido.
A memória que acaba por ser maior que a vida. Uma pessoa nunca morre desde que haja alguém que a recorde com carinho e saudade. 

terça-feira, 8 de maio de 2012

A concurso!


A minha Leonor está cada vez mais engraçada, mais crescida, mais mulherzinha a cada dia que passa e é um prazer enorme vê-la a crescer assim. O maior do mundo!

Esperta, mete-se em tudo, ouve tudo, sabe opinar sobre tudo, não deixa nada em claro. Nesta semana que passou, nestes últimos dias, passaram-se duas com ela que não resisto a contar-vos. A primeira foi a publicação na “Visão Júnior” de um texto seu sobre as bonecas preferidas, as “Monster High”, umas piquenas horripilantes que são filhas de vampiros ou lobisomens e estudantes de um liceu dos Estados Unidos. Ela lê a “Visão Júnior” desde que aprendeu e tem a sua sempre encomendada no Rui Boto para quando acompanha o pai a buscar o “Expresso”, trazer também o seu exemplar. Eu sabia que ela tinha escrito para lá mas fiquei surpreendido por ver a publicação do seu comentário entre muitos outros, dezenas deles que têm por lá certamente caído nos últimos tempos. Claro que ficou radiante e guardou a edição que passou a engrossar o seu espólio bibliográfico. Esta foi boa mas o melhor ainda estava para vir...



Ultimamente não se calava com o espetáculo do CSI (título da série americana “Crime sobre Investigação”) que iria acontecer no nosso país creio que no Pavilhão Atlântico e em Santa Maria da Feira. A ideia era recriar o ambiente que rodeia a investigação policial nos Estados Unidos e seguia as linhas orientadoras da série televisiva que ela costumava acompanhar com a mãe sempre que esta última a deixava assistir (porque o teor da série o permitia). O evento era um festim para os mais novos, para a malta jovem que segue com curiosidade estes eventos dos crescidos.

Fartou-se de nos pedir se podia concorrer aos bilhetes e nós, depois das habituais perguntas e cuidados sobre a privacidade, demos-lhe autorização para se “fazer” aos bilhetes, embora estando sempre cientes que era um concurso à escala nacional, que os concorrentes deviam ser mais que muitos, que as hipóteses de vitória eram muito escassas. Alimentámos-lhe assim as esperanças mas nunca pensamos que a história que redigiu fosse uma das escolhidas. Qual não foi o nosso espanto quando depois de me pedir para utilizar o computador, ouvimos um grito e a vimos numa felicidade estonteante que até dava direito a saltos e a uma coreografia. Ficou radiante, meu Deus, e eu vi logo o que vinha a seguir. Depois da alegria viria a desilusão quando se apercebesse das dificuldades em levantar o bilhete e estar presente. Era uma sexta-feira e a mãe trabalhava nesse fim-de-semana, eu teria a responsabilidade de tomar conta dela e da irmã nos dois dias que se seguiam, faltavam apenas horas para a abertura das portas e ir a Lisboa, por muito que lhe custasse perceber na euforia, não é propriamente como ir ali à Beirã. Há coisas que os adultos têm de levar em linha de conta, coisas triviais com o combustível, as portagens, os almoços, os passeios e as lembranças… que as crianças não pensam nelas mas que pesam  nestes tempos modernos e à hora que era e perante o cenário que se adivinhava, ir a Lisboa de sobressalto não era certamente o nosso programa ideal para fim-de-semana. Posto isto, teria de se passar para a parte das negociações e eu aqui declaro publicamente  que apesar do esforço por agradar ser enorme, não estava a conduzir nada bem as negociações. Só lhe dava os parabéns e pedia para não ficar triste, o que não lhe levantava  o astral, nem fazia com que a barra ficasse menos pesada.

Eu aflito, a mãe cabisbaixa, a pequena a léguas de tudo o que se passava, e ela… na mesma. Eis que senão a Cris teve uma ideia realmente brilhante daquelas que desbloqueiam as situações de crise porque naquele momento prometeu que assim que visse uma, lhe comprava outra boneca “Monster High”(daquelas que a mãe não suporta), e fez-se luz: o pranto deu lugar a um sorriso, serenaram-se os ânimos e ficou tudo muito mais calmo.

Falou-se num bem maior, naqueles que ocupam os lugares cimeiros do gosto e após aquilo já nem ela, nem ninguém se recordava do que eram e para o que eram os ingressos. Tudo tinha passado e tudo fica bem quando acaba bem.

A boneca já cá dorme em casa há uns dias, instalada com as suas colegas no prédio residencial que possuem no quarto da Leonor e onde não faltam todas as comodidades do mundo moderno, jardins e jacuzzis incluídos. O CSI já foi à vida, ficou apenas uma memória que vai querer guardar, como nós com o episódio.

Só espero que quando crescer e se meter noutras paragens, tenha um pouco mais de cuidado e certeza quando se enfiar nestas embrulhadas e me pergunte antes se posso mesmo dirigir o iate que nos vai sair nesse cruzeiro que nos vai tocar pelo Mediterrâneo. Eh, Eh…




quinta-feira, 3 de maio de 2012

Para quem gosta (disto!)



Não concordo nada quando se defende que a televisão portuguesa é um lixo porque desde que se queira e se procure muito bem, há muitos programas de qualidade de carácter gratuito e estão ali mesmo à mão de semear. Fala-vos disto porque nem sempre a televisão é cinzentona, triste, quadrada e sem graça. Aqui em casa, a hora dos noticiários é sagrada e geralmente a opção recai sobre a SIC porque é aquela em que a qualidade geral é superior à dos canais estatais ou mesmo da TVI.
Depois dessa hora que está instituída e é intocável apesar das reclamações das classes etárias inferiores, estamos todos de acordo e não nos rendemos a esse domínio tenebroso das telenovelas e concursos e afins, porque toda a família se senta em conjunto no sofá a assistir ao programa “Gosto Disto”. Em primeiro lugar, o formato está muito engraçado e deve resultar muito bem porque as temporadas sucedem-se e por vezes chega inclusivamente a passar aos fins-de-semana! O programa costuma recorrer a todas as situações do dia-a-dia que são passíveis de fazer sorrir os espectadores e para isso utiliza todos os suportes, desde os ficheiros recebidos por e-mail, às gravações de programas antigos, até às fotos que foram enviadas propositadamente pela assistência. Os apresentadores são dois: uma “piquena” engraçada que teve a sorte de sempre integrar as equipas da SIC e o grande César Mourão que é provavelmente o melhor comediante português do género a atuar no nosso país.
Desde os tempos em que o Herman José tinha mesmo graça (aos anos!) que eu não me divertia tanto com o trabalho de alguém. Ele cria personagens muito bem “caçadas”, ele brinca com tudo e mais alguma coisa, ele faz vários “bonecos” que são uma mais-valia para o sucesso do programa e ver aquilo até dá gosto. É de deixar qualquer um muito bem disposto.
Como se não fosse suficiente, o César soube encontrar uma dupla de altíssima qualidade e recrutou os inenarráveis Homens da Luta, o comediante Jel e o seu irmão Falâncio, para com ele comporem o ramalhete que com todos juntos ficou a funcionar na perfeição. É uma seleção intocável que está ao nível do melhor que se produziu em Portugal.
Quem é que disse que os serões em família a ver tv têm de ser enfadonhos  e sempre iguais? Experimentem a ver e certamente acabam por ficar também a fazer parte da enorme assistência.