quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Ó Flááááávia... Não fáis anssim...


Eu não resisto e acho que é justo. So help me God.

Primeiros: a Playboy não é uma revista qualquer.

Segundos: a Playboy é uma instituição.

Terceiros: a Playboy é um império que tem franchisings em todo o mundo. Essas sucursais, chamemos-lhe assim, têm a função de adaptar o conceito-chave da casa-mãe à realidade do público-alvo. É esse o motivo pelo qual a edição chinesa é distinta da portuguesa (a primeira tem de ser obviamente lida de lado…), e a americana é diferente da russa, se é que me faço entender.

Já aqui tenho dissertado sobre esta publicação, por aqui rejubilei sobre o nascimento da versão portuguesa, mas nunca é tarde para reafirmar a minha devoção.

Preconceitos à parte, eu defendo que a Playboy deveria ser respeitada tanto por homens como por mulheres.

Os homens deveriam louvá-la pela razão óbvia que a revista lhes proporciona o prazer de poderem admirar o que mais gostam. As mulheres poderiam ao menos simpatizar porque a Playboy lhes presta contínua homenagem em cada nova edição e as reconhece sempre como o ser mais maravilhoso à face da terra, que são.

E já nem falo na qualidade excelsa dos grafismos, nas belíssimas reportagens, na profundidade das crónicas e dos cronistas, nos divertidos cartoons, até no papel que cheira bem, enfim…

Somos todos crescidos. Deixemo-nos de parvoeiras. Falemos verdade e esta verdade, meus amigos e amigas… é absoluta.

Quando compro uma Playboy no meu dealer habitual (viva Sr. Engenheiro!) nunca espero que as clientes ao lado me vejam como um depravado. Enquanto pago, gosto de me recordar de memória o slogan… “para o homem sofisticado…”. Sim...

Tudo isto a propósito da edição de Natal da Playboy Brasil (de longe a minha sucursal favorita!) e o… eu nem sei como hei-de dizer isto… sublime vá lá, ensaio com a Flávia Alessandra.

E vocês exclamam todos em coro: “Flávia Alessandra?!?!? Mas quem raio é a Flávia Alessandra?”. E eu respondo: “Ah… pois é, bebés! A Flávia Alessandra parece que é uma actriz… das novelas… que dão na nossa televisão… e vocês… se calhar… nunca tinham visto assim…”.

Olhem… eu não sei… mas fiquei… deveras impressionado, com pena de não ser brasileiro e receitei-me 500 chicotadas auto-inflingidas por me armar em snob e não ver novelas.

DEUS, Ó DEUS!!! MAS ONDE É QUE EU TINHA A CABEÇA?!?!?!

Sei que posso ser preso por isto, mas que se amole! Pelo menos… é por uma boa, melhor, por uma excelente causa. As fotos estão aqui.

Só mais uma coisinha 1: Caso a detenção se confirme, tenciono voltar a fumar. Se quiserem levar alguma coisinha na hora da visita, informo que vou recomeçar com os Lucky Strike que não eram os cigarros que sabiam melhor mas davam-me uma auto-confiança brutal de cada vez que sacava do maço.

Só mais uma coisinha 2: Um grande abraço / beijo de saudades a todos os bons amigos que deixei no Brasil, Robson, Bia, Lucy e toda a comitiva que nos visitou. Bateu saudade...
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Só mais uma coisinha 3: Já agora… se não nos virmos… Boas saídas e melhores entradas (sempre a fazer peão!). Feliz 2010!

Rockfolio 2009

Se tiverem um tempinho, não deixem de passar pelo sempre excelente site da Rolling Stone para poderem admirar a galeria das 153 fotos mais selvagens do Rock em 2009.

Oportunidade para verem a nossa Amy a tripar em topless numas férias tropicais…


Ou o lendário Robert Plant a perguntar ao Carlinhos de Inglaterra se tinha mortalhas ou "fazia um", enquanto este lhe entregava a medalha de cavaleiro do reino,


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Ou o Billie Joe e o Tré Cool dos Green Day a chegarem-se à frente e encarnarem as personagens que dão corpo à imagem do seu mais recente longa duração, o excelente “21st Century Breakdown”…


Ou o nosso Obama a condecorar o Boss e o Grande De Niro em plena Casa Branca,


Ou os Pearl Jam no raro papel de fãs, posando com o já mítico Conan O’Brien após a sua estreia à frente do “Tonight Show” da CBS (Em Portugal, na SIC Radical, sempre com umas semanas de atraso…),


Ou o Bono e o Adam Clayton a dizerem que… prontos… são muito amigos de infância.


É um quarto de hora que vale mesmo a pena e está aqui.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O "tal" estandarte

Ficou lindo, não ficou?


Com a azáfama toda dos últimos dias, esqueci-me de vos contar que também eu aderi à moda do estandarte do menino Jesus, embora não tenha resistido a fazer-lhe uma ligeira adaptação…

Contaram-me que os originais, os bentos, os que têm o selo da Igreja Católica são caríssimos (uns exorbitantes 15 euros!!!). Valha-nos ao menos, em tempos de crise, os que têm a bênção das 300 lojas do chinês de Portalegre que os vendem bem mais em conta, por pouco mais que 5 euros.

Eu decidi-me pelo meio termo e afixei o preço de cada exemplar dos meus nuns psicológicos 9,99 €, para ver se convenço o pessoal.

Trata-se de uma obra de design que de tão perfeita quase parece um plágio… mas não é! O Andy Warhol que quase só se limitou a colorir imagens da Marilyn e do Elvis foi consagrado, por muito menos, como Rei da Pop Art, pelo que…

O meu estandarte do Menino Jorge Jesus, criado a partir de um sonho que tive na noite em que esmagámos o Porto, é uma homenagem, não só ao J. Cristo mas também aos 4 pontos de avanço que fizeram as delícias do nosso Natal encarnado.

Já tem o seu?

Aceitam-se encomendas. Fazemos entregas ao domicílio. Comprem já antes que esgote.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Balanços

Chegados ao final de mais um ano e de uma década, não faltarão os balanços de toda a espécie.

Alguns deles, para além de obrigatórios, são gratuitos. O Tio Sabi recomenda a selecção das fotos que contam a história de 2009, no site do Expresso (os meses serão adicionados na íntegra até 31 de Dezembro)…
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e a história da década em 100 fotografias pela agência Reuters, no site do Público.

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De coleccionador é também a “Visão” da semana passada, inteiramente dedicada à última década num trabalho de fundo e de grande rigor e espectacularidade.
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Na próxima quinta-feira será a vez do Expresso fazer o seu apanhado dos anos 00. É de reservar já no dealer habitual sem pensar duas vezes.

Quem é amigo, quem é?

Vendo o mundo de binóculos do Alto de Marvão. Informação, cultura e variedades desde 2007.

Festas Felizes


(Aqui em casa, o Jack Skellington é o rei absoluto e indiscutível da quadra desde que trancou o velhinho das barbas brancas e as renas na arrecadação...)


Reconheço que o timing pode não ser o ideal mas de qualquer das formas, este blogue primou sempre pela diferença e nos últimos dias, todo o tempo foi pouco para a família e amigos.

Ainda assim, mais vale tarde do que nunca pelo que aproveito a ocasião para desejar a todos(as) os(as) leitores(as) e amigos(as) a continuação de Festas Felizes (não se esqueçam que o Natal dura até aos Reis…) e um excelente ano de 2010.

Tempos uma década novinha por estrear! Que haja saúde que no resto… a gente desenrasca-se!

Abraço a todos!

(Em particular a todos os amigos e amigas que pelas mais diversas formas, via postal, e-mail, sms ou pombos-correio, me fizeram chegar os seus votos. Bem hajam!).

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

“You Tube” – 2009 d.c.


Há muito que o “You Tube” deixou de ser apenas mais um site.

Considerado por muitos como o futuro imediato para a televisão convencional, esta plataforma electrónica perante a qual o espectador tem a total liberdade de decidir quais são os conteúdos que mais lhe interessam e de criar a sua própria programação, é já uma referência incontornável dos nossos tempos.

Um fenómeno desta dimensão é sempre suficientemente profundo e revolucionário para provocar ondas de choque irreversíveis.

Uma das consequências que estão associados a esta nova coqueluche é o fabrico de estrelas que têm tanto de importantes quanto de efémeras.

Tudo isto a propósito dos 3 vídeos mais vistos no “You Tube” no ano que agora cessa.

Em primeiríssimo lugar ficou a actuação da então ilustre anónima Susan Boyle no programa “Britain’s got talent”, no qual interpretou o tema “I dreamed a dream” do musical “Les Misérables” que de tão visto dispensa qualquer exibição extra. Somou 120 milhões de visualizações!

Em segundo lugar, com 37 milhões de plays ficou um vídeo bastante curioso de uma criança de que se deu muito mal com a anestesia do dentista. O líquido bateu-lhe mal e o jovem, ainda combalido e mal chegado ao carro do pai, foi apanhado numa trip filosófica onde chega a questionar se a vida real é de facto assim e se a “nóia” lhe irá um dia passar. A era “You Tube” é cruel e o papá, em vez de apoiar e tranquilizar o petiz, vampirizou-lhe o relato alucinado que fez a delícia de milhões, nos quais obviamente me incluo.
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Não menos alucinados são os padrinhos, as damas de honra e os próprios noivos Kevin e Jill que optaram por uma entrada bastante original na capela, no dia do seu casamento. Preteriram a já batida “Marcha Nupcial” em favor do “hit” Hip Hop “Forever” do rapper Chris Brown e foram estrelas de uma inusitada coreografia que encantou 33 milhões de visualizações.

Impressionante, ãh?

El Diós



Assisto embevecido à sentida homenagem cinematográfica que mestre Kusturica dedicou a Diego Armando Maradona e constato com regalo que todas as minhas convicções tinham afinal fundamento.

“El Pibe” foi mesmo o maior futebolista de todos os tempos.

É certo que nunca assisti a um jogo completo dos seus eternos rivais pelo título, Eusébio ou do Pélé (habituei-me a ver as mesmíssimas imagens e os tais golos de sempre…), mas estou certo que por mais talento, velocidade, visão de jogo ou capacidade concretizadora que tivessem, nenhum deles atingiu a dimensão do argentino.

Maradona foi o verdadeiro jogador Rock’n’Roll.

Carismático, revolucionário, indomável, demolidor, incendiou os estádios e as ligas por onde passou, elevando o futebol ao patamar máximo da insurreição.

Apesar da sua baixa estatura, quando enchia o peito e olhava o adversário de frente, todos sabiam que ninguém o podia parar. Todo ele era magia, convicção, luta, determinação e poder.

Maradona foi um dos maiores heróis do meu tempo, um ícone moderno, sempre digno na glória dos golos e no inferno das drogas, nunca deixando de viver de coração aberto, com as forças e fraquezas a saltarem-lhe do peito.

Os outros têm fãs. Os dele… criaram uma religião. Deus no céu… Maradona na terra.

Imperdível!
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Extracto do filme/documentário no qual o astro sobe ao palco para, acompanhado pelas filhas, cantar o tema que os adeptos lhe dedicaram. As enternecedoras imagens de fundo são do arquivo pessoal do craque
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Trailer oficial

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Um banho de… classe!


Apesar de desfalcado de alguns titulares preciosos e indiscutíveis (Pablito Aimar, Fábio Coentrão, Angel Di Maria…), foi um Benfica guerreiro, de luxo e com estofo de campeão, o que brilhou nesta noite fria da Catedral frente a um Porto que foi incapaz de explanar o seu futebol, totalmente asfixiado pelo mérito do anfitrião.

Foi preciso muito suor, muita garra e muita dedicação para conseguir levar a também muita água que caiu na capital ao nosso moinho e poder arrecadar os 3 valiosos pontos que estavam em jogo. Custou mas foi!

E já nem vamos falar no penálti claríssimo que foi perdoado ao rapaz que foi para o Porto para poder ganhar tudo (tão fraquinho que eu nem sequer já me lembro do nome…), nem no cartão vermelho directo que lhe foi perdoado aquando da entrada duríssima sobre o Javi Garcia. Mas enfim… equipas como a nossa dão a volta mesmo sem essas coisas.

O Pai Natal deve ter a casa cheia com cartas de meninos do Benfica que pediam isto de prenda no sapatinho… ganhar aos morcões em casa! Pela parte que me toca… bem haja. Soube tãããão bem.

Hoje vou antecipar a minha reportagem que vai ser publicada amanhã na Bola, a convite do director Vítor Serpa e vou postá-la aqui em primeira mão para todos os meus estimados leitores. Então sendo assim… de 0 a 5:

Quim - (4) - Este homem tem a particularidade de me fazer tremer todo por dentro de cada vez que tem de jogar a bola com os pés ou sair dos postes a um cruzamento. Logo no início, teve um pontapé de baliza daqueles que são a sua imagem de marca, dos que nem sequer chegam ao meio-campo adversário, direitinho para um gajo do Porto, o que lhe valeu um ralhete de Jesus, filho de Deus. Depois endireitou-se e melhorou. Esteve ao melhor nível ao parar um remate fortíssimo do Álvaro Pereira. Quanto menos aparecer… melhor.

Maxi Pereira - (4) - Está raçudo, combativo e é um pilar fundamental quer na defesa, quer nas movimentações atacantes benfiquistas. Está certinho, lutador, veloz… é um gosto. Falhou num corte traiçoeiro em que isolou o Falcão mas compensou porque foi muito inteligente no lance do golo, quando permaneceu imóvel em cima da linha de golo para não influenciar negativamente os juízes da partida. Ao não interferir na jogada garantiu a legalidade da sua posição e ao não comemorar o tento encarnado evitou que lhe apitassem o fora-de-jogo. Com o poder da pressão de um jogo destes, bastava um movimento mais brusco para levar o fiscal a levantar a bandeirola. Muito bem.

Luisão – (5) – O patrão absoluto e indiscutível da defesa encarnada. Só por magia é que um matulão com quase 2 metros consegue jogar futebol como se tivesse a dançar ballet. Cada vez que penso que foi vaiado quando chegou à Luz… Faça o que fizer, já conquistou o seu lugar no panteão dos grandes defesas benfiquistas (ao lado do Mozer e do Ricardo e…).

David Luiz – (5) – O menino está feito num Senhor Jogador. Uma verdadeira máquina infernal! Este nem os deixa pousar em ramo verde… Teve uma actuação imaculada. No final agradeceu aos adeptos e beijou o símbolo na camisola. Parte-me todo…

César Peixoto – (4) – Como é que um homem que partilha a cama com a bomba da Diana Chaves consegue jogar a este nível? Este é um dos grandes mistérios da natureza que actualmente me fascinam. Competente e concentrado. Para mim já ganhou a titularidade.

Javi García – (5) – Qualquer cabrão que se atreva a passar do meio-campo com a bola nos pés já sabe que tem de levar com ele. E se ele não perdoa! Duro, rijíssimo, todo-o-terreno, Javi é o homem que tranca com chave de ouro a porta da defesa benfiquista. Impecável!

Ramires- (5) – Um mouro de trabalho que deu tudo pela equipa como de resto, sempre faz. Mesmo depois de bastante lesionado por uma entrada duríssima de Fucile, não baixou os braços e voltou ao jogo, do qual só saiu em lágrimas quando percebeu que lhe era impossível continuar. Fossem todos assim…

Carlos Martins – (4) – O Benfica bem precisava deste Martins dos velhos tempos. Foi muito, muito bom enquanto durou e se ele deu tudo… Provou que é opção e que podemos contar com ele. Só por isso já valeu!

Urreta – (4) – A grande surpresa do line-up inicial também esteve à altura da titularidade e fez uma primeira parte de grande nível. Em grande a defender, certinho nos passes, voluntarioso nos ataques. Nota mais. Saiu rebentado pelo desgaste e pela falta de rotação.

Saviola – (5) – O conejito é a minha coqueluche do actual plantel. Vê-lo jogar é uma delícia... Começou por ensaiar uns raides pelo meio da defesa adversária, só para a experimentar e assim que teve a oportunidade nos pés, espetou-lhe um tiro que só parou no fundo das redes do Helton. Depois foi perdendo visibilidade mas andou sempre por lá… O seu trabalho já tinha sido feito. E que bem!

Cardozo – (2) – Não me venham cá com histórias que estava desapoiado e muito sozinho... O Cardozo de hoje não foi o “Cardozo Matador”, foi o “Cardozo menina Adélia”. Que cabra! Não ganhou os lances, não fez posse de bola, não chutou direito e até o remate de baliza aberta antes do golo do Saviola ele falhou! Dass… Se eu mandasse, passava o Natal trancado numa das arrecadações da Luz a ouvir o último cd do José Cid e a comer apenas couratos fora de prazo. Sem direito a minis!

Luís Filipe – (3) – Entrou bem e estorvou. Pelo menos não comprometeu.

Felipe Menezes – (2) – Este ainda não me convenceu. Falhou o penálti contra os gregos e no jogo de hoje, pouco se viu. Ou mostra mais raça e capacidade ou será um belíssimo reforço para uma equipa satélite. O Braga, por exemplo.

Weldon – (3) – Este entrou bem melhor, com vontade, com velocidade e sempre ganhou uns cantos. Era para levar 2 pontos mas como pediu força às bancadas perto do fim, que é uma coisa que me derrete sempre (o que eu gritaria se lá estivesse…), leva mais um.

Foi excelente, caraças!

O Natal assim até é bem melhor!

Boas Festas!

Nota 1: Um adepto do Porto tinha um cartaz que dizia: “Acima de nós, só Deus”. Estava capaz de lhe oferecer um a dizer: “E o Benfica e o Braga, qualquer uma com mais 4 pontos…”. Tótó!

Nota 2: Durante a confecção desta crónica, tive oportunidade de ouvir o Professor Jesualdo a dizer na sala de conferências que “não fomos suficientemente maduros e inteligentes para podermos estar à altura das expectativas”. Ai que bem que fala o homem…

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Deus ou a mulher?


Claro que não perdi o happening televisivo do momento, a reportagem da jornalista Mafalda Gameiro que incluía uma entrevista com o Padre Rui, o tal que fugiu com a paroquiana que lhe fazia as vezes de secretária e pelos vistos… de mais alguma coisa.

O rapaz defendeu-se bem. Todos nós sabemos que nos seminários falta mesmo muita coisa mas a formação é sólida e isso saltou à vista. Ponderado, bem falante, expôs com clareza os motivos que o levaram a tomar a solução de ruptura que fez as delícias da imprensa nacional.

A cachopinha já me pareceu muito apagaducha, insonsa, sem grandes certezas mas enfim… com 18 anitos, também não se podia esperar que fizesse revelações supreendentes.

Disse então o nosso Rui que estava cansado de umas ameaças que lhe andavam a fazer… Um dia acordou com uma faca e um alguidar à porta de casa e como engraçava com a piquena sua aia, passou-se e lançou-lhe o repto de darem o salto.

A peça jornalística está muito conseguida e chegou até a tocar naquele que é o ponto-chave de toda esta questão: o celibato dos sacerdotes.

Eu tenho o maior respeito por todos os credos e pelos profissionais da fé e não quero andar aqui com Saramaguices mas a verdade é que o celibato é uma estupidez do caraças e os padres, todos e sem excepção, têm de andar rebarbados. Rebarbados e amordaçados e recalcados e oprimidos.

E porquê? Porque os padres não são estrumfes, não são seres assexuados que vivem felizes nas florestas. Os padres são homens, caraças! E não há crença, divindade ou amor a Deus que os consiga fazer esquecer essa sua condição humana. É impossível isto não seja verdade.

Aprendi nas aulas de Antropologia do meu querido Professor Pereira Neto que o homem é um animal que tem uma camada de verniz cultural. Quando o verniz estala é o c******! Vemos isso acontecer todos os dias… no trânsito, nas notícias… e no meu caso, nos últimos jogos do Benfica com o Di Maria a jogar daquela maneira absurda. Os padres também são assim: querem parecer sem maldade como os querubins do altar mas lá por baixo são como os outros homens todos com vísceras, carne e muito pêlo. Para além do órgão da igreja têm órgãos sexuais, têm hormonas, têm um coração que bate e sendo assim… o óbvio tem de se levantar (não sei se me faço entender).

E mesmo que queiram resistir e renegar essa sua masculinidade, nunca o conseguirão fazer na íntegra. Eles não dizem que são contra os “homens sexuais” porque o que é natural é o homem amar uma mulher? Então! Se isso é verdade para os outros, porque não para eles?

Eles vêm televisão e cinema. Mas alguém acredita que vejam aqueles filmes americanos com altos mulherões e assobiem para o lado, comentando uns com os outros nas casas paroquiais… “eh… coisa do Demo! Cá a mim, vê-las assim desnudas causa-me cá um horror… Vá de retro!”. Ah… Balelas!

Ainda por cima neste nosso tempo em que o corpo da mulher nú aparece em todo o lado… nos anúncios publicitários, nos classificados dos jornais, nos frascos do gel de banho, nas revistas do coração, nos banners da internet… Mesmo que finjam que não vêem, a mensagem subliminar sempre passa. Passa e fica, disso vos garanto.

E vamos supor que o padre em questão tem um controle em si mesmo absolutamente fora do normal. É cerebral, concentrado e tem um mecanismo interno em que debita “avés marias” em velocidade cruzeiro assim que toca o alarme interno de “gaja à vista” e a afasta do pensamento. Mas e os sonhos? Os sonhos, por Deus! Quem é que controla os sonhos? Se os meus sonhos fossem visionados por outras pessoas já me tinham vestido um casaco daqueles brancos com umas correias nas costas e já me tinham levado dentro há muito. Mas eu tenho desculpa, porque os sonhos, simplesmente não se controlam. Por exemplo, nas maratonas cinéfilas que tenho feito por estes dias saborosíssimos de férias, consegui finalmente arranjar tempo para ver o fabuloso “Black Hawk Down” que o meu irmão me vinha aconselhando há anos e retrata o dramático confronto entre rangers americanos e os guerrilheiros de Mogadíscio. O filme é de tal maneira violento, intenso e brutal (digno de ir direitinho para o lado do “Apocalypse Now”, do “Platoon” e do “Nascido para matar”, os melhores filmes de guerra de sempre) que já sei que vou levar a noite inteira a sonhar com resmas de pretos em tronco nú, de óculos escuros Ray Ban e com uma canhota nas unhas a entrarem-me pelo quarto adentro aos gritos. Percebem o que vos digno? Eu li o Freud. O Freud já me salvou e com ele aprendi que os sonhos são tramados e selvagens e ninguém, nem mesmo os padres mais puritanos, estão livres de levarem a noite inteira a sonhar que estão hospedados na Mansão da Playboy e que a Miss Arkansas e a Miss Tenessee lhe vão levar o pequeno almoço à cama vestidas apenas com umas penas e um par de brincos.

E imaginem que há uma paroquiana tão sensual que parece que os anos não lhe passaram por cima… uma que sorri sempre de forma suspeita… E a outra que tem um perfume matador? E que dizer da cachopinha roliça que depressa se fez mulherão e não larga a sacristia? Pois é…

O tempo do Salazar já lá vai. O tempo em que o seminário era garantia de uma educação melhor que só assim se podia alcançar já passou. Com o nível de vida actual, com a informação que circula vertiginosamente à nossa volta, não é de estranhar que os jovens queiram cada vez menos ser padres. Quem é que cai numa dessas? Basta o handicap de não poderem ter uma mulher para viver a seu lado que fogem logo a sete pés. Compreende-se…

A Igreja é egoísta porque não deixa os padres amarem outras pessoas. É só Deus e prontos.

Será que o celibato faz deles melhores homens, melhores pastores, melhores sacerdotes? Não creio. Antes pelo contrário. A possibilidade de serem chefes de família, maridos e pais, dar-lhes-ia uma visão muito mais abrangente da vida, com uma outra densidade, com maior profundidade e isso seria certamente benéfico.

Então porquê meterem os homens de castigo, caraças?

Mas cabe na cabeça de alguém que uma pessoa vá pedir conselhos amorosos a um padre e ele tenha a lata de os dar? Eles não percebem nada da matéria!

O argumento que a ideia do celibato veio de Jesus Cristo, para além de descabido, também já não cola. Toda gente sabe que o homem teve companheira, o que de resto não admira porque charme e magnetismo pessoal certamente não lhe faltariam.

Eu não sou nada Zandinga mas tenho cá metido que ou a Igreja abre mão desta parvoeira do celibato ou em breve nem com mulher lá os apanham.

E também podia aqui falar que sou a favor das padras, das mulheres-padres, porque elas fazem tudo melhor que nós, à excepção de trabalhos de força bruta e bricolages. Mas essa é uma guerra para depois. Com esta já eu tenho a fogueira garantida.

Quanto ao Rui, desejo-lhe felicidades e que não se arrependa. Pelo menos foi digno e honesto. Deu a cara e assumiu. Não fez como muitos outros que as pregam pela calada ou então ainda pior, abusam de inocentes que estão à sua guarda.

Como diz o da RFM… talvez valha a pena pensar nisto.

Nota 1: Só espero que os padres que são meus amigos não se zanguem comigo. Eu não quis ofender ninguém, quis apenas “Speak my mind” como dizem os americanos. E depois, se um gajo não tem um blogue para estas coisas, quere-o para quê?

Nota 2: A liberdade é uma grande coisa mesmo. Imaginem este texto na Idade Média… Já tinha o cabrão do Torquemada à perna. Que se amole!

Vem aí a outra Alice

Desconfio que 2010 vai ser o ano das Alices.

Estou maravilhado.

Garden State


Quem é que me havia de dizer que depois de anos atrás dele, dou com ESTE filme numa madrugada destas na RTP1?

O Garden State é O FILME da minha geração. O filme de quem foi jovem nos anos 90.

O Garden State é tão lindo que só de pensar nele, me dá vontade de chorar.

Dirigido, escrito e protagonizado pelo Zack Braff. O Zack Braff é o maior e a Natalie Portman é linda demais para ser verdade.

Este filme e a respectiva banda sonora não existem.

Façam favor…

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Extra! A Rabos de Dezembro já está nas bancas!


(Clica que cresce)


Nota: Isto num momento em que o Governo se prepara para aprovar em Conselho de Ministros já na próxima quinta-feira, o diploma que permite o casamento entre homossexuais. Elaborado no gabinete da Secretária de Estado da Igualdade, Elza Pais, a proposta está praticamente pronta e em fase de apreciação interna. A ser aprovado pelo executivo antes do fim do ano, o diploma poderá ser discutido no Parlamento em Janeiro, ainda antes do Orçamento de Estado para 2010.

Espertalhões...

domingo, 13 de dezembro de 2009

O Mar de Marvão

CONVÍVIO VIRTUAL (Uma sucursal do Grupo Artur Matos)

O vosso Tio preferido, logo a seguir ao Chanquete do Verão Azul, nunca se esquece dos seus meninos e meninas.

Prova disso são estas duas propostas irrecusáveis, dois joguinhos bem catitas, bem actuais, ideais para manhãs sonolentas no serviço, tardes aborrecidas, ou serões em que a mulher não se cala.

Totalmente grátis!

No primeiro, transformem-se no Presidente Obama e ajudem a salvara terra da invasão extraterrestre. No segundo, façam de Tiger Woods e fujam com a amante, sempre com o pé na tábua, que a mulher ciumenta vem de taco aviado!

Alguém falou em serviço público?

Para quando um subsídio do Ministério, ó Deus?


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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O mundo dá voltas (e voltas…)


Antes de entrar para Câmara como Vereador era hábito realizar-se, por alturas do início do Verão, um torneio de futsal entre as quatro freguesias do concelho. A prova disputava-se num fim-de-semana e no domingo, depois da final, o encerramento constava de um almoço no qual atletas e autarcas conviviam salutarmente pela tarde fora, já que a taça era o que menos interessava.

Rezam as estatísticas mais recentes que a freguesia de Santo António sagrava-se quase sempre campeã, por razões óbvias: era aquela que tinha mais jovens a praticar regularmente desporto e onde havia maior margem de escolha. Precisamente o contrário do que acontecia em Santa Maria de Marvão (sempre muito desfalcadinha) e também de alguma forma em São Salvador da Aramenha, onde o preço da dispersão se pagava caro. Na Beirã, sempre se arranjava número suficiente, nem que se tivessem que ir buscar a casa e chegámos mesmo a ganhar o troféu num dos últimos anos da presidência do Sr. João Abelho, feito que honrou os tempos áureos de anteriores alinhamentos onde contavam craques como Rui Felino e Magafo, que se encarregavam de limpar tudo o que houvesse para a terra do comboio.

Isto para dizer que o desequilíbrio entre as equipas sempre foi enorme e nos últimos anos acontecia com frequência que algumas delas nem conseguiam reunir jogadores suficientes para entrar em campo. O modelo pareceu-me gasto...

Foi assim que já enquanto Vereador com responsabilidades no Pelouro do Desporto, propus ao técnico superior de desporto da autarquia, o professor Costa, que tentássemos dar outra dinâmica à prova abrindo-a à entrada de outras equipas, vindas de outros concelhos, por forma a podermos prolongar as jornadas que passariam a decorrer à noite, dinamizando mais serões de Verão na Portagem e animando a hotelaria local.

Felizmente, surgiram diversas equipas e sentimos que os nossos objectivos foram de imediato alcançados. Nessas noites quentes, era frequente vermos as bancadas junto ao polidesportivo repletas, sinal que estávamos no bom caminho. Nos bares sempre saiam uns gelados, umas comidas rápidas, uns cafés, umas imperiais, enfim… animava-se a coisa, o que por aqui já não era pouco.

Mas nem tudo correu bem. Num dos jogos mais disputados entre uma equipa de jovens de Santo António e uma mais batida com pessoal de Portalegre onde contavam diversos soldados da GNR, já muito rodados nestes torneios e habituados a jogar juntos, as coisas aqueceram. No meu entender, apesar da dureza com que a partida estava a ser disputada de parte a parte, a equipa local teve uma postura bem mais criticável que a adversária, no vernáculo que utilizou durante todo o jogo (as asneiras eram mais que muitas…), na falta de respeito pelos adversários (quase todos eles mais velhos e pais de filhos que assistiam da bancada junto às mães) que por diversas vezes insultou, nas “entradas” a roçar a violência gratuita…

Lembro-me de estar a assistir coma ideia que aquilo poderia acabar mesmo muito mal. Pensei… “está-se com tanto trabalho a organizar uma coisa destas para isto? Com que imagem do concelho e das suas gentes partem estas pessoas? Será que vale a pena continuar?”.

Estava eu absorto nestas considerações quando um choque entre dois jogadores despoletou a confusão! Enquanto responsável máximo pela prova e única edilidade presente, saltei os ferros e tentando apaziguar as coisas, entrei em campo e chamei à parte o jovem arenense que estava directamente envolvido na cena, tentando levá-lo à razão, explicar-lhe que não valia a pena, que tudo aquilo era um absurdo.

Eu tinha sido seu formador num estágio muito recente na Câmara Municipal e tinha ideia que era um rapaz educado e disciplinado que muito provavelmente se tinha ali deixado levar pelo calor do jogo. Percebi de imediato que não era só isso. Em vez de compreender a minha acção pacificadora, não só me hostilizou como conseguiu influenciar os restantes companheiros de equipa que também eu seria um alvo a abater, alguém que estava contra eles.

Tentei também acalmar o envolvido da outra equipa que me confessou: “Ó vereador… eu não estou para isto… Tenho ali a minha família… eu tenho a minha posição a defender e não vim aqui para ser insultado… Já me encheram de filho da puta… eu vou-me embora”.

Para evitar o fracasso e a desistência, lá os consegui convencer que o jogo se disputasse até ao final (estava já nos últimos minutos), mas a cena haveria de marcar de forma derradeira a minha relação com essa geração de jovens que está diversos escalões etários abaixo da minha. Quase todos eles deixaram de me falar e esse corte, apesar de eu achar que sem motivo algum plausível (foi correcto em tudo o que disse, apenas tentei chamá-los à razão), ainda dura passados anos e vai certamente durar.

Eu ainda sou do tempo em que os mais novos respeitavam sempre os mais velhos, mesmo que a diferença de idades fosse mínima. Bastava um ano ou dois de diferença para que a conversa fosse logo outra. Sempre gostei de me dar bem com toda a gente e a cena custou-me, quanto mais não fosse porque o nosso relacionamento era bom (cheguei a ser explicador de alguns deles quando saí da faculdade) e porque sempre senti que se estava a fazer uma tempestade num copo de água. Passado o calor dos acontecimentos, para mim, tudo aquilo se desvaneceria, deixando de fazer sentido.

Convenci-me depois que esta era mais uma situação em que tinha de pagar o preço pelo cargo que ocupava. Estava e estou de consciência tranquila. Voltaria a fazer o mesmo se fosse hoje, mesmo conhecendo as consequências nefastas, tal e qual.

Mas o ódio foi minando, passando de uns para outros. A perfídia é coisa que se espalha com facilidade.

Para além disto, sempre me impressionou a raiva com que jogavam contra a equipa da Câmara, como se o equipamento fosse uma afronta, odioso simplesmente por aquilo que representava…

O mal estar prolongou-se por outras situações onde fui coincidente com estes jovens no mesmo espaço físico e em alguns torneios onde chegámos a ser adversários. Alguns deles que tinham sido meus colegas de equipa noutras ocasiões, chegaram a deixar-me de mão esticada no alinhamento antes de começar o jogo, rindo-se com desdém, pensando que seriam asssim mais importantes.

Os anos passaram, eu decidi abandonar as lides camarárias, a política activa e regressei ao conforto da vida que conquistei muito a pulso. Saí em paz. Deixei o que não queria.

Como fui criador do Da Guarita, o blogue oficial do Município de Marvão, recebo na minha caixa de correio os comentários que são deixados pelos leitores. E foi um desses comentários, feito por um destes jovens, com uma indirecta claríssima que me levou à notícia do “Encontro/Encuentro” cultural e desportivo que se realiza já há muitos anos entre Marvão e San Vicente de Alcântara, sempre por esta altura. Este evento já se fazia antes de eu entrar, tentei sempre dignificá-lo enquanto estive e oxalá assim continue no futuro, por ser algo importante e a preservar.

Para além do comentário no blogue, chamaram-me a atenção as fotografias e sobretudo o line up da equipa que disputou o jogo de futebol da praxe entre a equipa de lá e a de cá da fronteira. Certamente convocados pelo responsável técnico, estavam alguns (apenas alguns que há lá jovens que não têm nada a ver com o episódio que aqui retrato e com os quais tenho as melhores relações) dos envolvidos naquela lamentável cena da Portagem e que, é certo, jamais representariam as cores do concelho a convite da minha vereação, não porque não goste deles (não tem nada a ver!) mas por aquilo que já os vi fazer dentro das quatro linhas do rectângulo de jogo e por saber que o mais certo era as coisas descambarem assim que aquecessem, afinal, a última coisa que se pretende neste tipo de iniciativas.

Por ter visto o mesmo que eu vi na Portagem e por saber o que opinou então, estranhei o convite e o ar de felicidade deste responsável. Mas enfim…

Já não estranhei nada foi o ar inchado de alguns e sobretudo os comentários, vindos de onde vieram...

E eu rio-me sozinho. É a vida… e o mundo, que dá muitas voltas e voltas… estas e outras que ainda há-de dar… porque não pára por aqui… disso vos garanto!


Apenas duas ou três notas finais:

Nível é que coisa que não se compra nem se vende. Ou se tem… ou não!

A inveja, dizem que em doses avantajadas pode ter efeitos muito nefastos. Há que ter cuidado…

Quanto à educação… eles até podem dar canudos, que já por si não são para todos!, mas da outra, aquela que se aprende em casa e na vida… essa… mais rara ainda é!

Talvez um dia…

Guerra e Paz (além de Tolstoi...)



O Nobel da Paz foi ontem entregue a um homem (e se eu admiro esse homem…) que ainda há dias mandou, enquanto responsável máximo pelas Forças Armadas do seu país, mais 30.000 soldados para a guerra, dispostos a matar ou morrer.

Sem entrarmos no campo dos motivos que legitimaram esse acto, que são muito discutíveis e só por eles já davam “pano para mangas”, a situação não deixa de ser irónica...

Já estou a imaginar a pergunta num concurso qualquer de cultura geral do horário nobre da televisão de um planeta perdido noutra galáxia: “Diga em que planeta, o Nobel da Paz mandou 30.000 soldados direitinhos para a guerra nos dias antes da cerimónia de entrega…”.
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Gargalhada geral nos concorrentes e na plateia. Todos em coro: “Cenas dessas… só na Terra! Aqueles terráqueos são loucos!”.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Felismina e Sabastião - Palhaçadas...

(Carrega pra cresceri...)

Hoje de tarde, na primeira audição da Comissão Parlamentar de Saúde, em plena Casa da Democracia, a menina Nogueira Pinto chamou palhaço a um palhaço qualquer do PS.



Este país está a ficar cada vez mais engraçado…

Com políticos destes gabarito, quem é que se arrisca a viver do humor?



Nota do Taberneiro: A notícia com direito a vídeo e tudo, clicando aqui.

Por falar em heróis...

João Oliveira, de 31 anos, faz parte do Porto Runners desde 2004



João Oliveira correu 246 quilómetros em 34 horas

Por João Pedro Barros
In Público, 06.12.2009


O maratonista foi o segundo português a terminar a Spartathlon, a rainha das ultramaratonas de estrada

A lenda que sustenta a existência da maratona é relativamente popular: Filípides, um soldado grego, terá corrido os cerca de 42 quilómetros entre Maratona e Atenas para anunciar a vitória sobre os persas, em 490 a.C, falecendo logo após cumprir a missão. Mas esta história tem um lado B, bem menos conhecido do que o lado A: segundo algumas fontes, o mesmo Filípides teria percorrido anteriormente 246 quilómetros, sem parar, entre Atenas e Esparta, para chamar reforços. É nesta lenda que se baseia a Spartathlon, uma ultramaratona de 246 quilómetros cuja 27.ª edição, que se realizou no final de Setembro, foi terminada por João Oliveira, do Porto Runners, no 64.º lugar, com o tempo de 34h01m52s. Antes dele, só outra portuguesa - Alzira Portela Lário, em 2001 - tinha sido capaz de concluir a prova grega. O percurso foi cumprido com muitas dificuldades, até porque o atleta, que treina de forma amadora - apesar de cumprir um plano de treino - não levou ninguém para o apoiar.


"Quando cheguei à mesa da organização, para me identificar, perguntaram-me qual era a minha equipa de apoio. Eu disse que não tinha, e eles não se riram às gargalhadas mas riram-se entre eles. Participei na mesma, mas por volta dos 70 quilómetros vi pessoal a estacionar, a trocar de sapatilhas, com roupa seca. A partir daí é que percebi: afinal isto vai doer", contou João Oliveira. Nessa altura, a meio da tarde, a temperatura rondaria os "32 graus", mas desceria abaixo dos 5 graus durante a noite. "Os pés ferveram e tinha bolhas nos dedos. Foi a catástrofe, queria correr, correr, mas a dor era infernal. Foi aí que comecei a reduzir a passada, porque antes dos 70 quilómetros era quinto ou sexto". A dureza foi agravada pela falta de apoio, mas uma desgraça nunca vem só: "De madrugada, começou uma chuva gelada. Já estava cheio de frio, e por mais que a gente corra nunca aquece. O meu objectivo passou a ser chegar ao checkpoint". Ao longo do percurso há 75 destes pontos, onde os corredores (maioritariamente mais velhos do que o português, que se sentiu um "puto") têm de passar antes de um determinado tempo-limite e onde se podem reabastecer.

Vício de correr


Chegados a este ponto da história, coloca-se a pergunta: o que pode levar alguém a, voluntariamente, querer correr durante mais de um dia, ininterruptamente, passando as passas do Algarve? Para João Oliveira, a corrida tornou-se um vício e um desafio de superação quase sem limites. No seu caso, esse vício foi ainda mais estimulado a partir de 2004, quando se juntou ao Porto Runners, um clube formado por amadores que se encontravam habitualmente no Parque da Cidade.


No ensino secundário, este guarda prisional de 31 anos gostava de correr, porque "ganhava aos outros". Em Chaves, de onde é natural, os cinco quilómetros entre casa e a escola serviam de treino. Por isso, quando chegou ao serviço militar tinha "pedalada": "Fiz as provas para as Forças de Operações Especiais e entrei na equipa deles, a competir com outros quartéis. Quando fui dar instrução em Chaves, um tenente, também das operações especiais, percebeu que eu tinha mais rendimento nos 10.000 metros", explica. Passou pelas meias-maratonas e pelas maratonas, até que, no regresso de uma prova de montanha de 101 quilómetros, em Ronda, no Sul de Espanha, ouviu falar da Spartathlon, onde um dos mínimos exigidos é cumprir 100 quilómetros em menos de 10h30. João Oliveira é detentor da melhor marca nacional, com 8h29m33s, obtidos numa prova no Norte de Espanha.


Para chegar a este nível, são precisos muitos quilómetros nas pernas e espírito de sacrifício. Cinco a seis dias por semana, o flaviense corre cerca de três horas. Um mês antes das provas, as três horas passam a cinco. O treino militar também foi uma grande ajuda, porque, garante, houve momentos em que pensou que devia ter ficado em casa. Quando o ritmo é bom, "não há problema", mas nos instantes de sacrifício é preciso adoptar estratégias que afastem da mente a sensação de dor, como pensar em assuntos profissionais. "Um comando não desiste de uma luta, enquanto tiver sangue nas veias luta, e agarrei-me a essa ideia. Nestas provas, para chegar ao fim é preciso sofrer", assume. A noção de que dezenas de corredores estavam atrás de si, num sofrimento ainda maior, foi outro pensamento que, ironicamente, o confortou.

Lágrimas na chegada


Os últimos quilómetros de Oliveira na Spartathlon foram bem a prova disso: o português cortou a meta ao lado de um francês que corria "com os pés de lado" e de um japonês que "só caminhava". "Eu ia de calcanhares, para evitar os choques no pé, mas o francês ainda ia pior. Já que não ia ganhar, disse-lhe que terminávamos a prova juntos. Sem dar conta, apanhámos o japonês, que estava ainda pior do que nós os dois." Os números finais são claros: 380 inscritos, 320 atletas à partida, apenas 133 a terminaram. "Quando se entra na avenida da meta, vê-se ao fundo a estátua do rei Leónidas. Foi aí que acreditei que ia mesmo acabar e fiz um esforço para não chorar. Quando terminei não aguentei, caíram mesmo umas lagrimazinhas", recorda. No final, recebeu uma coroa de oliveira e água do mítico rio Eurotas. Esta é uma história de desporto por puro prazer (ou sofrimento, dependendo da perspectiva): não só não há prémios como cada participante tem ainda de pagar 250 euros pelo alojamento, transporte e alimentação, sem contar com a deslocação à Grécia.


Agora, João Oliveira quer regressar ao Spartathlon, para baixar para um tempo a rondar as 28 horas.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

POLADROID ME!

Ó para elas tão lindas... Parece que foi tirada em 67...

Eu nunca fui gajo de andar com caixinhas, caraças! Nunca! Nem na escola, nem no emprego, nem na vida. O que é meu é público, é de todos… sobretudo nestes tempos em que o ouro é a informação, que se multiplica e não perde propriedades na partilha.

Nesta altura já toda a gente sabe que sou um apaixonado pelas imagens, pelo design, pelos grafismos, um entusiasta amador do Photoshop e foi nessa condição que dei por mim, há dias, a pensar nas Polaroids.

As Polaroids eram umas máquinas do catano, pá! Muito nível!

Eu ainda sou do tempo desses aparelhos deslumbrantes que mais pareciam torradeiras portáteis e cuspiam fotografias pelo rabo. E as imagens não eram imagens quaisquer... Tinham personalidade! Tinham uma moldura com uma margem maior na base, tinham uma textura rugosa, tinham os cantos escurecidos, tinham um tom amarelado, blasé e old-fashioned que lhes dava um toque de distinção, enfim e em suma… tinham pinta!

Parece que já não se fabricam. Parece que estão na moda mas já há poucas e são caríssimas… verdadeira peças de museu.

E eu pus-me a pensar. Na net arranja-se tudo ou quase tudo… Será que eu não dou com um programa que crie o efeito Polaroid numa foto normal?

Tanto andei, tanto andei… até que… bingo! Depois de diversas tentativas, eu sozinho, pela minha cabecinha, sem ler em lado algum, descobri o POLADROID, precisamente o que procurava só que muito mais perfeito!

Este software, ABSOLUTAMENTE GRATUITO, recicla em linguagem Polaroid toda e qualquer imagem digital… com um nível nunca imaginado, nem nas melhores expectativas! O programa coloca uma máquina Polaroid virtual no ambiente de trabalho e tudo o que o utilizador tem a fazer é arrastar a imagem escolhida e depois é deixar a magia trabalhar! Nem sequer falta o detalhe de também nós termos de abanar a foto no ecrã para que se revele mais depressa. Pura magia! Agora… ao alcance de todos… clicando aqui.

Polaroids instantâneas e à pala para todos os meus queridos leitores, todos vocês pequenitos! Quem é amigo, quem é?

Vendo o Mundo de Binóculos do Alto de Marvão… Trivialidades, mexericos, maluquices, cultura e humor ao seu serviço desde 2007.*

*Blogue candidato ao Globo de Ouro de blogue do ano. Vote já!

A passagem...


Agora que passou… acho que já podemos falar nisso.

As primeiras semanas foram duras…

A bem dizer… estranhei tudo… o ritmo, a subserviência, a clausura… a solidão…

A falta de stress chegou a sufocar-me. O fardo pesava toneladas.

Percebi que capacidade de adaptação do homem tem tanto de assombrosa como de revigorante.

Hoje já posso dizer que quanto mais distante estou do poder, melhor lhe conheço a força, o hipnótico fascínio, a voragem manipuladora.

Soltei amarras. Tomei o antídoto.

Já não dói.

Agora sinto-me mais meu a cada dia que passa. Mais livre, mais solto, mais dono de mim, mais desperto para os pequenos detalhes que agora fazem os grandes momentos.

Lembro-me muita vez do Peter Falk nas “Asas do Desejo” do Wim Wenders, do anjo caído que após a perda da eternidade se consolou com uma simples chávena de café.

Mais confortável.

Com tempo…

Celebro a nova fase, esta auspiciosa aurora, com a banda sonora perfeita para a ocasião. Grande canção, assombroso vídeo (Top 10 dos 90’s) e um grande, grande artista que adoro ouvir e respeitar.

As vezes que eu tenho nesta música nos últimos dias…


domingo, 6 de dezembro de 2009

Coisas que me deixam mesmo, mesmo, mesmo feliz…

Por falar em coisas que me deixam feliz, mesmo muito feliz, quase mesmo a rebentar...

Uma delas é ir às compras de Natal para os hipers da cidade mais próxima da minha casa (Castelo Branco. Portalegre não é vila?) e encontrar pérolas preciosas, algumas das quais tentava pescar há anos, a preços ridículos… como:
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A edição especial (2 discos) em dvd do “Lost Boys”, a obra perdida da minha colecção de filmes de vampiros, por 6 euros e 70. Aahhh… muito bom! Um Kiefer Sutherland novíssimo… banda sonora com os Echo and the Bunnyman a tocarem versões dos Doors… um derradeiro e transgressor filme teenager. Deixa cá ver onde é que vais ficar… sim. Aqui! Ao lado do “Drácula” original com Bela Lugosi, “Drácula” de Coppola, “Entrevista com o Vampiro” do Neil Jordan, “A sombra do Vampiro”…
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E...
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A edição especial “Backbeat” por 3 euros e 90 cêntimos. 3 euros e 90 cêntimos?!?!!?!? 3 euros e 90 cêntimos, meus amigos, apenas. Uma verdadeira pechincha pela obra que nos revela em definitivo tudo o que há para saber sobre os anos loucos dos Beatles em Hamburgo, quando Stuart Sutcliffe, o guitarrista prematuramente desaparecido, ainda fazia parte do line up, e as drogas e o álcool eram os prato do dia da vida destes jovens rockers que haviam de mudar o mundo. A banda sonora, gravada por uma super banda criada para o efeito que contava com Dave Grohl (Nirvana, Foo Fighters), Dave Pirner (Sou Asylum), Mike Mills (R.E.M), Greg Dully (Afghan Whigs) e Thurston Moore (Sonic Youth), já cá canta desde 94 e é uma das minhas favoritas de sempre. Agora… o ramalhete está composto!
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E ainda… por 7 euros e 90… “The Sun Records Anthology”, uma edição em 3 discos (belíssimos graficamente, a recordar os velhinhos vinis…) que reúne os grandes êxitos desta emblemática editora que foi a verdadeira maternidade do Rock’n’Roll. São muitas dezenas de êxitos pela voz dos maiores de sempre… Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, Carl Perkins e Johnny Cash que surgem muito jovens na capa, a afinarem as vozes num coro ao piano. É caso para dizer que só a fotografia vale o dinheiro.
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Por ser o menos conhecido, sai um videozinho do grande Carl Perkins, que criou inúmeros hits celebrizados por outras estrelas e por essa mesma razão nunca atingiu o topo do estrelato, mas que era tão gigante quanto os maiores. Malha! (Reparem no jogo de pés...)
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Para finalizar… na Brinka, enquanto a minha filha pagava a boneca, ainda tive tempo de comprar às escondidas um Playmobil da novíssima colecção do Egipto, por ser a verdadeira recriação do nosso Ibn-Marúan. E que bem que fica, altaneiro e insolente, no cimo da estante da minha sala…
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PS: No que diz respeito a dvds que nunca deixarei de procurar… ainda não desisti de deitar a mão aos brilhantes “Rumble Fish”(Juventude Inquieta) e “The Outlaws” (Os Marginais), ambos do mestre Coppola. O primeiro, um grito de revolta a preto e branco, a película que cristaliza como nenhuma outra toda a revolta de ser jovem e a segunda… uma ode à rebelião, uma passadeira dourada onde desfila em grande estilo toda uma geração de jovens actores que hoje dominam a Meca do cinema. Um dia… um dia… sei que vão ser meus e baratos!

Chhhhhhhhhhhhh. Apaguem as luzes!

O estranho mundo de... Tim


Ainda há dias regressei de Londres que visitei propositadamente para a exposição o último rei Azteca (era bom… era…) e já estou de malas aviadas para Nova Iorque a fim de explorar a deslumbrante exposição retrospectiva da obra gráfica de Tim Burton patente no MoMa (Museum of Modern Art).

Eu adoro Nova Iorque no Natal dos filmes e das séries de televisão e só isso já basta para me meter na porra do avião. Com este extra então… a Big Apple fica irresistível!

De todos os realizadores que me enchem completamente as medidas, Burton é o indiscutível número 1. Por mais que o Lynch, o Tarantino, o Kubrick, o Coppola, o Scorcese, o Payne me encantem… nenhum deles consegue provocar em mim o deslumbramento que renasce a cada nova obra do universo Burtoniano. Ainda há dias revi “The Corpse Bride” e voltei a ficar rendido à genialidade.

De forma que são mais de 700 peças, entre desenhos, pinturas, esculturas, filmes e afins, de um criador absolutamente singular que se move pelas diversas formas de expressão artística com o à vontade de quem sabe o que quer e o que tem de fazer para dar vida e forma aos mundos singulares que traz na sua imaginação.

Tim Burton representa o triunfo dos “nerds”, dos desalinhados, dos que vivem à margem, dos que não se rendem às massas e lutam pela diferença. Disse Rita Siza, a correspondente do “Público” nos States que “Burton nunca transpõe a linha do terror. Ele quer-nos impressionar, provocar e desafiar, mas não nos quer aterrorizar. Os seus monstros maravilham-nos, não nos metem medo. Podem ser horripilendos, mas dificilmente são maus; são sempre uma materialização de qualquer emoção com que nos identificamos. Há energia e destruição, mas também ternura e sedução. Ele sabe ser perverso sem deixar nunca de ser adorável”. Eu não podia estar mais de acordo. Burton é isso mesmo.

Que outro autor poderia ter uma exposição onde a porta “é a boca escancarada de um dos seus muitos monstros, mandíbula carregada de cones brancos, olhos escondidos, uma passadeira vermelha a fazer a vez de língua, empurrando as entranhas para as suas entranhas…”.

Ahhhhhh................................................................................. morri!

Nós, que somos pobres e vivemos longe, sempre nos podemos contentar com o magnífico site da exposição que nos dá uma overview bastante aproximada da grandiosidade desta mostra única. Andei a pesquisar a encontrei-a aqui. Merece um olhar atento. Quem é amigo, quem é?

E o clima? Olha... que se f...



Prostitutas dinamarquesas oferecem sexo grátis durante cimeira em protesto contra desincentivo camarário

Copenhaga, 05 Dez (Lusa) - Prostitutas dinamarquesas anunciaram hoje que vão oferecer "sexo grátis" aos participantes na cimeira da ONU sobre alterações climáticas, em Copenhaga, em protesto contra a atitude da câmara local de desincentivar o recurso ao sexo pago por parte dos conferencistas.

A informação foi avançada pelo jornal "The Copenhagen Post", que escreve que a autarquia local apelou a uma centena de hotéis da cidade para que não facilitem o encontro entre hóspedes e prostitutas, tendo ainda, em parceria com as entidades não-governamentais, distribuído panfletos em que se pode ler: "Seja responsável. Não compre sexo".
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A iniciativa autárquica não agradou a uma associação que defende os direitos das trabalhadoras de sexo dinamarquesas.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

8 anos de... Leonor

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A pequena fez ontem anos. 8 anos.

Já não é bem só criança. É assim uma menina com um pé na infância e outro na adolescência. As prendas que pediu dizem tudo: um cd com os artistas da moda da pré-juventude actual (Hannah Montana, Selena Gomez, Demi Lovato, Jonas Brothers e afins…) e o Hospital das Barriguitas!

Fala pelos cotovelos, está respondona, teimosa e até nisso é divertida. Adora andar de patins pela casa fora, ver o Disney Channel (ao qual está colada horas a fio… o dia inteiro se deixássemos) e tudo o que sejam livros, revistas, música, filmes, playstation e internet. Na escola vai bem embora já tivéssemos oportunidade de perceber que ainda não é desta que temos um cérebro a matemática na família. É muito sensível, feminina e emotiva. É vaidosa, distrai-se com muita facilidade, é muito carinhosa e mimosa. É muito bonita e parecida com a mãe.

Às vezes ponho-me a pensar do que seria a vida se ela não existisse, o para quê ter uma casa daquele tamanho todo. Eu sei que é errado viver em função dos filhos porque eles jamais quererão carregar o fardo dessa responsabilidade. Todos os casos que conheço assim terminaram mal. Cada um tem de viver por si, sempre o mais próximo que possamos uns dos outros, sem exigências ou cobranças, celebrando as alegrias, mitigando as tristezas, caminhando passo a passo, lado a lado.

Que bom que é poder desfrutar dela e vê-la crescer…

Neste dia feliz, de festa, lembrei-me de uma coisa que escrevi há uns anos atrás e permanece actual.



Marvão, 12 de Fevereiro de 2003


Há muito que a sua presença se pressentia entre nós. Foi como se a conhecêssemos de sempre. O tempo começou a passar de outra forma desde a manhã em que espreitámos a caixinha branca do teste até hoje, dia em que a sua respiração, suave como um murmúrio, aquece o quarto onde dormimos os três. Há sonhos que por serem tão queridos se tornam realidade. Este é um deles…

Se tivesse que escolher um momento, de entre os milhares de maravilhosos de que são feitos os nossos dias agora, seria aquele quando o sono lhe foge a meio da noite e nos procura num soluço perdido. Ao acendermos a luz, sorriem-nos aqueles dois olhitos pretos e chamam-nos os braços que de seguida nos afagam. Depois, procura o seu ninho e adormece descansada, com ar triunfante, entre nós dois, de mãozinha na cara, corpo aconchegado e pés enrolados.

Era para ter sido Laura ou Matilde ou um rapagão futebolista se Deus tivesse feito a vontade ao avô João Manuel… mas que fazer se tinha carinha de Leonor quando a vimos pela primeira vez numa tarde quente de Julho, no dia a seguir à prova final das Finanças, na ecografia feita num consultório moderno da capital. Nessa tarde apaixonei-me por um nariz… que só voltei a ver em Dezembro, já a noite ia longa, num hospital quase vazio onde os bebés chegavam pela Ortopedia por terem o seu piso em obras. Como custou a passar esse dia 2, em que tanto pensei sozinho, sentado ao fundo do corredor… Que longa se fazia a espera e que ansiedade me entrou quando a pediatra subiu e entrou a correr pela enfermaria adentro. Já passava das 23h. Eu ali não podia ficar. Fui sorrateiro de porta em porta, esgueirando-me pelas sombras do corredor. Não podia perder O momento por nada deste mundo, com ou sem autorização. Seria a hora da Cris? Já não era sem tempo depois de um dia inteirinho torcido entre contracções. Eu sabia que o preço a pagar era alto. Se me apanhassem era cartão vermelho certo.

Mas não me enganei. Espreitei e vi o reboliço de volta da cama. A Cris impando, o médico sentado num banco, de frente para ela, cabeça metida entre as pernas, armado em guarda-redes antes do penálti, estudando as contracções e as enfermeiras rodando de um lado para o outro.

Uma delas, a nariguda com cara de bruxa viu-me, virou-se e disse: “Doutor, está ali o pai”.

“E…”.

“Diz que quer assistir”.

“Não pode. Diga-lhe que não temos espaço. Não vê que isto aqui é muito apertado? Ele é muito grande e não cabe cá. Isto não é a pediatria, nem a maternidade…”.

Ela dirigiu-se a mim e disse com ar grave: “Não pode estar aqui”.

“Eu daqui não saio. Eu conheço os meus direitos. Daqui não me arrancam. Eu não perco isto”.

“Mas o Dr. diss…

“Deixe-o estar! Venha-me mas é aqui ajudar…”.

Viste! Ainda bem! E assim fiquei… sem direito a bata, luvas ou tapa-tapa na boca. Foi mesmo a seco e directamente dali, da porta do quarto que assisti a tudo o que me deixaram.

Depois… que o bebé era muito grande… que a mãe estava cansada de tantas horas à espera… que assim não saía… que já era tarde para a cesariana… até que… “tragam os ferros!”.

“Os ferros?!?!?”, pensei para comigo. “Então mas isto é assim? Os ferros? Vão ferrar alguém?”. Os ferros eram uma torquez enorme que estava lá na prateleira de baixo de um armário. “Vão arrancar a minha filha com aquilo?”. Já me começava a faltar o ar…

Nesta altura brilhava uma piquena que devia de ser especialista em saltos (até tinha uma bata de cor diferente) que se atirava dum tropeço colocado ao lado da cama para cima da barriga da Cris quando recomeçavam as contracções. O médico ajudava ao baile: “Força Fernanda. Força que é desta. Força Fernandaaaa!”.

Ainda estive para lhe dizer que ela prefere que lhe chamem Cris mas cala-te boca!, não fosse o gajo dar o dito por não dito.

“Força, força… fooooorçaaa…” e olha! já se via a cabecita a querer sair quase, quase, quase e depois, se há coisas bem feitas na vida, uma delas foi aquela tesourada, tão atempada e certeira que a fez desaguar num instante cá para fora. Ai eu… que só pensava, “Não ma estrague que só tenho essa…”.

A cara de tranquilidade da Cris… Já imaginaram aquela cara? E eu sem saber o que dizer no meio de tanto sangue, tanta alegria e tanta confusão, valha-me Deus que isto não são coisas para homens, porra! Se fossem, Deus tinha-nos escolhido para podermos parir também e toda a gente sabe que nós não podemos.

Eis então que surgiu ela, dessa torrente de fumo e calor, até que aterrou cega pela luz nos meus braços, ainda a cheirar ao ventre da mãe. Os olhos… pareciam dois infinitos que me fitavam e varriam corpo e alma. Jamais esquecerei e é certinho, de cada vez que a memória me leva de volta a esse momento, todo eu tremo por dentro. Uma filha… minha… carne da minha carne, sangue do meu sangue, como um “eu” novo em ponto pequeno.

Deixei então de estar só dentro de mim para estar sempre comigo e também onde ela está.

Seguiu-se a aventura mais maravilhosa das nossas vidas com a chegada a casa, as primeiras refeições, os primeiros banhos, as primeiras toilettes, os primeiros medos… a responsabilidade. Bem digo que o tempo deixou de ser o tempo que era porque parece sempre que passaram anos mas também parece que passou a voar. Estranho…

A Leonor é assim… um sopro enorme de vida que nos faz rodar a todos. É tanta coisa junta que não se explica. Antes se suspira. A Leonor nunca foi muito de bonecos que adora pisar. Prefere o comando da televisão que quer sempre devorar, o teclado do computador, a máquina de lavar, o secador, o telefone e sobretudo os telemóveis. Recordista mundial de destruição de revistas (7 segundos!), é também atleta da chupeta de nível 2, com um domínio quase insuperável.

A Leonor é essa força gigantesca que nos consome e nos impele. É uma delícia que já anda e fala e se move com perícia em raides aéreos às esquinas dos móveis. “Eh quéi. Eh nã quéi!”. “Ah pá, Ah ma, ah ga”. Gostas? “Gó, gó, gó”. O Som da vaquinha dos pacotes de leite, o gatinho do livro, o cão, o pastor do quadro da casa da avó e o carrapito da Dona Aurora. Como faz o passarinho? Um “pi, pi” nervoso e estridente. Mal sabendo falar, ensinou-nos a soletrar e-s-p-e-r-a-n-ç-a a tantos que quase tinham esquecido o som da palavra. Vejo-a assim, montada nos baús ou a sprintar por entre os sofás. “Eu quéi”. Dizia que se chamava mãe. O banhinho com a bonequita Alice, o genérico das notícias da SIC, a senhora despida que toma duche no anúncio do Fa e o boletim meteorológico. Gosta de lavar os dentes e meter as gotas na vista como o pai, gestos diários que conhece ao pormenor depois de estudados com minúcia, com aquela carinha de espanto, cabecita inclinada para o lado, boquita aberta e olhitos sempre ávidos de tudo o que seja novo.

O calor de uma manhã fria de Sábado, a respirar juntinhos debaixo das mantas. A adorá-la…

Já tem um namorado que é só uma cabeça e mora na loja das tias da Beirã, dentro do armário do pão. Chama-se Boomer e foi em tempos um recipiente de chupa-chupas. É um gosto vê-la chegar e correr direitinha para o balcão gritando “eu quéi, eu quéi” e só pára quando vê a cara em cima do balcão, para de seguida lhe dizer o “Olháa” mais terno do mundo. Dá espectáculo garantido onde quer que vá, seja a tocar corneta na casa da Vó Zhira, no consultório do pediatra ou no Modelo, onde teima em arrancar das prateleiras tudo aquilo a que consegue deitar mão, sejam cassetes de vídeo, sacos de pão ou garrafas de lixívia. Quem é que é capaz de resistir a uma coisinha assim?

Dou por mim a querer para ela aquilo que sempre ouvi dizer que queriam para mim.

O que desejo mesmo é que seja feliz e saiba sempre luzir aquele sorriso contagiante que tem desde que chegou e é a sua imagem de marca. Li numa moldura que “Alguns procuram a felicidade. Outros criam-na”. Eu sei que a felicidade existe. Tem duas perninhas e até já sabe dizer que a primita que vem a caminho se chama Maria e está dentro da Tia Paula.

A vida há-de passar e fazer dela o que quiser. Só Deus sabe. Nós sabemos que não pode ficar sempre assim, mas esta Leonorzinha de palmo e meio há-de ficar gravada a fogo e guardada no cantinho mais bonito dos corações de todos aqueles que já conquistou.
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Ficará no meu também, como a melhor coisa que já me aconteceu na vida.
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Ela faz tudo valer a pena!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

II Meia Maratona da Independência - A por ellos...


Já é oficial, meus amigos!

Depois do negativo no controlo anti-doping que apenas registou um iogurte líquido e quatro bolachas de água e sal (nada de barras energéticas ou substâncias potenciadoras, tudo ao natural…), já se pode anunciar ao mundo o nome do vencedor da 2ª edição da Meia Maratona da Independência que decorreu entre Santo António das Areias e Valência de Alcântara: nada mais, nada menos que o próprio fundador… Pedro Sobreiro, ou seja, o Tio Sabi, o mesmo que será dizer.. Eu próprio!

Eina pá… mas foi duro!

Se bem se recordam, esta meia maratona foi inaugurada no ano passado com o intuito de comemorar a data da independência de Portugal, honrando o acto de bravura dos nossos conjurados (quem come muito queijo pode recordar essa iniciativa única clicando aqui) e neste ano, como não podia deixar de ser, cumpriu-se a tradição.

No que diz respeito a novidades, devemos desde já registar o enorme número de inscritos entre os quais contavam grandes nomes do atletismo internacional vindos dos quatro cantos do mundo que acabaram por desistir em bloco assim que se aperceberam da dificuldade do percurso e sobretudo da agreste adversidade das condições climatéricas. Fartei-me de rir junto à roulote dos etíopes, com eles todos lá dentro enroladinhos num edredão quentinho, a beberem chocolate quente e mesmo assim, a baterem o dente. Pobrezinhos… Eu, cá fora, enquanto arrancava tufos de pêlos do peito, armado em Tarzan, gritei-lhes: “Isto aqui é só para homens e os verdadeiros não são os que comem o mel mas antes os que trincam as abelhas! Para que conste!”.

Foi portanto, uma cavalgada heróica e solitária, sempre debaixo de uma “chuvinha molha parvos” que eu, por razões óbvias, prefiro chamar de cacimba. 2/3 do percurso foram debaixo de molho e só após passar o sítio histórico denominado Tabarin, agora Património da Unesco, o tempo levantou um pouquinho.

Meia maratona sempre são 21 quilómetros, cerca de duas horas a correr e é sempre com indisfarçável orgulho que se corta a meta mesmo que seja imaginária e deixe os velhinhos que estavam sentados no muro do Jardim de Valência a fumar, de boca aberta com os festejos.

Eu sei que não é normal ver um gajo a correr com estas intempéries (se vissem as carinhas de espanto dos automobilistas quando passavam…) mas se soubessem o prazer que dá vencer-nos a nós próprios e sentirmo-nos vivos e em forma… Ahhhh… Não tem preço! E o duche retemperador de águinha quente depois? E a roupa quentinha? E o almocinho a preceito? E a tarde no conforto do lar, a ver chover?

O diploma de vencedor deste ano já está na parede da sala de jantar. Amanhã começo os treinos para a edição do ano que vem!


N.A.: O gerente agradece à Nike Portugal e à Decathlon por terem vendido os equipamentos precisamente ao mesmo preço do público em geral. Bem hajam!