segunda-feira, 26 de junho de 2017

Assim, de repente... Luís a Presidente!


- Pai! Ajuda-me lá a abrir a caixa do correio!

- Ó Alice… até parece impossível, filha! Tu és tão desenrascada, e queres sempre ser tu a fazer tudo… Como é que não consegues, e me pedes uma coisa dessas?

(Já chateada) – Ó PAI!!! ESTA NÃO DÁ! Com a velhinha eu conseguia, mas esta… rodo, rodo e aquilo não dá nada!

- Ó Alice… é com jeitinho. Anda cá que eu ensino-te. Mas tu é que fazes. Para veres como é fácil… Vês?!?

- Olha tanta carta, pai! Da Meo, uma revista para ti dos impostos, publicidade das compras e este… OLHA! Este é o pai do Artur! O que é que ele quer?

- Quer ser presidente da nossa Câmara. O homem que manda mais, aqui no nosso concelho. É isso que ele quer.

Fiquei durante momentos a fitar a imagem do panfleto. Não em choque, que esse já o tinha tido, na tarde do dia antes, quando a Velhaca, Dona Estrela do Adro, me tinha atirado aquilo para as mãos, com um “olha, o teu amigo, lá da tua terra, deixou aqui isto para ti”.

Olhei e pensei: afinal é verdade. Sempre é ele que vai em primeiro.
A minha cabeça recuou de imediato à minha Beirã natal, àquela que hà-de sempre ser a minha terra, e a minha referência.
Quem andou comigo naquela escola primária, quem foi meu colega, certamente nunca pensou que isto seria possível. E só é possível porque a política é mesmo uma atividade muito ardilosa, onde a meritocracia (sistema no qual só aprovam os melhores, a nata da nata) não funciona.

É importante que escreva e fique bem claro desde já, que escrevo este texto porque… o tenho mesmo de escrever. Como o faço na minha capelinha virtual, e divulgarei na rede de todos nós, como é hábito, é natural que caia sobre mim, o coro dos mal formados, arrogantes, pessimistas, que se pensam juízes de tudo, e de todos, e que acham que estão credenciados para opinar, sobre quem nunca lhes deitou palha. Mas eu sei que esse é o preço a pagar, por sermos públicos, como eu sou; por comunicarmos de peito feito e aberto, como eu faço.

É bom que se diga que não tenho absolutamente nada contra o Luís. Somos amigos, q. b., e temos uma relação cordata, de pessoas da mesma terra, que nunca se deram mal. E era difícil dar-se mal com o Luís. Porque o Luís… passava. Como passou.

A minha escola, aquele reduto ínfimo, aquele casulo de personalidades, teve cromos do arco da velha. Já naquela altura, com quase todos entre os 6 e os 12. Havia malta com muitíssimo nível, que ainda hoje dá cartas na vida. Uns estão melhor, outros mais perto, uns foram enrolados pela vida e deixaram-se ir; outros definiram muito bem, por onde queriam ir, e singraram; outros foram atrás de um sonho, mas triunfaram só em metade (licenciatura sim, emprego na área, não), tiveram de regressar e voltar a dar as cartas, como eu, mas, de outra forma, conseguiram a felicidade que queriam.

E havia o Luís. Que seria a última aposta para presidente de câmara. Ele sabe-o.

Por exemplo, a coisa mais fácil para mim, seria ser o filho do João Sobreiro.
Cômodo.
Quem é aquele?
É o filho do Sobreiro.
Quem? O filho da Alzira.
Mas nunca fui. Fui sempre eu. O Pedro. O Pedrocas.

O Luís… há-de ser sempre, para nós todos, de lá, o filho da Dona Estrelinha do Supermercado/Café, ou do Sr. António, do carro de praça.

Falem com a malta da minha idade, da Beirã, e verão o que eles dizem.

Entrou para a Câmara com um cargo relacionado com a sua formação superior, e foi ficando. Como Yes man do Sr. Presidente, ocupou o meu lugar de vice quando saí, e agora, prepara-se para ascender a 1º. Ele sabe-o, que este 1º, é um presente envenenado. Sabe que ficará na frente da fotografia, mas que por trás dele, estará o que mexe os cordelinhos, para ele se mexer. E detrás desse, estará aquela que sim tudo domina. É o preço a pagar e desconfio que ele leva isso na boinha. Trabalhar nas obras, de sol a sol, deve ser bem pior.

Olho para a fotografia, e não consigo evitar que um sorriso me tome conta da cara. Não sei se triste, não sei se irónico, não sei se de pesar, não sei. Mas uma legenda fica sempre por debaixo da nuca: “agora já acredito em tudo!”

Não consigo evitar deixar de pensar no Brasil, no candidato Tiririca (pior do que está não fica!), e no macaco Tião (o candidato do povão). Não sei porquê, mas é.



Diz a nossa lei que um presidente não pode ficar mais de 3 mandatos. E ainda bem, digo eu. Porque se assim não fosse, a forma como o senhor Frutuoso tem conseguido surfar as opções de voto, neste meu concelho, fariam do homem um Fidel Castro, que só sairia quando fosse desta para melhor. Mas a sua forma de contornar a legislação é, para além de bastante óbvia, assaz primária: mete o segundo… para ser ele a mandar. Não é preciso ir tirar um curso a londres, ou Nova Iorque. Tá na cara.

A operação tem, para si, um risco mínimo; e sob a sua forma de pensar, sempre ganhadora e invencível, estará garantida. O Luís jamais será capaz de protagonizar um episódio de rutura com quem lá o meteu (na posição a seu lado) de mão beijada, como fez o Nuno Mocinha, com o Rondão de Almeida, em Elvas.
Dizendo ao seu eleitorado, que no fundo, é nele que votam… veremos no que vai dar.

As coisas vão estar muito divididas e, até para mim, que tenho a mania que percebo um bocadinho disto, estou às escuras. Será que o vereador que sempre se encostou, mas agora quis dar o seu grito do Ipiranga, falhado, terá força para conseguir reunir á sua volta, um apoio que lhe dê garantias para o futuro? Tem jogado ao seu nível, e falado numa candidatura independente, que não o é. Para ser sincero… nem sei muito bem sobre isso, porque não me interessa. Há coisas que…

Será que o PS resgatado do passado, encabeçado por uma vereadora de há 12 anos atrás, consegue apagar o erro de casting das últimas eleições (um flop tremendo nas urnas)? Será que os marvanenses aceitam e compreendem a sua ausência durante estes anos todos, e o ressurgimento apenas agora nesta altura?

Será que o movimento independente de cidadãos “Marvão para Todos”, no qual tenho a honra de pertencer (embora escreva sempre em nome próprio, por mim, e não por nós todos. É importante saber separar as águas), conseguirá ser a novidade e afirmar-se, não pelos meios, mas pelas pessoas, sempre as pessoas que o compõe?

Olho para esta imagem, sentado, e gosto de ficar a olhar para ela. Palavra! Penso sempre:
- Caraças… como isto da vida é. Que cena… Quem é que diria? Quem diria…
Vejo o tratamento de imagem em Photoshop, um primor, um arranjo, uma clareza que… quem conhece o real, sabe bem que é trabalhado.

Dei por mim diversas vezes a perguntar ao panfleto, onde não se está a rir, não está sério, está. Apenas está. Penso como se lhe estivesse a perguntar a ele:
- E esta Luís?!? Por esta não estavas tu à espera, ãh?

A fotografia ganha realidade e ele, dá uma gargalhada daquelas das dele, em que se ri tanto que mal consegue falar.
Escreveram-lhe um texto do panfleto assaz notável. Disseram muito sobre… nada.


- “conhecem-me pelo meu nome próprio”, é muito bom. A sério?

- Chama “os novos empresários” e bem. Ele também é um deles.

- “fundamental garantir condições para concretizar as iniciativas dos nosso jovens, para que continuem a trabalhar e a viver na sua terra”, é uma frase linda extraída de quase todos os manifestos do género. Sério? E como? Isso é que era lindo de se saber.

- “A economia social é, e continuará a ser, uma das alavancas do nosso desenvolvimento. Vamos reforçar o apoio social da autarquia, em conjunto com as instituições sociais, aumentando os apoios aos mais idosos e a quem mais necessita”. Tão óbvio, lindo e elementar, que é de ir às lágrimas.

- Depois... uma chamada de atenção ao turismo, à candidatura das fortalezas abaluartadas da raia, e ao património mundial. Fica sempre bem e… não se pode apontar que não foi dito.

- Continuidade do trabalho… certo!, inovar em caminhos que garantam o futuro… com certeza! Cultura, património e natureza… é que não podiam faltar!

- Gestão financeira rigorosa, à lupa!, e clareza dos processos… ehhhh… isso aí… E porque é que a Judite não se tira de cá? Bom… avancemos.

- Ouvir mais perto os marvanenses, tralari, tralaró e… tá feita: Luís a presidente!

Caraças! Se na Beirã inteira se tivesse perguntado, ao homem mais esperto e vivido (que talvez era o Senhor Cardoso, com aquela casa cheia de livros, onde nos ensinava a fumar e dizer asneiras), quem é que ele achava que viria a ser o miúdo da Beirã, que se viria a candidatar a presidente da Câmara de Marvão… ele nunca poderia dizer o Luís. Porque não o conhecia, e tampouco o convidava a entrar no seu espaço.

Eu fui, durante toda a minha infância, à missa. Pela mão da mãe, acompanhado das tias, ali me fui fazendo homem, a ouvir aqueles ensinamentos, sábios, mesmo que pensasse que aquilo não me dizia nada.
Nunca lá vi o Luís. Nunca ia.

Eu fui escuteiro do Agrupamento 659, que foi fundado com um pedido que fiz aos meus pais, quando assisti a uma missa do gênero, em Armação de Pêra. Os chefes eram: o meu pai, a minha mãe, a minha tia Cali, a minha madrinha Fatinha, e o chefe António, que era quem sabia mais daquilo (já tinha sido escuta nas minas da Panasqueira). Todos os miúdos da Beirã foram escuteiros. O Luís não foi. E também nunca o vi na missa. Agora vai sempre. Isso é das regras emblemáticas da cartilha do maior: vai sempre à missa, menino. As pessoas gostam muito. E do beijinho? Missa e beijinho… isso é que é!

Agora está nos bombeiros, mete-se em tudo… para onde é mandado. Em toda a vida antes disto da câmara, nunca se lhe foi conhecida uma única influência na vida comunitária. Trabalhava com os pais, no café, ou na vida agrícola destes, casa e ponto. Nem convívio, nem… nada! Agora… isto!

Pois eu tinha de escrever sobre este assunto. Já fiz o dever cívico. Sem rancores, sem pudores, limites ou outras merdas. Eu sou um cidadão consciente, de um estado de direito, com a minha folha criminal limpa, que paga os seus impostos, e se orgulha da liberdade que foi ganha com a opressão e a morte de muitos. Por eles, pela sua alma vai este meu texto.

Eu sou feliz a ser assim. Eu devo-me isso, a mim e a quem me gosta de ler. Basta que seja um, que já valeu a pena. Não fica só na minha cabeça. Sai. E fica cá fora. Mas eu tenho a alegria de saber que é muito mais que só um. Os contadores virtuais da página dão-me alento, e instigam-me.

Eu gostava muito era de entrevistar o Luís. Se ainda tivesse “O Altaneiro”, daria umas belas centrais. Mas tinha de ter cuidado com as fugas de informação para o vice, e a editora, que era a diretora da Anta, que o pagava.

Não tendo isso… irei muito de gostar de ouvir nos debates.

Espero muito sinceramente que o Luís não fique magoado ou zangado comigo. Porque afinal, como sempre, tudo o que eu digo são verdades. Que podem ser discutidas, debatidas, o que forem… Mas não podem ser negadas.

Desta vez, das autárquicas 2017, tem acontecido desde que tenho escrito sobre política, que alguma cabeças cá do burgo, algumas das quais até se tinham feito passar por minhas amigas (diz-me a minha Cristina que: quando estavas no hospital, ligavam para cá muitas vezes para saberem das tua situação), me passaram a ignorar. Ora isto dá-me uma graça interior tremenda. Se fossem amigas, e eu tivesse fito algo errado, esperava que viessem ter comigo, e me pedissem um esclarecimento, que poderia despistar más influências externas, e clarificar as coisas. Se houvesse um erro, teria de me desculpar, porque errar… humano est. Mas nem isso! Pura e simplesmente, passaram a passar ao lado.


Pois eu digo a esses cocós, que do menino Drocas, nem que se pintem de amarelo. Já lhes vi o cú. E quando vejo o rabo a uma pessoa… ui, ui. Já é muita difícil dar a volta. Eu amo todos os meus amigos como irmãos, que só não são de sangue, mas de resto têm tudo. O Sabi tem muitos amigos, graças a Deus e a ele. Os amigos sabem que têm tudo de mim. Tudo o que eu possa dar, é vosso. Agora esses impostores e essas impostoras, saberão que Pedro vem de tão duro como a rocha, como do cruel, que arrancou o coração a Inês.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Carrega no fisco! (que eles aguentam... que remédio!)


Um simpático que sigo, que já foi laureado como blogue do ano, esticou-se e, como é óbvio, mereceu o comentário.




É bem certo que pode não fazer de nada, mas serviu de descargo de consciência.


Fácil bater numa classe, meu caro. Sobretudo quando são vistos todos como quadradões, os maus da fita. Mas, se houve uma coisa, das muitas que aprendi, quando tirei o curso de Comunicação Social, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, da Universidade Técnica de Lisboa; reforçado pela Pós Graduação em Gestão Autárquica, pelo Instituto de Línguas de Santarém; foi que nunca se deve julgar o todo pela parte, porque se pode cair no ridículo, e ser vexado na Praça pública. De resto... Tudo bem e fica bem.

Ele... já passou dos 2.000 likes...

Recordando o show da Sinhá Marreca e seus mininus...



É SÒ CLICÁ... ABAIXU...

Quando o inferno nos assola, assombra e devasta


O fogo, é uma boca do inferno, voraz, infinita, medonha. Este incêndio que lavrou no coração de Portugal, que arrastou consigo vidas, tantas vidas, projetos, e sonhos, teve também um impacto fundo em mim. Não resisto à moda das redes sociais, e também eu não consigo não lamentar em público, o tanto que sofro pelo seu pesar.



Este homem da imagem, da minha idade, relatou às câmaras, com uma perturbante e inquietante calma, a perda da mulher, da sua companheira de vida, e das suas duas filhas, das suas extensões de si. Fiquei completamente de rastos. Não consigo imaginar dor maior. Tudo porque seguiu num outro carro...

Rezo por eles todos. Pelos que ficam, pelos que já regressaram à fonte...

Enquanto,

— a época de incêndios não se adapte aos calores extremos já vividos em Junho (há—de iniciar, mais tarde...);


— os sistemas anti incêndios, de muitos milhões de euros, continuem a não darem cabal resposta de defesa, imediata e instantânea, à 1° hora;

— os interesses económicos continuarem a orientar a reflorestação, e a gestão das áreas verdes (eucalipto e pinheiro a mais).

Aquela que ficou conhecida como estrada da morte, tinha todos os ingredientes para se transformar num cenário dantesco... Árvores gigantescas, sem corta—fogos entre elas; coladas à estrada...


— os bravos bombeiros, não sejam uma força remunerada, bem apetrechada, com todas as condições e regalias de vida que premeiem o seu risco permanente; (e atenção que com isto, não aponto nada de nada, ao seu notável comportamento. Apenas defendo que merecem tudo)


Vamos continuar a viver este clima terrível de guerra civil.



O que eu lamento... ver a forma de vidas como a minha, cheias de brilho de família, e sonhos no olhar, que sucumbiram perante a tragédia. Se não há tal coisa como mortes boas (nem quando é um alívio, isso acontece), esta é terrivelmente perturbante, só de a imaginar. Ser consumido pelas chamas, queimado vivo, num oceano de labaredas.

Tantos projetos, tantos planos, tantas visões e hipóteses... abruptamente estancados.

O ver—me ali, a mim, e às minhas, faz—me estremecer.

Como é fortuita esta ilusão da vida, destas férias que a morte nos dá. Como é rápida a passagem para a outra dimensão... nada mais sendo preciso que o acaso.

Como lamento já não ser capaz de chorar, de me conseguir emocionar às lágrimas, e assim poder restabelecer—me cá dentro.

Mas por eles, por todos eles, o meu coração chora e rezo, em silêncio, concentrado, pedindo paz entre o esplendor da luz perpétua, para os que já partiram, e coragem para os que ficaram.

O meu pensamento e sentimentos vão por vós...

quarta-feira, 14 de junho de 2017

44 x 365 dias de percurso nesta caminhada da vida (o post)



A caminho do Algarve, Armação de Pêra, em 1976, com 3 anos, apenas. Naquela que é, para mim, a foto favorita. Os longos cabelos encaracolados, as calças a meterem nojo de tanta rampolia e brincadeira, as mãos nos bolsos, o cinto, a cara suja de chocolate, o Ford Cortina do meu tio Lazarinho, que nos levava à praia, enquanto as malas seguiam por comboio.

Faz hoje que, 44 anos são passados desde aquele 8 de Junho de 1973. Tanto tempo... Tanto tempo que eu temi tantas vezes, que não chegasse a ser tanto. Sem infantário por aqui, com os pais a terem de trabalhar para ganharem o sustento, fui criado por 3 mulheres do lado paterno: a avô que sempre conheci viúva, a tia que enviuvou quando eu tinha 7, e a tia que nunca casou. O luto nunca resolvido, de um tio que morreu subitamente com 14 anos, enquanto corria numa escadaria da Beirã, ensombrou—me a existência. Sempre à espera do congênito (a minha outra tia, sua irmã, foi das primeiras operadas a coração aberto, em Portugal) ou duma falha momentânea, fui vivendo. Procurando fazer com que a alegria de viver, suplantasse os tantos temores, deste hipocondríaco temerário.

Recordo—me perfeitamente de, numa rua da minha aldeia, ter pensado que fazia 8. E já eram muitos.

A vida tem sido uma viagem fantástica e maravilhosa. Agradeço a Deus, que só conheci com convição, há bem pouco, o tanto que já me deu. Agradeço a mulher que me colocou como companheira (Fernanda Sobreiro); as filhas lindas, educadas, carinhosas, inteligentes (Leonor e Alice); agradeço à minha mãe Alzira e ao meu irmão Miguel, por me terem dado o ninho que me fez gente; agradeço à minha nova família que ganhei pela via do casamento (João Manuel Lança, Jacinta, Paula, Fernando, Maria Dias), agradeço a todos os meus familiares, amigos e amigas que são tantos, e eu lamento tê—los tão longe, e não poder desfrutar deles todos os dias. Um bem haja generalizado, a todos os meus amigos/amigas que me parabenizem neste dia por aqui, telemóvel, mail, ou pessoalmente.

Eu, Pedro, serei sempre o mesmo, e não sei se será defeito ou doença, mas vejo—me sempre assim ao espelho, como nesta foto, só que agora estou maior. E tenho barba. Não me vejo como homem grande, que trabalha num serviço sisudo, só para os mais velhos. É por isso que tenho lá atrás do balcão, escondido, um frasco de caramelos de fruta, para lhes dar, quando eles lá vão e se portam bem. Até lhes brilham os olhos. E a mim...

Mas acho que vai ser sempre assim. Até que Deus queira.

Nunca quero, nem nunca quis, prejudicar ninguém. Tenho a consciência incólume. Só me mexo, quando a felicidade dos outros se interpõe no caminho da minha. Só quando os outros querem o mesmo que eu, tenho de interceder. E ainda assim, aqui, há valores e princípios, que falam mais alto.

Desejo a todos os meus contemporâneos, felicidades e saúde. Considero—os a todos meus irmãos, ainda que nalguns casos, seja mesmo muito difícil aferir esta familiaridade.

Vivam... e deixem viver.


Paz.

Durante o dia...

Bom dia alegrias! (como dizem os manos Miguel Miranda, Isabel Miranda)


Embora eu não tenha sempre disposição para tal (as minhas ladies dizem que eu sou o Estrumpfe Rezingão... estafermas!), hoje é mesmo esse dia!



Agradeço aos muitos amigos e amigas, que já me estão a fazer este dia tão especial.


Todos nós queremos é ser amados. Certo? Ora o Facebook, é uma ferramenta incontornável das relações humanas dos nossos dias. E é tão bom ter—vos perto. 


Comecei o dia da melhor maneira: a ser amado e... a correr. :D Tudo bom!






Depois vieram os amigos, a família, a confraternização e.... as prendas. Todas muito importantes e significativas para mim, embora não fossem necessárias. Só o fato de poder estar a desfrutar da presença deles e delas, fazia tudo valer a pena. Tantos que não estão, tantos que já faltarão para sempre... até que eu dure. Apenas esperam por nós.

Das prendas recebidas, tenho de destacar duas. Da Leonor... à qual respondi, em sede própria:

A alegria... de ter feito um bom trabalho contigo. Acho que muito bom, mesmo.

Tenho muito orgulho em ti, filha.

A pena é a de me ter feito homem, numa noite, de repente, sem querer, há já 6 anos atrás, quando tinha 38. Desde então, já não consigo chorar. Dizem que os homens não choram. Deve ser por aí.

Fazia-me bem chorar, ao recordar tantos momentos lindos que passámos juntos. Lembro-me tão bem de ti assim... sempre, que parece que foi ontem.

A cena que nós temos é especial, boneca. Quando te digo que os livros que andas a ler, fui eu que os escrevi? Tu és eu, em mulher. Apanho-tos no ar.

Amo-te muito. Para sempre.

Dava tudo por ti, para a tua felicidade, sem pestanejar.

Quando te ralho, é porque não estás no ponto certo e tenho de me confessar perfecionista. Não que queira a perfeição, que é inatingível, mas quero-te o melhor possível. Quero sempre é melhorar-te. Eu fui educado assim.

Tu dás-me descanso. Obrigado. Olho para ti, bonita, inteligente, justa, com sentido crítico, humana, expressiva, simpática, amiga de todos, popular... e penso que só por ti, valeu a pena cá ter vindo.

Um beijo do tamanho do infinito, do teu Pai


E da Alice,

Se a prenda da Leonor foi um vídeo, que ela fez, enternecedor ao ponto de me deixar sem palavras (com a banda sonora de uma das minhas bandas de eleição), a prenda da Alice foi também muito especial...

s

Andou durante muitas horas, e dias antes, a preparar—me uma caça ao tesouro, que só ela compreendia, e saberia decifrar.

Pedaços de papel com inscrições suas, enfiadas nas gavetas e nos sofás, a dar indicações para encontrar a seguinte...

— Mas quando é que eu posso descobrir isso, filha! Estou em pulgas, que diacho! (Logo de manhã, ao acordar)

— Logo...

Mais tarde, quando vieram os convidados...

— E então?

—Mais tarde... tens de saber esperar...

Até que se fez a festa, o bolo, os anos, e quando tudo abalou...

— E a minha caça?

Era esta das imagens.

Tinha de subir muitas escadas.

Os Sobreiros vistos pela Alice. 
Os pequenos, da esquerda, muito maiores que os grandes. 
Enfim, como eu quero.
Um perú, e uma... coisa rara, inacabada. Ambos a piscarem o olho. Imagino eu, que para me parabenizarem. Influências de Paula Rêgo?

 Qual é coisa qual é ela, onde à (sem h... à atenção da Sr. Professora Vina ;) ) muitos brinquedos?

1 peixe e uma vaca

Papi Pedrito (adoro!): o livro.

Tudo a rodopiar em cornucópia, até chegar ao cerne, ao busílis da questão. Aquilo que ela sabe que eu gosto mais: AMOR – CARINHO


Adorote pequena.

domingo, 11 de junho de 2017

A abertura da (nossa) praínha (época balnear 2017)

A alegria tem esta(s) cara(s).
Desejo tudo bom p
ara vós também. 
Gata! ;)



Com meu irmão João. 

Com a rainha da praia...
Nossa professorinha Fernandinha Gasalho

Abrimus o novo anu, na praia do Marvão.
Não tem areia, não.
Não tem gatas em toppess, não.
Mas tem muitos amigus, no calçadão.

Lá a gentxi podi nadá,
Podji dá na malhação,
Gentxi requebra, relaxa,
E curtxi até mais não!

Já txinhamus saudadis,
Dessi lugar tão speciau,
Levamus un anu intêro,
Prá fazê na simana, essi intervau.

Abri a época com Seu Nani,
Sua dona Isposa Fernanda, e Seu Caríssimo,
Agracemus a nova oportunidade do ano,
Ao altíssimo. (Por essi novo anu).

Mais nessi lugá eu lembro sempri,
Dos irmãos do Marvão Brasileirão (Piauí— Robson Lima, Júnior Do Zezé),
Não sei si pela tanta água,
Si porqui nus ficaram nu curação.

Pra elis e para todus os amntxis,
Da água e do calô,
Eu deseju um bom Verão 2017,

Com muita água, cerveja e amô.

Tudo bons rapazes.
Os parodiantes de Lisboa, versão Marvão.

Com Seu Nuno Costa, a gentxi podji descansá.
Seu Nani empurra, ele salva. 
;)

Paraíso na terra, não é filha?
Quero que guardes essa memória de mim.
Se morássemos junto à praia... fim de semana = descanso após semana de trabalho = mergulhos
Como não moramos... é aqui! :)  

Não há dinheiro que pague, pois não?
Isso!

segunda-feira, 5 de junho de 2017

A amizade (quando o passado passa por nós…)



Quando o passado passa por nós... e nós nem sequer temos ação para dizer… olá! Estás bom?

Vi-o ao longe. Mas de certeza que era ele. Aquele andar, aquele corte de cabelo, aquelas patilhas, aquele jeito… era ele.
Ia com uma mulher, ao lado. Sem mãos dadas, sem uma mão ao ombro, apenas lado a lado. Como era de esperar dele. Desapegado.
Disseram-me que tinha uma namorada. Deveria ser aquela mas… posso estar a errar, pela distância, mas parecia-me muito mais velha. Bem sei que nós estamos a ficar velhos, que eu estou careca (quem me haveria de dizer…), mas ali pareceu-me que houve uma derrapagem no escalão etário.
Passou ao longe, do outro lado das caixas, e eu fiz para que o episódio nem sequer ficasse.

Quis ficar a pensar, “devo ter sido eu que reparei mal”…

Estava eu nisto quando passou mesmo a meu lado, a escassos metros de mim. E sim, era ele. E eu nem sequer fui capaz de o chamar pelo nome, e lhe dar um abraço.

Acho que ali, naqueles vagos instantes, naquele momento preciso, o penalizei pelo seu afastamento de mim, no processo tão duro que atravessei, de vida ou morte. Se éramos assim tão amigos, como eu toda a vida pensei que éramos, porque tão longe, tão ausente, e tão afastado de mim, quando eu precisei também dele?

Posso estar a falhar. Posso estar a pensar mal. Na minha convalescença, tive muitos períodos em que estive mais do lado de lá, que do lado de cá; tive muitos momentos em que a minha leitura da realidade, que a minha noção de tempo e espaço, estavam muito longe do mundo dos outros. Mas os que me são mais próximos, e os amigos mesmo amigos que me fizeram, por exemplo, um roteiro desses dias negros, um manual/compêndio repositório da minha recuperação, dos que se preocuparam comigo e perguntaram por mim (o agradecimento será para sempre, João Bugalhão), nunca me referirem tal amigo, tal preocupação.

Nestes 6 anos nunca houve a ralação de fazer um telefonema, uma visita como amigos comuns de Lisboa me fizeram propositadamente, nada!

Apenas uma vez em que eu estava mesmo a aprender a viver, tive saudades, pedi o número ao pai e lhe liguei. Mas recordo-me de uma receção tão displicente que… não fiquei com vontade de repetir.

Sei que vem propositadamente a funerais de pais de amigos, que eu também perdi na espuma dos dias. Eram, foram, mas desapareceram. Agora não fazemos mais falta uns aos outros.

Admito que possa estar a falhar. Sei-o longe, sei-o a viver em Lisboa, e que esteve fora do país. Sei que quando estamos longe da vista, estamos inexoravelmente longe do coração, por mais que queiramos estar perto, mas nestes 6 anos (já lá vão, 6 desde esse dia em que a minha vida mudou), nunca houve um telefonema, um mail, e tenho-o sabido por cá. Por vezes está por cá.

Amigos comuns aos dois contam-me quando vem cá, para ver os pais, e se foi embora na manhã, ou na tarde do dia seguinte. Por aqui se vê.

Eu tenho a minha forma de pensar. Tenho os meus princípios, os meus valores, a minha ideia muito bem definida. Quando vimos ao mundo, temos uma dádiva de gratidão para com os pais, que foi quem nos meteu nele. A forma de a pagarmos é: dando-lhes netos. Dando-lhe provas vivas da sua continuidade, criaturas suas, que eles podem amar sem terem de as educar, que essa escola já nos a deram a nós. Também acho que não devem esticar a corda, deixar os netos avantajar-se tanto, ao ponto de não deixarem os pais ralhar na sua casa, porque é a casa da avó (e sim, mãe, estou a falar de ti), mas se houver bom senso e tolerância, tudo é amor e concordia. Se não houver qualquer limitação biológica que o impeça, para mim, é obrigação dos filhos darem netos aos avós, e não serem egoístas ao ponto de só pensarem na sua forma de melhor viverem sem crias, como parece que é moda hoje em dia, sobretudo nas grandes cidades.

E quando os vejo passar, aos dois, velhinhos, sozinhos, tão sorridentes para mim, como eu os conheci só que com muitos mais anos, devagarinho, lado a lado, unidos, desfrutando da presença um do outro, no seu carrinho pequenino novo, branco, que substituiu o amoroso velhinho, caminho da propriedade no campo… aceno-lhe, sorrio-lhe, e só me apetece é ir abraça-los e beijá-los, porque são da minha terra, são dos poucos resistentes com vida da minha aldeia, que cada vez mais, há-de ficar perdida no tempo, como a terra do nunca.

Eu vi-o passar por mim nas compras, e não consegui ter força para lhe conseguir chamar a atenção.

Estava eu a remoer nisto, junto à caixa, quando voltei a olhar a lista de compras, para me certificar que não me tinha esquecido de comprar nada. Desde pequeno sempre fui assim, despistado. A alface!!!!

Mas já estava na caixa mesmo à espera da minha vez, e como me recuso a ser eu a passar na maquineta, com isto, a trabalhar para o Belmiro (se quer empregados, que lhes pague e lhes dê condições! Vá prá puta que o pariu), fui-me a ver dos legumes. Alface, alface… não havia. Só uma mixuruca frisada que não tinha jeito de nada, e de certeza que me ia dar direito a muitas perguntas em casa, mas que se lixe! Enquanto corria de volta à caixa senti que passei a escassos metros em frente dele, do vulto dele. Teve de me ver. Quase chocámos. Não houve uma interjeição, um chamar do meu nome, um avanço. Nada.

Enquanto pagava, sorri. Não sei quantos anos mais vou estar aqui, neste mundo. Na realidade, esse é um dos grandes mistérios, é o que toda a gente tem como mais certo, mas ninguém sabe precisar. E ainda bem. Mas o que eu quero, é que só quero comigo, junto a mim, quem realmente me quer. Sem favores, sem obrigações, sem opressões, sem peso. A vida é curta demais para perdermos com coisas e pessoas, que não merecem.

Se foi meu amigo? Foi. Nunca foi grande conversador, grande apoio, grande muleta, grande companheiro, mas estava lá. Acho que era apenas isso. Estava lá.

Se agora o é? É um conhecido, afastado, distante, longe.

Se me dói fazer este texto? Dói.

Se tenho necessidade? Sim.

Eu tenho de escrever, tenho de falar, tenho de deixar sair. Para que me ajude a pensar, para tentar compreender. Eu penso assim, melhor, enquanto escrevo. E o passado que tivemos juntos dá-me direito a isso.

Continuo a aprender, porque na vida se aprende sempre até ao último dia, que a amizade é muito mais escassa e rara, por isso, cada vez mais valiosa. O filtro da política tem-me ajudado a peneirarar os meus conhecimentos a nível de relacionamento, e a perceber que muitos que pensava amigos (tonto!), são apenas interesseiros, materialistas, gente sem escrúpulos, que para se meter um pouco melhor a si, por interesse, por usura, por vaidade, atropelam tudo e todos. Com a desculpa de fazer o bem ao concelho... 
Tá bem... abelha. Conta-me histórias...
Para esses serei sim, cruel como o meu antecessor Pedro, que mandou arrancar o coração a Inês. Não mais me verão o branco dos dentes. 

Quem me conhece bem, sabe como sou. Muito extrovertido, muito popular, mas muito consciencioso naquilo a que diz respeito às amizades. Os meus amigos, para mim, valem tudo, são família, e não há nada que não faça por eles. É claro que há gradações. Há os de infância, os da brincadeira, os da escola, os da festa, os profissionais, e os do peito, que são irmãos que nós escolhemos.

Dedico este texto, coisa rara em mim, aqui, a todas as almas que tive o prazer de conhecer, e com quem mantenho laços de amizade. É bom saber que vocês estão aí. Pessoas que se alegram com a minha alegria, e chorarão com saudade, quando eu desaparecer. Se for antes… ahah!

Carpe diem.

Grande abraço


Com amor, do: dROCAS Sabi