terça-feira, 31 de agosto de 2010

A encomenda

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Alô pequenada! O vosso tio favorito está de volta! Estavam com saudadinhas, não? É natural, mas o vosso amigo Sabi tinha mesmo de ir esticar as pernocas com a famelga antes de voltar à labuta diária. Sabem como é… o nosso Cavaco manda e a malta cumpre! Tudo para fora, cá dentro! Foram só 4 diazinhos mas garanto-vos que deu para fazer o gosto ao dedo. Olaré!

Prometo que dentro em breve darei notícias dessa jornada, quanto mais não seja, para ver se entusiasmo a restante rapaziada a fazer o mesmo. Deixem-se de merdas! Olhem que vale mesmo a pena.

Agora vejam bem a cena… um homem regressa ao serviço depois de um mês inteirinho a tomar conta dos rebentos em casa (cortesia da licença de paternidade do nosso Sócrates. Bem hajas, ó Pinto de Sousa!). Regressa acabrunhado e cabisbaixo, claro está, saudoso e choramingando pelas tardes de ócio, pelas longas sestas, pelos mimos, pelos mergulhos e pela companhia das herdeiras. Parece que nada no mundo o há-de consolar mas eis que chega uma encomenda de proporções inusitadas.

Que será e de quem será?


Pois eis que senão era o último trabalhinho dos nossos Poppers, o tal que foi concebido em Marvão, gerado no seguimento de um convite para uma estadia criativa numa Casa do Parque Natural, uma proposta formulada ainda num clima de pasión criado pelo já saudoso e ido Rockfest, que Deus o tenha em eterno descanso.


Para já, a edição é magnífica e de coleccionador, em duplo registo vinil / cd. Depois, o design é ultra-cool, o texto do Rui Miguel Abreu do inlay é um hino à banda e ao rock´n´roll, e como se não bastasse… o som é puro e poderoso. Uma maravilha! Ainda está em rotação mas já conquistou.

Percorriam meus olhos deleitados esta pérola inesperada quando dou de caras com isto:

“O álbum não teria sido possível sem a ousadia de: … (entre outros) Pedro Sobreiro (C. M. Marvão).


Eu sei que para muita gente isto não quer dizer absolutamente nada.
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Eu sei que para muita puta invejosa que por aí se arrasta, este é apenas mais um galhardete para o meu ego. Eu sei…

Pode não dizer nada para eles.

Para mim, diz muito.

Um abraço ao Raí, ao Bonés, ao Pardal e restante rapaziada. “It’s better to burn out than to fade away…”.

domingo, 22 de agosto de 2010

Especialidade da temporada: Frango à Espanhola



Bem, é caso para dizer que à quarta foi de vez e assim sendo, à quarta canta o galo, ou o frango, se preferirem.

Eu já me tinha apercebido há muito que o estado de graça da época passada tinha acabado. Tive a certeza quando perdemos a taça do Eusébio de forma displicente para os ingleses e fiquei sem qualquer tipo de dúvida quando caímos de joelhos na Supertaça aos pés de um Porto dominador, rejuvenescido e implacável.

Não estava era preparado para os dois capítulos sangrentos que se seguiriam: as derrotas com a Académica em casa e ontem frente ao Nacional.

Perante este arranque catastrófico de temporada do campeão em título, o mais negro de há não sei quantos anos (muitos!), urge encontrar as causas para tão doloroso desaire.

Cada um terá certamente a sua versão e eu, como sócio e sofredor, também tenho a minha.

1) Concordo com a maioria. É óbvio demais para haver divergência aqui. Também eu acho que o grande responsável por toda esta hecatombe tem nome de cantor pimba e nos custou uma fortuna absurda. Este Roberto é mau demais para ser verdade. Arrepia só de pensar. Mas onde é que os homens tinham a cabeça quando encomendaram esta ave rara?!?!? Parece um pesadelo… Deus meu…

O gajo realmente dá pontos, só que é aos outros! Ontem então esteve brilhante e qualquer um dos golos não teria acontecido se entre os postes estivesse um Helton, um Bracalli, um Eduardo, ou até mesmo um Moreira ou um Júlio César. Jesus enterrou-nos ao insistir nesta contratação mas pior que o dinheiro despendido em vão e a vergonha associada, é a teimosia em mantê-lo a titular. O Porto já vai com 6 pontos de vantagem à segunda jornada. Ele que não pense bem na vida…

Dizer que não teve culpa no primeiro golo… Mas o homem estará senil?!?!? Perdeu a cabeça, certamente. Se o gajo falha o cruzamento… sai atrasado… não intercepta um lance que era todo seu… Ai eu…

E o segundo golo? Parece uma cena dos apanhados ou dos malucos dos risos. Um bola infantil, em arco, a pingar e o palerma aquele falha o corte, deixa bater na barra e ressaltar para quem nem queria acreditar numa esmola tão grande.

O Roberto deixa a defesa intranquila, a equipa ansiosa e a mim, à beira de um ataque de nervos.

Mas eu vou ter calma…

Só digo mais uma coisa acerca disto…

“Ó ROBERTO VAI PRÁ PUTA QUE TE PARIU!!!”. Pronto. Já está. Eu sei que não resolve nada mas fiquei melhor.
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8 milhões e meio por isto?!?!? Alguém vai poder trocar de carro em breve…

2) Também acho que as saídas de Di Maria e Ramires foram inevitáveis mas deixaram brechas que estão ainda por colmatar. As aquisições de Jara e Gaitán foram acertadas. São jogadores de qualidade e já o demonstraram mas o futebol do Benfica levou tiros nas alas e nunca mais foi o mesmo depois destas duas perdas irreparáveis para o plantel. Parte da nossa desgraça também vai por aqui. Há que encontrar soluções. Com urgência, de preferência.

3) Outra razão para isto é que o plantel do Benfica tem jogadores descontentes. O anormal do Cardozo, por exemplo, anda ali com cara de quem recupera de uma lobotomia, arrastando-se pelo campo a passo de caracol, porquê? Porque meteu naquela cabecita que lá por ter sido o melhor marcador da época passada e por ter ido ao mundial, que tinha lugar num grande qualquer da Europa. Disse-o textualmente em entrevista e chegou a ameaçar através do empresário que o faria. Não o tendo conseguido, anda por ali, lambendo as feridas, como se a fazer um favor. No primeiro golo de ontem, se não tivesse ficado “especado” a olhar e tivesse acompanhado o adversário, poderia ter interceptado a bola ou, pelo menos, atrapalhado o lance. A isso ele está habituado. Atrapalhar é um dos seus fortes.

Quem fala do Cardozo poderia falar também de um David Luíz que anda de cabeça perdida, sempre a jogar nos limites da agressão explícita (poderia ter sido justificadamente expulso em qualquer um dos dois jogos da Liga). Um homem ouve falar no Real Madrid, no Chelsea, no Manchester… e quem é que o aguenta ali sossegadinho na Luz? Não é fácil…

Se eles ao menos metessem os olhos no Coentrão…

O resto está lá (Saviola, Aimar, Martins…) e funciona. Não está a carburar como deve mas com o tempo vai lá. Resta saber é se esse tempo chega a tempo.

Também era capaz de ajudar se alguém explicasse ao Jesus que mais valia que deixasse de ter aquele ar de quem é acordado num domingo às 7h da manhã por um casal de velhinhas jeovás distribuindo a “Sentinela”. Custa-me a acreditar na esperança que vaticina com aquele ar de quem faz um frete.

Vivemos um ano glorioso. Duro mas inesquecível. Bastaram duas semanas para voltarmos à estaca zero. Estamos agora de novo imbuídos do Síndroma “Artur Jorge/ Fernando Santos”. Medo!

Custa tanto andar para trás…

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Uma aventura… num país fodido!

Bem... a nova aventura da ministra está um espectáculo!
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Estive agora a ver a senhora ministra da educação dizendo na tv que sim, que em Setembro, 701 escolas com menos de 21 alunos não vão sequer abrir as portas.

O que ela não disse foi que essas escolas situam-se, quase todas elas, no interior do país.

A ministra, a senhora ministra, disse que as escolas fecham porque não apresentam as condições que o ministério entende como essenciais para a educação que o governo socialista preconiza. Não devem ensinar a dizer “porreiro, pá!”, nem a tirar cursos de engenheiro ao domingo, mas isto, atenção!, são coisas que eu digo, não foi a senhora que disse.

A ministra disse isto tudo mas eu não sei se ela e os colegas que se sentaram hoje ao seu lado no conselho de ministros (o prazer que me dá escrever tudo isto em minúsculas!), pensaram no verdadeiro motivo porque as escolas devem ser encerradas. Será que eles pensam no que está por trás desta medida que não é uma causa, mas antes um consequência?

Eu não sou o Professor Marcelo mas posso tentar: isto acontece porque a gestão territorial do nosso pequeno e maravilhoso país tem sido uma das maiores desgraças desta coisa a que chamamos Portugal. Se vivêssemos na Rússia, ou na China, num país imenso com uma geografia agreste, ainda se compreendia que tivéssemos de lidar com áreas mortas. Agora… um país tão maneirinho como o nosso… tão fácil de gerir, tão harmoniosamente diverso, não seria um jardim digno de ser cuidado em condições?

Mas não! O interior, seja ele no sul, centro ou norte, está literalmente deserto e assim, fodido. É deserto! Só não é como o deserto da Sara porque não há calor suficiente para isso, porque senão chegávamos lá. Em Portugal só contam o litoral e as grandes cidades, cada vez mais violentas e complicadas.

Quando quero perceber o macro penso sempre no micro. Imagino assim que o pais é a minha casa. No sótão tenho o norte, no andar do meio tenho o centro e nós passamos a maior parte do tempo no sul porque o clima é mais ameno (e tem a sala e a cozinha). Imagino que na minha casa vive gente à medida do espaço e que daria para, caso houvesse uma gestão condigna, todos vivermos em harmonia, cada um em sua divisão de cada piso. Se me der muito para sonhar e se tiver bebido umas cervejas antes, consigo divagar e imaginar que nas diversas áreas da minha casa há campos férteis cultivados, uma agricultura pujante, pecuária, pomares e uma indústria pesqueira em alta rotação e velocidade cruzeiro mas se penso nisto tudo o mais provável é que já esteja com um copo e acorde no sofá a ressonar de boca aberta com a minha filha a tentar-me acordar com beijinhos no ombro. Querida…

Dizia eu que a casa estava impecável.! Tudo florido, bem cuidado, enfim… num brinco! Agora imagino e vocês imaginarão comigo, que eu deixo de mexer os cordelinhos para que a gestão seja global e a malta saía toda dos pisos e começava a vir fazer “sala” para a sala. O mais certo era termos merda! Divisões vazias num lado. Gente a mais no outro. Depois… quem é que se sentava no sofá? E no puff? Quem é que tinha na mão o comando da televisão? Quem é que podia ler o jornal descansado? Em menos de nada tínhamos arraia e o mais certo era andarmos todos à castanha.

Assim está o nosso país. Descaracterizado. A tombar para o mar e para sul. Eu já vi uma terra morrer. Já me vou preparando para ver outra e a seguir… o concelho.

A nossa sorte (ou não!) é que já nem os nossos vizinhos nos querem. Se pensassem invadir esta “coisa” (e eu penso nisso muitas vezes), podiam entrar com o exército em peso aqui por Valência que ninguém os mandava parar até chegarem à portagem mais distante. Isto se a portagem não fosse das modernas de pagamento automático! Se fosse uma dessas… bem podiam mandar a máquina “joder” e só acabavam quando estivessem em Belém.

Eu gosto de ler livros de história de Portugal. Eu os colecciono porque a história lá até é bonita.

Daqui para a frente…

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Quando és estranho (entre estranhos, numa terra estranha)


Assisto, estarrecido e deliciado, ao novíssimo documentário sobre os Doors que me chegou às mãos numa hora bendita por obra e graça do maravilhoso mundo tecnológico em que temos a sorte de viver. Tinha visto o trailer há tempos na televisão e lembro-me de ter ficado histérico. Estreado nas salas há apenas 5 meses, já seleccionado para Berlim e para o cotadíssimo Sundance (escrevam isto: tudo o que é premiado em Sundance é muuuito bom) deixou-me em ponto de rebuçado, derretidinho no meu sofá. Aahhhhhhhhhhh… Bom djimáis…

Vou fazer-vos uma confissão: eu tenho um desgosto enorme que os Doors sejam uma banda mainstream, da qual tanta gente gosta. Quando se fala nos Doors toda a malta diz que: “yá, man… bué de fixe… curto milhões” e nisto começam a fazer a linha rítmica do “Roadhouse Blues”, provavelmente, a música que melhor conhecem deles... Ta tana tana tananana na, tana tana tananana na… Ah, Deus meu, como eu odeio quando isto me acontece.

E digo isto porque os Doors são, também muito provavelmente, a minha banda favorita. Tenho tudo! Toda a discografia em vinil, toda a discografia em cd, todos os livros, os concertos, os documentários, os filmes, box sets especialíssimas só com raridades… TUDO! Ouvi-os de fio a pavio centenas de vezes. Acho que era capaz de cantar de memória os alinhamentos de todos os discos, reproduzir com a boca os solos de viola, bateria, tudo. Os Doors foram gigantescos, os Doors deixam-me em transe. Nenhuma outra banda no mundo, nem Beatles, nem Stones foram capazes de criar um universo tão único e peculiar. Os Doors são rock’n’roll mas também são blues e jazz e música de carrossel.

E se os Doors foram os maiores de sempre, o Jim foi O (com o maiúsculo) verdadeiro artista rock’n’roll. Único e irrepetível. Poeta, performer, visionário, músico, agitador-mor, xamã, foi um ícone sem igual algures perdido entre o céu e o inferno. Eu não resisto ao homem. Fico de joelhos de cada vez que lhe ponho a vista em cima. Mas há alguém na merda da história da música com tanta pinta como ele? NUNCA! Há-de estar para nascer e vai morrer na cesariana. Alguém usa um colar de contas, um cabelo à herói de tragédia grega, um cinto de conchas, umas calças de cabedal grenás (ainda por cima), umas botas à chulo como ele? NINGUÉM!

Bom, dito isto, estão a ver a catarse que a película esta provocou no escriba. Muito bem feito. Traça a história da banda, espelha o perfil dos intervenientes, estabelece ligação com a conjuntura histórica do período em que emergiu conseguindo assim um enquadramento sociológico de grande nível, enfim… Vale mesmo a pena. Foi feito por um fã e isso diz tudo. Só as imagens inéditas de arquivo pela primeira vez reveladas arrebatam qualquer um.

Questões avulsas:
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P: Se eu acho que o Jim está vivo?
R: Não. Mas deve de estar algures a beber um bourbon com o Elvis, a Janis, o Jimmy, o Kurt, o Dean e essa rapaziada toda bravia. Granda Jam Session!

P: Qual é o meu disco favorito?
R: Certamente o L. A. Woman, o derradeiro, aquele em que voltaram de mergulho às raízes.

P: Se é verdade que se ouvir os discos todos de penálti posso ter reacções secundárias como sair a dançar todo nú pelo quintal fora uivando à lua?
R: É!

Jim disse um dia que não há nada tão eterno como a música e a poesia. Concordo em absoluto. É por isso mesmo que daqui a trilhões de anos há-de existir algures no universo, um adolescente mutante com um poster do Rei lagarto colado na parede da sua nave espacial, que passa as tardes a dançar como um louco ao som do “Break on trough”.
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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Delírio tablóide (na edição de hoje do CM!)

Ai vocês, estimados leitores, são demáis! Então mas ainda perguntam porque é que quando entro numa tabacaria para comprar o jornal, percorro a vasta gama com o olhar e escolho o… claro está! inevitável Correio da Manhã?!?!?

Mas isso é óbvio, por Deus!

Cliquem que cresce
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É uma peça antológica. E reparem bem no requinte do grafismo e na forma como o paginador aproveitou a notícia de cima, de uma recriação histórica com um burro, para ilustrar a notícia em questão. Genial!
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Já agora, pensando acerca do conteúdo... o condutor ia grosso, é certo. Mas se levava o burro pela mão e se conseguiu provar que o jumento ia sóbrio, haverá, ainda assim, infracção ao código?


Outra pérola digna de um episódio da Twilight Zone.
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Tudo isto por um euro e dez cêntimos?
Está barato! Mas que é que disse que não se pode ser feliz com pouco?

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Laissez faire, laissez passer (que é como quem diz: "anda p'a frente e que se amole"!



"Yo bacanos! Tásse? Já mitraram a cena qu’a menistra dos setôres, aquela que escreve estórinhas pós queques, a que é parecida com a águia Vitória do Benfica… tão a ver? Sabem o que é que a gaja quer aplicar aí à chavalada? Quer ACABAR COM OS CHUMBOS! Man… Dasss! Show di bola! Não é uma invenção mêmo bué da tótil e do baril?!?!? Phónix! Não ma lixem! Demáis! Eu digo cá uma cena mesmo qu’eu próprio estive a mitrar, man: S’ eu votasse… punha a tia aquela a mandar nesta merda toda! Pensem cá com mangas: se não há chumbos, os nossos velhos não chateiam a gente com notas e outras cegadas e assim um gajo fica c’o dia todinho pa reinar… jogar playstation, sacar as pitinhas lá do liceu pa curtir atrás dos blocos e preocupar-se só com cenas que valem memo a pena como roupas, telemóveis, gajas, copos e outras cenas d’arraia. Esta super-setôra é a maior! Cá pra mim: A GAJA CHEGAVA A PAPA"!
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Pois é, meus amigos. Nestes tempos difíceis em que deveríamos todos primar pelo rigor e pela excelência, nada mais nos resta que assistir, incrédulos, aos planos cada vez mais mirabolantes dos nossos governantes. A palavra de ordem é só uma: facilitar.

No meu tempo, que não foi assim há tanto, nós tínhamos respeito aos professores, tínhamos mais medo de ir ao Conselho Directivo do que ir ao Posto da GNR e uma negativa era coisa a evitar a todo o custo, quanto mais um chumbo no final do ano.

Vejam bem a volta que a coisa levou... Salvo raras excepções, repito, salvo raras excepções…

Bastou década e meia para os professores perderem grande parte do estatuto que conquistaram a tanto custo. Hoje são mal pagos, estão reféns de concursos e horários diminutos que tantas vezes os obrigam a deixar para trás casa e família, enfim.. já não têm a autoridade, nem a posição de antigamente. Em vez de uma bofetada bem dada passaram a ter de saltar pela janela para não levarem com o apagador.

O ensino não se democratizou. Antes se banalizou. Hoje em dia só não tira um curso superior quem não quer. As escolhas e as opções estão ao alcance de todo e qualquer um, mesmo daqueles que têm uma média tão magra que não dá para a positiva. O resultado: uma legião de encanudados que mal sabem soletrar o nome. Desde que tenha o Dr. antes… siga!

A machadada final, digo eu, foi dada pelas Novas Oportunidades que permitiram equivalências ao desbarato e deram, literalmente, em meses e de mão beijada, aquilo que muitos antes conquistaram com esforço e sacrifício. Se foi um sistema justo em 5% dos casos, (digamos assim, vá!), que dizer dos restantes 95%? Eu até um curso de futebolista com equivalência ao 12º vi, quanto mais… Contem-me histórias.

E assim chegamos a este extraordinário ponto em que a ministra, certamente assessorada pelos consultores de topo e por estudos brilhantes que estão para lá do nosso entendimento, decide encartar a malta até ao ensino superior. Sempre a abrir!

Este país vale a pena! Ai vale, vale!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Sons de Verão


E porque é Verão, porque estamos em plena Silly Season, porque o calor aperta e só apetece estar de molho, porque é preferível estar numa esplanada a desfrutar de umas fresquinhas em vez de estar agarrado ao computador, por tudo isto e muito mais, deixo umas sugestões musicais para o lazer dos estimados clientes:

O “Infinite Arms” dos Band of horses, sério candidato a disco do ano. Belíssimo, imenso, misterioso como o céu estrelado numa noite de Verão. E eu digo, nos tempos que correm, achava impossível ver nascer um disco assim. É de arrepiar. Perdê-lo? Um crime!



The drums - “The drums” - Pop pastilha elástica com receita dos anos 80. Mas quem é que disse que a música não podia ser só assim, leve e despreocupada? Está encontrada a banda sonora ideal para um gelado na falésia à beira-mar.



Para terminar... o novo disco do Slash que é uma locomotiva rock’n’roll. Sim, eu sei. Eu pensei o mesmo. Eh, um disquinho de colaboração só para não dizer que está parado. Surpresa! Ah, pois é! Um clássico instantâneo, uma obra-prima que vai marcar o seu lugar na colheita 2010, repleta de grandes malhas e hits a estalar. E depois, quem é que se pode dar ao luxo de ter consigo uma parada de lendas vivas? Tomem nota: Ian Astbury, Ozzy Osbourne, Iggy Pop, o mítico Lemmy Kilmister dos Motorhead, Kid Rock, Chris Cornell, mas também grandes vozes de outra linha como Adam Levine e Fergie (brilhante em “Beautiful Dangerous”). Comigo é assim: se ouço mais de 10 vezes de seguida e quero mais é porque temos disco. E que discão! METE MAIS ALTO, PORRA!!!


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E a pedido de diversos frequentadores, deixo o meu mail para quem quiser opinar em privado: sabisobreiro@sapo.pt. Abraço!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Na terra dos sonhos


O terceiro e derradeiro (snif, snif…) capítulo da saga Toy Story vale cada um dos quase 200 quilómetros que tivemos de percorrer para podermos ter acesso a uma sala digna desse nome, capaz de nos propiciar todos os luxos e maravilhas que o 3D tem para oferecer.

Na verdade, os cinco minutos iniciais são mais do que suficientes para o fazer. O virtuosismo e o brilhantismo com que somos brindados na sequência de abertura são de deixar mesmo os mais prevenidos de boca aberta.

E é aqui que constato, mais uma vez, que se o cinema é a maior máquina de sonhos que o homem foi capaz de inventar, a Pixar é, de há mais de uma década a esta parte e na minha modesta opinião, dona e senhora dos comandos do melhor que se faz na dita sétima das artes.

É certo que é animação digital, mas este maravilhoso “mundo-novo” inventado por aquela que foi um dia uma pequena companhia independente, está povoado dos mais nobres valores e mais lindos sentimentos que um ser humano pode experimentar em vida.

Sou fã absoluto e incondicional da trilogia. Comprei e devorei (vezes sem conta…), a aventura original e a sua sequela quando foram lançadas em Espanha no formato dvd, ainda a minha Leonor não era nascida. Quando a sua atenção começou a despertar para este género de coisas, passei-lhe as fitas que herdou de imediato porque eu acho que se há legados que os pais devem deixar aos filhos ainda em vida, estas cápsulas de puro encantamento são uma delas. Tornou-se uma fã tão grande ou ainda maior do que eu. Até a mãe, que não liga tanto e vai vendo este tipo de filmes pelo canto do olho, também não resistiu e ficou derretida, sobretudo pelo segundo capítulo.

Pois este Toy Story 3, é todo ele perfeito. Pode um filme ser um clássico no dia da estreia? Pode! O Toy Story 3 é a prova mais do que evidente desta realidade.

E é perfeito porque tem tudo! TUDO! Uma narrativa belíssima, um ritmo estonteante que nos hipnotiza por completo, cenários deslumbrantes, as personagens que nos habituámos a amar e um rol de novas figuras que não são feitas de carne e osso mas que são tão realistas que tenho a certeza que todos nós seríamos capazes de identificar, de entre as gentes que conhecemos, alguém que se lhe parecesse.

O Toy Story 3 começa como um western vertiginoso mas tem momentos de drama e de comédia, pisca o olho a detalhes sci-fi mas a dada altura mergulha de cabeça nos filmes de espionagem e naquelas fitas dos anos 70 e 80 em que grupos de reclusos se evadem de estruturas de alta-segurança. Se tivesse de o caracterizar numa palavra diria… intenso.

Falo por mim. Quem me conhece de verdade, mas mesmo quem me lê por aqui, sabe como eu sou, que hei-de ser sempre (com muito orgulho nisso), uma criança aprisionada num corpo de gente grande. Garanto-vos que se em muitas coisas não cresci mais foi porque não quis, por opção, porque quero preservar em mim essa chama da infância. Hei-de querer sempre ver o mundo com esses olhos.

Eu sempre quis ter um Woody, uma Jessica, um Buzz e o resto da turminha toda mas estes 3 pelo menos, vá! Com uma filhota a legitimar a aquisição tudo se tornou mais fácil mas nesse então, Portugal não tinha loja Disney e não havia forma como. Numa tarde em que fomos visitar a minha mãe ao hospital, a minha filha chegou-me ofegante e de olhos a brilhar, correndo para me contar o que tinha encontrado numa caixa velha de brinquedos que tinham sido doados por outros meninos (Um golpe do destino! Quem vir este Toy Story 3 cedo perceberá porquê). Eu sei que não foi o gesto mais bonito mas aqueles dois estavam mesmo a pedir um lar que os conhecesse, compreendesse e soubesse amar. Ainda hoje, de cada vez que os arrumo, fico com a sensação que assim que se fechar a porta, eles ganham vida e saem casa fora.

Há dias trouxe-lhes o companheiro inter-galáctico, chegado dos confins do universo e mais-além e… imaginem a festa. Não se viam há anos…

Neste domingo quente de Agosto, a família saiu em peso para conhecer a última página desta história linda sabendo que se tratava de muito mais que um filme. Falei com a minha pequena e sei que o nosso sentimento era um só: devoção.

A dada altura, Andy, o rapazinho que cresceu entre estes bonecos referiu-se ao Woody com emoção e disse: “Sempre foste especial porque sempre me ensinaste que nunca se deixa um amigo para trás”. Já imaginaram como seria o mundo se assim fosse?

Aos pais peço que não deixem de passar aos filhos a lição dos “Toy Story”. Garanto que farão deles, seres humanos muito maiores.

PS: Mas há alguém que consiga assistir a isto sem que os olhos fiquem húmidos (digamos assim?). Eu não resisto… Parte-me todo...