quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O milagre (maior de todos)


O ar descansado com que dorme.

O cheirinho do corpinho em miniatura.

As “mocas de sono” depois de cada leitinho.

A tranquilidade quando lhe damos banho.

O calorzinho que deita quando a encostamos a nós.

Os bracinhos, os dedinhos, cada detalhe do seu corpo. As orelhitas e o nariz.

Os olhos a sondarem tudo… em busca da luz.

As perninhas de ciclista a pedalarem no ar quando lhe mudamos a fralda.

Os suspiros e o ronrar quando a aproximamos do nosso peito.

Tudo nela é uma doce e lânguida poesia.

Apesar de ainda quase não nos reconhecer e de ter a sua actividade diária ainda num nível mínimo de existência (basicamente come e dorme)… só a sua presença já faz a casa transbordar de alegria.

Quando se diz “o milagre da vida” não se poderia utilizar expressão mais acertada.

Não existe mesmo melhor forma de descrever a experiência.

Lá em cima... (há mistérios sem fim...)


A esta altura do campeonato, já toda a gente sabe que o último filme do Jason Reitman é um dos grande candidatos aos Óscares. Toda a gente sabe que é um filme com o George Clooney que conta a história de um homem cujo emprego lhe transformou a vida numa permanente viagem e fez dele um coleccionador compulsivo de milhas de voo.

“Up in the air”, “Nas nuvens” em português, é um filme inteligente, poderoso, com um ritmo que nos prende desde o primeiro minuto e nos vai conquistando a cada frame. Apesar de se passar sob o espectro do desemprego, tem ar pop, uma espécie de falsa aura light, mas mergulha bem fundo na condição humana e naquelas que são, ou devem ser as prioridades da nossa vida nestes tempos modernos.

A história é fabulosa, as imagens aéreas são de cortar a respiração, o elenco é magnífico, a realização é notável, a banda sonora seleccionada a preceito, enfim… vale mesmo, mesmo a pena.

8 em 10 asas e o selo de qualidade do Prof. Sabi.

Uma última nota: este George Clooney não existe. É impossível que Deus nos tenha feito a todos nós, os outros homens, a maldade de criar um ser assim. E não me venham com aquela velha história que os homens não apreciam homens porque isso é tudo conversa da treta. Claro que os homens sabem apreciar homens, a menos que sejam burros! E eu compreendo que uma mulher, qualquer mulher possa cair redonda aos pés deste gajo. É uma coisa impressionante. Tem uma classe, uma expressão facial, uma elegância … Bem, eu digo-vos uma coisa, se antes de nascer me tivessem deixado escolher: eu queria uma embalagem igualzinha à dele…
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Chulo!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Assim foi, o Folião 2010

5º Marvão Folião - Desfile de Domingo - Dia 14.02.2010

Aldeia do Astérix

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5º Marvão Folião - O Vídeo do fogo sagrado da poção mágica

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5º Marvão Folião - Desfile de Terça Feira - Dia 16.02.2010

Casamento Gay

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5º Marvão Folião - Enterro da Sardinha - Quarta-Feira - Dia 17.02.2010



Das exéquias fúnebres...

Cerimónia do Enterro da Sardinha de 2010

(pelo bispo Jacinto Leite Cápelo Rego, conforme manda a tradição)

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Chegámos assim ao triste dia,
Do óbito do nosso Folião,
O carnaval que é de nós todos,
De Santo António e de Marvão.

Esta foi uma edição marcada,
Pela chuva e mau tempo,
Que afastou carros e público,
Quis fazer disto um tormento.

Com sol qualquer um desfila,
É fácil brincar com calor,
Por isso, quem não teme a chuva,
É que é folião de valor.

Neste ano faltaram grupos,
Faltaram carros, faltou alegria,
Temos de repensar o futuro,
Canalizar para ele mais energia.

O Carnaval faz falta,
Anima toda a povoação,
Riem as gentes, crescem os negócios,
Traz festa e diversão.

E é por isso que todo e cada um,
Deve dar o corpo ao manifesto,
Esquecer medos e vergonhas,
Fazer desta jornada um protesto.

Carnaval é subversão,
Fazer ordem do ridículo,
Questionar tudo e todos,
Ir ao limite e aboli-lo.

No Sábado tivemos um baile,
Bem composto de foliões,
Deram-se os primeiros passos,
Para futuras diversões.

Até esteve bem animado,
Com um conjunto de Leiria,
Toda a gente deu ao pé,
Até quem já não conseguia.

No domingo chegou uma arca,
Cheia de animais engraçados,
Um desfile de M’n’Ms,
Brancas de Neve, princesas e demais mascarados.

Da Gália chegou até nós,
A aldeia do Astérix,
Vieram todas as personagens
E nem faltou o cãozinho Ideiafix.

Terminou tudo na disco,
Numa matinée bem animada,
Valeu-nos aquele espaço fantástico,
Para receber a rapaziada.

Na segunda houve outro baile,
Que talvez fosse demais,
Atendendo à situação económica,
Ao mau tempo e outras coisas tais.

Parece que os mascarados eram poucos,
E assim deram razão,
A quem acha que mais vale um bem rijo,
Do que dois a meio pau.

Na terça voltou o desfile,
Com uma escola bem esgalhada,
Com alunos, professora rechonchuda,
E demais bonecada.

Do Pólo Norte veiow,
Uma marcha de pinguins gelados,
Trajados bem a rigor,
Todos eles muito engraçados.

Marvão viu nesse dia,
Dois homens a casar,
Foi uma grande desbunda,
Ninguém queria acreditar.

Os gays deram nó,
Frente a uma plateia ilustre,
Não faltaram bichas famosas,
Garanhões, panascas e um Freddy Mercury.

Houve festa e champanhe,
E até um bolo em forma de vergalhão,
Mas ninguém se envergonhou
E todos lhe quiseram deitar mão (e chupar!)

Depois houve mais disco,
E churrasco no Mercado,
Todos comeram e beberam,
Ninguém saiu com o estômago colado.

Para finalizar,

Uma homenagem merecida,
Ao decano dos mascarados,
O Ti Manel da Relva (pedreirinho da Asseiceira),
Um exemplo para todos nós.

Uma felicitação a todos os foliões,
Pela coragem e valentia,
Pelo espírito abnegado,
Pela saudável galhardia.

Um agradecimento às entidades oficiais,
Câmara e em especial, à Junta de Freguesia,
Que apoiaram a iniciativa,
Dando a sua serventia.


Viva o Marvão Folião!
Adeus e até para o ano!

May the force be with us!


Nunca a expressão “dar o cú e 5 tostões para…” me pareceu tão apropriada.

O que eu dava para ir a esta… celebração, vestido de Jedi Knight.

Caraças, pá!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Poppers e Marvão - "Up With Lust" é hoje lançado no Cinema São Jorge

(Clica para veres grande)


Os Poppers foram cabeças de cartaz do 2º e derradeiro Marvão Rockfest, realizado no ido ano de 2007. Na altura, os seus hits “Days of Summer” e “Mrs. A” batiam fortes nas rádios e afirmavam-nos como figuras de proa da música Pop/Rock criada em Portugal. A organização do Município (em parceria com a Zona B) favorecia uma grande proximidade e interacção com as bandas. Os Poppers cedo se revelaram como rapazes simples, como nós, apaixonados pela música que tocavam sobretudo por prazer à arte. Recordo-me que a empatia foi imediata. Na altura, elogiaram, como quase todas as outras bandas, as extraordinárias condições naturais e paisagísticas do local escolhido para o festival. Para além da alegria de poderem tocar ao vivo, desfrutaram de toda a envolvência de Marvão e mostraram-se preocupados quando souberam das dificuldades que tinha em dar continuidade à iniciativa. Confidenciaram-me que o festival já era comentado na cena musical da capital pela espectacularidade da zona e sobretudo pela hospitalidade. Ofereceram-se para tocar de borla em edições futuras se disso dependesse a sua viabilidade.

No seguimento do estabelecido nesse ano com os Wraygunn, também eles cabeças de cartaz mas da primeira edição, propus-lhes uma parceria artística similar: o Munícipio ceder-lhes-ia uma casa isolada onde pudessem concentrar-se a 100% na composição do seu próximo álbum enquanto que o principal contributo da banda seria a publicidade a Marvão em todo o trabalho de divulgação do disco, mas poderia também passar por um show case ou uma outra colaboração que se revelasse adequada. Nessa altura, eu já estava motivado pelo feedback do brilhante trabalho que Paulo Furtado (a.k.a. Legendary Tiger Man) e sus muchachos tinham realizado em prol de Marvão aquando da promoção de “Shangri La”, considerado disco do ano pela imprensa especializada. Não houve entrevista em rádios, jornais ou televisão em que não falassem do seu retiro marvanense. Sabia que era uma aposta ganha.

Os Poppers aceitaram o convite e fiz questão de ser eu o anfitrião. Esperei por eles quando chegaram, já de madrugada. Conduzi-os ao local. Servi de guia turístico sempre que quiseram desanuviar. Quis mostrar-lhe o que tínhamos de melhor. Percebemos que tínhamos gostos semelhantes, que a paixão da música nos unia. Ficámos amigos. Trocámos números de telemóvel e nunca mais perdemos contacto.

Os Poppers lançam amanhã esse cd que está também ele umbilicalmente ligado a Marvão, num concerto no Cinema S. Jorge.

Os Poppers estiveram anteontem na Antena 3, da RDP, em entrevista com Henrique Amaro, considerado o grande divulgador da música moderna portuguesa, para apresentarem “Up with lust” e Marvão voltou a estar no ar… numa das rádios nacionais com maior audiência do país.

Anos depois… o Rockfest ainda mexe. Os seus estilhaços ainda calam fundo…
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Ouve aqui o excerto da entrevista em que se referem a Marvão...
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E eu… apesar do convite sentido e da vossa insistência, rapazes, não vou poder vibrar ao vivo convosco e com o vosso magnífico novo som. Há estilos de vida incompatíveis com bebés de semanas. É assim… Bem dizia o bom do Jagger: “Can´t always get want you want”. Mas eu delirei com os novos petardos que ouvi ontem (magnífico “Wall of Silence”!) e vou ficar aqui a torcer para que esse tesouro me chegue às mãos (e aos ouvidos…) quanto antes. Amanhã à noite, nem que seja em pensamento, estarei convosco, desejando-vos o melhor do mundo!

Ao Rai, ao Pardal e ao Bonés… Toda a sorte do mundo! Até que a gente se veja! Keep on rockin’ boys!
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Do site do Expresso
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"Up With Lust" é o novo registo dos portugueses The Poppers. No segundo disco, a Pop e o Rock continuam descaradamente de mãos dadas, mas desta feita, a mescla assume contornos ainda mais provocantes. Gravado nos estúdios Valentim de Carvalho com a mão impar de Nelson Carvalho e produção assinada por Nuno Rafael, "Up With Lust" não deixa margem para dúvidas: os rapazes continuam a fazer das suas. E em formatos especiais, não fosse este disco objecto de edição dual disc limitada. São 11 faixas que nos reportam directamente para o universo que nos deram a conhecer em 2006, ano em que editaram "Boys Keep Swinging" e iniciaram uma contagiante tour com mais de 80 datas, por palcos nacionais e internacionais, e que um pouco por toda a parte deixou marcas do seu rock infeccioso, cativante e cheio de atitude.Os The Poppers são: Luis Raimundo (voz e guitarra), Nuno Jesus (guitarra e coros), Nuno Santos (baixo e coros) e Bruno Fernandes (bateria e coros).

Copyright Escape by Expresso (Todos os direitos reservados)




Toda a informação em:

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Foliões... à séria!

Gay Parade da esquerda para a direita: Fabrício Bonitão (Bonito), Vitorina da Ramila (Ramos), Madama Kátia Vanessa (Sobreiro), Orlandera (Hernâni), Prima Benvinda (Benvindo), Comadre Machadona (Machado); Zeca Mercury (Zeca); Luísa Barradas dos Outeiros (Barradas)


Sentar-me no meu sofá.


Ficar tranquilo a admirar o lume.


Poder estar junto das minhas pequenas.


Ter uma refeição condigna e em paz.


Descansar… finalmente, ao fim de tantos dias.


Quando me perguntam como foi o Carnaval, a palavra que me surge como mais adequada é… visceral. É isso. Eu e a minha rapaziada, o pessoal do meu grupo, levamos o Carnaval muito a sério. Fazemos diversas reuniões de preparação e debate nos meses anteriores. Gastamos fortunas em roupas, adereços e costureiras. Fazemos pesquisa e reunimos documentação. Chegada à altura, assentamos praça na Ramila e transformamos a casa do nosso Primeiro Ramos numa verdadeira escola de samba alternativa.

Pode haver quem brinque ao Carnaval e quem brinque com o Carnaval. Nós não. E quando saímos para a rua, deixamos a pele na calçada, damos o litro, entramos numa desbunda em piloto automático, numa representação em full time. Nestes dias, quase deixamos as casas e as famílias, vivemos como uma alcateia, entramos em auto-gestão.

Subversão. E perfomances viscerais ao estilo da Fura dels Baus. É a varrer!

E perguntam-me assoreganhados nas Finanças: “então, menino? Estás mais descansadinho?”. E eu apetece-me dizer, “é mais doído…”. Tenho as costas rebentadas dos transes do druída ao convocar os deuses. Não sinto os pés das chinelas de “salto alto de palmo e meio” da Drag Queen. Fiquei quase sem voz depois do enterro da sardinha. Foi muito frio, muita chuva, muito esticar a corda mas tem de ser mesmo assim senão a coisa não vai. De mãos nos bolsos não dá… E ainda bem que há gente desta como a minha: boa, valente, abnegada, disposta a divertir e divertir-se sem pedir nada em troca. Sem fazer concessões.

E é cruel ter de ir trabalhar na manhã seguinte. Porra, pá! Nós merecíamos uma quinzena num Spa com massagens de manhã à noite, a comer só coisinhas boas, a ser tratados como príncipes. Mas não. A vida de um pobre. Mas não é lá por isso que vamos baixar os braços.

O meu trabalho agora é recompilar os arquivos. Arrumar fotos e vídeos. Catalogar e preparar para publicação. Para memória futura e para o arquivo pessoal de cada um dos membros.

Porque mesmo que ninguém note, comovo-me sempre de cada vez que um dos meus me diz que esteve à noite com as filhas ou os filhos a rever o dvd do saudoso Circo Cardinas. Se assim é… é porque valeu a pena.

Quando íamos no alto da carrinha de caixa aberta em direcção ao primeiro desfile, eu de druida louco com as barbas ao vento, ia pensando nisso: este é o maior legado que podemos deixar aos nossos filhos. A vida é curta demais para ser levada a sério. Rir… é mesmo o melhor remédio.

Peço desculpa pela falta de novidades nos últimos dias mas não deu, mesmo. As fotos e os vídeos não tardam.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Vende-se T1


(Agora já está vendido mas, podes sempre clicar na imagem para veres o que perdeste...)


Hoje de noite tive esta visão em sonhos.

Não descansei enquanto não a materializei, nem que fosse só para a ver em concreto.

Uma vez que já está... olha... publique-se!

Mas que era engraçado... lá isso era!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Crónica de um desembarque


Realmente… a gente sabia que mais cedo ou mais tarde… a coisa tinha que se dar.

As pessoas perguntavam: “Então e a Cris… como está?”.

Eu respondia: “Está mesmo muito grávida”.

E toda a gente se ria e eu ria-me também do riso delas. Que remédio…

Diziam-me então que era engraçado eu dizer “muito grávida”. Ora eu acho esta expressão que sempre usei, o mais natural possível porque a gravidez é um processo evolutivo e não uma condição perene como por exemplo… a morte. Não cabe na cabeça de ninguém dizer que um indivíduo está “muito morto” ou apenas “mais ou menos morto”. Diz-se “está morto” e acabou.

Ora já com a gravidez não se passa o mesmo, uma vez que não estamos a lidar com uma realidade imutável, antes pelo muito contrário. Imaginem esta cena: uma jovem entra num autocarro e pede a um cavalheiro que lhe ceda o lugar no espaço prioritário a grávidas. A reacção mais natural do sujeito, analisando a silhueta curvilínea e os abdominais de ginásio da piquena, é questionar-lhe a gestação, ao que esta pode responder “o senhor não nota porque este está mesmo acabadinho de fazer. Venho agora de me banhar no jacuzzi do apartamento novo do meu namorado”. Dizendo por outras palavras… Ele não notou porque “ela está pouco grávida”. Ora a minha esposa estava precisamente nos antípodas desta situação e luzia uma barriga “altamente grávida” que de certeza, pegando no exemplo anterior, ainda não teria entrado no autocarro e já toda a gente estaria de pé, disposta a ceder-lhe o assento de boa vontade, incluindo o motorista.

Estando assim tão grávida, ninguém esperava que chegasse ao dia previsto para o desembarque, 14 de Fevereiro. Muito menos eu. Mas isso também não fez que acreditasse quando nessa manhã de dia 1 de Fevereiro, ela me acordou com um “acho que não passa de hoje”.

“Mas sentes-te mal? Rebentou-te alguma coisa? Estás com dores?”.

“Não… não sei explicar… mas acho que é hoje…”. Não havendo nada de concreto, seguimos cada um para seu lado, ela para fazer duas análises complementares para a criopreservação e eu para mais um dia de trabalho. É que a minha mulher é de uma calma que impressiona. Quando eu podia estar histérico e aos gritos, com meio mundo de volta de mim… ela apenas assobiaria para o lado. A Cris é uma mulher da fibra da rainha mãe de Inglaterra que recusou abandonar uma Londres acossada pelos bombardeios nazis, e passava as tardes a mamar gins tónicos na varanda e a contar as bombas que caiam ao lado. A minha mulher é dessa massa. O mundo a acabar e ela a pensar o que é que há-de fazer a seguir.

Liguei a meio da manhã para saber se estava tudo bem. Que sim… que não havia nada. Menos de uma hora depois devolveu-me a chamada para me dizer que fosse depressa, que já lhe tinha rebentado a bolsa e a pequena vinha mesmo a caminho.

Soube entretanto que por vezes, sobretudo nos segundos filhos, o espaço que medeia entre o fase em que ela me dizia que estava e o nascimento pode ser de apenas… 15 minutos! Não me recordo bem do trajecto mas sei que o Twingo quase voou. Asas não lhe achei… Se não rebentou nesse dia…

A minha chegada ao hospital deve ter sido digna de um filme do Woody Allen… cheio de malas, maletas, sacos e casacos, esbaforido e já a recriminar-me por não ter logo feito caso das proféticas palavras dela ao despertar. Se eu perdesse aquele momento, nunca mais me iria perdoar.

Ia à espera de encontrá-la aos gritos, o corpo médico em desalinho, as empregadas todas aos pulos, a maternidade virada do avesso e quando entro no quarto… encontro-a com o ar mais calmo e relaxado do mundo. “Já cá estás?”. E eu pensei: “só isto?!?!?”.

Antes assim. Era meio-dia e 45m.

As contracções começaram lentamente e de forma espaçada. Pelo que me contou do que aprendeu nas aulas de preparação para o parto e daquilo que pude reter na única sessão que presenciei, é importante manter a calmar e relaxar. No princípio tudo bem… mas à medida que a “corda esticava”, todas as teorias “zen” foram ficando para trás e a coisa entrou na fase da dureza.

E um homem, por mais boa vontade que tenha, não foi feito para estas coisas, pá. Tudo aquilo nos faz muita confusão. Se a natureza nos quisesse a assistir a estas coisas tinha arranjado forma de nos ter lá e não nos convocava só para o “pontapé de saída”, se é que me faço entender.

Lembrei-me dos últimos serões, quando ela recostada no cadeirão da sala nos mostrava os vultos na barriga que revelavam as movimentações da pequena. Um braço a passar… o que parecia uma perna… um alto de um lado que se deslocava num repente para o outro… Ela sorria com ar cândido, com a certeza que tudo estava bem mas para um gajo, tanto movimento na barriga faz confusão e é tudo tão à “Aliens” que houve vezes que temi que a Sigourney Weaver me entrasse com estrondo pela janela da sala adentro equipada de “mega-fuzíl” nas unhas.

Mas enfim… tudo tinha desembocado ali, naquele momento de aperto para ela em que as coisas complicam e a gente não pode fazer mais nada a não ser desejar que passe tudo num instante e corra pelo melhor.

De vez em quando pediam-me que saísse. Numa dessa vezes, encostado à parede do corredor vazio, agachei-me para descansar as pernas e recolhi-me em pensamento, tentando abstrair-me do que ouvia. Minutos depois, alguém fez uma pergunta de uma sala perto da entrada e supus que fosse para uma enfermeira que entretanto apareceu do outro lado. Mas não. Afinal era para mim.

“Vai nascer?”.

Fiz um esforço para identificar o rosto antes que chegasse perto, tentando evitar o embaraço de não reconhecer alguém que devia. “Desculpe?”.

“Já vai nascer?”.

“Acho que… sim…”.

“É o Pedro, não é?”.

“Sim… sou…”. E ela era uma rapariga na casa dos 20, de ar afável e rosto delicado, cabelos escuros e ondulados pelos ombros, também ela à espera de bebé. Tive a sorte que antes de lhe fazer alguma pergunta, ela tivesse dito tudo…

“Ah… bem me parecia… Sabe… eu sou leitora do seu blogue e tenho acompanhado a gravidez da sua mulher bem de perto… mas estava à espera que ainda faltasse mais tempo…”.

“Pois… Nós também… era para ser dia 14 mas… pelos vistos… vai chegar antes…”.

“Isto é engraçado porque quase parece que o conheço. Já o leio há muito tempo. Há mais de um ano. Conheci-o através do blogue da Marisa e agora vou lá muita vez… quase todos os dias…”

“Há 1 ano? E ainda não se aborreceu?”.

“Não, nunca. Eu rio-me muito com o que você escreve… às vezes até chamo o meu marido para ler também… outras vezes quase que dá para chorar…”

“…”

“Por isso estou a par de tudo o que tu… ai, você… diz e faz…”…

A conversa durou mais alguns minutos em que trocámos impressões e votos de felicidades para ambos e eu pensei, como se já não bastasse o turbilhão de emoções que o destino me reservou para este dia… ainda mais esta…

Provavelmente foi emocionante para ela ter tido a oportunidade de me conhecer e trocar algumas impressões comigo, no sentido em que me conhece de há muito virtualmente e só agora, pela primeira vez, pode interagir com o Pedro de carne e osso e perceber que eu realmente existo e não sou uma mera personagem aprisionada no limbo tecnológico da internet.

Mas por muito isso tenha significado para ela, o que eu lhe posso assegurar é que foi garantidamente, muito mais importante para mim. E foi assim porque me fez sentir que tudo isto, toda esta aventura do blogue, esta responsabilidade auto-imposta como minha forma de libertação maior, vale a pena. Vale a pena porque ao me permitir partilhar a minha experiência de vida com os outros, me faz aproximar das pessoas, me faz ser ouvido, me faz fazer sentido.

E foi um momento mágico, Cristina. Tão simples mas tão bonito da tua parte. O facto de teres vencido a timidez e te teres aproximado, a tua preocupação, o teu desejo que tudo corresse bem… Tudo isso me comove e me dá alento para que continue. Faz-me ter fé na condição humana. Faz-me querer ser um homem melhor a cada dia que passa. Bem hajas por isso.

Mas eu estava a meio de uma grande batalha e os “ais” que vinham do outro lado da porta fizeram questão de mo relembrar. As horas pesavam… os minutos já doíam… e não havia maneira.

Eu… tentando compreender a aflição dela, pensava… deve ser como ter uma bola daquelas insufláveis de praia da Nívea cá dentro… com passagens tão estreitas por onde sair… Como é que será?

Deu-se entretanto um quase inédito engarrafamento da sala de partos. Uma daquelas cenas que só a mim… bem… a elas.. ou melhor, das que só me acontecem a mim até através delas. Como sabem, os partos por aqui são escassos. De quando em quando, lá vem um e há semanas que nem vê-los. Pois deu-se a coincidência, ou a lua, ou lá o que seja, que a cegonha da minha queria aterrar e a chaminé estava entupida com outras duas a fazerem o ninho em simultâneo… Ele há coisas…

Maneira que foi preciso muito esperar, muito sofrer, muito penar, incluindo uma tentativa de epidural falhada por ter sido extemporânea, até chegar o grande momento.

Reservo-me os detalhes do parto em si, por tão íntimos e pessoais, mas não resisto a duas apreciações:

Primeira - A vida e a morte, ou mais precisamente, os actos de nascer e morrer são momentos de uma intensidade de tal forma brutal que os torna indescritíveis. Por mais exaustiva que fosse a narrativa, jamais poderia transmitir o poder que eles encerram em si. Ponto final.

Segunda - Aconselho vivamente todos os futuros papás que façam o favor de “fazerem das tripas coração” e não perderem POR NADA DESTE MUNDO, a oportunidade de verem nascer o seu rebento. Pode haver muita coisa boa que faça esta vida valer a pena, mas nenhuma com este valor.

Passam-se 9 meses a sonhar e num repente, surge-nos o tudo… do nada. Ainda deitar fumo e a tremer, atordoada pela luz e pelo choque de temperaturas, mas já com um porte que enchia a sala e quase me rebentou com o coração de alegria. Enchem-se-me os olhos de emoção de cada vez que penso nisso. Que coisa do… caraças, pá!

A minha Alice… baptizada pela mana mais velha (Tomás seria, se varão fosse) com um nome melódico e que não podia estar mais na berra, seja pela chegada da obra cinematográfica que mestre Burton estreia por estes dias; seja nos coleccionáveis dos jornais de grande tiragem… quase que a fazer crer que tudo tinha sido premeditado. A Alice está na moda!

A minha Alice… finalmente entre nós. Bem chegada. Bem recebida. Afastados todos os mitos e todos os medos.. que eu não sou daqueles que desfrutam da gravidez. Quanto mais depressa cá fora… MELHOR!

A Alice, enfim entre nós. Desejo-lhe que seja uma jornada… de maravilhas!



Quero aqui solenemente agradecer a TODO o pessoal do 4º piso (renovado e com belíssimas condições. Parece um hotel dos modernos, tipo Spa…) que teve um comportamento absolutamente notável e imaculado. Todos eles/as (assistentes, enfermeiros/as; médicos/as) foram de um profissionalismo e de uma amabilidade insuperáveis e estão de parabéns. Por ter sido o principal responsável da operação e o primeiro a receber nos braços a jovem infanta, não posso deixar de evidenciar o desempenho do enfermeiro/parteiro Sérgio que demonstrou ser um Às na sua arte. 5 estrelas!

Um abraço também para o meu colega Miguel, para a Vera e a sua Maria, bons companheiros de quarto nesta jornada que há-de ficar para a vida. Toda a felicidade do mundo!

Recebi, graças a Deus e aos muitos amigos, centenas de mensagens mas uma delas tocou-me particularmente por ir de encontro ao que sinto. Dizia a maior de todas as verdades: não há bênção maior que a de gerar uma vida.

Bem hajam! Grande abraço!

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Espalhem a notícia

Nestes últimos dias, em que todas as prioridades se tornaram secundárias, em que todas as rotinas se tornaram acessórias, em que todos os hobbies ficaram para trás (incluindo, claro está, esta minha casinha virtual) tenho-me lembrado imenso do mestre Godinho e de como cantou (como ninguém!) aquilo que me vai no peito e na alma.

Espalhem a notícia…



Espalhem a notícia,
do mistério da delícia,
desse ventre.
Espalhem a notícia do que é quente,
e se parece,
com o que é firme e com o que é vago,
esse ventre que eu afago,
que eu bebia de um só trago,
se pudesse.

Divulguem o encanto,
o ventre de que canto,
que hoje toco,
a pele onde à tardinha desemboco,
tão cansado,
esse ventre vagabundo,
que foi rente e foi fecundo,
que eu bebia até ao fundo,
saciado.

Eu fui ao fim do mundo,
eu vou ao fundo de mim,
vou ao fundo do mar,
vou ao fundo do mar,
no corpo de uma mulher,
vou ao fundo do mar,
no corpo de uma mulher.

A terra tremeu ontem,
não mais do que anteontem,
pressenti-o.
O ventre de que falo como um rio,
transbordou,
e o tremor que anunciava,
era fogo e era lava,
era a terra que abalava,
no que sou.

Depois de entre os escombros,
ergueram-se dois ombros,
num murmúrio,
e o sol, como é costume,
foi um augúrio de bonança,
sãos e salvos,
felizmente,
e como o riso vem ao ventre,
assim veio de repente,
uma criança.

Eu fui ao fim do mundo,
eu vou ao fundo de mim,
vou ao fundo do mar,
vou ao fundo do mar,
no corpo de uma mulher,
vou ao fundo do mar,
no corpo de uma mulher.

Falei-vos desse ventre,
quem quiser que acrescente, da sua lavra,
que a bom entendedor meia palavra, basta,
é só adivinhar o que há mais,
os segredos dos locais,
que no fundo são iguais,
em todos nós.

Eu fui ao fim do mundo,
eu vou ao fundo do mim,
vou ao fundo do mar,
vou ao fundo do mar,
no corpo de uma mulher,
vou ao fundo do mar,
no corpo de uma mulher.


PS: E se eu tenho andado deserto de deitar cá para fora tudo aquilo que tenho vivido nesta jornada mas… não tem mesmo dado. Nesta semana, compatibilizar o blogue com biberões de 3 em 3 horas, mudanças de fraldas, banhinhos e actividades afins, tem sido tarefa impossível. Mas prometo que para a semana, a partir de segunda-feira, quando tudo tiver já nos eixos, vos hei-de dar novidades (e são tantas…).

Aproveito este momento da sesta para agradecer, do fundo do coração, a todos os amigos e amigas que fizeram questão de se unirem a nós neste momento de tanta felicidade, fosse numa visita ao hospital ou a casa, por chamada, sms, e-mail, Facebook ou claro, através de um comentário aqui no blogue. Bem hajam. Retribuo os votos. Desejo para todos vós aquilo que quero para mim e para as minhas meninas. Grande abraço!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Alice


E ao primeiro dia de Fevereiro, entrada a Lua Cheia, abriram-se os portões do País das Maravilhas para deixar sair a Alice.

3.620 kgs de mulher.
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Mãe e a filha mais nova estão bem.

Pai e a filha mais velha estão loucos… de alegria.


Já da outra vez assim foi…
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Nesta ocasião, lembro-me sempre do velho Lou Reed e do seu “Beginning of a Great adventure” que dizia que… (numa tradução muito literal…),

Poderia ser divertido ter uma criança para brincar,
Um pequeno “eu” para preencher com os meus pensamentos ,
Um pequeno “ele” ou “ela” para encher com meus sonhos,
Uma forma de dizer que a vida não é uma perda.


Iria mantê-la longe a escola, ser o seu tutor pessoal,
Afastá-la do veneno da multidão.
Mas isolá-la poderia não ser a melhor ideia,
Não é uma boa maneira de imortalizar-nos.

O começo de uma grande aventura…

Porquê parar na primeira? Poderia ter 10, um elenco televisivo!
Criar um exército liberal nos bosques,
Como os campónios lunáticos que vejo nos bares dos arrebaldes,
Com as suas tribos de descendentes selvagens.

Ensiná-las-ia a criar uma bomba, começar um incêndio, tocar guitarra,
e ao caçarem o caçador, dispararem-lhe nos miolos,
Seria tão progressivo quanto possível,
Desde que não tivesse que tentar muito.

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O começo de uma grande aventura…

Susie, Jesus, Bogart, Sam, Leslie, Jill e Jeff
Rita, Winny, Andy, Fran e Jet
Boris, Bono, Lucy, Ethel, Bunny, Reg e Tom
são nomes a não esquecer.

Carrie, Marlon, Mo e Steve, La Rue and Jerry Lee
Eggplant, Rufus, Dummy, Star e The Glob
Precisaria de um computador para não me esquecer destes nomes,
Só espero que esta coisa da bébé não vá muito longe…

Eu só espero que seja verdade aquilo que a minha mulher me disse:

Ela disse-me: “É o começo de uma grande aventura...".

Poderia ser divertido ter uma criança para criar,
Criar a minha imagem como um Deus,
Criá-la para me carregar para a cova,
E mantê-la como companhia para quando estivesse encarquilhado.

E quando estivesse senil, a falar com os meus botões,
Feito anormal, a sonhar sozinho,
Poderia ser divertido ter uma criança a quem passasse,
Alguma coisa melhor que raiva, dor ou angústia.

Só espero que seja verdade aquilo que a minha mulher me disse:
Ela disse...
“Pedro… É o (re)começo de uma grande aventura…”.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A "oração" do soninho

Os hilariantes Mike e Sully, profissionais do susto na obra-prima da Pixar, "Monstros e Companhia", um dos meus filmes favoritos de sempre. Se todos fossem assim tão cómicos...

A meio da noite, é frequente ouvir os passinhos dela entrando pelo quarto adentro, chamando a mãe em sussurro para junto de si. É uma daquelas concessões que os pais vão fazendo ao longo dos tempos e ganham força de hábito. Dá pena e… vai-se deixando.

Mas depois a mãe queixa-se que dorme mal… que não descansa…

A coisa não podia continuar, sobretudo agora que vem aí a pequena Alice…

Nesta semana decidi intervir e fui eu a avançar.

Acompanhei-a e deitei-me junto a ela. Como o sono não vinha… passámos ao diálogo, sentados na cama. Deu noitada. Das 4h às 6 e meia, tentando desmontar cada sonho mau, tentando explicar que nada daquilo fazia sentido, que já tem 8 anos, que vem aí a mana e tem de ajudar a tomar conta dela… até que cedeu ao cansaço e os carinhos no cabelo.

No dia a seguir disse-me: “Olha… afinal… até dormi bem!”.

E eu a pensar para com os meus botões: “Ai sim? Eu nem por isso… mas antes assim”.

Para que não esqueça o combinado e para que o soninho nunca falte, fiz-lhe uns versos, que não são bem uma oração porque eu de santidade não tenho nada, mas que pretendem surtir o mesmo efeito.

Como sei que este é um fenómeno que é extensivo a muitos outros lares, fica a dica. Caso vejam interesse, podem sempre utilizá-los, fazendo as respectivas alterações. Eu abdico dos direitos de autor como forma de apoio à causa.

Sendo assim:
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Para a Leonor dormir descansada…

Cansadinha que estou,
Chegada ao final de mais um dia,
Já só penso na minha caminha,
E na minha doce companhia.

O ursinho e a Aurora,
Guardiães do meu quartinho,
Protegem-me e olham por mim,
Quando me embala o soninho.

Dormindo, eu descanso,
Reponho as energias,
Recarrego as baterias,
Para as minhas correrias.

Eu sei que o pai e a mãe,
Estarão sempre junto a mim,
Já sei que se precisar deles,
Hão-de sempre dizer-me que sim.

Se acordar a meio da noite,
E for só para fazer xixi,
Volto logo para a caminha,
Recuperar o tempo que perdi.

Se acordar por sonhos maus,
O pai disse-me para o chamar,
Ele vai-me fazer festinhas,
Dar carinho e acalmar.

Eu não devo ter medo,
Que me venham cá roubar,
Portas e janelas estão bem fechadas,
Ninguém vai conseguir entrar.

O pai tem uma espingarda,
Com um cartucho bem carregado,
Se o ladrão quiser cá vir,
Vai levar um tiro no rabo.

Os monstros não existem,
Só na nossa imaginação,
Se eu quiser mando-os embora,
Não passam de pura ilusão.

Os fantasmas não são de verdade,
Não existe coisa tal,
Só mesmo no Halloween,
E nos bailes de Carnaval.

Os pesadelos são parvoíces,
São coisas sem sentido,
Que só me querem chatear,
Dar o soninho por perdido.

Sempre que eu queira,
Dormir de novo descansada,
Vou pensar em coisas boas,
Que me deixem fascinada:

Vou pensar na mana Alice,
No primo João e na Maria,
Num mundo feito de doces,
Cheio de luz e alegria;

Vou pensar em chocolates,
Em chupas e em gelados,
Em todo o tipo de guloseimas,
Muitas pastilhas e rebuçados;

Vou pensar na Eurodisney,
Na piscina, na praia e no mar,
Em sapatos e em vestidos,
Roupa linda para eu usar;

Vou pensar nas minhas bonecas,
Livros, revistas e afins,
Em todos os meus brinquedos,
Nos meus cds e nos patins.

Vou pensar nas minhas amigas,
Em tardes inteiras a brincar,
Mil aventuras para viver,
Coisas lindas para explorar;

Vou pensar que estou de férias,
De folga o ano inteiro,
Passar os dias a pôr-me bonita,
Num salão de cabeleireiro.

Vou pensar no Disney Channel,
Nos artistas que eu venero,
Que cantam e dançam tão bem,
Que fazem tudo o que eu quero;

Vou pensar na minha família,
Nas pessoas que eu adoro,
Vou pensar que estamos todos juntos,
A dançar e a cantar em coro.

Da próxima vez que acordar de noite,
Por não conseguir dormir,
Vou fechar os olhitos e rir-me
Das coisas boas que hão-de vir a seguir.

Sossegada na minha caminha,
Vou voltar a descansar,
Até ao amanhecer,
Até à hora de acordar.
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PS: Ela adorou. Riu e chorou ao mesmo tempo quando os leu. Nessa mesma noite, ouvimos os passinhos irem para a casa-de-banho e regressarem de imediato para o quarto. A coisa resulta...