domingo, 29 de setembro de 2013

Apêndice (não de livro, não de internet mas da Leonor, da minha filha Leonor)

Fotografia que me pediu para lhe tirar e colocar no seu facebook através do meu telemóvel para tranquilizar os amigos e agradecer a preocupação de todos.
"Generation gap" via net.
Ela é da geração facebook. Eu sou da geração ZX Spectrum e a merda dos jogos não entravam porque o gravador não lia as cassetes e o load "" não dava nada.
Sinal dos tempos...
Mas o que nos une é que interessa. Neste caso, os genes e o amor.
E o smile que ainda é o mesmo ;)  da década 1980 e da 2010. Do outro século e deste.


Num dia importante para o concelho e para a junta de freguesia, em que escolhemos as pessoas que nos irão dirigir nos próximos 4 anos e me irá dar, seja qual for o resultado, motivo para publicar, escrevo esta mensagem no computador da Leonor, num marcador que está identificado como “O blog do pai”. Bonito. Este sou eu. Entrei e cá estou.

Escrevo no computador da Leonor porque o meu está outra vez para arranjo (já tem mais de 4 anos mas a crise e a Cris e a Alice que mo rebenta de cada vez que lhe mete os dedinhos em cima…)…

Escrevo apenas agora porque de cada vez que preciso de respirar aqui na net, surge sempre alguma coisa que nos dá a volta à vida. A Leonor andava com dores na barriga. Não passavam. Na segunda-feira fui com ela a Castelo de Vide, ver o doutor de serviço que até era o amigo José, o espanhol que muito estimo e de quem me considero bastante amigo. Deitou-a na marquesa, apalpou-lhe a barriga, auscultou-a, receitou-lhe comprimidos para as cólicas e melhoras!

Mas as dores não passavam.

Na terça, a mãe que tem mais folga de acção no turismo e são 3 ou 4 quando eu no meu éramos só 2 nesta semana, foi com ela ao hospital. Ficou logo lá. Apendicite aguda. Nessa noite foi à faca. Custou mas foi. Correu bem que é o que interessa nestas situações.

A mãe e ela ficaram lá durante uns dias, até sexta. 4 dias.

Os médicos já não me deram tempo de organizar a festa de regresso a casa que ela me pediu. Mas eu falei com as amigas dela, 4 ou 5 meninas muito lindas e elas esperaram-me à porta da escola onde fui dar um beijo à Alice para perguntarem detalhes e o que poderiam fazer para ajudar. Com a Leonor saída da prisão, mandaram-me um sms a perguntar se ficava sem efeito. “Que nada! A Leonor já cá está e nós celebramos todos outra vez! Como se tivesse acabado de chegar. Já não vou ao chinês comprar balões, confettis e chapéus mas alegria é na mesma!”

Deus dá-nos estes abanões na vida para aprendermos a valorizar aquilo que é verdadeiramente importante. Felizmente foi uma doença que foi facilmente tratada e de simples resolução. Mas penso, porque nós humanos somos racionais e temos de meter os neurónios a funcionar: que seria se fosse uma doença grave, que desse muitas dores e a fizesse sofrer imenso? E se fosse uma doença terminal? Que estrutura teríamos nós como seres humanos, como família, para suportar um cataclismo desses. Que restaria de nós no tempo que nos faltasse? Graças a Deus já passou. Estava escrito que haveria de ser assim. Porque tenho fé mas acredito no destino. Não são coisas que chocam mas que se complementam. A fé ajuda-nos a suportar o destino que está escrito desde que metemos o pé neste mundo. O futuro não te pertence a ti nem a mim. Está escrito que há-de de assim ser. Como diz o soberbo fado sobre o qual ando a querer escrever há meses do Pedro Silva Martins: “quer o destino que eu não creia no destino, e o meu fado é não ter fado nenhum”.

Sobre este sobressalto da saúde da minha filha, tenho de confessar que me sinto estúpido. Um bocadinho burro, vá! Eu não sabia o que era a apêndice e para que é que servia. Tão estúpido fui e com tantos nervos estava (embora parecendo sereno e não tremendo nada) que uma enfermeira disse que o pai estava pior que a filha. Como tal? Mas nesses nervos, pedi à médica se já que estava com a faca afiada e se o apêndice não servia para nada, que tirasse também o meu antes que desse mais problemas. Riram-se e disseram: “que engraçado!”

Mas não deu graça a mim, num linguajar Alicesco. Queria saber mais e quem me salvou foi a querida Lina que eu conheço desde a escola e trata sempre a minha mulher por Fernanda, que é o seu primeiro nome. Ninguém conhece a Cristina por Fernanda a não ser os colegas de escola. Pois a Lina, que é uma querida e tem uma equipa de futsal de filhos, não sei se equipa de 3, se de 4, é enfermeira, ela e o marido. Boa enfermeira que me apareceu como a solução da explicação que necessitava. Há dias atendia nas finanças e confessou-me que não percebia nada daquilo. Tranquilizei-a. Quando dois amigos se encontram e têm um problema para resolver, basta um saber a forma de o fazer. Resolvemos. Entre amigos não há pagas nem obrigados. Faz-se o que se pode sem esperar recompensa. A minha chegou no hospital quando me tranquilizou explicando o que é a apêndice. Eu pensava que era uma cena assim tipo a vesícula, que se tirava e prontos mas o apêndice é mesmo um apêndice no intestino e pelo que me foi dado a saber, até pode desaparecer na escala da evolução humana, daqui a muitos mil anos, se o mundo não acabar antes.  O que é mais provável. Até deve dar uma t-shirt engraçada: “ACABAR (letras grandes) Deus com a apêndice antes os homens acabem com o mundo! (em baixo em letras pequenas)”

Com a Lina e a internet aprendi isto:
(com fotos e vídeos e de borla com o vosso tio Sabi)

O que é:


Explicação:


Operação:


segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Partir...

Na noite em que aconteceu, faz hoje uma semana, eu tinha ido com a Leonor levar uma amiga a casa a pé. Como essa menina tinha estado junto a nós e ido visitar as minhas tias à Beirã connosco, convidei-a para jantar em nossa casa. A Mariana, com a ingenuidade rebelde das crianças, sem ninguém lhe perguntar nada, comentou com a mãe o convite inesperado:  “atão… eu no outro dia também a convidei e ela…” Eu tentei explicar-lhe que quando se é amigo, não se olha a essas coisas. Faz-se o bem e fica-se bem. Depois, fomos a pé para desmoer o jantar, estreando a rua nova, que leva o bairro à Avenida Dr. Manuel Magro Machado. Regressamos a casa só os dois, não ligando às reclamações “do longe que é” e “o que se tem de subir” da menina que só quer MTV e facebook e tem tendência para ser redondinha.

Ao passarmos junto ao Miradouro, ouvimos ruídos e gemidos. Uma respiração forçada. Estava escuro como o breu e não se conseguia ver nada a 5 metros de distância. Não havia luar e só se ouvia. Às vezes pareciam gemidos, como se alguém tivesse caído. Mas quem para ali àquela hora!? Uma das minhas vizinhas pensou em chamar os bombeiros ou a GNR. Como não fazíamos ideia de quem poderia ser, aconselhei a GNR. Não se via um palmo, mesmo! Só escuridão.

Descemos um pouco a rua e outro vizinho que se apercebeu do acontecido disse que tinham visto por ali o Chico Estoura, alcunha como era conhecido o rapaz na terra. “Ah… Esse barulho era porque ele devia ter andado a roubar fio de metal do miradouro. Fio que vale e é vendido ao monte. Oh… mas de certeza que quando a guarda vier já ele fugiu. Assim que ouvir o jipe, ou se nos ouvir aqui a nós, de certeza que se espanta!”, afiançou.

Como não sou homem de virar as costas à responsabilidade e para ser solidário com a vizinha que telefonou porque eu não tinha telemóvel (que tinha ficado em casa a carregar), aguardei que chegasse a GNR, Eu também fui testemunha! Não sabia bem do quê, mas tinha ouvido e poderia relatar isso, justificando o porquê do telefonema. Quanto mais não fosse, para isso dava, caso fizesse falta.

Afinal demoraram pouco. Menos do que se dizia na rua. Uns minutos apenas. Mas os guardas não traziam uma luz suficientemente forte para poder ver. Foram-se munir do material necessário e voltaram em pouco espaço de tempo.  Um guarda do concelho, homem alto e forte que conhecia bem a figura em causa, decidiu avançar  pelo relato que fizemos. Procurou com cautela, pensando que poderia ter caído ou estar em perigo de vida. Mas não tão em perigo que o preparasse para o que os seus olhos viram. Voltou cabisbaixo e desolado. “É o Chico, é. Está pendurado!”

A notícia foi desoladora. Ninguém esperava algo semelhante. Eu, pelo menos, fiquei incrédulo. Afinal os ruídos que tinha ouvido foram os últimos estertores do pobre Chico. O Chico nunca foi mau rapaz. É certo que teve uma vida atribulada que o álcool e, pelo que dizem que eu nunca vi nada, algumas substâncias menos legais ajudaram a atribular ainda mais. Mas era bom cachopo. Sempre foi muito correto,  educado para mim e para os meus. Falava sempre com educação e simpatia.

 - “Eh Chico! Andas bom?”

- “Pedrito …”

Era fácil gostar-se dele. Sempre o tratei com deferência e o trato era recíproco. Tinha sido colega de escola da minha mulher e lembro-me de o reconhecer, a ele e ao irmão gémeo Pedro, nas fotos da Cristina em pequena. Dois anos mais novo que eu. Cedo demais para partir. Cedo demais para partir por vontade própria. Fossem quais fossem os seus problemas, haveria de haver uma solução, ou quanto mais não fosse, uma forma de os minorar. Só existe uma coisa no mundo para a qual não há solução. Ele escolheu-a. Cedo demais. Ainda se falou na possibilidade de ter sido um acidente, de ter escorregado. Mas há pessoas que estiveram com ele nessa noite que garantiram que estava sóbrio, que brincou com crianças na esplanada do Sr. Zé Pinadas, que pode ter feito aquilo porque tinha uma audiência nessa semana em tribunal por causa do acidente em moto 4 que teve no ano passado, conduzindo a mota do patrão… A ser assim, mesmo que lhe dessem prisão perpétua, que não davam, nunca poderia ser pior que a forca que fez com os cabos que pensávamos que poderia estar a furtar. Mas essa é apenas uma hipótese, uma conjectura. A verdade é que foi cedo demais.

Regressei a casa e esperei uma noite atribulada. Muito movimento pela rua, muito grito quando a família soubesse mas não. Eu que tenho sono leve, dormi tranquilamente e nem sequer senti o movimento dos carros durante o sono. Tudo me pareceu estranhamente sossegado.

Pelo que soube, a realização do funeral no dia seguinte estava pendente da chegada de um tio da França. Soube horas depois que seria às 18 horas. Assim que saí foi para lá que me desloquei. Pareceu-me que havia lá mais gente do que aquela que se seria de esperar. Um dos amigos que por ali aguardavam e aos quais me juntei, comentou que dantes, neste tipo de casos, nem missa havia e pouca gente assistia fazendo jus ao mote popular “quem morre porque quer, não se lhe reza por alma”. Nessa tarde, muitos estavam para assistir e verem a dor alheia que é sempre um espectáculo eletrizante e gratuito numa localidade de província sem cinema e centros comerciais. Mas alguns foram para prestar homenagem a uma vida que se perdeu, nos quais me inscrevo. Tudo ainda poderia vir a ser tão diferente e bem sucedido… Mas foi-se o Chico e fechou-se o livro aqui. Um livro daqueles de bolso de cowboys, com muita confusão e rebaldaria. Mas foi um livro que se fechou.

No espaço de poucos meses, quatro marvanenses engrossaram as estatísticas trágicas do suicídio no Alentejo. Todos jovens e com saúde, optaram pela pior sentença. Foram juízes carrascos em causa própria e meteram um fim a tudo: o João Manuel Freire Carlos, mais conhecido por “Diana”, sempre bem disposto e disposto a ajudar; a Dona Odete, a sempre desenrascada, muito trabalhadora e cheia de vida Dona Odete das farturas e do bar do GDA, com duas filhas, um filho e vários netos para ajudar a criar, embalar, ensinar e amar; e o Maçãs, o sempre problemático Maçãs que para mim era um bom rapaz. Cordial, educado. Havia linhas que eu sabia que não podia transpor e ele percebia isso porque também sabia que existiam linhas que não podia transpor em relação a mim. Limites. Distância. Respeito. Como me contou há dias um ex-patrão dele, “era uma jóia de moço, aprimorado e que fazia tudo bem até beber. Era o álcool que o transformavam num arruaceiro, num instável, num furacão prestes a rebentar com tudo. Quando entrava em actividade era um poço de força e ninguém o conseguia parar. Tinha filhas, creio que duas que ficaram sem ele. Encontrei-o no ano passado na fisioterapia no Hospital de Portalegre quando eu estava a reaprender a andar com a ajuda da minha amiga Rita. “Epá… estás muito melhor desde a última vez que te vi. Pareces outro…” disse-me. “Eu é que não passo disto…”, e cocheava. Mas passou…

No cemitério não gosto de assistir aos momentos finais que são sempre mais intensos e deveriam ser apenas da família. As pessoas deveriam recuar e deixar esse momento ficar na intimidade. Há momentos íntimos nas famílias que nunca deveriam ser violentados. Momentos só seus. Eu recuei.

Depois de rezar aos meus no local, regressei à aldeia em silêncio, como gosto. No caminho, duas mães que conversavam entre si contavam uma à outra de que forma receberam a notícia da morte dos filhos, porque ambos eram guardas e ambos se mataram. Novos e saudáveis, sem uma doença a assombrar a existência, decidiram acabar. Elas recordaram o choque da notícia. Partilharam o momento da dor. Exorcizaram, falando, os seus males passados. Disseram que nunca mais foram as mesmas. Nem nós, como comunidade. Quando acontece uma pedrada destas no charco, as ondas de choque vão-se propagando até desaparecerem. Por vezes levam anos. Muitos anos. E nós, ficamos mais pobres.

Naquele dia não se propiciou. Dei apenas um abraço ao gémeo Pedro que vive na vila e é quem eu vejo menos. Mas custou-me não dar um abraço à mãe do Francisco, a Dona Rita, que por vezes, quando me cumprimenta, ainda me trata por senhor vereador. Mas o que tem de ser tem muita força e encontrei-a a ela e à filha em Marvão, dias depois. Dei-lhe as mãos, pedi-lhe desculpa por não ter falado com ela no dia mas preferi depois, com calma. Ela agradeceu e disse-me que se lembra de muito pouco. Deveria estar medicada e no reboliço, muita coisa passou ao lado. Disse-lhe: “Dona Rita, sinto muito pelo que o seu filho fez”.

Fiquei com aquilo que sempre me resta e é o meu consolo: a minha consciência em paz.

Aos quatro que partiram: este vai por vocês!


Com um abraço do vosso amigo Pedro Sobreiro 

domingo, 22 de setembro de 2013

Heil Angela!






Onde é que se alista a resistência? 

O bar do Réne do Alô Alô ainda estará aberto?


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A net


Hoje em dia já não é preciso ver televisão ou ler jornais para se estar informado. Pela net, cada vez mais nossa e verdadeira, pode-se saber quase tudo. Muita informação chega por mail. Muito humor chega pelo cabo. Longe vai o ano de 1995, não tão longe ido, quando comprei o primeiro computador, uma torre gigante. A internet era então quase uma miragem e devo ter sido seguramente um dos primeiros marvanenses a tê-la. O servidor era a Telepac e as páginas demoravam séculos a carregar. Quando carregavam! De vez em quando lá vinha a mensagem de erro que não conseguia abrir a imagem. Isto foi há 20 anos. Hoje leio as primeiras páginas dos jornais através da banca do sapo no smartphone assim que acordo, ainda na cama. Como será daqui a 20 anos? Onde estarei daqui a 20, quando tiver 60? Será que chego lá? E onde estarão as minhas filhas, com 30 e com 20? Onde estará a internet e onde estaremos todos nós? O futuro a Deus pertence e de nada vale especular sobre o desconhecido. Será como for. Já está escrito e sendo português não podia acreditar mais no destino. O destino é que o destino já está escrito.
Nesta net grandiosa e maravilhosa, duas pérolas por mail enviadas pelo meu querido amigo, colega de universidade e hoje colega na Autoridade Tributária, Pedro Gaiolas. O único da turma de Lisboa que ficou mesmo, cá dentro.

Pérola 1: Uma imagem de humor irresistível. O humor que eu adoro. Nada de Benny Hill e Malucos do Riso mas um humor fino, inteligente, sorrateiro. O texto de apresentação dizia:

O Espião. Barack Hussein Obama, produto de marketing, um bluff político, financiador de rebeldes/terroristas, promotor da guerra, espião e…. prémio NOBEL DA PAZ…..




Pérola 2: Um texto com base em ideias deliciosas e premonitórias da falecida Natália Correia que tinha tanto de intelectual como de boémia. Não sei se serão mesmo dela mas poderiam ser. Também há dias divulguei aqui um da Clara Ferreira Alves que me garantiram que não era dela depois de publicado. Menti sem saber. Mas poderia ter sido escrito por ela, de tão certeiro, intocável e bem escrito. Fica a intenção. Quando mais nada nos salva, valha-nos apenas isso. J


"A nossa entrada (na CEE) vai provocar gravíssimos retrocessos no país, a Europa não é solidária com ninguém, explorar-nos-á miseravelmente como grande agiota que nunca deixou de ser. A sua vocação é ser colonialista".

"A sua influência (dos retornados) na sociedade portuguesa não vai sentir-se apenas agora, embora seja imensa. Vai dar-se sobretudo quando os seus filhos, hoje crianças, crescerem e tomarem o poder. Essa será uma geração bem preparada e determinada, sobretudo muito realista devido ao trauma da descolonização, que não compreendeu nem aceitou, nem esqueceu. Os genes de África estão nela para sempre, dando-lhe visões do país diferentes das nossas. Mais largas mas menos profundas. Isso levará os que desempenharem cargos de responsabilidade a cair na tentação de querer modificar-nos, por pulsões inconscientes de, sei lá, talvez vingança!"

"Portugal vai entrar num tempo de subcultura, de retrocesso cultural, como toda a Europa, todo o Ocidente".

"Mais de oitenta por cento do que fazemos não serve para nada. E ainda querem que trabalhemos mais. Para quê? Além disso, a produtividade hoje não depende já do esforço humano, mas da sofisticação tecnológica".

"Os neoliberais vão tentar destruir os sistemas sociais existentes, sobretudo os dirigidos aos idosos. Só me espanta que perante esta realidade ainda haja pessoas a pôr gente neste desgraçado mundo e votos neste reaccionário centrão".

"Há a cultura, a fé, o amor, a solidariedade. Que será, porém, de Portugal quando deixar de ter dirigentes que acreditem nestes valores?"

"As primeiras décadas do próximo milénio serão terríveis. Miséria, fome, corrupção, desemprego, violência, abater-se-ão aqui por muito tempo. A Comunidade Europeia vai ser um logro. O Serviço Nacional de Saúde, a maior conquista do 25 de Abril, e Estado Social e a independência nacional sofrerão gravíssimas rupturas. Abandonados, os idosos vão definhar, morrer, por falta de assistência e de comida. Espoliada, a classe média declinará, só haverá muito ricos e muito pobres. A indiferença que se observa ante, por exemplo, o desmoronar das cidades e o incêndio das florestas é uma antecipação disso, de outras derrocadas a vir".

Natália Correia
Fajã de Baixo, São Miguel, 13 de Setembro de 1923 — Lisboa, 16 de Março de 1993
Todas as citações foram retiradas do livro "O Botequim da Liberdade", de Fernando Dacosta.



A profetisa

Como é que os nossos governantes, presidentes da república, primeiros-ministros e demais deputados, não viram o que esta mulher viu?

E já agora os comentadores de pacotilha, tão sapientes nos seus “achismos”, não tiveram qualquer capacidade para vislumbrar o embuste que era a União Europeia?

E que tal se a Alta Burguesia, dona de bancos e de hipermercados, que está cada vez mais rica, em vez de promover encontros sobre a União Europeia (como fez a Fundação Francisco Manuel dos Santos, no Liceu Pedro Nunes), se preocupasse verdadeiramente com a delapidação e destruição de Portugal, do seu povo e da sua cultura?

O Presidente da República, responsável máximo pela Nação tem a obrigação de pedir contas e responsabilidades à Troika e aos seus serventuários nacionais. Se, após a aplicação das medidas, economicamente Portugal está cada vez pior pelo facto de ter seguido as directivas e os “conselhos da Troika”, então eles são os únicos responsáveis e, como tal, têm que pagar por isso, devolvendo os milhares de milhões de Euros que foram “desviados” para a Alemanha e para a Holanda.

A continuar com estas políticas de austeridade, a União Europeia tornou-se numa casa correcção, bem longe da tão propagada igualdade entre países e prosperidade que diziam defender.

A política de tortura da Troika (composta por “técnicos” que ganham por dia quase o valor do salário mínimo nacional) e dos seus lacaios portugueses vai conduzir à rejeição da União Europeia por parte dos portugueses, tal como já acontece com os Gregos onde, segundo as sondagens, perto de 75% da população preferiria já sair.

Antigamente dizia-se “De Espanha, nem bom vento, nem bom casamento”, hoje os “maus” ventos vêm de Bruxelas, Estrasburgo e de Berlim.

Se na nossa vida pessoal, quando um casamento se torna numa “tortura”, optamos pelo divórcio e seguimos esse caminho, este tem que ser a opção para este malfadado “casamento” com a União Europeia que já deu o que tinha a dar.

Que ninguém tenha ilusões! Tal como não teve a grande Natália Correia.

A Troika também tem que ser avaliada!

domingo, 15 de setembro de 2013

O meu voto vai para...

O próprio pediu-me um texto de apoio. Como ultrapassei as 4 ou 5 linhas que me pediram e não sei se haverá espaço no papel, na tipografia internetiana do tio Sabi cabe tudo. Sempre a verdade. A verdade acima de tudo. É certo que é a minha verdade e pode ser contestada. Mas como ensinam na escola: dos fracos não reza a história e quem conta tem sempre a sua versão. Por isso, aqui vai:

Conheci o Carlos Castelinho quando fui o vereador responsável pelo Pelouro da Educação no Município de Marvão. O Carlos era o responsável pela Escola da Portagem, o líder da equipa que geria muito bem essa escola. O Carlos não é uma pessoa que nos arrebate à primeira, que nos conquiste à primeira impressão. Mas com o tempo revela-se. É muito educado, cordial, afetuoso. Esse afeto que não nasce à primeira vista, permite que a pessoa se revele e ganhe espaço em nós.  

Trabalhámos muito juntos, sempre com consideração mútua e respeito. Juntos conseguimos que Marvão funcionasse a uma só voz na educação. Houve mais intervenientes no processo, mas poucos com o nosso empenho e convição. Não fazia sentido que num concelho tão pequenino e com cada vez menos crianças, existissem dois agrupamentos de escolas. Com muitas reuniões e trabalho conseguimos que o Agrupamento de Escolas de Marvão, com dois pólos, fosse criado. Mas na vida e na política, nem sempre os que mais trabalham e mais se esforçam chegam a ser os que desfrutam da glória. Eu saí da política por opção própria. Foi essa mesma política que conseguiu que nem o presidente da escola da Portagem, nem o presidente da escola de Santo António das Areias fosse o escolhido para chefiar o agrupamento. Sempre o poder e a política a caírem nas mãos erradas que nos governam e a revelarem a verdade das pessoas.

Eu sei que sou um homem bom, de bons princípios e propósitos. Tu também és um homem bom, Carlos. Como diz o povo que é sábio: “o azeite vem sempre ao de cima”. Não sabemos se vai ser já desta vez porque quem está lá no poder joga baixo, tem os recursos ao seu dispor e um povo amedrontado, com medo de falar e que vai facilmente em promessas falsas. Agora volta à baila o património mundial que se anda a arrastar há tanto tempo e a festa do idoso, para adoçar a boca dos velhinhos, os mais desprotegidos. Mas temos de ser persistentes e ter fé. Quanto mais não seja, fé em nós, Carlos.

Levas contigo uma grande equipa, de pessoas lutadoras e com garra de quem sou amigo e admiro. O Nuno Pires é um amigo que amo como se fosse meu irmão. Homem bom e honrado que conseguiu pelo seu esforço, tudo o que tem na vida. O Nuno quer ajudar o seu concelho, o meu concelho, o nosso concelho. Porque já vou longo no meu testemunho, falo apenas mais sobre a Adelaide mas poderia falar sobre todos. O teu “exército” como alguém lhe chamou, é de voluntários muito poderosos porque são bons e humildes. A Adelaide é uma mulher de armas. De fazer. De trabalhar. De dar tudo aquilo que tem por aquilo que ama. A vida foi-lhe madrasta mas ela soube reerguer-se das cinzas como se fosse uma fénix deslumbrante. É uma mulher com M “grande”.

Eu estou convosco de alma. E coração. Queira Deus que eu ajude a derrubar aquilo que, ingénuo, de boa fé, ajudei a criar. Eu tenho fé. Tu também?

Pedro Sobreiro
40 anos
Funcionário público no concelho de Marvão
Residente no concelho de Marvão
Pai de duas marvanenses de 3 e12 anos

sábado, 14 de setembro de 2013

Balanço do tradicional jantar


A amiga Emília Mena divulgou a sua estreia no jantar que aqui divulguei na maior rede social do mundo. Publicou uma foto, fez menção ao retratista e só dias depois este pode opinar.

Para a posteridade e para que fiquem, seguem-se os relatos:




Querida Mila, 

A minha vida está tão atribulada que entre feriados municipais, festas de Marvão e idas a Lisboa ainda não tive oportunidade de vir aqui ao facebook conhecer e analisar a tua reportagem do evento. Tu, que és tão genuína e tão autêntica, ficas bem onde quer que apareças. És uma graça natural. Este jantar, que já se realiza há quase tantos anos como os que eu tenho de vida esteve dois anos sem se realizar. Por falta de iniciativa, foi morrendo. As tradições são assim: custam mais a manter que a criar. Num ano (2011) eu não fui porque estava quase de fora desta vida. No outro ainda estava a dar os primeiros passos do renascimento… mas deste não podia passar. Desafiei o organizador do pessoal da câmara, alguns colegas das finanças e a coisa fez-se. Hoje orgulho-me de dizer que este jantar não morreu porque eu também não morri e tudo fiz para que continuasse. Continuou mas com abertura: já consegui trazer o colega Marquês, em representação dos Correios de Marvão e trazer-te a ti, minha amiga, que inexplicavelmente nunca tinhas sido contatada. Por falta de tempo, não consegui trazer os colegas do meu edifício, também prestadores de serviço público, mas para o ano, se Deus nos der saúde, há-de ser ainda mais e melhor.

Tu conheces o teu amigo Pedro Sobreiro, há quase 30 anos (estamos a ficar cotas…) e sabes que eu não tenho papas na língua. O que é: é! A única coisa que me custou nesse jantar foi saber (porque a verdade é como o azeite e vem sempre ao de cima) que a mais alta instância do edifício municipal transmitiu que não iria ao jantar porque o jantar era de elite. Eu, por aqui respondo: “é de facto de elite porque a tradição reúne os funcionários mais bem pagos e colocados dos serviços públicos de Marvão. Não podemos esconder a verdade com paninhos quentes. O que custa é que esses funcionários pagaram todos à volta de 15 euros cada um por uma ementa suculenta e variada que esteve ao critério da Dona Irene. Não foi nado caro e não nos sentimos de forma alguma enganados. Vamos certamente continuar.

Dizia eu que o que custa é sabermos que houve quem achasse que este era um jantar de elite (pago por cada um do seu bolso) e tivesse a grande lata de estar no mesmo espaço, a jantar com pessoas ligadas à candidatura de Marvão a património mundial que foi nessa noite apresentada de novo. Eu posso estar enganado mas presumo que esse jantar é que foi de elite, de pessoas que encheram o bandulho à nossa pala, pago por todos os contribuintes que com os seus impostos, geram a receita que depois é repartida pelos municípios. Posso estar enganado. Sei que estou longe de ser perfeito. Muito longe. Jesus Cristo era filho de quem era, tinha a cunha do pai, e com 33 anos, menos 7 que eu, já estava cravado no barrote. Mas tenho cá um palpite… e não soube mais porque não quis. A consciência… sempre a consciência.

Bem te disse que a máquina fotográfica não te fazia falta. Esta fotografia tirada pelo meu telemóvel novo, não ficou má. Eu não te disse? E viste que não foste a única senhora? A querida Madalena Tavares nunca deixa os seus créditos por mãos alheias e esteve muito bem como sempre.

Querida Mila, se para o ano cá estivermos, até a querida Deolinda, reformada da Caixa Geral de Depósitos, há-de estar presente. Ela que, por vergonha ou medo ou falta de iniciativa dos promotores, nunca esteve presente, gostava de passar sempre lá para beber o cafezinho e contar umas piadas.

A tradição já não é o que era mas há-de ser… diferente. Há que mudar para sobreviver, para continuar. Temos de saber qual é o propósito e é esse que temos de seguir. O meu texto publicado no blogue na noite do encontro, é um bom ponto de partida para o futuro.
Sabes como cantava o grande Zeca Afonso: “Venham mais cinco, duma assentada que eu pago já!”

Um beijo do teu amigo

Pedro Sobreiro

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Tradicional jantar dos funcionários públicos de Marvão

Serviço de Finanças de Marvão
21 de Agosto de 2013



Caros colegas e amigos que estiveram ligados a este serviço de finanças:


Por motivos diversos, muitos dos quais desconheço e não reconheço de todo, deixou de se realizar o tradicional jantar em que todos nos reuníamos por motivos das festas de Marvão, em honra de Nossa Senhora da Estrela.

Era uma oportunidade de ouro para nos reunirmos à mesa e recordarmos os bons momentos que passámos juntos. Eram umas horas para matarmos saudades, para darmos razão ao Vítor Espadinha quando canta que “recordar é viver”.

2011 foi um ano muito difícil para mim. Entrei em coma em Agosto, por motivos de um acidente de Vespa. Nesse ano em que estive quase fora desta vida e deste mundo, não pude comparecer ao tradicional jantar, como era certamente a minha vontade.

Em 2012, não se realizou o jantar. Diz-me o António Bonacho que ficava sempre responsável por reunir o pessoal da autarquia que não se fez porque uns faltavam, outros não queriam, outros ficavam menos bem com o que comiam, era uma chatice ter de dar dinheiro antes... enfim… só problemas! Em 2012 eu ainda estava a regressar à vida e ao trabalho. Muita coisa me passava ao lado.

Em 2013 estou de regresso, de alma e coração. É também (e se calhar sobretudo porque o Bonacho, meu braço direito na organização, estava difícil…), pelo motivo que o jantar se vai realizar de novo. Não posso deixar que esta iniciativa tão antiga se perca! Mesmo que só se consigam reunir duas pessoas, já vale a pena. Quando dois amigos se juntam a uma mesa para conversar, comer e beber, viver! vale sempre a pena.

Convido-vos a todos a estarem presentes à moda de Castelo Vide: 3 a beber, 3 a pagar. Só paga quem vier. Convém dizer antes para mandarmos estrelar os ovos que fazem falta.

Querem apostar que vamos ser mais que dois? Que para o ano nem vai ser preciso convencer tanto o Bonacho para não se perder esta tradição?

Como o 8 de Setembro, calha num domingo, neste ano vamos realizar o jantar no dia 6 de Setembro, sexta-feira, a partir das 19 horas, no restaurante habitual, da Casa do Povo. É uma forma de entrar no fim de semana em grande!

Como ensino às minhas filhas, quando vamos jantar com amigos não interessa a ementa, importa apenas a companhia. De certeza que vai haver mais qualquer coisa que pão e vinho. Companheirismo e boa disposição não vão certamente faltar.

O António Bonacho ficou de reunir o pessoal da autarquia. Eu fiquei responsável pela parte da malta das finanças. Ajudem-me a fazer boa figura. Podem responder para este meu correio eletrónico pessoal do serviço  pedro.lopes.sobreiro@at.gov.pt, para o das finanças sf1694@at.gov.pt ou para o telefone do serviço 245.993.250. Agradeço que respondam em nome dos companheiros e companheiras que também podem querer vir ao jantar, para facilitar mais as operações de registo. Respondam em conjunto por grupo, por serviço, por departamento ou por amigos que saibam que também estão interessados e dos quais tenham contato telefónico.

Vou pedir ao nosso colega António Silvério para nos ajudar a reagrupar as gerações mais antigas, para que venham também. Ainda há tempo. O apoio de todos é importante. Nada se faz sem cooperação e entreajuda. 

Vou divulgar também no meu blogue que é visitado por alguns para que esses saibam. Mas o jantar é restrito aos funcionários que trabalham ou trabalharam em Marvão nos serviços públicos, como manda a praxe.

Bem hajam.

Eu agradeço.

Marvão agradece. 

Saúde e paz que o resto sempre se arranja. Fiquem bem.

Pedro Sobreiro

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

As linhas confusas do Robin Thicke

Ai tu... olha a palmadinha no nalguedo! Eu hein?


Fiquei absolutamente siderado quando vi estas imagens. Derreado.

Já tinha lido imenso sobre isto nos jornais, nas redes sociais e como ainda não tive oportunidade de ver a totalidade da cerimónia que a minha Leonor gravou para vermos juntos, tive que ir à procura da gravação na net.

Isto é impressionante. Por diversos motivos e a diversos níveis.

Para já impressiona porque a rapariga está completamente fora. Deve estar drogada ou bêbada porque falta de pau não deve ser. Falta de assistência e de marreta, com aquela carinha e o dinheiro que deve ter, não deve ser. Impressiona por isso.

Depois impressiona porque esta atuação, naquele palco e para o gigantesco auditório da MTV poderia ser a atuação de lançamento com que sempre sonhou este desconhecido rapaz chamado Robin Thicke. A música é boa e ele não deverá conseguir ter assim muitas mais. Aposto que nunca vai ter uma carreira longa e profícua como a dos U2, se é que me faço entender. Se o Andy Warhol estiver certo e todos nós tivermos direito a 15 minutos de fama, a miúda roubou-lhos. E ela está magra e não vale nada. Para mim… Eu gosto assim mais é de carnucha e peles mais morenas.

Para mim impressiona porque eu levei a minha Leonor ao Rock in Rio a Lisboa em 2010 de propósito para ver esta cachopinha, numa altura em que era a heroína da minha pequena. Espero que não o seja hoje! Livra…


Isto é mau mas impressiona pensar no pai dela, o célebre Billy Ray Cyrus, cantor country virado estrela da tv. Se isto é mau para mim, de ricochete, penso no mal que deve ser para ele e passa-me logo tudo. È bom quando olhar para a desgraça dos outros mitiga a nossa. É cruel, mas sabe bem. Sabe tão bem, neste caso!

domingo, 1 de setembro de 2013

A jangada de pedra a arder

Escolhi uma 1ª página do Correio da Manhã que ilustra bem o que escrevo nestas linhas, pela desgraça das notícias da central. Duas tragédias a ver com o fogo: uma morte e uma denúncia familiar.
 Entre as desgraças que ocupam a frontaria do jornal mais lido a nível nacional é só escolher a que mais se adapta. Entre violações, crimes passionais e roubos é fartar vilanagem. 



Vivemos num país a brincar.

Isto é bonito, tem solos ricos, ótimo clima, uma costa sem igual na Europa (banhada pelo Atlântico e pelo Mediterrâneo)… mas não é para ser levado a sério.

É pena…

O nosso mais alto magistrado ganhou dinheiro com a venda de acções do Banco Português de Negócios, vulgo BPN. (Num caso que uma televisão privada, privada chamou o caso Alves do Reis dos tempos modernos.) Por aqui digo tudo e está tudo apresentado.

Mas há mais: as notícias da televisão no Verão demoram sempre mais de 20 minutos com as últimas dos incêndios. Mais imagens das imagens sempre iguais de casas destruídas, vidas roubadas, bombeiros desgastados. E é sempre igual, mais do mesmo. Coitadinho do que morreu que era tão novo e tão com rapaz e passa-se o tempo a falar com as pessoas. Com a família dele que conta como era bom, com a família da rapariga com quem ia casar, com os colegas da corporação e abram alas que lá vêem as imagens do ministro Miguel Macedo, entrevistado no funeral que diz que isto é uma pena, que se gastam milhões no combate as chamas e perdeu-se mais uma vida. Hoje é este ministro. Amanhã o partido socialista ganha as eleições legislativas e vem outro, sempre diferente mas sempre igual.

A novela multiplica-se e desdobra-se. Ontem, no estádio de Alvalade, no derby de Lisboa, assinalou-se um minuto de silêncio pelos bombeiros. Bonito. Até aposto que houve pessoas a comoverem-se e a chorarem. Como uma pessoa que bem conheço, via a missa na televisão ao domingo quando não podia desloca-se à igreja e fazia tudo tal e qual como se estivesse lá. Ajoelhava-se, fazia silêncio e só não desejava a “paz do senhor” aos restantes membros da assembleia, porque estava sozinha. ;)

Eu, que também ando com a cabeça entre as orelhas como canta o Sérgio Godinho, mas de vez em quando engano-me e uso-a a para pensar, pergunto-me: 

QUEM É QUE ANDA A GANHAR DINHEIRO COM ESTA MERDA TODA?!?!?!

Posso tentar arriscar. Isto aqui não é a “Roda dos Milhões” nem eu sou o Fernando Mendes (sou um bocadinho mais alto e mais magro), mas arrisco uma: ganham os proprietários das áreas ardidas com as indemnizações milionárias que os seguros lhe pagam, ganham as seguradoras porque isto é uma pescadinha de rabo na boca (Hoje amanho-me eu, amanhã amanhas-te tu…), ganham os grandes e os que não têm cara.

E quem perde? Perdem os pobres coitados que arriscam e perdem a vida, o valor mais precioso que têm. Ganhando nada, trabalhando para o bem comum, para proteger a floresta. Voluntários. Por vontade própria. Sem receberem nada. Eu sou da opinião que os bombeiros deveriam receber como qualquer outra força de segurança. Zelam por nós e deveriam receber como tal. Num país civilizado seria assim. Este país… é cada vez mais um país a brincar.

Os soldados da paz estão desgastados. Exaustos. Cheios de fumo, cinzas e cansaço, não ganhando nenhum. E os outros sodados?!?!?!?!?, pergunto eu. Os outros soldados que não são da paz mas enchem os quartéis sem fazerem puto, a coçar a micose, como no tempo da outra senhora. Tanto militar, tanto tanque, tanta arma, para quê?!?! Para nos defenderem em caso de guerra?

As guerras hoje em dia não são como as da segunda guerra mundial, em que os países se uniram contra o mal que se chamava Adolf Hitler e era feio e velhaco como a puta que o pariu, o porta estandarte daquela trupe de malfeitores. Aí os soldados faziam falta. Mas as guerras atuais são como as da Síria: químicas, frias e silenciosas que limpam tudo o que mexe; ou traiçoeiras como os atentados às torres gémeas, ou à maratona de Boston.

Os soldadinhos de hoje são carne para canhão e uma carne que o canhão já não quer. O canhão quer é crianças, os mais fracos, os mais indefesos, os mais fáceis. Então porque diabo é que o Ministro da Defesa, o primeiro-ministro, ou até o inquilino de Belém não mandam as tropas combater o fogo, o inimigo real nestes dias quentes?

Estudei direito na faculdade e aprendi aí a Lei de Talião. Basicamente, a lei diz que “olho por olho, dente por dente”. Adaptado diz que “cá se fazem, cá se pagam”. Acho que essa era a solução certa. Eu sou a favor da pena de morte. O medo que tinha dantes era se essa lei fosse utilizada para fins políticos. Mas hoje em dia, na Europa, os direitos do homem estão tão blindados que isso não poderia acontecer. E a morte aqui era a única solução.

Imaginemos um pedófilo, um violador que rouba não só a sexualidade mas também a inocência a uma criança. É caçado e vai para a cadeia, mama lá 25 anos e volta ao mesmo. Não conheço nenhum arrependido que se tenha regenerado porque sofre de uma demência que radica na sua infância. Enquanto está “de molho”, tem cama e roupa de borla que os burros dos cidadãos patrocinam e pode usufruir dos prazeres da vida: pode beber um café quente pela manhã, fumar um cigarro após o almoço, desfrutar uma imperial, ler um livro ou o jornal, ver um filme ou se tiver companheira, esta até pode ir ter com ele para na gaiola descarregar a sua masculinidade. Apesar de preso, pode desfrutar da vida.

Tomemos agora o caso de um assassino, um crápula que mata um ente querido que amamos, sem razão aparente. Na melhor das hipóteses, a sentença será de 25 anos que é a máxima em Portugal. Os anos passam, o gajo regressa há vida e encontramo-nos com ele num café a tomar a bica ou uma imperial, vá, que agora está calor. Vemo-lo a fazer aquilo que aquele que queríamos nunca mais poderá fazer. Por causa dele. Por causa das regras em sociedade. Mas a sociedade somos nós que a fazemos e quando não está bem, temos de levar a nossa avante.

Quer num caso quer noutro, a pena de morte é a sentença ajustada aqui para o vosso tio Sabi. Se a sociedade assim não quer, não sei se o Talião não tomará conta de mim. Oxalá nunca aconteça. Oxalá nunca tenha razão para acontecer. Mas esta sociedade, esta lei, este direito que deixa estes sujeitos andar à solta, a pregar fogos, a violar, a matar e a poderem ser livres ao fim de muito menos tempo que aquele que nós queríamos, não presta!

Se pegassem no cú de um incendiário e o largassem no meio do fogo, transmitindo em direto nos 3 canais para que todos vissem, os gritos lancinantes e o horror, deixando imaginar o inesquecível cheiro a carne queimada, querem apostar que da próxima vez pensariam pelo menos duas vezes? Se não pensassem e estivessem desempregados, alcoolizados, agarrados à droga, teriam uma vida pouco valiosa. Muito menos valiosa que a dos bombeiros que morrem por todos nós.  


Para esses homens e essas mulheres, para esses bravos, para esses corajosos, a minha sincera e sentida homenagem de admiração.